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domingo, dezembro 31, 2017



                      FELIZ ANO 2018
QUE O AMOR CHEGUE AO CORAÇÃO DE CADA 
UM E SE ESTENDA PELOS CARREIROS DO MUNDO!
Jeracina Gonçalves
31/12/2017

sábado, dezembro 30, 2017

REFÚGIO

Na distância desse longe onde a águia faz o ninho
- catedral imponente e bela, toda luz e pedra quase a rasar o céu
altaneira sobre o vale -
chega-me a brisa do mar com o cheiro a maresia
o movimento das marés, os barcos a navegar;
chega-me o riso das crianças e o seu tagarelar
correndo na areia da praia, correndo da praia pró mar;
chega-me o riso das gentes e o seu sincero abraçar
o canto belo dos pássaros, o riso puro das flores
a pura beleza das águas e a leveza do ar...

Nesse longe me aconchego.
Sou rainha nesse trono, tecido de luz e d'esperança,
dominante sobre um vale - reino sublime de Baco -
a mirar-se no cristal onde se afundam meus olhos...

Esse longe é meu refúgio. Nesse trono sou rainha.
O mundo que até mim chega é leve como o ar
que tenho para respirar.
Esse longe é o espaço onde consigo sonhar
e asas para voar.
Nesse longe... Eu... Sou o Mar!
Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal
"in" Poesis  - Vol XVI

quinta-feira, dezembro 28, 2017

SEU NOME É AMOR

Esta enorme inquietação
que transborda do meu peito
tem o jeito do teu jeito
tem o som da tua voz
tem o brilho do teu olhar
tua forma de gostar
tem esse teu jeito de dar
tem a alma da flor
tem, dos teus olhos, a cor...
e dá pelo nome de AMOR.

São da cor da primavera
a terra, o céu e o mar
quando brilha nos teus olhos
a luz que me faz vibrar;
e o meu coração no espaço
sem terra, sem céu, sem mar
pluma solta ao vento
em busca do teu olhar.

É este Amor/Amizade
que todo o meu peito invade.
E lá, no espaço incerto,
onde os pensamentos se cruzam
minha mente escuta a tua
tua mente a minha escuta
e esta saudável permuta
este  entendimento e poder
enriquece e estimula
a ventura de viver!
Jeracina Gonçalves
"in"DEIXA-ME SER SAUDADE

quarta-feira, dezembro 27, 2017

UM CORAÇÃO DE CRIANÇA


Um pobre velhinho
de ar macilento, dorido e cansado
e passo alquebrado
sobe a colina encostado ao cajado.
Está tão cansado!...

Eis que um petiz risonho e feliz
chega a correr
olha o velhinho, sente-o cansado
então ele diz:
- Ó senhor João, dê cá a sua mão.
Agarre-se a mim.

E o pobre velhinho
de passo alquebrado
lá sobe abraçado
ao alegre petiz risonho e feliz.

No fim do caminho
está o casebre do pobre velhinho.
O alegre petiz abre-lhe a porta
e diz com carinho:
Senhor João, sente-se aí, nesse banquinho.

Vai para a lareira
e acende uma fogueira
ao pobre velhinho.

Sai a correr. Vai ter com a mãe
e pede um caldinho
que traz para o velhinho.

E o pobre velhinho
de passo alquebrado
no canto sentado
olhando a criança...
uma lágrima lhe corre
pelo rosto cansado.
Diz emocionado:
No mundo há Esperança
enquanto nele houver um Coração de
Criança!
Jeracina Gonçalves
"in" JANELA ABERTA

terça-feira, dezembro 26, 2017

À LAREIRA

     
O fogo tremeluz no lar
Como chama ardente de ternura acesa.
É tal o encanto que me prende o olhar
A esse quadro de singular beleza
Que eu olho... olho para além da chama
E por esse olhar me sinto presa.
Jeracina Gonçalves
"in" JANELA ABERTA
  LIVROS QUE PUBLIQUEI


ALGUNS LIVROS EM QUE PARTICIPEI


                                                                                                                                  Jeracina Gonçalves
                                                                                                                                       27/12/2017

sábado, dezembro 23, 2017

Andei a arrumar uma estante e dei com o meu livro "JANELA ABERTA". 
Comecei a  folheá-lo e saltou-me um Poema que escrevi num Dia Mundial da Criança" de há muitos anos, mas que me parece ser também uma Mensagem de Natal. Já que Natal é Esperança num mundo melhor. E são as crianças que irão fazer essa transformação, conforme os ensinamentos que o nosso exemplo lhes transmita .
Vou deixá-lo aqui: 


