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quinta-feira, dezembro 25, 2008

ÁRVORE SOLITÁRIA

A árvore, magoada em seu âmago, em seu coração,
Busca o amante, carinhoso, que para ela estende mão.
Dá-lhe o ânimo, o calor, a energia que a faz vibrar
Vestir sua alma de novo vigor e recomeça a cantar.

Jeracina Gonçalves
Centro Histórico de Guimarães - Iluminações de Natal/2008
Jeracina Gonçalves

quarta-feira, dezembro 17, 2008


Dezembro corre célere, traz o Natal pela mão
Entre luzes e estrelas, música, laços e bolas
Gentes apressadas, carregadas de sacolas,
Acotovelam-se nas ruas em ritos de obrigação.

A benquerença solidária, a alegria e a união são engolidos pelo consumo de Dezembro. E a essência de Belém perde-se, submergida por este ritmo absorvente que se impõe, num mar de papéis coloridos e de objetos efémeros, quantas vezes sem préstimo e para ficarem esquecidos em qualquer canto, enquanto milhões de seres humanos ao desamparo por esse mundo além  e aqui, no nosso país, na nossa própria cidade (alguns, se calhar, bem próximos de nós), vivem o pesar de não terem sobre a mesa um pedacinho pão. E desses, muitos haverá que, há relativamente pouco tempo, por esta época, faziam engrossar as fileiras dos que de sacolas carregadas se acotovelavam nas ruas. E este ano, no desemprego, ou com as suas empresas falidas, os seus comércios fechados, a sua vida voltada de pernas para o ar, estarão entre aqueles a quem falta o pão para pôr sobre a mesa.
Que a essência de Belém inunde os nossos corações e, juntos, consigamos levar o tal pedacinho de pão aos que pão não têm, e lhes cresce a dor no coração.

UM FELIZ NATAL PARA TODOS
CHEIO DE PAZ E ESPERANÇA
Jeracina Gonçalves

quarta-feira, dezembro 03, 2008

“Batem leve, levemente
Como quem chama por mim
Será chuva, será gente…”

Assim começa a linda balada de Augusto Gil que acudiu ao meu espírito quando, na segunda-feira à tarde, senti, sob os meus passos, o fofo tapete branco, que cobria toda a serra do Alvão.
Jeracina Gonçalves

segunda-feira, outubro 13, 2008

Noite pesada, vazia e nua
que desces sobre a minha alma,
toma-me em teus braços
leva-me para lá da Lua
leva-me para outros espaços
onde encontre uma alma nua,
que da minha, faça alma sua
vinculada com os meus passos.
Jeracina Gonçalves

quinta-feira, setembro 25, 2008

TUA MÃO NA MINHA MÃO…

Vem. Dá-me a tua mão. Vamos caminhar
sobre a areia, junto ao mar, aceitar suas carícias
e com a brisa dançar.

Vem. Dá-me a tua mão. Vamos caminhar
sobre a areia, junto ao mar, libertar os nossos
sonhos, onde a areia quebra o mar.
Vamos com as ondas bailar.

Vem. Dá-me a tua mão. Vamos caminhar
sobre a areia, junto ao mar, escutar a melopeia
que o mar canta prá areia, no momento de chegar
Vamos com as ondas cantar.

Vem. Dá-me a tua mão. Vamos caminhar.
Tua mão na minha mão, teu olhar no meu olhar
sob o tecto das estrelas, à luz branca do luar,
escutar o coração, libertar o seu sonhar...
Vamos com a brisa voar!


Jeracina Gonçalves

domingo, setembro 14, 2008

A NOITE É DE LUAR

Com um toucado de estrelas
E fios de ouro do luar
A Lua de rosto redondo
Já se começou a adornar.

Cresce a Lua sobre o mar
Que hoje a noite é de luar.
Jeracina Gonçalves

domingo, julho 27, 2008

À BEIRA MAR

Projectada na distância onde o céu abraça o mar
navega uma vela branca, que me acorrenta o olhar;
aqui perto uma gaivota faz voo picado no mar
e no bico traz o peixe, que lhe servirá de jantar;

Muito calmo, muito manso, cá para lá a baloiçar
o mar acarinha meus pés, deitados na orla do mar;
com ternura de amante, muito doce, muito doce,
uma aragem, leve e fresca, o meu rosto vem beijar.
Jeracina Gonçalves

sábado, julho 26, 2008

A BRISA DA MADRUGADA

Os dedos brandos, esguios, da brisa da madrugada
soltam límpida melodia da harpa verde, delicada,
onde nidam passarinhos, em frente à minha janela.

