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quarta-feira, novembro 29, 2017

Mais um dia azul nos iluminou e nos entrou pela janela, neste outono impiedoso e frio, incapaz de se comover e sentir a falta que as suas lágrimas fazem à Vida.
29/11/2017

segunda-feira, novembro 27, 2017


Abro a janela do meu quarto. Pequenos pedaços de azul saúdam-me por  entre os rasgões no matiz cinza da cortina que hoje encobre o azul.
Um pássaro - pardal, talvez - atravessa-me o campo de visão da esquerda para a direita, qual bala impulsionada por forte pressão. Vai com pressa. Não me dá sequer tempo de lhe dizer: Bom Dia!
Deve estar na hora do seu exercício matinal
Hoje vejo outono da minha janela!
Um outono calmo, plácido, morno: nem uma folha mexe nas árvores e arbustos do meu jardim.

Jeracina Gonçalves
27/11/2017

domingo, novembro 26, 2017

26/11/2017 - Ofir

Um mar sereno, lindo, recebe o  meu olhar fascinado.
Não consigo afastar os meus olhos do seu brilho prateado a delinear a linha do horizonte.
É lindo! Está lindo! Apascenta-me o coração.
Um casal passeia-se sobre o enrocamento colocado há anos para abrandar o impacto das ondas na costa arenosa. Abraçam-se. Vejo-os em contraluz. Esta imagem encanta-me. Gostaria de ser eu  ali, naquele lugar, nos braços do Amor.
Gosto do mar. Gosto deste mar tranquilo, calmo, espelhado. Este mar que me atrai, me seduz, e transporta a minha alma nas asas do sonho para lugares que só o meu coração conhece. Mas não posso esquecer que estamos em finais de Novembro. Este tempo não é deste tempo. E, se assim continua, vai causar-nos muitos dissabores.
É preciso que este azul belo e transparente da abóbada celeste carregue nuvens cinzentas, que se desfaçam em lágrimas contínuas, persistentes e amigas da natureza. Lágrimas clementes para com a terra queimada, sofrida: a terra despida pelos fogos, que a assolaram. Despojaram-na impiedosamente de todas as suas vestes. Precisa das lágrimas piedosas de um céu clemente e pai; nuvens que carreguem Amor e Vida.

Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal
Há sentimentos que não se traduzem em palavras
Sobem do coração para o olhar
Espalham em volta o seu perfume
E põem os corações a falar.
Sentimentos cavados no Ser
Com raízes profundas
Alimentam e alimentam-se do Ser.
Jeracina Gonçalves
                                                                 Barcelos/Portugal, 25/11/2017

sábado, novembro 25, 2017

PALAVRAS


As palavras podem ser doces, amargas, agrestes...
São o espelho do que nos enche a alma:
São flores e aromatizam o ar
Ou calhaus arremessados ao vento
Soltos no ar
Tal qual o boomerang
Invertem a direção
E veem atingir-nos no coração.

Há pedras arremessadas pela boca
No tom das palavras ditas.
Rasgam feridas sangrentas  nas relações.
Criam e fazem crescer entre pessoas que se querem
Vãos vazios, onde morrem os sentimentos.

O tom usado no que expressamos tem grande importância no efeito causado pelo que dizemos.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 25/10/2017


quinta-feira, novembro 23, 2017

Chove. E chove forte.
Oiço o seu impacto para lá da vidraça e da persiana fechadas.
Nunca pensei sentir-me feliz, sentindo a chuva forte cair para lá da vidraça. Mas é o que acontece. Estou feliz. Finalmente chegou. Que venha terna, doce, afetiva. Que seja amor a despenhar-se do etéreo. Amor apaixonado e terno a abraçar a terra sôfrega e sedenta desse abraço redentor, numa união reprodutora de Vida.
Jeracina Gonçalves

23/11/2017

terça-feira, novembro 21, 2017

...COM O MEU OLHAR

Neste azul límpido e belo
deste belo céu d’outono
logo que  abro a janela
de manhã, ao acordar,
desenho-te com o meu olhar
nessa tela transparente
que os meus olhos seduz
e meu coração entristece.
E o meu coração, numa prece,
suplica à Luz Divina
sobre esta terra sedenta
fios de prata transparentes
que na terra ressequida
façam germinar a semente
que a vida, na terra, sustente.

E nesta ambiguidade latente
de sentimentos opostos
és a imagem, a sinfonia,
o sonho a que me entrego
e ao longo de cada dia
alimenta a minha alma
dá sustentação ao meu dia.