DIA DA CRIANÇA

            Tu, Criança chorosa,
De olhos que pedem pão,
Cara suja, lacrimosa,
Entre a imundice a crescer
Que vives a vida a morrer;

Tu, Criança ferida,
Violada, agredida,
Que não conheces carinho
Nunca te deram amor
Somente conheces a dor;

Tu, Criança ladina,
Que tua vida dominas,
(Pois, no mundo, estás sozinha)
Que conheces a aventura
Mas nada sabes de ternura;

Tu, Criança diferente,
Que olhas o mundo do teu jeito,
Que não manifestas teu sentir
Nem dizes o que te vai no peito;
  
Tu, Criança feliz,
Que corres, saltas, gritas, ris
E cresces entre a ternura
De um lar que muito te quis;

Tu, Criança...

Um dia te é dedicado
Em cada ano que passa.
Um dia, apenas, não basta.
Tu és a Esperança do Mundo!
És o Homem do porvir.
E do Mundo tu farás
O que nele aprenderes;
E ao Mundo tu darás
O que hoje receberes.
Jeracina Gonçalves
"in" JANELA ABERTA




SER FELIZ É...
(Uma belíssima mensagem para todos)

Podes ter defeitos, estar ansioso e viver irritado algumas vezes, mas não te esqueças que a tua vida é a maior empresa do mundo.
Só tu podes evitar que ela vá em decadência.
Há muitos que te apreciam, admiram e te querem.
Gostaria que recordasses que ser feliz, não é ter um céu sem tempestades, caminho sem acidentes, trabalhos sem fadiga, relacionamentos sem decepções.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas também reflectir sobre a tristeza.
Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos.
Não é apenas ter alegria com os aplausos, mas ter alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar actor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no longínquo de nossa alma.
É agradecer a Deus cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que seja injusta.
É beijar os filhos, mimar os pais, ter momentos poéticos com os amigos, mesmo que eles nos magoem.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples, que vive dentro de cada um de nós.
É ter maturidade para dizer ‘enganei-me’.
É ter a ousadia para dizer ‘perdoa-me’.
É ter sensibilidade para expressar ‘preciso de ti’.
É ter capacidade de dizer ‘amo-te’.
Que tua vida se torne um jardim de oportunidades para ser feliz…
Que nas tuas primaveras sejas amante da alegria.
Que nos teus Invernos sejas amigo da sabedoria.
E que quando te enganares no caminho, comeces tudo de novo.
Pois assim serás mais apaixonado pela vida.
E podes facilmente encontrar novamente que ser feliz não é ter uma vida perfeita.
Mas usar as lágrimas para regar a tolerância.
Usar as perdas para refinar a paciência.
Usar as falhas para esculpir a serenidade.
Usar a dor para lapidar o prazer.
Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Nunca desistas….
Nunca desistas das pessoas que amas.
Nunca desistas de ser feliz, pois a vida é um espectáculo imperdível!

PS: Chegou-me por mail. Encheu-me o coração. Não podia deixar de a publicar no meu blog.
Jeracina Gonçalves

terça-feira, dezembro 12, 2017

Liberdade

Pela vida caminhar
com a liberdade de ser
a liberdade de estar
sem sombras no olhar.
Liberdade de ser presente
em cada espaço
em cada tempo
janela aberta de par em par
pela vida caminhar
em cada ser um irmão
ser gentil
dar a mão
sem máscaras a camuflar
para na vida parecer
outro ser, que se não é.
Pela vida caminhar
cabeça erguida e fé no olhar.