A sonância delicada das verdes cordas tangidas,
qual vento vivo e forte arrasta a vil enxurrada
leva de mim o cansaço, que traz a minha alma
tão triste, que traz a minha alma tão magoada...

Límpida e pura, minha alma eleva-se no espaço.
Renovada e forte, a minha alma avança segura
ao encontro dos sonhos perdidos na noite escura.
Jeracina Gonçalves

sexta-feira, julho 25, 2008

A TRAIÇÃO

É uma dama vistosa,
cortês e bem refinada,
a máscara da negra traição;
é simples, sem atavios,
nem máscara, que tape o rosto,
a lealdade do coração;

Quero-me com gente que grita,
que solta o que lhe vai na alma
quando, na alma, magoada;
grita, mas não esconde
a faca atrás do biombo
pronta para ser atirada;

O verde que enche meus olhos
cresceu na várzea da serra.
É feito da alma serrana.
Tem a firmeza da rocha,
tem a pureza da água,
que desce lá da montanha.

É uma dama vistosa,
cortês e bem refinada,
a máscara da negra traição;
é simples, sem atavios,
nem máscara, que tape o rosto,
a lealdade do coração
Jeracina Gonçalves

sexta-feira, julho 18, 2008

A BRISA DO MAR


Ó brisa doce
brisa que sopras do mar,
leva para bem longe esta névoa que meu céu escurece
atormenta o meu coração e embacia o meu olhar;
solta este dique que amarfanha  a minha alma
sedenta do azul do céu e da luz branca do luar.

Ó brisa doce
brisa que sopras do mar,
leva meus sonhos contigo.
Dispersa-os pelo azul dum amanhecer de Verão
e trá-los de volta, bem vivos, ao meu coração.
Não deixes que meus sonhos se vão!

Ó brisa doce
brisa que sopras do mar,
Vem. Traz-me a luz que ilumine o meu olhar.
Traz-me o sol da ternura
traz-me a luz d'alegria,
que extinga em mim esta névoa tão negra e fria
que meu céu escurece e meu olhar embacia.

Vem, brisa que sopras do mar!
Traz-me o azul do céu e a luz branca do luar!
Jeracina Gonçalves

quarta-feira, julho 02, 2008

Por vãos caminhos

Por vãos caminhos caminhaste
teus sonhos para lá abandonaste
em desvairados desdéns
esgares na boca
de quem 
para si 
é coisa louca
ouvir prudências
conselhos cautos.

No tempo 
sempre é tempo
de inverter a caminhada
dar novo sentido à jornada
emendar a má passada
trazer os sonhos de volta
com denodo e alegria
retomar o tempo perdido
dar novo caminho à vida.

Jeracina Gonçalves

domingo, junho 29, 2008

O AMANHÃ COMEÇOU ONTEM

O amanhã começou ontem
Mesmo antes de nasceres
Com tudo o que te foi legado
E o que foi adquirido
No caminho já trilhado;

Tudo o que te foi legado
O que já adquirido
E aquilo que aprenderes
Fazem teu jeito de ser
Tua forma de lutar
O teu perder e vencer;

Os trilhos que percorreres
Com o que te foi legado
Fazem tua força de vida
Para levares de vencida
O que o amanhã te trouxer.

O amanhã… começou ontem.
Mesmo antes de naceres!

Jeracina Gonçalves

quinta-feira, junho 12, 2008


O sol solta o seu olhar
sobre o lustre azul do mar;
gaivotas desenham no ar
entre o céu e omar.
Jeracina Gonçalves

terça-feira, junho 10, 2008

TENHO TRABALHOS NESTES LIVROS




Junho de 2005

Fevereiro de 2005

MAS AS CRIANÇAS… Senhor!”

Soldados… Armados…
Armados até aos dentes
invadem e vasculham lares, perante o
olhar assombrado de dois pequenos inocentes.
Duas pequenas crianças fitam, fixamente,
aqueles soldados…
Artilhados…
Armados até aos dentes.
Olham-nos de forma diferente.

