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quinta-feira, agosto 10, 2006

O MEU PAÍS

Um país que crianças elimina
e não ouve o clamor dos esquecidos.
Onde nunca os humildes são ouvidos
e uma elite sem Deus é que domina.
Que permite um estupro em cada esquina
e a certeza da dúvida infeliz,
onde quem tem razão baixa a cerviz
e maltratam o negro e a mulher,
pode ser um país de quem quiser,
mas não é, com certeza, o Meu País.

Um país onde as leis são descartáveis
por ausência de códigos correctos
com 90 milhões de analfabetos
e multidão maior de miseráveis
um país onde os homens confiáveis
não têm voz, não têm vez, nem directriz,
mas corruptos têm voz, têm vez, têm bis
e o respaldo de um estímulo incomum
pode ser o país de qualquer um,
mas não é, com certeza, o Meu País.

Um país que os seus índios discrimina,
e a ciência e a arte não respeita,
um país que ainda morre de maleita
por atraso geral da medicina,
um país onde a escola não ensina
e o hospital não dispõe de raio-x
onde o povo da vila só é feliz
quando tem água de chuva e luz de sol
pode ser o país do futebol,
mas não é, com certeza, o Meu País.

Um país que é doente, não se cura,
quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo,
sem saber emergir da noite escura.
Um país que perdeu a compostura,
atendendo a políticos subtis,
que dividem o Brasil em mil "Brasis",
para melhor assaltar de ponta-a-ponta,
pode ser um país de faz-de-conta,
mas não é, com certeza, o Meu País.

Um país que perdeu a identidade,
sepultou o idioma português
aprendeu a falar pornô e inglês,
aderindo à global vulgaridade.
Um país que não tem capacidade
de saber o que pensa e o que diz.
E não sabe curar a cicatriz
desse povo tão bom que vive mal,
pode ser o país do Carnaval,
mas não é, com certeza, o Meu País.

(Orlando Tejo / Edvaldo Chaves / Divaldo Alves)

quinta-feira, agosto 03, 2006

SOU O ESPAÇO

Sob a quietude da imensidade azul
Chega até mim o sussurro do mar:
Minha alma se agita, se abre d’encanto
Ao beijo do sol, ao mar e ao seu canto.

Rubra almofada, bem fofa e macia,
Em leito de pétalas sustém o meu ser
Cativa os meus sentidos um celeste olor
Do beijo do sol, do mar e da sua cor.

Embriagados os meus sentidos
Minha alma, alada e solta,
Liberta dos grilhões da minha humanidade,
Sem peso e sem matéria,
Ascende à liberdade do tempo e do espaço.
Habito a luz em meu abraço
Sem contornos… sem limites…
Veste-me o azul. Sou o Espaço!

Jeracina Gonçalves