Jeracina Gonçalves
08/12/2017

domingo, dezembro 10, 2017

SONHO


O Sol espelha o mar:
Fecho os olhos
Guardo o mar
A sua beleza sem par
No  brilho do meu olhar.
E, do meu coração,
Tomado duma  profunda emoção,
Emerge um sonho, belo e puro.
A minha mente em romagem
Pelas veredas da Terra
Vive uma bela ilusão.
Não há ódios, não há guerras
Não há fome, nem miséria
Em todas as mesas há pão.
Os Homens dão-se as mãos,
Como verdadeiros irmãos.
Já não existe inveja, mentira, cobardia
Não há crianças usadas, vendidas, violadas,
(Amputadas do seu tempo de criança) 
Todas são desejadas, cuidadas, acarinhadas.
Os jovens crescem felizes, sem drogas
Sem violências a marcarem território.
Cresce a Esperança em seu olhar.
E toda a Vida, na Natureza,
Cresce perene, em beleza
Sem sofrimento, sem dor.
No Mundo, reina o AMOR!

Abro os olhos… devagar...
Já não há espelho no mar.
A noite chegou
E, com a noite, o meu sonho acabou.
No mundo há dor,
No mundo há guerras, há tristeza, há desamor.
Jeracina Gonçalves

As flores do verbo AMAR.

Dou comigo a pensar-te.
A pensar-te, com um misto
De tristeza e de carinho
Como se tu mais não fosses
Que um miúdo sozinho.
Alguém muito triste e só;
Alguém que perdeu a noção
Do que é nobre, limpo e belo:
A nobreza de coração.
Abre as tuas portas à luz.
Fecha as portas à escuridão.
Abre a porta à luz solar
E deixa que em ti floresçam
As flores do verbo AMAR:
Sentimentos nobres e belos
Que aquecem e estimulam
A beleza do coração.
Afasta-te da escuridão!
MJRCGonçalves
Jeracina Gonçalves

sexta-feira, dezembro 08, 2017

ROSA ENCARNADA


Quis a luz do alvorecer a entrar
pela minha janela aberta
quando as sombras do crepúsculo
descem pela encosta da montanha;
quis a água fresca e pura a brotar da fresta da rocha
quando o rio já tem quilómetros percorridos
por um vale lamacento e triste;
quis o sol, quando a lua já sobe a mirar-se
na superfície do mar…
Mas a vida é uma rosa encarnada
com seus espinhos e seu aroma
para sentir, inspirar.
Às vezes com seus espinhos
rasga e faz sangrar a carne;
às vezes com seu perfume
inebria de encantamento
e cria momentos únicos
de alegria sem par.

A vida é uma rosa encarnada
com seus espinhos e seu aroma
para sentir, inspirar
vale a pena  ser vivida
por ela sempre lutar com sabedoria e AMOR!
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 08/12/2017

terça-feira, dezembro 05, 2017

NATAL

Natal – Nascimento - Esperança.
Natal é a Esperança renascida,
esperança nova, na vida,
para um mundo melhor;

Natal. Nascimento. Esperança
num mundo em que o Ser
contrarie, para sempre,
o furor desmedido do Ter;

Natal. Nascimento. Esperança
de que não seja possível ver
homens, mulheres e crianças
mordendo a poeira do chão
sem terem  nada para comer;

Natal. Nascimento. Esperança
de que cada um possa ver,
em cada ser, um irmão.
Dar a mão, de mão em mão,
para todos podermos crescer.

Natal. Nascimento. Esperança.
É esse o Natal de Jesus
na manjedoura, pobrezinho,
sem prendas no sapatinho,
mas muito AMOR no coração.

Natal é  a Esperança
num mundo transformador
para o mundo fazer melhor!
Jeracina Gonçalves
Barcelos/ Portugal, 05/12/2017

domingo, dezembro 03, 2017

ABRAÇO


A força dos braços, que nos envolvem,
Faz-nos sentir no outro, o afeto
Que nos completa e aquece
Com esse AMOR, belo e humano,
Que a todos nos faz irmãos.
Às vezes é a alavanca para na vida seguir;
É a força que dá força p'ra vencer a solidão.
Jeracina Gonçalves
03/12/2017

sábado, dezembro 02, 2017

Uma música apaziguadora e doce entra pelos meus ouvidos direta ao meu coração. No centro deste silêncio e desta insónia arreliadora é como a brisa suave a acariciar-me o rosto. Transporta-me às margens de um rio de águas límpidas a cantar por entre os pedregulhos do leito,  fluindo entre  margens verdejantes. Imagens da minha infância, que busco e sempre enchem o meu coração de Paz e de gratidão a Deus, que me deu a sensibilidade para tirar prazer e alegria das coisas simples e belas, que a Natureza proporciona. Porém, cada vez mais difíceis de encontrar, graças à falta de sensibilidade do Homem em relação ao ambiente, na sua ambição desmedida pelo ter, em vez de se preocupar mais com o Ser, e com a conservação e limpeza da casa de todos nós - a Terra.