Um terá três anitos… talvez quatro…
Não tem mais.
Seus olhos negros, redondos, reflectem terror.
Todo o terror gravado na sua alma de menino.
O outro terá seis… sete…
Olha-os de modo diferente: Crava-os com o olhar!
Seus olhos, lagos redondos
com fundos de negro carvão
Fitam aqueles soldados…
Armados…
Armados até aos dentes.
Fitam-nos fixamente.
(Olhar duro, fechado, sombrio…)
Há ódio em seu coração!
Todo o ódio contido no seio de uma prisão
à espera de uma brecha.
Só espera a ocasião.
Será a bomba armadilhada…
Granada…
Está pronto para a acção.

Soldados, armados,
armados até aos dentes,
invadem e vasculham casas
perante o olhar assombrado
de dois pequenos inocentes!

“…mas as crianças, Senhor!”
Iraque – Novembro/2003

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal

sábado, junho 07, 2008

sábado, maio 03, 2008

A água desce a cantar
Por entre calhaus e rochedos
Dança com as ervinhas das margens
Conta-lhes seus segredos.
Jeracina Gonçalves

JANELA ABERTA


A visão é uma janela
Do mundo para o coração
E do coração para o mundo.

A beleza entra por ela
Mas, a torpeza... também.
E por essa janela aberta
Sai alegria ou tristeza
Sai amor, sai emoção
Sai ódio, sai frieza...
Conforme aquilo que entrou
E foi enchendo o coração.

Olho o mundo à minha volta:

Vejo a majestade das serras,
A calma verdejante dos prados,
A imensidade azul do mar,
A cor luxuriante das flores,
O azul límpido do céu,
A água cristalina
Que num ribeiro da serra
Saltita de pedra em pedra...

Vejo além, naquele silvado,
A mãe passarinho, atenta,
O seu ninho a construir;
E aqui, junto de mim,
A borboleta multicolor,
Mas de uma beleza efémera,
Pousa de flor em flor...

Ali, mais adiante,
A abelhinha incansável,
Pousa aqui... pousa acolá...
E o pólen vai colhendo
Das lindas flores silvestres;
Nas patas o vai levando
Com suavidade e fervor
Para os favos construir
E, de mel, a colmeia encher.

Além, do outro lado,
Por entre as árvores frondosas
Do parque, bem verdejante,
Brincam crianças felizes:
Saltam, correm, riem, jogam...

E nos bancos do jardim,
Situados junto ao lago,
Os casais de namorados
Dizem palavras de amor
E trocam abraços sem fim.

E os meus olhos que são
Janela aberta para o mundo
Reflectem a emoção
Que esta beleza infinda
Produz em meu coração.

Olho noutra direcção:

As matas estão queimadas,
As casas arrasadas,
Há crianças esfarrapadas, chorosas, esfaimadas...
Vejo droga!... Prostituição!...
Há lutas!
Há guerras!
Vejo pais que maltratam filhos,
Filhos que maltratam pais...

E os meus olhos que são
Janela aberta para o mundo
Reflectem a dor, a tristeza, a raiva...
O medo e a solidão
Que enchem meu coração.

Se sou agredida, injuriada, ferida...
Tratada com injustiça?

Então...

Os meus olhos que são
Janela aberta para o mundo
Reflectem a raiva, o ódio profundo
Que invade o meu coração.

A visão é uma janela
Da vida para o coração
E do coração...para o mundo.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal

sexta-feira, abril 18, 2008

FEZ-SE NOITE…

O dia nasceu claro,
cheio de luz e de sonho;
mas esse dia risonho,
que chegou com o amanhecer,
engolido pela treva,
foi morto quase ao nascer.

E o espectro da noite
criou sombras em meu redor
alojou-se no meu peito
matou o sonho…Tolheu a luz…
matou o riso da criança
e o aroma da flor.
Jeracina Gonçalves

domingo, abril 06, 2008

É PRIMAVERA

A árvore
profundamente magoada,
mutilada no seu querer,
que o sol com doçura aquece,
dá-se toda em amor,
energia que a faz pulsar,
vestir seu manto de cor
recomeçar a cantar.
Jeracina Gonçalves

domingo, março 30, 2008

quarta-feira, março 26, 2008

PELENITUDE

Não sei se venho ou se vou
Não sei se parto ou se chego
Olho para mim nada sou
Olho em redor nada tenho.

