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sábado, dezembro 10, 2022


 
VEM, JESUS!

Meu Jesus que bom seria
ser Natal em cada dia
neste mundo em convulsão
gerar amor alegria
em cada mesa haver pão.

Vem, Jesus!
Tu que ÉS Luz, que  ÉS  Amor
Nasce em cada coração
Onde cresce o ódio que alarga a dor
Neste mundo em convulsão.

Vem, Jesus!
Com TUA Luz ilumina
Caminhos de Paz e Perdão.

Vem, Jesus!
                                            Jeracina Gonçalves
                                            Barcelos/Portugal, 10/12/2022

quinta-feira, dezembro 08, 2022

 NATAL


Natal é a semente que germina, se faz vida
Em alegria transborda do coração;
Natal é, em todo o tempo, o tempo e o momento
Em que no coração há alegria, há vida, há renascimento.

Natal é a festa do Menino, daquele Menino Divino,
Que veio ao mundo dizer que todos somos irmãos.
Veio ensinar a Verdade, o Amor a Fraternidade…
Veio ao mundo ensinar a todos darmos as mãos.

Tanta luta, tanta guerra,
Tanto sofrimento e miséria…
Tanto pão desperdiçado
E tanta fome sobre a Terra!

Natal é a mão estendida ao amigo,
Ao inimigo…
A todos, sem exceção;
Sem cor, sem raça, sem religião.
A todos, sem exceção,
Onde quer que estejam,
Ou sejam,
E careçam da minha mão.

Tanta luta, tanta guerra,
Tanto sofrimento e miséria…
Tanto pão desperdiçado
E tanta fome sobre a Terra!

Natal é a festa do Amor, d’ Alegria e do Perdão.
É a festa do Menino. Daquele Menino Divino,
Que entre os Homens nasceu, cresceu, viveu,
E por amor aos Homens, Crucificado morreu.

Natal é a semente que germina, se faz vida,
Em alegria transborda do coração.
Natal é, em todo o tempo, o tempo e o momento,
Em que no coração há alegria, há vida, há renascimento!

Que um dia possa ser Natal no coração de cada ser humano!

FELIZ NATAL PARA TODOS NÓS!

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 22/11/2022

domingo, novembro 27, 2022

 CAMINHO PARA UM MUNDO MELHOR

 


O curso do rio desperdiçado
Entre ravinas agrestes
Quando bem orientado
Cria oásis de vida, férteis;

Não desperdices a vida
Foi-te oferecida por amor
Da tua vida faz caminho
Para um mundo melhor;

Hei! Sim, estou aqui.
Estou aqui e gosto de ti.
Gosto de ti e gosto de mim.

Gosto de mim como sou
Com defeitos e virtudes
Vitórias e fracassos;
Por isso gosto de ti.

Gosto de ti como és,
Com defeitos e virtudes
Vitórias e fracassos
Tua Fé e teus abraços.

Hei! Sim, estou aqui.
Estou aqui e gosto de ti.
Gosto de ti e gosto de mim.

O curso do rio desperdiçado
Entre ravinas agrestes
Quando bem orientado
Cria oásis de vida, férteis!

Não desperdices a vida
Foi-te oferecida por amor
Da tua vida faz caminho
Para um mundo melhor;

Hei! Sim, estou aqui.
Estou aqui e gosto de ti.
Gosto de ti, porque gosto de mim.

Não somos seres perfeitos;
Somos apenas humanos
Em contínua aprendizagem
Até que termine a viagem.

Hei! Sim, estou aqui.
Estou aqui e gosto de ti.
Gosto de ti, porque gosto de mim.

Gosto de ti e gosto de mim
Com defeitos e virtudes
Com vitórias e fracassos
Em contínua aprendizagem
Até que termine a viagem.                               

Hei! Sim, estou aqui.
Estou aqui e gosto de ti.
Gosto de ti, porque gosto de mim.

                                                            Jeracina Gonçalves
                                                            Barcelos/Portugal, 27/11/2022

                                     

quinta-feira, novembro 24, 2022

 O PODER INSANO


Sob a égide da divindade do poder insano
Arrasa-se tudo o que mexe e o que não mexe
Converte-se em cinzas a história de um povo
Mutilam-se e matam-se as suas gentes
E mata-se a esperança num mundo novo
De colaboração e união entre todos os povos.

Porquê, Senhor! Porquê!?
Este grito solta-se do meu peito.
De fazê-lo parar não tenho jeito!
Porquê, Senhor! Porquê!?
Porquê na Terra tal desacerto?

Senhor, derrama pelo mundo o Teu Amor
Abate a ânsia nociva dos corações predadores.
Em seu âmago instila o elixir do AMOR.

                                  Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal 30/06/2022

terça-feira, novembro 22, 2022

 UMA BELA QUIMERA


Sonhei
Sonhei um mundo d’Amor
Em perpétuo crescimento
Como se fora no vento
Na asa do meu pensamento
Corria os caminhos da Terra
Dela erradicava a guerra
E o ódio que a fomenta.

Sonhei...
Meu sonho, uma bela quimera!
Meu sonho é pisado na terra.
O ódio acende mais guerra
A saltitar pela Terra.
Mata, impõe sofrimento
A qualquer ser indefeso.
Alarga a pobreza e a dor.

Sonhei
Sonhei um mundo d’Amor
A progredir sobre a Terra
A abraçar em seus braços 
Todo o sofrimento, toda a dor.
Sonhei...
Meu sonho uma bela quimera!
Na Terra segue o ódio, segue a guerra.


