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quinta-feira, agosto 18, 2022

 DE CABEÇA E CORAÇÃO


O sonho está na alma
irrevogável, eterno,
resiste à erosão do tempo,
resiste à erosão do espaço,
encaminha-te no sentido da mudança,
do crescimento de ti.

De sonho em sonho
“como bola nas mão de uma criança”
imprime movimento à tua vida
encaminha-te em direção ao futuro
no sentido da mudança
do crescimento de ti.

Persegue os teus sonhos,
se neles estão a cabeça e o coração.
Se não são sonhos vãos
avança com eles de pés no chão.
Nunca desistas dos teus sonhos.
Persegue-os até lhes atingires o âmago, o coração.


                                                Jeracina Gonçalves
                                                Barcelos/Portugal, 18/08/2022

sábado, agosto 13, 2022

 FANTASIA

 


A fragrância do sonho que me acompanha traz-me as rosas vermelhas da roseira ao pé da porta e as pétalas com que acariciavas o meu rosto, e tem a doce melodia dos rouxinóis que para mim acordavam as madrugadas e a cor límpida do azul que cobre a manhã, no lago da montanha verde que sempre me acompanha. 
Caminho pela margem do lago. Sozinha. Fisicamente estou só; mas não estou sozinha. A minha mente fervilha de ideias soltas. Indefinidas. Não consigo ordená-las, corporizá-las, dar-lhe expressão. Mas estão lá, indistintas, vagas, confusas, a informarem-me que algo dentro de mim procura expressão. Algo está a pedir para manifestar-se. 
O que seja ainda não consigo decidir; mas não tenho dúvidas: qualquer coisa dentro de mim pede a minha atenção mais direta, mais cuidada, mais atenta. Pressinto que seja algo de bom, uma boa notícia, um amigo, uma amiga  que me visitam, um sonho preste a realizar-se,... Pressagio que algo de muito bom esteja prestes a acontecer ao meu coração com varandas floridas voltadas para o rio, rincão da passarada que, logo de madrugada, solta belos madrigais e cantares ao desafio: rouxinóis, pintassilgos, melros e pardais acordam-me a madrugada com seus maviosos sons e preenchem o meu coração com ternura e alegria, acompanham-me pelo dia e fazem-me o dia belo e bom.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 02/08/2022

terça-feira, agosto 09, 2022

 INVISÍVEIS AO OLHAR


Olho este tema de frente, de trás, de lado, reviro-o, volto a revirá-lo e não encontro porta ou janela por onde possa entrar no seu âmago, esmiuçar a sua essência. Pressinto-o extenso e profundamente rico e belo, mas passa por mim como uma sombra que não consigo agarrar. Circula pelo meu quintal numa correria louca e não consigo fazê-lo entrar em minha casa, abraçá-lo, senti-lo no meu coração.
São tantas as energias que circulam por aí, a meu lado e em volta de mim, boas e más, naturais e sobrenaturais, que são invisíveis ao meu olhar, talvez pela simples razão de não as querer ver, sentada que sou no meu cadeirão de puro egoísmo. Não quero vê-las para minha comodidade. Circulam por aí, mas são invisíveis ao meu olhar preocupado em olhar apenas para o meu umbigo. Passam por mim como sombras indefinidas, transparentes e morrem à frente, num beco do caminho, dizimadas pela indiferença, pela fome, pela sede, pela metralha e intempéries da vida. E, eu, que podia ter feito alguma coisa para prevenir a sua morte prematura, sentada no meu cadeirão sobranceiro à vida, com comida na mesa todos os dias, na comodidade de uma boa casa, com saúde, família e amigos, não as vi passar, porque não me permiti abrir os olhos do meu coração para o outro, que caminha ao meu lado, mas não deixo que me toque. Seres que circulam com as suas vidas partidas nas esquinas traiçoeiras das intempéries da vida. E é o sem-abrigo que dorme naquele beco, abrigado da noite por meia dúzia de jornais haja chuva ou sol, calor ou frio; é o velhinho que amava a vida e era feliz na sua existência, mas caiu fulminado pela praga do Covid, porque eu, que sabia do perigo que este tempo representava para ele, não quis usar a máscara que poderia tê-lo protegido; são regiões e regiões de todo mundo arrasadas pelas cheias, pelas secas, pelos tufões e furacões, e são milhões os seres humanos que caem exangues, mortos pela fome, pela sede, soterrados nos escombros, arrastados pela força poderosa e assassina das enxurradas; mas eu, sabendo que a poluição é a causa da maioria desses eventos da natureza, continuo a poluí-la, a maltratá-la, não abdico de nenhuma das minhas comodidades, uso e abuso do consumismo, “estou-me nas tintas” para a reciclagem, …
As coisas mais importantes da vida, aquelas que realmente fazem sentido e fazem verdadeiramente uma vida feliz, apenas são visíveis ao nosso olhar, se as pensarmos com o coração. Se deixarmos que os olhos do coração se abram, perscrutem o mundo à nossa volta e nos coloquem no lugar do outro. E, colocando-nos no lugar do outro, nos levem a tentar fazer a nossa parte no sentido de todos podermos ser abraçados no mesmo abraço de bondade, de amor e de paz. E, assim, todos seremos mais felizes e os olhos dos nossos corações estarão abertos também para tantas coisas maravilhosas que o mundo põe, também, sob o nosso olhar físico, mas que não vemos, porque temos os olhos do coração trancados.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 26/06/2020

