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quinta-feira, agosto 24, 2017

CARÍCIA PARA O MEU OLHAR


A poesia nasce do nada que acaricia o meu olhar
Encontra eco na minha alma e põe a minha alma a cantar.
A minha alma encontra eco, que aveluda o meu olhar,
nos bandos alados que passam,
desenham as asas abertas no etéreo azul irisado
sobre o incendido mar, lentamente, a deslizar
no corpo suave d'areia deitada na orla do mar;
no despertar da manhã a piscar-me o olho ardente
por entre o recorte dos montes
quando abro a janela, de manhã, ao acordar;
no brilho diamantino dos seixos lisos, redondos,
que cobrem o leito das fontes
sob o olhar resplandecente, benfazejo, criador 
que ilumina toda a terra;

nos tapetes coloridos que ornamentam os montes
no som cantante das fontes
no concerto vespertino dos alados cantores
no riso límpido da criança  a brincar,  alegremente,
no parque, na praia, no mar…

A Minha alma encontra o eco que aveluda o meu olhar
Nas coisas simples da vida, que acordam o meu coração
Soltam riso do meu olhar, e põem minha alma a cantar.

Jeracina Gonçalves

sexta-feira, agosto 18, 2017

Há sempre uma lágrima que cai
Quando um sonho vai derrapando
Um brilho que do olhar se esvai
Uma alma, em silêncio, chorando…

A alma não se deixa vencer
Luta pelo sonho que é vida
Pega nas pontas partidas     
Dos pedaços cerze a vida
De um sonho ainda maior!

Pela janela aberta, à esquerda da minha secretária, entra-me o som de um concerto maravilhoso realizado pelos artistas alados, que encontram palco na cortina verdejante que desse lado  me aconchega a casa.
É uma sinfonia de sons harmoniosos e adoçam-me o entardecer deste dia tão turbulento e desgastante.
Jeracina Gonçalves
17/08/2017

DEAMBULANDO…

Hoje escolhi vadiar. E esta é a palavra certa. Vadiar pelas ruas do Porto. Pela Baixa. Sem compromissos. Sem pressas. Sem a instância do tempo a pressionar-me. Deambulei por ali, calmamente, a ver, a observar, a sentir o palpitar de uma cidade hoje, para mim, quase desconhecia; embora, no passado, fosse rara a semana em que não fosse até lá uma ou mais vezes. Mas as circunstâncias da vida mudam. E há mais de seis anos que não ia à Baixa do Porto.
Tive uma agradável surpresa: senti uma cidade que não conhecia, tamanha a transformação sofrida nesse espaço de tempo. A todos os níveis. E percorri sítios que nunca antes tinha percorrido, caminhados por um amalgamado de pessoas, de raças e de línguas, que me agradou ver e ouvir. E que não estava habituada a encontrar nas ruas das nossas cidades. Bastante recolhida pela cidade em que vivo e pela aldeia onde nasci, e bastante amiga da minha casa, não me tinha ainda apercebido da real transformação do nosso país a nível turístico. E gostei.
Uma obrigação real me levou até lá, à cidade do Porto, com a minha neta mais velha. Resolvida esta, decidimos circular pela Baixa, começando por tomar um café e comer uma nata na rua das Flores. Depois descemos à Ribeira, que percorremos calmamente, atravessámos a ponte para a outra banda a pé - o que nunca tinha acontecido - e lamentei não ter carga na bateria do meu telemóvel para fotografar alguns recantos que me fascinaram. Usei-o como “JPS” para levar-nos ao sítio onde tivemos de ir, e a carga levou tal rombo, que não me atrevi a usá-lo, sequer, para telefonar a alguns amigos. Gostaria de encontrá-los, mas temendo que a a carga acabasse, e me deixasse sem poder comunicar, especialmente com a minha neta, que tinha combinado encontrar-se com umas colegas para irem à Universidade, e deixou-me, entretanto, do lado de Gaia, para ir apanhar o Metro; mas encontrar-nos-íamos de novo ao fim da tarde.
Fiquei por ali, a deliciar-me com a vista maravilhosa de Ribeira do Porto, olhada do lado de Gaia, que nunca me cansa. Subi depois pelo elevador, desci a S. Bento para recordar a bela azulejaria dos seus murais, subi aos Clérigos, e fiquei agradavelmente impressionada, direi mesmo, deliciada com a transformação daquele antigo parque de estacionamento: o “Jardim das Oliveiras” (não sei se será esse o nome), que cobre as lojinhas sobre o parque, maravilhou-me; passei depois à Praça dos Leões, Praça Carlos Alberto, rua de Cedofeita, que percorri calmamente entrando numa ou noutra loja. Voltei sobre o mesmo caminho e fui almoçar ao Café Piolho; desci ao Jardim da Cordoaria, contornei a Universidade e fui visitar a Livraria Lello, que conhecia muito bem através das imagens de alguns mails enviados por amigos, mas nunca lá tinha entrado. E, confesso: consegue apreciar-se bastante melhor a sua beleza, quando nos chega enviada por mail, que entre o apinhado de gente que hoje a percorria. Claro que, presencialmente, sente-se o ambiente. Aprecia-se de outra maneira. E não sei se terá sempre o movimento que hoje tinha. Mas hoje tinha muita gente a circular pelo seu interior, e uma razoável fila para entrar.
E, já agora, uma curiosidade: fiquei a saber que foi fundada por dois irmãos nascidos no meu concelho – Santa Marta de Penaguião, o que me fez sentir uma certa vaidade.
Desci depois à Praça Filipa de Lencastre, Avenida dos Aliados, e fui sentar-me num café perto do Tivoli (tinha o carro estacionado no Parque S. João), cansada, mas leve e muito feliz, à espera da minha neta.