                                                Jeracina Gonçalves
                                                Barcelos/Portugal

segunda-feira, novembro 21, 2022


 

 A INFLAÇÃO

Cada vez que vou ao hipermercado saio angustiada. Não tanto por mim, que não sou esbanjadora e a minha pensão ainda vai suportando o embate; mas pelos milhões de portuguesas e portugueses que têm pensões de miséria e têm a renda da casa para pagar, o gás, a luz, a água, a medicação e todas as outras despesas imprevisíveis decorrentes do dia-a-dia, e pelos milhões de portuguesas e portugueses que auferem o ordenado mínimo e, além da renda, da água, da luz e do gás têm os filhos para alimentar, calçar, vestir e educar. E pergunto-me, tantas vezes: como é que essa gente pode viver? Como é que essa gente põe comida na mesa todos os dias?
Tem de haver muita criatividade e muita contenção para conseguir orientar a vida sem cair no desespero de não ter forma de alimentar os filhos. E a pobreza cresce entre a população do nosso país.
Longe de mim dizer, ou sequer pensar, que não devemos ser solidários com o povo martirizado da Ucrânia.
Devemos! A sua luta é justa. É nosso dever estarmos com ele de todo o coração e com toda a determinação (por ele e por nós), e ajudá-lo no esforço de expulsar o invasor, que mata as suas gentes, destrói as suas cidades, as suas aldeias, as suas vilas e todas as infra-estruturas de sustentabilidade, numa política de terra queimada. Desde as de distribuição de água potável, energia elétrica, hospitais, creches, maternidades, igrejas, escolas, jardins-de-infância... nada respeita, tudo arrasa sob a fúria da sua metralha. E faz das mulheres, dos velhos e das crianças seres ambulantes com a vida numa mala. Deixam a sua casa, o seu lar para salvar a própria vida e a dos filhos. Mas há os que não têm forma de sair, não têm meios, não sabem para onde ir, e são massacrados todos os dias pela metralha assassina, que mata e estropia crianças, mulheres, velhas e velhos que nasceram ali e ali viveram e trabalharam toda a vida e, no fim dela, são sujeitos a uma guerra imposta por um imperialista cobarde e saudosista, entrincheirado entre as paredes douradas dos seus palácios. Manda invadir o pais vizinho, soberano e independente, com direito a escolher e a definir a política a seguir e os países que quer para seus parceiros. Impõe-lhes a guerra, essa malfadada palavra com todo o harém pornográfico que a incorpora: morte, sofrimento, dor, fome, miséria, cobardia, traição, sangue, destruição, escombros, desalojados, drones, mísseis, e todas as sofisticadas ferramentas de morte que lhe dão suporte.
O país mártir não pode ser abandonado. Temos de estar do seu lado.
Todos os países que prezam a liberdade de uma democracia devem estar do seu lado e ajudá-lo de todas as formas possíveis. O que não devemos é permitir que haja entre nós quem se aproveite da situação para enriquecer (e há sempre quem o faça), aumentando os preços exageradamente, fomentando, assim, ainda mais, a fome e a miséria.
O nosso governo precisa de estar atento aos aproveitadores da miséria alheia para encherem indevidamente o saco. Deve fiscalizar e castigar duramente quem se aproveite da situação e dar especial atenção à subida de preços de determinados alimentos básicos, do gás, da água e da eletricidade, e subsidiá-los para determinada camada da população.
Há coisas que não podem encarecer do jeito que acontece; não podem ser sujeitas a esta inflação galopante. São indispensáveis à sobrevivência.
E nós, os que recebemos um pouco mais, os que temos um pouco mais de folga na nossa economia familiar, temos o dever de partilhar um pouco do que temos e ajudar as instituições de solidariedade social que, no terreno, estão atentas e ajudam a colmatar as necessidades das pessoas economicamente mais débeis.
Só de mãos dadas, num cordão de solidariedade e amor, o mundo poderá vencer os desafios cada dia mais prementes e de mais difícil solução.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 20/11/22

In: INOVADOR

quinta-feira, novembro 17, 2022

O SILÊNCIO DA LUA

Silêncio!
Deixem-me pensar.
Talvez, um dia,
Diga tudo que tenho para falar.

Daqui, deste lugar,
Olho a Mãe-Terra
E tenho vontade de chorar:
Tanta dor infligida
À Mãe que sustem e alimenta a vida!

Silêncio!
Deixem-me pensar.
Talvez, um dia,
Diga tudo que tenho para falar.

Daqui, deste lugar.

Olho a Mãe Terra
E tenho vontade de chorar:
Tanta maldade, tanta guerra,
Maus tratos, tanta dor
Espalhada sobre a Terra!...
Porquê, meu Deus e Senhor?

Silêncio!
Deixem-me pensar.
Talvez um dia
Diga tudo que tenho para falar.


Os humanos, seres perversos,
Maltratam a saúde e a beleza
Desta casa 
Seu berço, seu suporte.
O seu suporte da vida!

Daqui, deste lugar,
Olho a Mãe Terra
E tenho vontade de chorar.


                                       Jeracina Gonçalves
                                       Barcelos/Portugal,15/11/22

sexta-feira, novembro 11, 2022

 UMA CARTA À ACEITAÇÃO

 Olá, querida amiga!

Somos conhecidas e amigas de longa data (creio poder chamar-te de amiga, pelo muito que me tens ensinado sobre a vida e a sua volubilidade). 
Na vida nada é permanente, disseste-me, e que deveria tê-lo presente em mim, em cada momento. A vida tão depressa sorri cheia de alegria e entusiasmo, a caminhar por paisagens soalheiras e campos floridos e perfumados, como te imerge na dor e te abre abismos e desfiladeiros apertados, escuros, sem sol, entre altas e abruptas falésias agrestes. E quando esse lado mais perverso da vida me acontece, quando desesperada de dor, desarmada, sem saber o que fazer para encontrar a saída desse lugar escuro, fechado, agreste, sempre me apareceste tu, com a tua serenidade, a tua sabedoria, o teu bom senso, dizendo-me docemente: “minha querida, estou contigo, não desesperes. É apenas um momento menos bom, mas vai passar. Vais encontrar de novo o caminho da planície e tudo sorrirá novamente. Olha em frente sem desespero e caminha. Olha e caminha. Não permitas que o desalento tolha a tua passada. Caminha de braços abertos, disponível para dar e receber, com a firme certeza de que nada é permanente; nada é para sempre. E tudo o que acontece tem um sentido, um objectivo próprio, humanizador e facilitador do crescimento e do enriquecimento pessoal, se for compreendido e aceite.”
Obrigada, querida amiga, pelo amparo, pelos ensinamentos e pelo acolhimento que dás às minhas dores. 
Ser-me-ia difícil a caminhada sem ti; mas tendo-te comigo, basta-me olhar em volta, para esta bela engrenagem interdependente que é a vida neste todo universal de que fazemos parte e do qual cada um de nós é uma ínfima partícula entre muitas outras constituidoras do todo, para perceber o quanto tenho a agradecer e aceitar o que vem, e o que vier, nesta interdependência que é o universo. E o quanto é urgente aprendermos a tratar uns dos outros, esquecendo um pouco o “eu”, individual, para pensarmos plural: nós.
Abraço-te, Amiga.
Jeracina Gonçalves/Barcelos Portugal

domingo, novembro 06, 2022

sábado, outubro 01, 2022

 A GANÂNCIA DESMEDIDA


A avidez predadora,
que enforma estes tempos, na Terra,
de oásis faz desertos
dos velhos, mulheres e crianças
faz nómadas de terra em terra,
na Terra sem lugar certo.