PS: Este tema foi desenvolvido sob proposta de Ana Coelho para integrar uma antologia com o mesmo nome, em que, por razões pessoais, decidi não participar

sábado, agosto 06, 2022

 A FORÇA DO OLHAR

Passei, olhei, e nada vi. Os meus olhos apenas olharam
Não viram, passaram adiante. O meu olhar não estava ali.
Porém, algo se revelou em mim. Voltei atrás. Olhei de novo.
Sentado num banco, que não vi, um homem,
Cabelos brancos, roupas modestas, olhava para mim.
Seus olhos iluminados por uma luz azul,
Intensa, mas serena e terna, olhavam para mim:
A força do olhar, com que me olhava, vinha de dentro,
Da raiz do coração no brilho da luz que o iluminava.
A força do olhar com que me olhava, como um rio de paz,
Abriu para mim uma estrada quieta, serena, tranquila,
A desaguar nas águas intranquilas da minha emoção.

A força daquele olhar iluminado por uma luz azul,
Serena e terna, quando o meu olhar tocou
Foi uma corrente elétrica que todo o meu ser trespassou.
O meu coração, com aquele olhar, para sempre ficou.

A força do olhar, que nasce no coração,
É a força que arrebata outro coração
E nos braços do amor os carrega até ao céu.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/ Portugal, 11/07/2022

PS: Este poema, que foi agora revisto, resultou de um exercício proposto por Ana Coelho, da Rádio "Voz de Alenquer" JG

quinta-feira, agosto 04, 2022

 PRECISO DA CENTELHA DE UM SONHO

 

Preciso da centelha de um sonho
que solte as grilhetas que me prendem ao chão
envolva o meu pensamento numa realidade de luz
a cobrir as sombras que a Terra escurecem
e uma nova primavera caminhe por todos os caminhos da Terra
e faça germinar flores 
onde habite a tristeza o sofrimento – a Dor.

Preciso da centelha de um sonho
que me solte desta realidade sombria
que m’ habita dia após dia
sem um beijo um abraço, um carinho…
Nada que me suavize este caminho;

Preciso da centelha de um sonho
que me abra as portas desta prisão
me solte de asas abertas cortando os ares
qual pomba da paz a percorrer os cantos da Terra
pré anunciando uma nova primavera
que faça germinar sobre a Terra
caminhos de amor saúde e bonança.

Preciso da centelha de um sonho
que solte o mundo desta realidade dolente
sobre ele disperse uma nuvem branca
de civismo solidariedade e amor
que a todos abrace com o mesmo entendimento e fervor
na criação d’um mundo mais justo, mais igual – Melhor!


Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 19 /02/2021

quarta-feira, agosto 03, 2022

 INVISÍVEIS AO OLHAR

Há coisas invisíveis ao olhar
Sombras transparentes
Arrastadas na corrente
Não tocam o nosso olhar
O nosso olhar indiferente.

São vidas partidas
Nas esquinas traiçoeiras da vida.
São sombras 
Sombras transparentes
Esquecidas
Não tocam o nosso olhar indiferente
Se não pusermos o coração a pensar.

Pensar com o coração
Dá mais clarividência ao olhar
Dá outro olhar ao olhar
Leva-o ao lugar do outro
A ver o mundo desse lugar.
Talvez o mundo, assim,  possa mudar.

                                                             Jeracina Gonçalves
                                                             Barcelos/Portugal, 26/06/2022

segunda-feira, agosto 01, 2022

 BOM DIA, VIDA! BOM DIA, MUNDO!


UNAM-SE AS MÃOS

Unamos as nossas mãos

Numa prece, numa oração,
De preceito e de amor.
As guerras não fazem sentido!
Crie-se uma corrente de AMOR!

As guerras não fazem sentido!
São caos, são miséria, são dor
Que atravessam continentes.
Destroem da flor as sementes.
Conteste-se a miséria e a dor!
Crie-se uma corrente de AMOR!

Acabe-se com a metralha
Destrói a beleza da vida.
Por que destruir coisas belas?!
As guerras não fazem sentido!
São caos, são miséria, são dor.
Crie-se uma corrente de AMOR!

Tanta gente, pelo mundo, à falta
De pão a morrer
E o pão, preso em barcos, no mar...
No mar a apodrecer?!
As guerras não fazem sentido!
São caos, são miséria, são dor.
Crie-se uma corrente de AMOR!

Acabe-se com a metralha!
Olhe-se além do umbigo!
As guerras não fazem sentido!
São caos, são miséria, são dor.
Crie-se uma corrente de AMOR!


                                                        Jeracina Gonçalves
                                                        Barcelos/Portugal, 31/07/2022