Olho em redor tudo é meu:
As horas, que correm ligeiras,
O Sol, a Lua, as estrela
As serras, os rios, o mar
As vozes dos passarinhos
Os patos, no lago, a nadar…

Não sei se venho ou se vou
Não sei se parto ou se chego
Olho para mim nada sou
Olho em redor nada tenho
E tudo em redor me pertence
E enche minha alma de luz.
Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal

terça-feira, março 25, 2008

NO ALTO DA MONTANHA

Lá, no reduto da águia, bem perto do azul celeste,
meu coração ganha asas, voa e cresce em esperança
na água resplandecente, a serpentear lá no fundo,
ensopando o nobre vale de fertilidade e bonança.

Lá, no reduto da águia, bem perto do azul celeste,
meu coração voa, leve, penetra o etéreo azul
e voa para o infinito. Leve… Muito leve...
Mais leve que a penugem do corpo imberbe no ninho.
Meu coração ganha asas. Voa. Leve e a cantar.
Jeracina Gonçalves

quinta-feira, março 13, 2008

PÔR-DE-SOL NA FOZ - 13/03/08


O pôr-de-sol é sempre diferente, ainda que visto sempre do mesmo sítio. Ou quanto à luminosidade e ao cromático envolvente, ou quanto ao tamanho e forma das núvens ou à ausência delas, ou, como neste caso, quanto ao estado do mar.
É sempre uma obra de arte, que admiro com grande prazer, e que me causa uma emoção de profundo encantamento.

Jeracina Gonçalves

segunda-feira, março 10, 2008

“ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS”

Gosto de cinema, vou com alguma frequência ao cinema, mas de cinema nada entendo. O meu intelecto pouco ou nada intervém na apreciação que eu faça de um filme. Gosto ou não de um filme, conforme esse filme tocou a minha sensibilidade, a minha emoção. Gosto dos filmes que produzem em mim sentimentos positivos e de bem-estar. Gosto de sair do cinema alegre, bem disposta e com o coração cheio de esperança. São especial­mente esses filmes, que dispõem bem, que me levam ao cinema. Mas também aqueles que focam temas sérios, temas que nos façam pensar sobre a vida e os problemas que afectam o mundo, mas que nos deixam uma porta aberta à esperança, me seduzem e me levam a sentar perante o grande ecrã.
Ontem fui ver “ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS”, o filme dos Óscares deste ano e vim de lá com a sensação de ter assistido a um filme de uma violência gratuita, personalizada num psicopata para quem a vida humana não passa de um jogo “cara ou coroa”, que com determinação persegue até ao inferno quem decide exterminar. Um filme que arreda de nós toda a esperança num mundo melhor.
Se calhar os subterrâneos da droga são mesmo assim. Sabemos que são assim. Nesse mundo subterrâneo a vida humana é lixo. E também sabemos – os noticiários vão-nos dando nota disso – que a sociedade actual fervilha de psicopatas, especialmente nos Estados Unidos de onde nos chegam com frequência matanças em série. E, a meu ver, este filme pretende ser o retrato caricaturado da sociedade americana actual. Mas dói que não deixe qualquer janela ou porta entreaberta à esperança. As forças do bem, da legalidade, sucumbem acabrunhadas, sem esperança, perante a força do mal, como que tudo esteja já perdido e caminhemos, sem possibilidades de retrocesso, para uma sociedade do mal.
Jeracina Gonçalves

sexta-feira, março 07, 2008

Posted by PicasaCanta a água alegremente
Por entre calhaus e rochedos
Dança com as ervinhas do leito
Conta-lhes os seus segredos.
Jeracina Gonçalves

terça-feira, fevereiro 26, 2008

DA NASCENTE ATÉ AO MAR

Sou lágrima, pranto da rocha,
essência da vida em cada gota
a deslizar
livre
pelo rosto enrugado da terra.
Contorno obstáculos,
abraço rochedos,
precipito-me sobre abismos
em cascatas brancas de espuma
e cavo, na rocha dura,
espelhos límpidos do céu.

Sou cascata, levada, barragem
Sou nuvem, chuva, granizo…
Sou neve que branqueia a terra
pista branca para esquiar
Sou ringue de patinagem ...
No dorso da terra sou fio de prata
a serpentear no sentido do mar.

Mansa, suave, remansosa
impulsiva, rebelde, caprichosa
alegre, irrequieta, qual potro vadio,
desloco-me aos saltos ou em mansidão

Nuvem, chuva, granizo
nascente, ribeiro, riacho
rio e outros rios enlaço
cachoeira, levada, barragem…
Soa a essência da vida em cada gota.

Sou força, divertimento, energia
Eu sou Vida. Eu sou Alegria.