A avidez predadora,
que enforma estes tempos, na Terra
faz da Terra campos de guerra,
dos férteis prados e dos jardins
faz tumbas que não têm fim.
A avidez predadora
é uma coisa ruim.

A avidez predadora,
que enforma estes tempos, na Terra
é uma serpente assassina:
espalha o caos e o terror
numa amálgama de tristeza e dor,
e do sangue faz festim.
A avidez predadora
é uma coisa ruim.

                                                Jeracina Gonçalves
                                                Barcelos/Portugal, 24/07/2022

terça-feira, setembro 20, 2022

“MINHA PÁTRIA, MINHA LÍNGUA”


“Minha Pátria, minha Língua”
Doce mar onde o meu pensamento navega
Germina e se faz arauto da minha alma.

Levada para lá do berço
Foste mar em muitos mares e continentes
E germinaste por este mundo redondo
Cânticos de saudade e de amor
Em palavras únicas, de doce e terno sabor.

És única e és minha.
Aquela que a minha alma abraça
Em ti se enlaça
Com profundo e terno amor.

Amo-te, porque és minha
Doce língua dos meus avós
Que à minha alma dás voz.

“Minha Pátria, minha Língua”
Com o meu coração te abraço
“Minha Pátria, minha Língua”
Ó Língua dos meus avós!

                                                    Jeracina Gonçalves
                                                    Barcelos/Portugal, 05/05/2021

quinta-feira, agosto 18, 2022

 DE CABEÇA E CORAÇÃO


O sonho está na alma
irrevogável, eterno,
resiste à erosão do tempo,
resiste à erosão do espaço,
encaminha-te no sentido da mudança,
do crescimento de ti.

De sonho em sonho
“como bola nas mão de uma criança”
imprime movimento à tua vida
encaminha-te em direção ao futuro
no sentido da mudança
do crescimento de ti.

Persegue os teus sonhos,
se neles estão a cabeça e o coração.
Se não são sonhos vãos
avança com eles de pés no chão.
Nunca desistas dos teus sonhos.
Persegue-os até lhes atingires o âmago, o coração.


                                                Jeracina Gonçalves
                                                Barcelos/Portugal, 18/08/2022

sábado, agosto 13, 2022

 FANTASIA

 


A fragrância do sonho que me acompanha traz-me as rosas vermelhas da roseira ao pé da porta e as pétalas com que acariciavas o meu rosto, e tem a doce melodia dos rouxinóis que para mim acordavam as madrugadas e a cor límpida do azul que cobre a manhã, no lago da montanha verde que sempre me acompanha. 
Caminho pela margem do lago. Sozinha. Fisicamente estou só; mas não estou sozinha. A minha mente fervilha de ideias soltas. Indefinidas. Não consigo ordená-las, corporizá-las, dar-lhe expressão. Mas estão lá, indistintas, vagas, confusas, a informarem-me que algo dentro de mim procura expressão. Algo está a pedir para manifestar-se. 
O que seja ainda não consigo decidir; mas não tenho dúvidas: qualquer coisa dentro de mim pede a minha atenção mais direta, mais cuidada, mais atenta. Pressinto que seja algo de bom, uma boa notícia, um amigo, uma amiga  que me visitam, um sonho preste a realizar-se,... Pressagio que algo de muito bom esteja prestes a acontecer ao meu coração com varandas floridas voltadas para o rio, rincão da passarada que, logo de madrugada, solta belos madrigais e cantares ao desafio: rouxinóis, pintassilgos, melros e pardais acordam-me a madrugada com seus maviosos sons e preenchem o meu coração com ternura e alegria, acompanham-me pelo dia e fazem-me o dia belo e bom.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 02/08/2022

