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sexta-feira, março 08, 2019

“Dia Internacional da Mulher”


O “Dia Internacional da Mulher”, que hoje se comemora e com o qual há quem não concorde por entender ser o dia da mulher, assim como o do homem, todos os dias do ano. E eu concordo com esse conceito. Acho que assim deveria ser: o Dia da Mulher deviam ser todos os dias do ano, assim como o da Criança, o do Pai, o da Mãe, etc. Mas também me parece que tem toda a legitimidade de existir. E deve existir e ser comemorado. Quanto mais não seja, para honrar e lembrar aquele grupo de 130 mulheres, que foram queimadas vivas, trancadas na fábrica onde exerciam o seu mister de tecelãs, no dia 8 de Março de 1875, nos Estados Unidos. Uma história tétrica, que retrata a prepotência exercida sobre as mulheres quando, com dignidade e coragem, exigiam ser tratadas com respeito e igualdade de direitos e de salários, em relação aos homens, se executoras de trabalho idêntico. Considero-o um marco para que fique bem assinalado na história da libertação da mulher no mundo ocidental. Um marco a sinalizar esse facto horrendo, que marca o despertar da consciência sobre as mulheres e das mulheres, a evolução aturada e as conquistas alcançadas desde essa época na sua equiparação ao homem em direitos e deveres; pois direitos sempre acarretam deveres, como todos sabemos: quantos mais direitos, mais deveres. É lógico e natural.
Essas mulheres-coragem, que tinham um horário diário de dezasseis horas e pediam a redução de horário para dez, chegavam a ganhar um terço do salário masculino.
Muito se caminhou desde então. Mas muito há ainda a caminhar. Não propriamente nas leis. Julgo que essas já estarão equilibradas; mas na sua aplicação e nas mentalidades. Tanto na dos homens como na das mulheres. E a mulher continua a ser sobrecarregada com o acréscimo do trabalho doméstico ao seu trabalho profissional. Especialmente nas classes de menor poder económico e nos grupos etários mais avançados. Os homens insistem que o trabalho da casa é da responsabilidade da mulher, exigindo a comida na mesa, a roupa lavada e passada, os filhos cuidados… E grande parte das mulheres aceita, ainda, esse trabalho como responsabilidade apenas sua. E se o homem contribui com a sua ação nesse trabalho, ainda o sente como uma ajuda a si própria e não como uma obrigação da parte dele.
Mas também no salário a mulher continua ainda descriminada em relação ao homem. Em muitos sítios. Apesar de elas mostrarem que são tão capazes quanto os homens no exercício do trabalho para que são preparadas. E, se calhar, terão de passar ainda algumas gerações para que este estado de coisas se altere e haja verdadeira equiparação de Direitos e Deveres.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 08/03/2016