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domingo, outubro 21, 2018

HOJE É O TEMPO

O tempo foge no tempo
Amanhã pode ser tarde
Pode já não haver tempo
O tempo foge no tempo.
Hoje é o tempo.
É o tempo de dizer: “Eu te amo!”
Hoje é o tempo.
É o tempo de dizer: “Perdoo-te”
Hoje é o tempo.
É o tempo de dizer: “Perdoa-me”
Hoje é o tempo.
Amanhã pode ser tarde
Pode já não haver mais tempo
O tempo foge no tempo.
Hoje, é o tempo!

A construção deste poema é minha; mas o conteúdo não me pertence. Ouvi-o ontem no decorrer das sessões do “X ENCONTRO NACIONAL DE VOLUNTARIADO EM SAÚDE”, que me encheu a alma: falou-se de Amor, de entrega ao outro, de empatia, de compaixão pelo que sofre…
“O Voluntário não dá para receber, mas recebe para dar.”
 Registo aqui os dois últimos versos do poema com que o Dr. Carlos Ribeiro, Presidente da Federação de Voluntariado em Saúde, terminou a sua intervenção e que, a meu ver, deveriam ser o lema de vida de todos nós:
“Se não posso fazer tudo o que devo
Devo, ao menos, fazer tudo o que posso.”
Jeracina Gonçalves
20/10/201

sexta-feira, outubro 19, 2018

 "O Natal é sempre que o Homem quiser." - disse o poeta: por isso...

FESTEJEMOS O NATAL

Natal é Nascimento
É Alegria
É Esperança.
Esperança é Fé
É enfrentar os reveses da vida
Com força e determinação;
É levar as batalhas de vencida
Transpor obstáculos e barreiras
É caminhar em frente
É manter a chama viva
É crer nas próprias aptidões
É passar além da esperança
É caminhar pela vida
Pelo bem da Humanidade. 

Natal é Nascimento
É Alegria
É Esperança.
Esperança num mundo mais justo
Num mundo mais amigo, mais igual
Onde todos possamos crescer
Rir, brincar, aprender
Sem tanta desigualdade.

Natal é Nascimento
É Alegria
É Esperança.
Esperança na luz e na verdade
Esperança na derrota do oportunismo
Da putrefação, da maldade
Que infetam este mundo
Lavram a dor e a solidão.
Esperança num mundo melhor
Onde todos possam crescer
Rir, brincar, aprender
Sem guerras pelo poder
Com Amor no coração.
Jeracina Gonçalves
13/10/2018

* Este poema integra a Antologia do Natal (em construção) da editora "Tecto de Nuvens".

domingo, outubro 14, 2018

A LAVADEIRA


 ..."durante os compridos e quentes dias de verão, metida no rio, saia arregaçada, com a água a dar-lhe pelos joelhos, bater a roupa na pedra era uma festa.  
Chegava logo pela manhã, bem cedinho, mal o sol coloria o horizonte, ensaboava a roupa branca e punha-a a corar estendida na relva verde da beirada do rio. 
Regalava-se de vê-la branquejar, e orgulhava-se de ninguém apresentar roupa mais limpa ou mais branca que a sua. 
Depois começava a lavar a roupa de cor: molhava, batia, esfregava, estendia, e cantava o tempo todo: “Ó oliveira da serra  Que o vento leva a flor...”  
-Pareces um rouxinol, rapariga. É um regalo ouvir-te!  
-“Quem canta seu mal espanta”, Ti‟ Ana. 
-Tens toda a razão, minha filha: “Tristezas não pagam dívidas”. É ditado antigo. E os antigos sabiam o que diziam.  
-Pois é, Ti‟ Ana. Se a tristeza resolvesse os problemas da gente, valeria a pena andar por aí com “cara de defunto”; mas, pelo contrário, torna-os ainda mais pesados e mais difíceis de suportar. Há que arregaçar as mangas, agarrar a vida com força e olhá-la de frente sem lhe mostrar medo, mesmo que o coração chore e sangre de dor. 
É o que procuro fazer. Às vezes muito a custo, Ti‟ Ana. Mas tem de ser. Os meus filhos pedem-mo. Exigem-mo. E merecem-mo todos os dias. Por eles farei tudo, Ti‟ Ana!
-Tens razão, Maria. Gosto de te ouvir.
Gosto dessa tua coragem, dessa força que te anima e te faz lutar pelos teus filhos e por ti.  
E ele, o teu home, já escreveu? 
-Não, Ti‟ Ana. Nem uma letra, nem um telefonema, nada. 
Já lá vão cinco meses desde que partiu. Sei que está vivo porque o Jaquim d‟Aurora escreveu à mulher e contou-lhe que o encontrara um dia destes, por lá. Mas dele não recebi nada; não dá sinal de vida. Esqueceu a mulher e os filhos"... 
A LAVADEIRA
"in" Histórias de Gente Simples
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portuga