terça-feira, agosto 09, 2022

 INVISÍVEIS AO OLHAR


Olho este tema de frente, de trás, de lado, reviro-o, volto a revirá-lo e não encontro porta ou janela por onde possa entrar no seu âmago, esmiuçar a sua essência. Pressinto-o extenso e profundamente rico e belo, mas passa por mim como uma sombra que não consigo agarrar. Circula pelo meu quintal numa correria louca e não consigo fazê-lo entrar em minha casa, abraçá-lo, senti-lo no meu coração.
São tantas as energias que circulam por aí, a meu lado e em volta de mim, boas e más, naturais e sobrenaturais, que são invisíveis ao meu olhar, talvez pela simples razão de não as querer ver, sentada que sou no meu cadeirão de puro egoísmo. Não quero vê-las para minha comodidade. Circulam por aí, mas são invisíveis ao meu olhar preocupado em olhar apenas para o meu umbigo. Passam por mim como sombras indefinidas, transparentes e morrem à frente, num beco do caminho, dizimadas pela indiferença, pela fome, pela sede, pela metralha e intempéries da vida. E, eu, que podia ter feito alguma coisa para prevenir a sua morte prematura, sentada no meu cadeirão sobranceiro à vida, com comida na mesa todos os dias, na comodidade de uma boa casa, com saúde, família e amigos, não as vi passar, porque não me permiti abrir os olhos do meu coração para o outro, que caminha ao meu lado, mas não deixo que me toque. Seres que circulam com as suas vidas partidas nas esquinas traiçoeiras das intempéries da vida. E é o sem-abrigo que dorme naquele beco, abrigado da noite por meia dúzia de jornais haja chuva ou sol, calor ou frio; é o velhinho que amava a vida e era feliz na sua existência, mas caiu fulminado pela praga do Covid, porque eu, que sabia do perigo que este tempo representava para ele, não quis usar a máscara que poderia tê-lo protegido; são regiões e regiões de todo mundo arrasadas pelas cheias, pelas secas, pelos tufões e furacões, e são milhões os seres humanos que caem exangues, mortos pela fome, pela sede, soterrados nos escombros, arrastados pela força poderosa e assassina das enxurradas; mas eu, sabendo que a poluição é a causa da maioria desses eventos da natureza, continuo a poluí-la, a maltratá-la, não abdico de nenhuma das minhas comodidades, uso e abuso do consumismo, “estou-me nas tintas” para a reciclagem, …
As coisas mais importantes da vida, aquelas que realmente fazem sentido e fazem verdadeiramente uma vida feliz, apenas são visíveis ao nosso olhar, se as pensarmos com o coração. Se deixarmos que os olhos do coração se abram, perscrutem o mundo à nossa volta e nos coloquem no lugar do outro. E, colocando-nos no lugar do outro, nos levem a tentar fazer a nossa parte no sentido de todos podermos ser abraçados no mesmo abraço de bondade, de amor e de paz. E, assim, todos seremos mais felizes e os olhos dos nossos corações estarão abertos também para tantas coisas maravilhosas que o mundo põe, também, sob o nosso olhar físico, mas que não vemos, porque temos os olhos do coração trancados.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 26/06/2020

PS: Este tema foi desenvolvido sob proposta de Ana Coelho para integrar uma antologia com o mesmo nome, em que, por razões pessoais, decidi não participar

sábado, agosto 06, 2022

 A FORÇA DO OLHAR

Passei, olhei, e nada vi. Os meus olhos apenas olharam
Não viram, passaram adiante. O meu olhar não estava ali.
Porém, algo se revelou em mim. Voltei atrás. Olhei de novo.
Sentado num banco, que não vi, um homem,
Cabelos brancos, roupas modestas, olhava para mim.
Seus olhos iluminados por uma luz azul,
Intensa, mas serena e terna, olhavam para mim:
A força do olhar, com que me olhava, vinha de dentro,
Da raiz do coração no brilho da luz que o iluminava.
A força do olhar com que me olhava, como um rio de paz,
Abriu para mim uma estrada quieta, serena, tranquila,
A desaguar nas águas intranquilas da minha emoção.

A força daquele olhar iluminado por uma luz azul,
Serena e terna, quando o meu olhar tocou
Foi uma corrente elétrica que todo o meu ser trespassou.
O meu coração, com aquele olhar, para sempre ficou.

A força do olhar, que nasce no coração,
É a força que arrebata outro coração
E nos braços do amor os carrega até ao céu.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/ Portugal, 11/07/2022

PS: Este poema, que foi agora revisto, resultou de um exercício proposto por Ana Coelho, da Rádio "Voz de Alenquer" JG

quinta-feira, agosto 04, 2022

 PRECISO DA CENTELHA DE UM SONHO

 

Preciso da centelha de um sonho
que solte as grilhetas que me prendem ao chão
envolva o meu pensamento numa realidade de luz
a cobrir as sombras que a Terra escurecem
e uma nova primavera caminhe por todos os caminhos da Terra
e faça germinar flores 
onde habite a tristeza o sofrimento – a Dor.

Preciso da centelha de um sonho
que me solte desta realidade sombria
que m’ habita dia após dia
sem um beijo um abraço, um carinho…
Nada que me suavize este caminho;

Preciso da centelha de um sonho
que me abra as portas desta prisão
me solte de asas abertas cortando os ares
qual pomba da paz a percorrer os cantos da Terra
pré anunciando uma nova primavera
que faça germinar sobre a Terra
caminhos de amor saúde e bonança.

Preciso da centelha de um sonho
que solte o mundo desta realidade dolente
sobre ele disperse uma nuvem branca
de civismo solidariedade e amor
que a todos abrace com o mesmo entendimento e fervor
na criação d’um mundo mais justo, mais igual – Melhor!


Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 19 /02/2021

quarta-feira, agosto 03, 2022

 INVISÍVEIS AO OLHAR

Há coisas invisíveis ao olhar
Sombras transparentes
Arrastadas na corrente
Não tocam o nosso olhar
O nosso olhar indiferente.

São vidas partidas
Nas esquinas traiçoeiras da vida.
São sombras 
Sombras transparentes
Esquecidas
Não tocam o nosso olhar indiferente
Se não pusermos o coração a pensar.

Pensar com o coração
Dá mais clarividência ao olhar
Dá outro olhar ao olhar
Leva-o ao lugar do outro
A ver o mundo desse lugar.
Talvez o mundo, assim,  possa mudar.

                                                             Jeracina Gonçalves
                                                             Barcelos/Portugal, 26/06/2022

segunda-feira, agosto 01, 2022

 BOM DIA, VIDA! BOM DIA, MUNDO!


UNAM-SE AS MÃOS

Unamos as nossas mãos

Numa prece, numa oração,
De preceito e de amor.
As guerras não fazem sentido!
Crie-se uma corrente de AMOR!

As guerras não fazem sentido!
São caos, são miséria, são dor
Que atravessam continentes.
Destroem da flor as sementes.
Conteste-se a miséria e a dor!
Crie-se uma corrente de AMOR!

Acabe-se com a metralha
Destrói a beleza da vida.
Por que destruir coisas belas?!
As guerras não fazem sentido!
São caos, são miséria, são dor.
Crie-se uma corrente de AMOR!

Tanta gente, pelo mundo, à falta
De pão a morrer
E o pão, preso em barcos, no mar...
No mar a apodrecer?!
As guerras não fazem sentido!
São caos, são miséria, são dor.
Crie-se uma corrente de AMOR!

Acabe-se com a metralha!
Olhe-se além do umbigo!
As guerras não fazem sentido!
São caos, são miséria, são dor.
Crie-se uma corrente de AMOR!


