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segunda-feira, dezembro 28, 2009

Um Pedido de Natal

Mãe! Mãe! Depressa vem ver!
Olha para o céu está a nevar!
Sabes o que quer dizer?
O Natal está a chegar!

Este Natal vai ser o melhor.
Já tenho tudo planeado.
Tenho as receitas para o jantar,
E o meu presépio pré-fabricado,
Mais uma linda toalha de mesa,
Está o Natal quase preparado.
Sem esquecer o pinheiro,
Que é o principal,
Ele completa o presépio
E os presentes de Natal.

Sabes mãe estive a pensar…
E tudo isto não é importante.
O que interessa é estarmos juntos
E podermos festejar.
Porque o Natal é em família,
É isso que ele significa.
Significa amor, esperança,
Significa alegria.

Quero que acabe a guerra
E que todos sejamos felizes
Que acabe a tristeza e a pobreza.
Que alguém ponha fim às mortes
E à corrupção,
Que as armas e as bombas
Ganhem asas e comecem a voar,
Voem para longe de quem as possa usar

Olha mãe, isto é o que eu quero,
Sei que é muito mas tudo é preciso.
Este Natal não quero bonecos,
Peço um desejo que não pode ser comprado.

Marta Gonçalves Barros - 10 anos (minha neta)

domingo, dezembro 13, 2009

NATAL!


Natal é Nascimento, Alegria, Esperança.
Esperança é Fé. É ânimo para enfrentar as vicissitudes da vida, acreditando que conseguiremos vencer as batalhas, ultrapassar os obstáculos, as barreiras postas aos nossos objectivos e atingiremos a meta desejada.
Esperança é manter a chama viva. É acreditar que o que desejamos chegará. É acreditar nas nossas capacidades para o atingir.
Esse é o primeiro passo para concretizarmos os nossos sonhos.
Se acreditarmos com força, que podemos conseguir o que desejamos, mais cedo ou mais tarde, consegui-lo-emos. Mas teremos de trabalhar nesse sentido.
Nada acontecerá se nos limitarmos a esperar, de braços cruzados, aguardando que tudo nos chegue por magia, por obra e graça do Divino Espírito Santo.
O nosso contributo honesto e esforçado é indispensável.
Natal é Esperança.
É Esperança num mundo mais equitativo, onde as disparidades existentes se vão diluindo, deixando antever um mundo melhor, mais amigo, mais justo, sem as permanentes guerras de poder em que vive atolado, que sempre sacrificam os mais inocentes, os mais pobres, favorecendo os oportunistas e os falhos de escrúpulos e de ética.
Essa mensagem de Paz, de Amor, de Fraternidade, de Esperança foi a mensagem que Jesus nos trouxe com o Seu Nascimento e com o Seu exemplo de Vida entre nós.
Festejemos o Seu Aniversário com a firme determinação de darmos o nosso contributo diligente, activo, na construção desse mundo mais justo.

Dezembro/2009
Jeracina Gonçalves

quarta-feira, setembro 30, 2009

RECORDAÇÕES

Inalo o perfume da vida neste amanhecer sereno, verde e azul, no ar que me chega fresco, carregado de promessas, de sedas e de veludos, entre o perfume das rosas e a voz das cachoeiras de águas transparentes, soltando-se do azul sem mácula sobre o azul límpido do fundo do lago, que está em mim, neste recanto da montanha;

Inalo o perfume da vida nesta serenidade, que me chega de mim por entre a cantilena mágica de vozes infantis em meu redor, e me transporta no tempo e ao espaço da minha infância.
Traz-me memórias de vozes quentes, carinhosas como abraços envolventes, que cingem o meu coração e a minha alma em tecidos  de cores alegres, macios e aconchegantes;

Inalo o perfume da vida em cada pedacinho de chão que aqui piso, nos troncos das árvores, que me falam de abraços amoráveis dos seres queridos, que, com suas mãos rugosas, labutadoras, produtivas, as plantaram, cuidaram, fizeram crescer e frutificar com os seus cuidados, o seu amor, a sua vida, e nelas me acarinham e me fazem ainda chegar o seu amor protector, carinhoso, aconchegante.

O céu chora mansamente
espalha pérolas pelo chão
inalo o perfume da vida
a cada passo/recordação.
Inalo o perfume da vida
neste pedacinho de chão!