Jeracina Gonçalves
02/12/2017

sexta-feira, dezembro 01, 2017

Escurece. Vou à janela para fechar a persiana e o meu olhar é atraído pelo círculo, quase perfeito, da Lua desenhada na tela azul adornada pela filigrana dos ramos das árvores semidespidas, em frente da minha janela. A noite está fria. Fria e seca. Como, aliás, esteve o dia. E anuncia-nos mais um dia seco. Seco e frio, neste Outono impiedoso, que não se deixa comover com a secagem que nos atormenta. 

Jeracina Gonçalves
01/12/2017

quarta-feira, novembro 29, 2017

Mais um dia azul nos iluminou e nos entrou pela janela, neste outono impiedoso e frio, incapaz de se comover e sentir a falta que as suas lágrimas fazem à Vida.
29/11/2017

segunda-feira, novembro 27, 2017


Abro a janela do meu quarto. Pequenos pedaços de azul saúdam-me por  entre os rasgões no matiz cinza da cortina que hoje encobre o azul.
Um pássaro - pardal, talvez - atravessa-me o campo de visão da esquerda para a direita, qual bala impulsionada por forte pressão. Vai com pressa. Não me dá sequer tempo de lhe dizer: Bom Dia!
Deve estar na hora do seu exercício matinal
Hoje vejo outono da minha janela!
Um outono calmo, plácido, morno: nem uma folha mexe nas árvores e arbustos do meu jardim.

Jeracina Gonçalves
27/11/2017

domingo, novembro 26, 2017

26/11/2017 - Ofir

Um mar sereno, lindo, recebe o  meu olhar fascinado.
Não consigo afastar os meus olhos do seu brilho prateado a delinear a linha do horizonte.
É lindo! Está lindo! Apascenta-me o coração.
Um casal passeia-se sobre o enrocamento colocado há anos para abrandar o impacto das ondas na costa arenosa. Abraçam-se. Vejo-os em contraluz. Esta imagem encanta-me. Gostaria de ser eu  ali, naquele lugar, nos braços do Amor.
Gosto do mar. Gosto deste mar tranquilo, calmo, espelhado. Este mar que me atrai, me seduz, e transporta a minha alma nas asas do sonho para lugares que só o meu coração conhece. Mas não posso esquecer que estamos em finais de Novembro. Este tempo não é deste tempo. E, se assim continua, vai causar-nos muitos dissabores.
É preciso que este azul belo e transparente da abóbada celeste carregue nuvens cinzentas, que se desfaçam em lágrimas contínuas, persistentes e amigas da natureza. Lágrimas clementes para com a terra queimada, sofrida: a terra despida pelos fogos, que a assolaram. Despojaram-na impiedosamente de todas as suas vestes. Precisa das lágrimas piedosas de um céu clemente e pai; nuvens que carreguem Amor e Vida.

Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal
Há sentimentos que não se traduzem em palavras
Sobem do coração para o olhar
Espalham em volta o seu perfume
E põem os corações a falar.
Sentimentos cavados no Ser
Com raízes profundas
Alimentam e alimentam-se do Ser.
Jeracina Gonçalves
                                                                 Barcelos/Portugal, 25/11/2017

sábado, novembro 25, 2017

PALAVRAS


As palavras podem ser doces, amargas, agrestes...
São o espelho do que nos enche a alma:
São flores e aromatizam o ar
Ou calhaus arremessados ao vento
Soltos no ar
Tal qual o boomerang
Invertem a direção
E veem atingir-nos no coração.

Há pedras arremessadas pela boca
No tom das palavras ditas.
Rasgam feridas sangrentas  nas relações.
Criam e fazem crescer entre pessoas que se querem
Vãos vazios, onde morrem os sentimentos.

