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sexta-feira, junho 17, 2022

DIA MUNDIAL CONTRA A DESERTIFICAÇÃO

A água, o sangue da terra, f
onte de energia, 
Prazer, saúde e muita alegria, 
Em muitos lugares da Terra está a desaparecer.
E muitos outros lugares, onde fluentemente corria,
São já terra ressequida onde a 
vida está a morrer.

A água é a vida! Não se pode deixar morrer.
Tudo é preciso fazer para que continue a correr
E pela Terra derrame sua alegria e frescor 
Saúde, beleza, energia, comida e amor.

Cada um, só por si, muito poderá fazer.
Cada gota desperdiçada 
é um pedaço de vida
Perdida. 
Cada gota desperdiçada por mim por ti pelo outro...
Quantas gotas, quantas vidas, para sempre perdidas?

Sejamos barreira; sejamos contenção
Ao avanço acelerado da desertificação:
Plantemos árvores, cuidemos das florestas, reciclemos,
Afrouxemos o consumismo, os resíduos…
Previnamos os incêndios...

A água, o sangue da terra, 
Fonte de energia,  saúde, prazer e alegria
Em muitos lugares da Terra está a desaparecer                                                                                                                            Jeracina Gonçalves
                                                                 Barcelos/Portugal, 17/06/2022

quinta-feira, junho 16, 2022

A LIBERDADE DE PENSAMENTO



Alguém disse um dia:
“A liberdade de pensamento é a única liberdade.”
Em meu entendimento essa é a verdade.
Desde que, do pensamento,
Não haja expressividade 
Sem barreiras na expressão.

O pensamento é secreto.
Não pode ser alcançado
Sem permissão do pensante.
Pode sonhar, pode voar,
Tomar qualquer forma
Estar em qualquer lugar.
Andar por onde quiser
Seguir nas asas do vento...

Mas nem todo o pensamento 
Poderá ter expressão,
Ser audível para o outro,
Formalmente entendível.
Só por metáforas e códigos 
Que a arte lhe concede
Poderá ser exprimido.

Alguém disse um dia:
“A liberdade de pensamento é a única liberdade.”
Em meu humilde entendimento 
Essa é a verdade
Desde que, do pensamento,
Não haja expressividade 
Entendível para o outro.

Só assim o pensamento
Tem inteira liberdade.
                                                         

                                                                    Jeracina Gonçalves
                                                                    Barcelos/Portugal, 16/06/2022

quinta-feira, junho 09, 2022

 ERVAS DANINHAS

Entre códigos e algoritmos espreitam olhares invisíveis.
Felinos, secretos, esperam a presa.
Como o animal bravio à espera da presa para se alimentar,
Esperam o momento para o seu laço lançarem.
Entram, esmiúçam baús, cofres secretos
Mexem, remexem…
Conspurcam o teu relicário, o baú dos teus segredos
e dos teus afetos, 
Onde a tua alma guardavas.
Apoderam-se da tua alma e dela fazem festim.
Seus olhos vampirescos do teu sangue se alimentam.

Felinos, secretos, espreitam invisíveis olhares.
Como toupeiras, cavam galerias subterrâneas.
Esquadrinham o espaço.
Felinos, secretos, esperam o momento de laçarem suas presas.
Mexem, remexem, escarafuncham seus espaços,
Roubam, traficam, chantageiam…
Lançam a anarquia o desconcerto, a desordem, a confusão
Onde tudo estava certo, decorria sereno, ordenado, seguro
Surge o caos, o desconcerto, a desorientação.
São escória deste tempo.
São as ervas daninhas deste prado cibernético.


Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 05/06/2022

domingo, junho 05, 2022

 CUIDEMOS DA NOSSA CASA

CUIDEMOS DA NOSSA CASA

Meu corpo sobre a areia 
deitado na borda do mar
com doçura, com carinho 
o mar me abraça, me enleia
qual foguetão que da Terra 
ruma direto ao Espaço
num ledo e manso sonhar 
no dorso de um golfinho
parto a navegar 
sobre a flor viva do mar;

Sobre a flor viva do mar 
percorro grandes distâncias 
ascendo depois ao espaço, 
perscruto o sistemas solar
sem contudo encontrar
outro planeta outra Terra 
para poder habitar
quando esta Terra acabar.

Num ledo e manso sonhar 
no dorso de um golfinho
sigo p'ra outro lugar. 
outro sistema solar.
em busca d' outro planeta
d'outra Terra 
para poder habitar
quando esta Terra acabar, 
sem outra Terra encontrar.

No dorso de um golfinho 
regresso ao mesmo lugar
esta é a casa que tenho. 
não posso desbaratá-la
nem aos seres que nela habitam  
sustêm o meu lugar
são desta casa o alento, 
sustentáculo, harmonia
p'ra esta casa  ser lar 
careço de os cuidar.

Com cabeça e coração 
careço de os cuidar
com todos coabitar 
a todos dar atenção
deles recebo saúde, alegria
recebo beleza, amor e pão.
Cuidemos da nossa casa! 
Vivamos em união!
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 05/06/2022

quinta-feira, junho 02, 2022

 AME

Ame. Conjugue o verbo amar.
Ame um homem, uma mulher
Ame o que no mundo tem vida
E também o que não a tiver.

Ame o céu, ame as estrelas
Ame a terra, os rios e o mar
Ame. Conjugue o verbo amar
Sempre e onde estiver.