Jeracina Gonçalves

domingo, julho 26, 2009

ALMA AZUL

Minha alma hoje é azul
Como é azul este céu
Sobre o azul deste mar
Que vem os meus pés beijar
Com beijos de branca espuma
E põe a minha alma a sonhar

Minha alma hoje é azul
Como é azul este céu
Sobre o azul deste mar
E é azul esta brisa
Que toca os ramos frondosos
E põe a minha alma a cantar

Nas asas de uma gaivota
Parte minha alma a voar
Sob o azul deste céu
Sobre o azul deste mar
Sem destino, praia ou cais
Que possa minha alma alojar!

Minha alma parte livre
Sobre o azul deste mar!
Jeracina Gonçalves

A VIDA É COMO UMA MONTANHA


A VIDA, como qualquer montanha, tem encostas ensolaradas de muita beleza, por onde caminhamos com prazer e encantamento, e outras mais sombrias, escuras, com escarpas escabrosas difíceis de trepar que, às vezes, abrem fendas para precipícios, gargantas, desfiladeiros apertados, onde o sol não chega e a luz é ténue e baça; tem vales verdejantes e produtivos alimentados por indolentes rios tranquilos de águas plácidas e transparentes; tem planaltos luminosos, que julgamos assentes em bases sólidas, bem firmes e, bruscamente, sem qualquer sinal que o anuncie, abrem brechas para abismos profundos, acanhados, escuros, onde a luz dá lugar à treva paralisante, que nos prende os movimentos e rouba-nos a força necessária para afastarmos os escombros, subirmos a ravina pelo outro lado, voltarmos à luz e recomeçarmos a caminhada.   
E, muitas vezes, passa de um para o outro estádio sem nada que o anuncie, sem que seja preparada ou notificada a mudança.
Num instante tudo nos corre bem: a saúde, o emprego, os amigos, os negócios e, a energia necessária para dar saída a cada pretensão, abunda. Sentimo-nos poderosos, cheios de vida, cheios de projetos e com força para derrubar montanhas.
No instante seguinte tudo se desmorona. Somos engolidos por uma série de acontecimentos nefastos sobre os quais não temos qualquer controle, como se forças demoníacas poderosas, acoitadas à espera de desferirem o golpe, tomem o comando das nossas vidas, jogando com elas como o vento forte joga com as folhas secas que desprende do seio da árvore-mãe. Atiram-nos para o fundo de poços negros onde a luz, quando chega, chega muito ténue e distante, sob toneladas de lama e de escombros. Porém é nosso dever esgravatar nos escombros, sacudir a terra e avançar ao encontro dessa ténue luzinha, por mais pequenina e distante que nos pareça, sem nos deixarmos abater, nem descoroçoar no esforço, e prosseguir o caminho com muita Fé, com muita força de alma e com muita esperança no olhar. 
Por mais dolorosas e inultrapassáveis que as situações nos pareçam, não podemos permitir que nos derrubem. 
Todos os estádios da vida são importantes para o crescimento da personalidade e para o fortalecimento da alma, se formos capazes de enfrentá-los sem deixarmos que destruam a nossa força interior. 
 Qualquer deles, pode acontecer a qualquer momento. Precisamos de estar preparados para os encararmos, a todos, sejam de luz ou de treva, com a mesma humildade, com a mesma coragem, com a mesma determinação e sentido de Vida.
Sem arrogância quando caminhamos pela encosta ensolarada e bela, ou estamos no cimo, no topo da montanha, e sem desespero quando caímos no precipício, cientes de que nenhuma situação na vida é firme e permanente.
Na vida nada é definitivo.

A vida não é coisa pouca
Dejejum ou sobremesa
É refeição completa
Composta de diferentes sabores
Mais doces e mais amargos
Que, à vida, dão o sabor.
Mesmo com amargo na boca
De alguns dos paladares
A vida não é coisa pouca
Que se desperdice, desdenhe
É refeição completa
Na mesa de cada um.
Desfruta-a com gratidão
E ânimo no coração.

Jeracina Gonçalves

domingo, junho 21, 2009

NO FIM DO CAMINHO

Chegado ao fim, o caminho
No coração a alegria da Terra Prometida.

Escolhos, escarpas, declives
Tropeços nele encontrados
Abismos ultrapassados
No campo aberto à luz
Entre o verde e o azul
Uma árvore florida
Pinta o campo de cor
Pelo ar exala o odor
De uma missão cumprida.

Chegado ao fim, o caminho
No coração a alegria da Terra Prometida.