O tom usado no que expressamos tem grande importância no efeito causado pelo que dizemos.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 25/10/2017


quinta-feira, novembro 23, 2017

Chove. E chove forte.
Oiço o seu impacto para lá da vidraça e da persiana fechadas.
Nunca pensei sentir-me feliz, sentindo a chuva forte cair para lá da vidraça. Mas é o que acontece. Estou feliz. Finalmente chegou. Que venha terna, doce, afetiva. Que seja amor a despenhar-se do etéreo. Amor apaixonado e terno a abraçar a terra sôfrega e sedenta desse abraço redentor, numa união reprodutora de Vida.
Jeracina Gonçalves

23/11/2017

terça-feira, novembro 21, 2017

...COM O MEU OLHAR

Neste azul límpido e belo
deste belo céu d’outono
logo que  abro a janela
de manhã, ao acordar,
desenho-te com o meu olhar
nessa tela transparente
que os meus olhos seduz
e meu coração entristece.
E o meu coração, numa prece,
suplica à Luz Divina
sobre esta terra sedenta
fios de prata transparentes
que na terra ressequida
façam germinar a semente
que a vida, na terra, sustente.

E nesta ambiguidade latente
de sentimentos opostos
és a imagem, a sinfonia,
o sonho a que me entrego
e ao longo de cada dia
alimenta a minha alma
dá sustentação ao meu dia.

Neste azul límpido e belo
deste belo céu d’outono
o meu coração, em cada dia,
sente noite e sente dia.
Jeracina Gonçalves
21/11/2017

segunda-feira, novembro 20, 2017

Nas palmas das minhas mãos
vazias de ti
já pousaram bem-me-queres
rosas rubras desfolharam seus amores
primaveras cultivaram jardins de belas flores
perfumadas de jasmim e de belas madrugadas

Nas palmas das minhas mãos
vazias de ti
houve tempo em que as estrelas
encantadas
nelas vinham pousar
vestidas de margaridas
e de rosas encarnadas;

Nas palmas das minhas mãos
vazias de ti
já viveram madrugadas!
Ao abrir a janela do meu quarto deparo-me, mais uma vez, com um azul transparente a entrar-me, em retalhos, por entre o rendilhado das árvores.
Encanta o meu olhar, mas entristece o meu coração.

Jeracina Gonçalves
20/11/2017

segunda-feira, novembro 13, 2017

Abro a janela do meu quarto
O céu azul, límpido, transparente, encanta o meu olhar.
Mas este sentimento não encontra eco no meu coração.
O meu coração chora. E suas lágrimas são de dor.
Este azul tão belo e frio tem falta de comoção.
Faz-me temer o pior pró meu país, tão sofrido,
Com seu solo ressequido a morrer de exaustão.
Neste céu azul e límpido 
Faz-se premente alguma transformação.
É urgente que chore,
Derrame suas lágrimas sobre esta terra sedenta.
E o meu coração diz, então:
“Ó céu, olha prá terra, tão triste, tão abatida
gretada, ressequida…
Não sentes a sua dor?
Lava seu rosto, seu corpo, com tuas lágrimas doces, ternas…
Com tuas lágrimas de Amor!”
Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal
13/11/2017


terça-feira, novembro 07, 2017

OSTRA FECHADA

A vida é uma ostra fechada.
Agora, pássaro na mão
Fugindo por entre os dedos
Logo, já não é nada.
É imagem estatelada
Feita em mil pedaços
Nas pedras da calçada.

Pedaços que foram vida
Jazem partidos. Dispersos
Entre as pedras do caminho.
Pedaços em desalinho
Que é preciso colar.

Há um ditado na vida
Que, na vida, sempre guardei
E, na vida, guardarei:
“nunca digas na vida,
desta água não beberei”
O que passou tenho certo.
Este momento, também.
Daqui por um momento
Só Deus sabe o que terei.
Jeracina Gonçalves
05/11/2017

segunda-feira, novembro 06, 2017

UMA VOZ NO SILÊNCIO

Apenas o silêncio estrondeia
dentro do meu peito.
O silêncio de ti.
E, no silêncio, falas-me tu.
A tua voz queima a minha alma
num adeus  para o infinito.
Para uns a vida sorri.
Começa agora.
Para outros é fardo pesado
a desfazer-se na borda da estrada
sob os braços do crepúsculo
que enlaça o corpo de todas as coisas.
Jeracina Gonçalves
06/11/2017