https://www.amazon.com/Historias-Simples-Portuguese-Jeracina-Gonçalves/dp/9895412886






terça-feira, outubro 09, 2018

INSÓNIA

Do canto da noite observo a noite:
Passa sozinha no seu passo lento
Pausado
Passo do tempo
Do tempo já cansado. 
Passo de solidão.
                        JeracinaGonçalves
                          08/10/2018

sábado, outubro 06, 2018

CONTRASTES

A toupeira, subterrânea,
insidiosa e perversa
vai minando galerias
no escuro. Silenciosa,
vai aluindo o terreno
onde cresce, sem cuidado,
a indefesa plantinha;

Serena, sem logros temer,
(em si de logros não cuida!...)
a plantinha, incansável,
estende seus braços para o Sol
é nele que busca a vida
vida para outras vidas
sem cuidar que da terra-mãe
possam surgir-lhe feridas;

A toupeira continua
sua faina traiçoeira:
a plantinha estremece;
profunda dor lhe corta a alma!...
sente-se a esvair, desfalece...
Na plantinha está a vida!
A toupeira, traiçoeira,
carrega a morte  escondida.
                               Jeracina Gonçalves

quarta-feira, outubro 03, 2018

  AOS PONTAPÉS DA VIDA

"...corre-lhe no sangue - diziam. Este miúdo foi feito para o mar. Não fosse ele feito no mar. Aquele malandro do pai apanhou-a novinha, tenrinha, sem ninguém para defendê-la, serviu-se dela e largou-a. Um malandro!» - Dizia o pescador Zacarias sem se aperceber que eu andava por ali e entendia tudo. E continuava: «Aquela miúda ficou sozinha muito nova. O pai, o António da Rita, era um pescador destemido e corajoso, mas o mar é impiedoso quando se zanga. É um dono todo-poderoso quando se enfurece de verdade. Não há força que lhe resista. Levou-o consigo bem cedo. Muito cedo! Um homem novo, bem-parecido, cheio de força…, e lá foi na flor da vida. Aconteceu durante um temporal ao largo de Peniche. O barco afundou-se e ficaram por lá cinco. Entre eles, o António da Rita, o pai dela. E já o pai dele, que saía com o meu pai à pesca da sardinha por essa costa afora, por lá ficou também. Assim como o meu pai.
É a sorte dos homens do mar. O mar nos dá tudo e nos leva tudo, também. Até a própria vida.
E a mulher dele, coitada, foi quase a seguir vitimada pela tuberculose, que surgiu nessa época e levou consigo muita gente. A miúda ficou só com uma avó cansada e vencida pelas desventuras que a vida, cruel, lhe foi impondo, levando-lhe em pouco tempo o marido, o filho e a nora. E também ela partiu, quando a miúda, criança de quinze anos, com a barriga a crescer, mais precisava de uma mão feminina, amiga, que a orientasse e a guiasse pelas veredas traiçoeiras da vida. Ficou a viver sozinha naquela casinha da praia. Fazia um recado a este, outro àquele… e lá foi vivendo até que o rapazito nasceu. Gosto dele como se fosse meu neto. A minha Zulmira apoiou-a muito. Ajudou-a e ajuda-a no que pode. Dá-lhe os seus conselhos. E ela cresce bonita, sempre alegre, apesar das biqueiradas que, tão nova, já recebeu da vida. Amiga e cordial com todos, sem aceitar maior intimidade de nenhum, vai vivendo e crescendo a cuidar do filho. Uma flor!
E aí está o miúdo. Olha pra ele: o mar está-lhe no sangue. Não fosse filho e neto de pescadores! Vê-se mesmo que a paixão pelo mar corre-lhe nas veias. Domina-o já. É o seu destino, a sua vocação.”


Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal
"in" HISTÓRIA DE GENTES SIMPLES,
livro Solidário, totalmente a favor do Projeto de Bolsas de Estudo do Lions Clube de Barcelos.
Poderá pedi-lo através da página do Lions Clube de Barcelos, aqui, por mensagem privada para a autora, Casa do Professor de Braga pelo mail jeracina.g@gmail.com

https://libros.cc/Historias-de-Gente-Simples.htm