                                                        Jeracina Gonçalves
                                                        Barcelos/Portugal, 31/07/2022

sábado, julho 23, 2022

FINALMENTE...       

                                       

Finalmente um acordo.
Finalmente um acordo fará o pão chegar
Onde o pão está a faltar.
Eu quero acreditar!

Finalmente os navios poderão cortar as águas do mar
e levar o brilho aos olhares mortiços, 
prestes a soçobrar ao aguilhão aguçado da falta de pão, 
enquanto  o pão... 
Apodrecia no mar!

Finalmente um acordo.
Finalmente um acordo fará o pão 
chegar 
Onde o pão está a faltar.
Eu quero acreditar!

Quero rir, quero cantar, 
ver crianças a correr e a brincar.
Finalmente o pão, prestes a chegar, 
onde o pão está a faltar.
Eu quero acreditar!

EU QUERO ACREDITAR!
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 23/07/2022

terça-feira, julho 19, 2022

 Searas arder e gente pelo mundo à falta de pão a morrer?!

Como é possível tal absurdo acontecer?

Com é possível tal absurdo compreender?

Gente que nada tem a ver com a guerra.

Gente inocente a arrastar-se sobre o pó da Terra.

Gente que nada tem a ver com a guerra, SENHOR!

Gente que não tem nada para comer... 

À FOME A MORRER... 

PELA GANÂNCIA IMPERALISTA

DE ABOMINÁVEIS SERES.


SENHOR! 

NÃO CONSIGO TAL ABSURDO COMPREENDER.

                                                                                         Jeracina Gonçalves
                                                                                Barcelos/Portugal, 19/07/2022

domingo, julho 17, 2022

 NAS ASAS DO SONHO 

Numa quietude de paz com cheiro a maresia abre-se aos meus sentidos a imensidade do oceano, sereno, belo, qual salva de prata de límpido brilho argênteo. E o meu olhar, perdido nessa amplitude azul, atravessa a linha tangível do horizonte, beija os cumes dos montes, banha-se na cascata palpitante, caminha pelas encostas, desce pelos desfiladeiros, abraça os vales… 
O meu coração, iluminado pelo brilho nostálgico de outros tempos entre a montanha dos sonhos a desabrochar em cascatas de luz, alegria e amor, bate forte, agarra o tempo e beija as flores do prado a desabrochar cheias de vivacidade e energia, iluminadas por cascatas de luz, e brinca com crianças vibrantes de espontânea alegria e crença no dia de amanhã, ao jogo da cabra-cega, do pilha, da macaca, do pião, do arco, disputa na rua renhidos jogos de futebol com bola de trapos, banha-se, entre saudáveis gargalhadas, nas águas frescas e cristalinas do ribeiro que desce pelo desfiladeiro da montanha, ri, barafusta, zanga-se, luta… 
São crianças do meu tempo. Crianças que habitaram os meus dias de criança: a Guilhermina, o Manuel João, a Maria Augusta, o Fernandinho, o Óscar, a Elisabete, a Ana Maria, o Manuel e o António (dois irmãos gémeos) e muitas e muitas outras (nesse tempo havia crianças na minha terra), colegas da escola primária (muitos e muitas já partiram). Trabalhavam  -como eu trabalhei - para ajudar os pais nas lides do campo e contribuir para o sustento familiar. Eram tempos de vacas magras (tão exíguas para alguns), mas também brincavam, corriam e riam como qualquer criança. E desenvolviam a imaginação e a criatividade na construção dos seus próprios brinquedos. E eu fiz muitas bonecas de trapo, que escondia, numa luta sem tréguas com os meus irmãos (só rapazes), que mas desfaziam, puxando um pela cabeça e outro pelas pernas) e faziam-me muito infeliz, nesse tempo. 
Chorava, chorava, e fazia outra. Mal a encontravam, davam-lhe o mesmo tratamento.
Outros tempos… Tempos de liberdade e emoção e, para muitos, de fome também. Mas havia a liberdade de correr pelos campos, de trepar às árvores, de travar conhecimento com os animaizinhos da beira do rio, com o cantar dos pássaros, com a música da água, com a beleza e o aroma das flores silvestres… 
Coisas lindas que fazem falta às crianças de hoje, muito hábeis em cliques, mas que não correm, não conhecem o cheiro da terra molhada, o riso das flores, o voo livre dos pássaros, nunca viram um ninho, o germinar de uma semente, uma sementeira jovem, rasteirinha, de milho (por exemplo) a cobrir numa ampla extensão a terra negra.
Coisas lindas de que fazemos parte e fazem parte de nós (porque somos Natureza) e nos fazem amar e sentir a natureza, como sendo parte integrante de nós, conscientes de que, cuidando da sua saúde, cuidamos da nossa e preservamos a nossa vida como espécie, também.
Os tempos evoluem e trazem coisas novas importantes, inovadoras e facilitadoras da vida. Mas levam outras, que não devíamos deixar partir. Ligam-nos à essência. Fazem parte do espírito, da alma, do sentimento, educam a sensibilidade.
                Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 17/07/2022

                                                                                                                                    

quinta-feira, julho 14, 2022

 DO TEU SANGUE SE ALIMENTAM

 

Sem céu nem inferno para se acoitarem
Circulam almas penadas dissolvidas no ar
Fantasmas transparentes que não têm lugar.
Seus invisíveis olhares perscrutam o ar
Penetram paredes consistentes,
Como aranhas traiçoeiras atiram o fio
Para te enredarem, e tecem a teia.

Conspurcam o teu relicário, o baú dos teus segredos
Onde tua alma guardavas.
Apoderam-se da tua alma. Dela fazem festim.
Do teu sangue se alimentam.
Seus invisíveis olhares enredam-te na sua teia,
Estrebuchas, gritas, pedes socorro.
Palavras perdidas no vento.

Tomam tudo o que é teu, 
Dispersam-no pela teia em volta de ti.
Estrebuchas, gritas, pedes socorro.
Palavras perdidas no vento.
Dissolvidos no ar circulam por aí. 
Enredam-te na sua teia.
Do teu sangue se alimentam.