domingo, novembro 05, 2017

UMA VOZ NA ESCURIDÃO

Caminho na berma do mar
há uma voz que me chama
olho em volta, a escuridão
olho o céu e vejo, então,
uma  estrela mais viva e bela
a luzir na multidão.
Jeracina Gonçalves
05/11/2017

sábado, novembro 04, 2017

No céu procuro o teu rosto
encontro-o espelhado no mar
teu olhar fita o meu olhar
e, nesse momento,
levanta-se
vinda do coração do mar
uma voz que me abraça
e em seus braços me leva
pelo azul infinito
a navegar…a navegar…
a navegar…
sem vontade de voltar.
Jeracina Gonçalves
4/11/2017

quinta-feira, novembro 02, 2017

LÁGRIMAS DO CÉU

O céu chora de mansinho
envergonhado
talvez para nos pedir perdão
da sua tardia emoção
abre-se em sorrisos de luz
com que nos vem abraçar
por entre lágrimas
silenciosas
a descerem pelas faces do ar.

- Chora céu! Chora sem medo!
Junta cinza à tua cor!
Derrama sobre nós as tuas lágrimas.
São a Vida que a Vida espera.
Mas não chores em convulsão.
Chora manso… persistente…
Não chores em convulsão.

A terra ardida, queimada,
Seria destroçada
Por teu choro em enxurrada.
Chora manso… persistente…
Não chores em convulsão.

Para a Vida 
Tuas lágrimas sejam bênçãos!
Tuas lágrimas sejam força 
Alavanca
Para recuperar do cansaço
Deste estio abrasador
Que da Vida foi senhor!
Jeracina Gonçalves/ Barcelos/Portugal
2/11/2017

terça-feira, outubro 31, 2017

NOS CONTRAFORTES DA SERRA.