20/06/09
Jeracina Gonçalves

O PALCO DA CIDADE

Nesta bonita cidade arrumada à beira Cávado
berço de Alcaides leais e do nobre decepado
a Rua do Bom Jesus, o Largo do Senhor da Cruz
e locais adjacentes fervilham de belas histórias
rezam profundas memórias de culto e tradição

Nobre salão da cidade o Largo do Senhor da Cruz
veste risos, veste músicas e desafios nos cantares
demonstrações de cultura de sabor bem popular
veste colóquios, intrigas, no lajedo da calçada
tecidos no dia-a-dia, caminhada a caminhada

A rua do Bom Jesus com seu passado de palha
pouso dos almocreves e suas bestas de carga
conta as histórias das vielas, gritarias e surdinas
estúrdias e zaragatas de boémios e rameiras
nas tertúlias das tabernas realejos e concertinas

Por esse palco formoso, palco com coração,
pleno de vivências humanas, no coração da cidade
palco hoje de cultura, alegria e popular tradição
passa formoso o poeta com seu olhar sonhador
no coração uma estrofe na mão rato e monitor

Passa depois o pintor com o arco-íris no olhar
na mão leva o cavalete e a tela para pintar
o músico passa a seguir feliz com seu violão
levando a pauta na mão e as notas no coração

Passam o oleiro, o barrista atentos e diligentes
a trabalhar entre os dedos a matéria premente
segue-se o cozinheiro de branco aperaltado
nas suas mão a terrina com pitéu bem refinado

Formoso segue o doceiro ciente do seu valor
vai fazer a sobremesa gostosa e cheia de cor

E neste palco imponente, neste palco com coração
pleno de vivências humanas no coração da cidade
músicos, poetas, pintores, cozinheiros e doceiros
e todos os mais artesãos, que a este palco virão,
briosos, irão cozinhar a ementa mais gostosa
para este majestoso banquete de cultura popular
servido com muita alegria, muita, muita emoção!

Jeracina Gonçalves/ Barcelos, Portugal

sábado, abril 18, 2009

ALCANTILADA MONTANHA

Abraçam meus olhos o espaço
da íngreme e imponente montanha.
Subindo pela encosta, pousam na
cumeada:
Seus grandes cumes desnudos
a tocar o etéreo azul, deleitam os meus
sentidos.
Sou eterna apaixonada!

Meu olhar, liquefeito de emoção,
vagueia inseguro, perdido,
por entre as agrestes ravinas
enlaça a vistosa cascata
de águas brancas, de prata,
que salta o despenhadeiro
se esgueira, escorregadia,
por entre brechas e calhaus
da agreste penedia.

Imerge, depois, meu olhar
errante pela encosta,
na névoa de branca espuma
dispersa pela ravina
a escorrer pelos carreiros
dos íngremes desfiladeiros.

O astro que espalha a luz
incide intenso, brilhante,
nas encostas e cumeadas
trepa as alcantiladas
fixa a cascata cantante
a nuvem de branca espuma...

E toda a montanha se arruma
num cenário de luz e sombra
abraçada pela brisa
que docemente me enlaça.

De narinas palpitantes
sorvo os aromas distantes
trazidos pela brisa que passa,
a brisa que me enlaça,
nesta montanha que eu amo.

Jeracina Gonçalves

quarta-feira, março 11, 2009

A CAPACIDADE DE PERDOAR

A capacidade de perdoar, a meu ver, é característica, não dos “pobres de espírito” – dando à expressão a conotação que vulgarmente se lhe atribui –, mas sim dos espíritos superiores, que têm a força de alma para dominarem as paixões negativas, fazendo-o de forma consciente e voluntária. Perdoam do coração e com o coração.
Só os que olham o outro, e a si próprios, como seres em evolução, que erram para poderem acertar, sabem perdoar. Têm uma capacidade superior de entender o outro, apenas porque se conhecem e se entendem a si mesmos. Não calam ofensas, mas reagem a elas com dignidade, clareiam as situações, e porta encerrada. 
Olhar no horizonte, espírito aberto avançam serenamente em direcção ao futuro, com o propósito de darem a sua colaboração na construção de um mundo onde a força do amor faça frente à força do ódio e da vingança. 
Não é de orgulhos loucos, de paixões desenfreadas, que o mundo precisa; mas de honestidade, de verdade, de trabalho e compreensão aliadas num objectivo de bem comum, sem alardes nem manifestações de superioridades. 
A obrigação de cada um é dar o seu melhor, seja qual for o lugar onde se encontre, com a certeza de que nada sabe em comparação ao muito que tem para aprender, se mantiver o seu espírito permeável e aberto ao outro, do mais pequeno ao maior. 
Com todos temos sempre coisas a aprender.

Jeracina Gonçalves