Ame o que no mundo tem vida
E também o que não a tiver.

                                                                Jeracina Gonçalves
                                                                Barcelos/Portugal, 14/02/2019

quarta-feira, junho 01, 2022

 

NO PRINCÍPIO ERA UM ASSOBIO

Às quintas-feiras a cidade transformava-se numa grande feira. Parecia que toda a população de Portugal e de Espanha tinha decidido convergir para Barcelos para celebrar qualquer coisa que eu não entendia bem, mas achava que deveria ser algo de bom, pois as pessoas pareciam estar felizes e eu tinha sempre direito a um assobio. As temporadas que passava, em pequena, em casa dos meus avós maternos, passavam-se sempre sob o signo desta festa.


Na cerimónia de doação da coleção de Figurado de Barcelos dos Arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez ao Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, compreendi por que razão sempre associei aquela cidade ao som dos assobios de barro: é que, nas suas origens, o figurado destinava-se a ser utilizado como brinquedo para as crianças. Tratava-se de peças pequenas, uma atividade secundária dos oleiros, que se dedicavam sobretudo ao fabrico de louça, e que ocupavam os espaços deixados livres no forno com pequenos instrumentos musicais: ocarinas, gaitas, rouxinóis, cucos... lembro-me, em particular, de um cão que respondia com um assobio possante quando eu nele descarregava o ar dos pulmões.


O que aprendi com Isabel Fernandes, ex-Diretora do Museu de Olaria de Barcelos e atual Diretora do Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques de Bragança e Castelo de Guimarães, que fez o elogio à coleção na cerimónia da doação, é que, no início, o figurado tinha sempre um assobio acoplado, justificando assim a sua utilidade enquanto brinquedo de criança. Os bonecreiros eram anónimos, e as peças não eram valorizadas como peças de autor. Foi em finais da década de 50, e ao longo dos anos 60, que se deu a grande mudança: o olhar dos adultos começou a valorizar as peças, estas foram crescendo e ocupando cada vez mais espaço nos fornos, e os assobios foram, aos poucos, sendo esquecidos. Ao mesmo tempo, afirmaram-se os nomes de artistas populares, de que Rosa Ramalho é, sem dúvida, o nome maior.


A coleção de Figurado de Barcelos doada ao Museu por Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez, composta por mais de 600 peças, oferece-nos a história desta transição. Compreendemos, quando a escrutinamos, que, à medida que as peças foram perdendo o assobio, elas se agigantaram não apenas no tamanho, mas também nos sobressaltos da imaginação dos ceramistas. A coleção convoca-nos, igualmente, para uma reflexão sobre a forma como o figurado de Barcelos se constituiu, simultaneamente, como um meio utilizado pelo Estado Novo para reforçar o sentido da identidade portuguesa e um lugar de subversão para os artistas.


São estas – e muitas outras histórias – que nos propomos contar na grande exposição que estamos a organizar, em março do próximo ano, da coleção de Figurado de Barcelos que o nosso museu agora recebeu. Estamos muito gratos aos Arquitetos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez por esta doação que passará a poder ser fruída por uma comunidade alargada – e, como sugeriu Isabel Fernandes, disponibilizada para novas leituras, novos significados, novas emoções. Estamos mesmo entusiasmados com esta doação!


Fátima Vieira, 

Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora

Publicado por Jeracina Gonçalves

Newsletter nº 98 da Universidade do Porto 

 O MEU CORAÇÃO INTERPELA-TE, SENHOR!

Como alegres rouxinóis de ramo em ramo a chilrear,

Límpido e ondeante riacho de rocha em rocha a cantar,
Assim as crianças que vejo, daqui, da minha janela,
No recreio da escola, a correr, a rir e a brincar.
Belas e sadias sementes no prado a desabrochar (em).

O meu coração, cativado, absorve a melodia
Que entra pela minha janela no raiar deste dia.
Porém, o meu pensamento, cioso do meu coração,
Agarra o meu coração e leva-o por outros lugares,
Pelo mundo… de lugar… em lugar…
E a sombra desce, e a sombra cresce e cobre o meu olhar.

Porquê, Senhor? Crianças! Apenas crianças, Senhor!
E a sombra desce, e a sombra cresce e cobre o meu olhar.
Crianças espoliadas dos seus direitos de crianças serem,
Como crianças viverem, e crescerem.
Crianças que mordem o pó do chão sob a metralha assassina,
Sob o aguilhão da fome, da sede, da malvadez dos homens…

E a sombra desce, e a sombra cresce e cobre o meu olhar.
Deixa o meu coração magoado. 
Deixa o meu coração a pensar:
Crianças! São apenas crianças... 
São apenas crianças, Senhor!
São no
 mundo a sementeira, o roseiral a florir
São no mundo o esteio, a semente do provir
Mal começaram a viver e já têm que morrer!?

O meu coração, magoado, interpela-Te, Senhor:
Crianças.... São apenas crianças... 
São apenas crianças, Senhor!
Mal começaram a viver e já têm que morrer?
Senhor, Tu que tens todo o poder, 
Põe no coração da humanidade o AMOR.
Cada um dê, de si, o melhor para construir o amor, 
E em paz e união 
Todos possamos viver a alegria, a saúde, o amor e o pão.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal/Dia Mundial da Criança