As lágrimas, que a Lua chorou sobre a pele macia e aveludada da rosa provocantemente exposta aos dourados raios do Sol nascente, deliciando-se com a sua carícia doce, amiga, criadora, são diamantes incrustados no veludo rubro das suas pétalas: fulguram sob as chispas ardentes do sol enamorado, crescendo em ardente paixão perante tão perfeita e encantadora formosura, e atraem a abelhinha matinal que, apaixonada também, ternamente a vem beijar e com ela estabelece um diálogo secreto, prenhe de cumplicidade e de amor. No açude à minha esquerda, a água cai, ritmada e branca, sobre o lago cavado na rocha do leito, mercê da pressão contínua do seu ímpeto. Multiplica-se em ondulações sonoras e, com o zunir da abelhinha enamorada e o fervilhar dos ramos dos castanheiros e dos amieiros frondosos a bordarem as margens do rio, tocados pela brisa, compõe um concerto de paz e põe pinceladas de verde e azul na minha alma faminta. Escapule-se, depois, pela direita do areal a fluir mansa e pura sobre a cama de pequenos e arredondados seixos, brilhando sob os raios incidentes do sol. Um pouco mais abaixo espraia-se, serena e quieta, num palco espelhado a refletir coreografias de enorme beleza, nesta manhã azul, deste mês tão popular, de marchas, alho-porro e martelinhos, com a bela sardinha assada a nadar em vinho tinto pelas ruas, e manjericos a aquecerem os corações enamorados. 
Toda a natureza fervilha, igualmente viva, apaixonada, saudável e tranquila; e a minha alma, ávida, insaciável, mastiga sofregamente este delicioso manjar de luz, cor e amor, neste recanto de paz, nos contrafortes da serra.
Porém, em oposição a este delicioso poema de beleza e de amor com que a Natureza me presenteia nesta manhã de Junho, chega, inadvertidamente, aos meus ouvidos um diálogo entre humanos bastante menos poético e pacífico, que me põe a pensar nas atrocidades que o dinheiro, a ganância, a paixão incontrolável do ter, da posse, pode desencadear; os desencontros que pode provocar nas famílias e criar situações de grande desgaste e de sofrimento atroz, destruindo-lhes a harmonia, o entendimento e até a vida.  
“…diz-se que o sogro é que queria matá-lo; mas a verdade é que quem foi buscar a arma e deu dois tiros no sogro foi ele. Diz-se que foi por causa de dinheiro. Havia ali uma grande fortuna e há quem diga que foi conseguida… assim… Sabe Deus como! Diz-se muita coisa. O povo disposto a falar… 
Alegaram loucura instantânea e foi absolvido. Não cumpriu pena. Mas não era boa rês. E, por de traz daquela absolvição devem ter circulado grandes somas; deve ter corrido por ali muito dinheiro. Porém, desta vez, o dinheiro nada pôde. De nada lhe valeu. E lá foi. Um enfarte fulminante e… seguiu o caminho de todos, sem levar nada consigo. Tudo cá ficou. Tudo cá fica. Sempre. Para quê tantas rixas, tantas zaragatas, tantos ódios?  Para quê? Diz-me!  
Quando chega a hora, todos partimos da mesma maneira. Ninguém leva nada consigo. 
Ah! Sim! Deixou a família toda bem…”
As vozes afastam-se, dialogando, sem se terem apercebido da minha presença. 
Fiquei a matutar no que acabara de ouvir, sem saber a quem se referiam. Estou de passagem e não conheço as histórias das gentes, mas a história impressionou-me.
O dinheiro! Sempre o dinheiro!
E fico a pensar no dinheiro e nas enormes atrocidades cometidas por esse mundo além por sua causa. Provocam-se guerras, promove-se o tráfico de drogas, adulteram-se alimentos, escravizam-se mulheres, crianças… Enganam-se e traem-se multidões. "Meio mundo engana outro meio.", como diz o ditado. Em seu nome, em nome do lucro desmedido, tantas e tantas situações degradantes, tantas e tantas mortes e desgraças crescem e se espalham pelo mundo! Mas, sem ele, tanto sofrimento existe também. 
E fico-me a refletir na sua ambiguidade, na sua dualidade. 
O dinheiro em demasia mata a alma, a sensibilidade, o coração. Mata o Ser. 
Quando a ganância domina e se impõe sem regras, destrói famílias, destrói amizades, compra consciências, espalha o caos e a morte. 
O dinheiro com ganância conspurca, suja, destrói. 
Cada ser humano devia ter o suficiente para ter uma vida digna, com trabalho lazer e cultura. E, quanto a mim, todos os trabalhos são igualmente dignos e importantes, desde que exercidos com profissionalismo e honestidade e contribuam para o bem-estar do ser humano em sociedade. 
Cada ser humano devia ter dinheiro suficiente para poder distribuir a sua vida, igualmente, por estas três vertentes: trabalho, cultura, lazer, sem extravagâncias, mas com responsabilidade e sentido de dever individual e coletivo.
- Utopia! Dirão. 
  • Eu sei. Mas como seria bom se assim pudesse ser! 
  • Como o Mundo seria tão mais feliz se assim fosse!                                                                                 
                                                                                                                   Jeracina Gonçalves
            Barcelos/Portugal

PS: Este texto é antigo e já foi publicado por aí em vários sítios.
Continua atualíssimo. Quanto a mim, cada vez mais. Acho que não faz mal publicá-lo de novo. 

segunda-feira, outubro 30, 2017

CAMINHANDO PELO PORTO

Saio a porta da estação de S. Bento
Olho à esquerda
Uma imagem capta o meu olhar.
Tiro a câmara para nela registar
Esse encontro entre mim e o passado
Que meus olhos seduziu.
Caminho depois devagar...
Meus olhos, pássaros voando,
Poisam em cada beiral.
De beiral em beiral
Vão subindo rua a cima
E bebem, traço a traço,
O passado construído
Que o meu passo apressado
Com destino a qualquer lado
Nunca tinha registado.
Hoje, porém, olho e vejo
E  os meus olhos,
Pássaros por essa rua voando,
Poisam  de beiral em beiral,
E na câmara vão registando
Essas linhas do passado
Desse património imortal.
Jeracina Gonçalves
30/10/2017

domingo, outubro 29, 2017

Um muro denso interpõe-se ao meu pensamento.
O meu pensamento não flui
Faz ricochete
Redemoinha
Não passa além desse muro que lhe corta a fluidez.
E permanece nesse limbo sem impulso nem paixão
Que arrebate o seu despertar.
Redemoinha, nesse espaço junto ao chão,
Quando o meu coração
Pede asas para chegar às estrelas e delas poder voltar
Beber o sonho da lua e sonhar sob a luz do luar.
Jeracina Gonçalves
29/10/2017