                                                    Jeracina Gonçalves
                                                    Barcelos/Portugal, 08/06/2022

segunda-feira, julho 11, 2022

 DIA MUNDIAL DA POPULAÇÃO


Ao folhear a revista Além-Mar, deparei com uma lista de “dias mundiais” dos meses de Julho e Agosto e surpreendeu-me ver um “dia mundial da população”: hoje, dia 11 de Julho.
Fiquei-me a refletir sobre o que este dia representa, qual é a essência desta nomeação, o que se pretende com ela; mas não sei se terei atingido o seu cerne.
Qual será a essência, o verdadeiro sentido desta nomeação?
Quererá trazer à ribalta a baixa natalidade que acontece na velha Europa (incluindo em Portugal) e as consequências dessa discrepância entre os que chegam e os que partem? Ou quererá compará-la, por exemplo, com a dos países africanos e árabes, onde grassa a seca e a fome provocadas pelas intempéries e pelas guerras infinitas que os assolam, e a natalidade é elevada? Quererá fazer-nos refletir sobre a fome, a seca, as guerras e todas as atrocidades a que é submetida uma enorme percentagem da população mundial? Quererá fazer-nos refletir sobre a enorme avalanche, sempre crescente, de refugiados que procuram encontrar, no mundo, um lugar de paz, onde possam viver, trabalhar e matar a fome própria e a dos  filhos, e acabam por encontrá-lo entre as águas revoltosas do mar ou entre as quatro paredes de um camião, a monte, como animais irracionais, desidratados e sem ar que lhes alimente a vida?
Um dia?!…
São poucos os 365 dias do ano para nos dedicarmos a estes e tantos outros problemas diretamente inerentes à população. 
Todos nós: os que têm poder para fazer o necessário e o urgente para amenizar este estado de coisas; e nós, os que vivemos na sombra, sem alardes mas com convicção, fazermos a nossa parte, por pequenina que seja. Ainda que seja apenas a separação dos lixos, mesmo que possa parecer-nos que nada tem a ver uma coisa com a outra. Mas não é verdade. Tudo está ligado. Tudo está interligado e vai levar ao mesmo resultado final. 
Se pensarmos bem, sabemos que assim é.
Toda a água corre para o mesmo mar.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 11/07/2022

                                                                                                                     

sábado, julho 09, 2022

 CANTA, ROUXINOL, CANTA!


Neste tempo sem valores, 
Onde a ética é ausente,
Pelo mundo alastra a fome, 
A morte, a destruição, a dor,
O canto do rouxinol, 
É uma meiga carícia 
No meu coração sofredor.

Canta, rouxinol, canta!
O canto do rouxinol
Diante da minha janela,
Tem ainda mais beleza, 
Tem ainda mais valor.

Canta, rouxinol, canta!
Não há canto como o teu. 
Diante da minha 
O teu canto é puro e belo.
É um belo poema de amor. 

Canta, rouxinol, canta!
O teu canto é a esperança 
Contra tanto desamor.
O teu canto me consola 
De padecimentos e dores.

Canta, rouxinol, canta!
O teu canto, único alívio 
Para este grito impotente,
Que rasga todo o meu peito 
Com o afiado cortador.

Canta, rouxinol, canta!
O teu melódico cantar 
É límpido, é puro, é belo.
É tão saboroso e terno, 
Como o tronco de Natal
N
o amplo terreiro a arder 
Na noite gélida de inverno.

Canta, rouxinol, canta!
Teu cantar é belo e único. 
Não há, como ele, igual!
É tão saboroso e tão terno 
Como um tronco de Natal.

                                                                                    Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 28/06/2022

terça-feira, julho 05, 2022

ENTRE AMIGAS

Espera, tenho muito mais para contar-te: há meses ou talvez há mais de um ano, resolvi que estava na altura de publicar o meu livro “Crónicas de Viagens”, e comecei a imprimi-lo para fazer uma leitura em papel. 
Mas, para meu espanto (embora saiba, desde há muito, que tudo o que escrevo vai cair num saco sem fundo dos aproveitadores do esforço alheio), recebo imediatamente uma mensagem “o ficheiro foi bloqueado para edição, por outro utilizador”. 
Teimei. 
E não é que a impressora começa a vomitar páginas e mais páginas, em grande velocidade, com as minhas crónicas, começando pela página trezentas e tal…, quando o livro tem 160 ou 180 (já não recordo bem) páginas!
- Ah... Não me digas!… Alguém, em algum sítio, está a usar o teu trabalho.
- Ó minha amiga, não tenhas dúvidas, que eu também as não tenho. 
Alguém, em algum sítio, está a usar o meu trabalho em seu proveito.
- Não sei como aguentas tudo isso e manténs esse ar sereno, como se a vida  seja para ti um mar de rosas. Admiro-te. Eu já teria mandado tudo para o diabo.
- É o que me apetece muitas vezes. Até porque as autoridades não fazem nada. Têm conhecimento disto há anos, e nada acontece. Mas que queres que faça? Escrever faz parte de mim. É algo que vem de dentro. Faz-me falta. É intrínseco ao meu ser. Todos os dias preciso de escrever ainda que seja uma simples frase. 
A minha cabeça, o meu corpo não funcionam sem isso. 
É estranho, mas preciso desse exercício intelectual para me ativar fisicamente. Tenho por aí inúmeros papéis escritos com pequenas anotações, que preciso de organizar.
- Sendo assim, porque não arranjas uns cadernos e escreves à mão?
- É muito diferente escrever à mão ou no computador. 
E, quando se começa a escrever no computador, há alguma dificuldade em nos adaptarmos de novo a escrever à mão. No computador, se nos parece que aquele termo não é o mais apropriado naquele contexto, temos o dicionário ali à mão, e, rapidamente, teremos acesso a outro com o mesmo ou com significado equivalente que nos pareça compor melhor a frase; ao passo que, escrevendo à mão, será necessário andar com os calhamaços dos dicionários atrás de nós. 
E mais: se há uma frase, que numa segunda leitura nos parece menos bem naquele sítio, muda-se com toda a rapidez para outro, onde nos pareça que exerce melhor o sentido que queremos dar ao texto… E por aí afora. É muito diferente escrever no computador ou á mão. É muito mais cómodo, muito mais fácil e muito mais rápido. 
Estes abutres subterrâneos é que são o grande problema. Agarram a presa e não a largam. Tenho de convencer-me de que, realmente, sou boa a escrever. Só assim se compreende estes anos todos de perseguição.
- Claro que és boa no que fazes. A tua escrita sai da alma. É sentimento, é amor, é paz.
- E de que me vale isso? 
De que me vale sentir o perfume da terra, o seu frescor sorridente, a luz perfumada da aurora, o cantar puro da fonte, se preciso de estar em guerra e em fuga permanente contra estes vampiros invasores? 
Sinceramente, Maria, não é fácil. E já chorei muitas lágrimas. O meu computador era o depositário da minha alma quando precisava de desabafar. Era o cofre dos meus segredos. E foi muito penoso sentir a minha alma conspurcada por olhares ímpios, perversos e sem pudor. Mas tudo passa. Quando temos consciência da limpidez da nossa existência (com pecados, claro, como todo o ser humano, mas nenhum causador de danos a qualquer outro ser), consciencializámo-nos de que a vida é para a frente e não podemos permitir que os abutres a travem. É necessário olhá-los de frente, com olhar direto, e continuarmos o nosso trajeto.
- Tens razão minha amiga. Mas é preciso coragem e muita força de alma para não sucumbir a tanta pressão.
- Claro que há momentos muito maus. Mas… Quem os não tem, de uma forma ou de outra? E, muitas vezes, a força chega-nos da revolta que sentimos contra este estado de coisas, esta perseguição consistente e permanente, quando há a plena consciência de nunca ter feito mal a alguém. Bem pelo contrário: Mas…
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 05/07/2022