Neste azul límpido e belo
deste belo céu d’outono
o meu coração, em cada dia,
sente noite e sente dia.
Jeracina Gonçalves
21/11/2017

segunda-feira, novembro 20, 2017

Nas palmas das minhas mãos
vazias de ti
já pousaram bem-me-queres
rosas rubras desfolharam seus amores
primaveras cultivaram jardins de belas flores
perfumadas de jasmim e de belas madrugadas

Nas palmas das minhas mãos
vazias de ti
houve tempo em que as estrelas
encantadas
nelas vinham pousar
vestidas de margaridas
e de rosas encarnadas;

Nas palmas das minhas mãos
vazias de ti
já viveram madrugadas!
Ao abrir a janela do meu quarto deparo-me, mais uma vez, com um azul transparente a entrar-me, em retalhos, por entre o rendilhado das árvores.
Encanta o meu olhar, mas entristece o meu coração.

Jeracina Gonçalves
20/11/2017

segunda-feira, novembro 13, 2017

Abro a janela do meu quarto
O céu azul, límpido, transparente, encanta o meu olhar.
Mas este sentimento não encontra eco no meu coração.
O meu coração chora. E suas lágrimas são de dor.
Este azul tão belo e frio tem falta de comoção.
Faz-me temer o pior pró meu país, tão sofrido,
Com seu solo ressequido a morrer de exaustão.
Neste céu azul e límpido 
Faz-se premente alguma transformação.
É urgente que chore,
Derrame suas lágrimas sobre esta terra sedenta.
E o meu coração diz, então:
“Ó céu, olha prá terra, tão triste, tão abatida
gretada, ressequida…
Não sentes a sua dor?
Lava seu rosto, seu corpo, com tuas lágrimas doces, ternas…
Com tuas lágrimas de Amor!”
Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal
13/11/2017


terça-feira, novembro 07, 2017

OSTRA FECHADA

A vida é uma ostra fechada.
Agora, pássaro na mão
Fugindo por entre os dedos
Logo, já não é nada.
É imagem estatelada
Feita em mil pedaços
Nas pedras da calçada.

Pedaços que foram vida
Jazem partidos. Dispersos
Entre as pedras do caminho.
Pedaços em desalinho
Que é preciso colar.

Há um ditado na vida
Que, na vida, sempre guardei
E, na vida, guardarei:
“nunca digas na vida,
desta água não beberei”
O que passou tenho certo.
Este momento, também.
Daqui por um momento
Só Deus sabe o que terei.
Jeracina Gonçalves
05/11/2017

segunda-feira, novembro 06, 2017

UMA VOZ NO SILÊNCIO

Apenas o silêncio estrondeia
dentro do meu peito.
O silêncio de ti.
E, no silêncio, falas-me tu.
A tua voz queima a minha alma
num adeus  para o infinito.
Para uns a vida sorri.
Começa agora.
Para outros é fardo pesado
a desfazer-se na borda da estrada
sob os braços do crepúsculo
que enlaça o corpo de todas as coisas.
Jeracina Gonçalves
06/11/2017

domingo, novembro 05, 2017

UMA VOZ NA ESCURIDÃO

Caminho na berma do mar
há uma voz que me chama
olho em volta, a escuridão
olho o céu e vejo, então,
uma  estrela mais viva e bela
a luzir na multidão.
Jeracina Gonçalves
05/11/2017

sábado, novembro 04, 2017

No céu procuro o teu rosto
encontro-o espelhado no mar
teu olhar fita o meu olhar
e, nesse momento,
levanta-se
vinda do coração do mar
uma voz que me abraça
e em seus braços me leva
pelo azul infinito
a navegar…a navegar…
a navegar…
sem vontade de voltar.
Jeracina Gonçalves
4/11/2017

quinta-feira, novembro 02, 2017

LÁGRIMAS DO CÉU

O céu chora de mansinho
envergonhado
talvez para nos pedir perdão
da sua tardia emoção
abre-se em sorrisos de luz
com que nos vem abraçar
por entre lágrimas
silenciosas
a descerem pelas faces do ar.

- Chora céu! Chora sem medo!
Junta cinza à tua cor!
Derrama sobre nós as tuas lágrimas.
São a Vida que a Vida espera.
Mas não chores em convulsão.
Chora manso… persistente…
Não chores em convulsão.

A terra ardida, queimada,
Seria destroçada
Por teu choro em enxurrada.
Chora manso… persistente…
Não chores em convulsão.

Para a Vida 
Tuas lágrimas sejam bênçãos!
Tuas lágrimas sejam força 
Alavanca
Para recuperar do cansaço
Deste estio abrasador
Que da Vida foi senhor!
Jeracina Gonçalves/ Barcelos/Portugal
2/11/2017