Gostei deste dia. Gostei de deambular, assim, preguiçosamente, pela cidade do Porto, sem pressões de qualquer ordem.
Jeracina Gonçalves
16/08/2017

VOU CONTAR-VOS UMA HISTÓRIA

Meus queridos Amigos, deixem-me contar-vos uma pequenina história:

 Era uma vez um casal de lavradores, que vivia numa pequena aldeia encarrapitada na encosta da serra, sustentada por pequenos socalcos onde não entrava qualquer tipo de máquina para poder trabalhá-los. Só a força humana fazia emergir das suas entranhas os alimentos para manter a vida das suas gentes.
Para sair da aldeia, só a pé, de burro, ou a cavalo. O autocarro para a cidade passava a horas de distância, a caminhar-se por veredas íngremes (estou a falar-vos dos anos 50). 
Esse casal teve cinco filhos: uma menina, três rapazes - os quatro muito próximos – e, mais tarde, outra menina. Todos foram os melhores alunos da sua classe, na sua escola da aldeia.
A filha mais velha fez a quarta classe e foi para a cidade estudar. Ora, além dos livros, propinas (que pagou apenas no 1º ano) e do material escolar necessário, tinha de pagar a pensão, todos os meses, que era o mais caro e, portanto, o mais difícil: um lavrador, com muito trabalho, se não vier uma seca ou uma enxurrada que destrua o trabalho de meses, tem fartura de tudo. Mas não tem dinheiro. Não pode trazer quatro filhos a estudar, a pagar pensão, na cidade, ao mesmo tempo. E os três rapazes ficaram a trabalhar a terra. No devido tempo, só a menina mais velha e a mais nova estudaram.
Os três rapazes também estudaram. Mais tarde. Não para mudarem a orientação da sua vida, que estava encaminhada, mas porque a inteligência lhes pedia mais conhecimento. Daí, este livro, “A VIAGEM”. Escrevi-o depois de um passeio que fiz à Noruega, em 1996, cujo Sistema Escolar me encantou: ninguém lá deixava de estudar por falta de meios económicos. Editei-o agora, com a finalidade de ajudar a concretizar um projeto de Bolsas de Estudo do Lions Clube de Barcelos. O produto total da sua venda reverterá, inteiramente, para esse fim.
Se tiver capacidades e se for esse o seu sonho, ninguém deve ser impedido de estudar por falta de dinheiro. Tudo o que possamos fazer para evitá-lo, deve ser feito.
Se isto também é importante para vós, queridos amigos, participem nesta causa. Poderão encontrar o livro aqui:
Jeracina Gonçalves

quarta-feira, agosto 16, 2017

Tua voz chega até mim
na voz do rouxinol
que, ao acordar, me desperta
envolve-me no teu abraço
minha cabeça em teu ombro
teu olhar no meu olhar...
É o meu coração a sonhar.
Jeracina Gonçalves
16/08/2017

terça-feira, agosto 15, 2017

Olho a madrugada
na ânsia de te ver chegar
num barco feito de amor
vens até mim a remar;
mas o teu barco parou
não o consigo avistar...
O meu olhar  na distância
no meu coração esta ânsia
de não te poder abraçar.
Jeracina Gonçalves
15/08/2017


segunda-feira, agosto 14, 2017


A MINHA POESIA

A poesia que eu canto veste-se de cores variadas
Tanto pode ser azul, branca, rosa ou encarnada
Com pode ter cor negra, da cor do negro trovão,
Que assola a minha alma em tempos de trovoada.
Se o sol me aquece a alma, e há primavera no ar
É alegre e luminosa; tem a cor do verbo amar
E o quadro pintado mostra então as cores garridas
Que enfeitam meu coração e abrilhantam meu olhar.
Levada Espaço além, nas asas da imaginação
Abarca todas as cores que nesse meio encontrar.
Todas as cores deste cosmos constantemente a rodar.
Tanto pode ser azul, branca, rosa ou encarnada
Como pode ter cor negra, da cor do negro trovão
Que assola a minha alma em tempos de trovoada.
Às vezes é açucena: branca, pura, sobre toalha d’altar
Às vezes é rosa rubra, ardente, queima-me o coração
Às vezes é transparente, tal e qual a água límpida
Alimenta o verde-esperança que ilumina meu olhar…

A poesia que eu canto tem as cores do universo
em que me movo dia a dia, e dia a dia me cerca
m’atinge com seus dramas, injustiças, cobardias,
mas também com sua luz, suas cores e alegrias!

                Jeracina Gonçalves

   Agosto/2017

sábado, agosto 12, 2017

Subi ontem à minha serra, por onde a minha alma se solta, e voa, apaixonada, qual águia cortando o azul, num voo de liberdade.
Minha alma veio triste.
Falta por lá a  bênção do choro manso das nuvens, que amenize este estio tão ardente e prolongado. 
E as minhas plantas clamam pelo aconchego das gotas bailarinas, que as acariciem, e cantem para elas as belas canções de amor, que as alimentam e fazem felizes. 
Mas não ouvem essa voz maviosa e terna, que lhes apague o  tormento da sede.
Da sede  que  as atormenta. Definham pouco a pouco.
Jeracina Gonçalves
12/08/2017