sexta-feira, junho 17, 2022

DIA MUNDIAL CONTRA A DESERTIFICAÇÃO

A água, o sangue da terra, f
onte de energia, 
Prazer, saúde e muita alegria, 
Em muitos lugares da Terra está a desaparecer.
E muitos outros lugares, onde fluentemente corria,
São já terra ressequida onde a 
vida está a morrer.

A água é a vida! Não se pode deixar morrer.
Tudo é preciso fazer para que continue a correr
E pela Terra derrame sua alegria e frescor 
Saúde, beleza, energia, comida e amor.

Cada um, só por si, muito poderá fazer.
Cada gota desperdiçada 
é um pedaço de vida
Perdida. 
Cada gota desperdiçada por mim por ti pelo outro...
Quantas gotas, quantas vidas, para sempre perdidas?

Sejamos barreira; sejamos contenção
Ao avanço acelerado da desertificação:
Plantemos árvores, cuidemos das florestas, reciclemos,
Afrouxemos o consumismo, os resíduos…
Previnamos os incêndios...

A água, o sangue da terra, 
Fonte de energia,  saúde, prazer e alegria
Em muitos lugares da Terra está a desaparecer                                                                                                                            Jeracina Gonçalves
                                                                 Barcelos/Portugal, 17/06/2022

quinta-feira, junho 16, 2022

A LIBERDADE DE PENSAMENTO



Alguém disse um dia:
“A liberdade de pensamento é a única liberdade.”
Em meu entendimento essa é a verdade.
Desde que, do pensamento,
Não haja expressividade 
Sem barreiras na expressão.

O pensamento é secreto.
Não pode ser alcançado
Sem permissão do pensante.
Pode sonhar, pode voar,
Tomar qualquer forma
Estar em qualquer lugar.
Andar por onde quiser
Seguir nas asas do vento...

Mas nem todo o pensamento 
Poderá ter expressão,
Ser audível para o outro,
Formalmente entendível.
Só por metáforas e códigos 
Que a arte lhe concede
Poderá ser exprimido.

Alguém disse um dia:
“A liberdade de pensamento é a única liberdade.”
Em meu humilde entendimento 
Essa é a verdade
Desde que, do pensamento,
Não haja expressividade 
Entendível para o outro.

Só assim o pensamento
Tem inteira liberdade.
                                                         

                                                                    Jeracina Gonçalves
                                                                    Barcelos/Portugal, 16/06/2022

quinta-feira, junho 09, 2022

 ERVAS DANINHAS

Entre códigos e algoritmos espreitam olhares invisíveis.
Felinos, secretos, esperam a presa.
Como o animal bravio à espera da presa para se alimentar,
Esperam o momento para o seu laço lançarem.
Entram, esmiúçam baús, cofres secretos
Mexem, remexem…
Conspurcam o teu relicário, o baú dos teus segredos
e dos teus afetos, 
Onde a tua alma guardavas.
Apoderam-se da tua alma e dela fazem festim.
Seus olhos vampirescos do teu sangue se alimentam.

Felinos, secretos, espreitam invisíveis olhares.
Como toupeiras, cavam galerias subterrâneas.
Esquadrinham o espaço.
Felinos, secretos, esperam o momento de laçarem suas presas.
Mexem, remexem, escarafuncham seus espaços,
Roubam, traficam, chantageiam…
Lançam a anarquia o desconcerto, a desordem, a confusão
Onde tudo estava certo, decorria sereno, ordenado, seguro
Surge o caos, o desconcerto, a desorientação.
São escória deste tempo.
São as ervas daninhas deste prado cibernético.


Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 05/06/2022

domingo, junho 05, 2022

 CUIDEMOS DA NOSSA CASA

CUIDEMOS DA NOSSA CASA

Meu corpo sobre a areia 
deitado na borda do mar
com doçura, com carinho 
o mar me abraça, me enleia
qual foguetão que da Terra 
ruma direto ao Espaço
num ledo e manso sonhar 
no dorso de um golfinho
parto a navegar 
sobre a flor viva do mar;

Sobre a flor viva do mar 
percorro grandes distâncias 
ascendo depois ao espaço, 
perscruto o sistemas solar
sem contudo encontrar
outro planeta outra Terra 
para poder habitar
quando esta Terra acabar.

Num ledo e manso sonhar 
no dorso de um golfinho
sigo p'ra outro lugar. 
outro sistema solar.
em busca d' outro planeta
d'outra Terra 
para poder habitar
quando esta Terra acabar, 
sem outra Terra encontrar.

No dorso de um golfinho 
regresso ao mesmo lugar
esta é a casa que tenho. 
não posso desbaratá-la
nem aos seres que nela habitam  
sustêm o meu lugar
são desta casa o alento, 
sustentáculo, harmonia
p'ra esta casa  ser lar 
careço de os cuidar.

Com cabeça e coração 
careço de os cuidar
com todos coabitar 
a todos dar atenção
deles recebo saúde, alegria
recebo beleza, amor e pão.
Cuidemos da nossa casa! 
Vivamos em união!
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 05/06/2022

quinta-feira, junho 02, 2022

 AME

Ame. Conjugue o verbo amar.
Ame um homem, uma mulher
Ame o que no mundo tem vida
E também o que não a tiver.

Ame o céu, ame as estrelas
Ame a terra, os rios e o mar
Ame. Conjugue o verbo amar
Sempre e onde estiver.

Ame o que no mundo tem vida
E também o que não a tiver.

                                                                Jeracina Gonçalves
                                                                Barcelos/Portugal, 14/02/2019

quarta-feira, junho 01, 2022

 

NO PRINCÍPIO ERA UM ASSOBIO

Às quintas-feiras a cidade transformava-se numa grande feira. Parecia que toda a população de Portugal e de Espanha tinha decidido convergir para Barcelos para celebrar qualquer coisa que eu não entendia bem, mas achava que deveria ser algo de bom, pois as pessoas pareciam estar felizes e eu tinha sempre direito a um assobio. As temporadas que passava, em pequena, em casa dos meus avós maternos, passavam-se sempre sob o signo desta festa.


Na cerimónia de doação da coleção de Figurado de Barcelos dos Arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez ao Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, compreendi por que razão sempre associei aquela cidade ao som dos assobios de barro: é que, nas suas origens, o figurado destinava-se a ser utilizado como brinquedo para as crianças. Tratava-se de peças pequenas, uma atividade secundária dos oleiros, que se dedicavam sobretudo ao fabrico de louça, e que ocupavam os espaços deixados livres no forno com pequenos instrumentos musicais: ocarinas, gaitas, rouxinóis, cucos... lembro-me, em particular, de um cão que respondia com um assobio possante quando eu nele descarregava o ar dos pulmões.


O que aprendi com Isabel Fernandes, ex-Diretora do Museu de Olaria de Barcelos e atual Diretora do Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques de Bragança e Castelo de Guimarães, que fez o elogio à coleção na cerimónia da doação, é que, no início, o figurado tinha sempre um assobio acoplado, justificando assim a sua utilidade enquanto brinquedo de criança. Os bonecreiros eram anónimos, e as peças não eram valorizadas como peças de autor. Foi em finais da década de 50, e ao longo dos anos 60, que se deu a grande mudança: o olhar dos adultos começou a valorizar as peças, estas foram crescendo e ocupando cada vez mais espaço nos fornos, e os assobios foram, aos poucos, sendo esquecidos. Ao mesmo tempo, afirmaram-se os nomes de artistas populares, de que Rosa Ramalho é, sem dúvida, o nome maior.


A coleção de Figurado de Barcelos doada ao Museu por Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez, composta por mais de 600 peças, oferece-nos a história desta transição. Compreendemos, quando a escrutinamos, que, à medida que as peças foram perdendo o assobio, elas se agigantaram não apenas no tamanho, mas também nos sobressaltos da imaginação dos ceramistas. A coleção convoca-nos, igualmente, para uma reflexão sobre a forma como o figurado de Barcelos se constituiu, simultaneamente, como um meio utilizado pelo Estado Novo para reforçar o sentido da identidade portuguesa e um lugar de subversão para os artistas.


São estas – e muitas outras histórias – que nos propomos contar na grande exposição que estamos a organizar, em março do próximo ano, da coleção de Figurado de Barcelos que o nosso museu agora recebeu. Estamos muito gratos aos Arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez por esta doação que passará a poder ser fruída por uma comunidade alargada – e, como sugeriu Isabel Fernandes, disponibilizada para novas leituras, novos significados, novas emoções. Estamos mesmo entusiasmados com esta doação!


Fátima Vieira, 

Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora

Publicado por Jeracina Gonçalves

Newsletter nº 98 da Universidade do Porto 

 O MEU CORAÇÃO INTERPELA-TE, SENHOR!

Como alegres rouxinóis de ramo em ramo a chilrear,

Límpido e ondeante riacho de rocha em rocha a cantar,
Assim as crianças que vejo, daqui, da minha janela,
No recreio da escola, a correr, a rir e a brincar.
Belas e sadias sementes no prado a desabrochar (em).

O meu coração, cativado, absorve a melodia
Que entra pela minha janela no raiar deste dia.
Porém, o meu pensamento, cioso do meu coração,
Agarra o meu coração e leva-o por outros lugares,
Pelo mundo… de lugar… em lugar…
E a sombra desce, e a sombra cresce e cobre o meu olhar.

Porquê, Senhor? Crianças! Apenas crianças, Senhor!
E a sombra desce, e a sombra cresce e cobre o meu olhar.
Crianças espoliadas dos seus direitos de crianças serem,
Como crianças viverem, e crescerem.
Crianças que mordem o pó do chão sob a metralha assassina,
Sob o aguilhão da fome, da sede, da malvadez dos homens…

E a sombra desce, e a sombra cresce e cobre o meu olhar.
Deixa o meu coração magoado. 
Deixa o meu coração a pensar:
Crianças! São apenas crianças... 
São apenas crianças, Senhor!
São no
 mundo a sementeira, o roseiral a florir
São no mundo o esteio, a semente do provir
Mal começaram a viver e já têm que morrer!?

O meu coração, magoado, interpela-Te, Senhor:
Crianças.... São apenas crianças... 
São apenas crianças, Senhor!
Mal começaram a viver e já têm que morrer?
Senhor, Tu que tens todo o poder, 
Põe no coração da humanidade o AMOR.
Cada um dê, de si, o melhor para construir o amor, 
E em paz e união 
Todos possamos viver a alegria, a saúde, o amor e o pão.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal/Dia Mundial da Criança