Jeracina Gonçalves

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

A CASA MUSEU JOSÉ RÉGIO EM PORTALEGRE

A Casa Museu José Régio, de Portalegre, é na casa onde o poeta viveu durante 34 anos.
Na altura em que foi para essa cidade como professor de Português e de Francês era a Pensão 21, onde alugou um quarto. Chegou a ser o único hóspede dessa pensão e depois ficou com a casa para si, mas sempre alugada.
Observar o espólio que José Régio juntou durante a sua vida  na casa onde viveu durante 34 anos, que está praticamente como a deixou, dá-nos, julgo eu, algum entendimento da sua personalidade.
Além de grande poeta foi, sem dúvida, um grande colecionador. E, em meu entender, um homem profundamente místico, que parece ter vivido toda a vida à procura de algo…
Não sei se terá encontrado o que procurava; mas ter arrecado e vivido entre tal colecção de imagens místicas é qualquer coisa que me parece muito próximo fanatismo religioso.
Há espalhadas por aquelas salas pequenas e acanhadas, atravancadas de imagens pequenas, médias, grandes de santos diversos, especialmente em madeira,   uma colecção de Arte Sacra fantástica.
Só  de Cristo são 400. Dos quais apenas uma pequena percentagem está exposta, mas são as suficientes para ocuparem por completo a primeira sala visitável.
Imagens de Cristo grandes, pequenas, médias, de todas as sensibilidades artísticas e, algumas, com histórias bem interessantes. Como a daquele Cristo enorme, exposto na parede frontal da sala, ao cimo das escadas, que salvou do fogo. 
Ao que parece encontrou-o sem braços e sem cabeça num sapateiro. Propôs-lhe a compra e este respondeu-lhe que o levasse, porque, ali, mais cedo ou mais tarde, iria parar à lareira. O que fez.
Mandou-lhe pôr os braços, a cabeça, fazer a cruz e colocou-o ali, naquele lugar de honra, no cimo das escadas para o 1º andar.
Imagens de Santo António são 26. Tem também várias imagens de Nossa Senhora, diversos oratórios… Enfim, é uma notável colecção de Arte Sacra
Mas José Régio não coleccionou apenas Arte Sacra. Coleccionou todo o tipo de arte popular da região: almofarizes em bronze e em madeira, utensílios em estanho, em ferro forjado, como suportes para os espetos, braseiras e outros utensílios de utilidade doméstica, cómodas, contadores, baús e arcas de diferentes tamanhos e para distintos fins, pratos rústicos, grandes, familiares (todos comiam do mesmo prato), denominados “pratos ratinhos” ou “pratos troca trapos”, porque eram levados pelos beirões, que eram conhecidos por ratinhos e iam para as ceifas. No regresso deixavam-nos ficar,  trocando-os por mantas e outro tipo de tecidos. Há também vários objectos em madeira e em cana, com um trabalho minucioso e fino feito a canivete pelos pastores: dedeiras para as ceifeiras, marcas para pão e bolos, flautas, etc.; e também trabalhos diversos, meticulosos e delicados, em seda bordada a ouro, feitos pelas freiras nos conventos, etc.

É notável a quantidade de objectos que José Régio arrecadou, para o que terá calcorreado, certamente, toda a região, conventos e igrejas.
Jeracina Gonçalves

quarta-feira, janeiro 30, 2008

26/01/08 (de Chaves para Vila Real


... e o céu vespertino veste roupagens multicoloridas, que atraem e prendem o meu olhar e a objectiva da minha máquina fotográfica.
Posted by Picasa

quinta-feira, janeiro 24, 2008

22/01/08 - SERRA DO MARÃO

O SOL BRILHA SOBRE UM ESPESSO MANTO BRANCO, QUE ENSOMBRA A BASE DA SERRA ATÉ MEIO DAS ENCOSTAS E CASTIGA AS SUAS GENTES COM UM DIA TRISTONHO, FRIO E ESCURO.

sábado, janeiro 19, 2008

NEM, SEQUER, MIRAGEM…

“Procuro o oásis no deserto das ideias dentro de mim”, mas apenas encontro um areal sem fim, esgotado de vida, néscio, seco, improdutivo, que se estende até ao horizonte longínquo da alma, sem vislumbrar mancha verde a macular-lhe a secura estéril. Nada mexe, nada luz, nada cresce neste areal ressequido, sem o húmus e a humidade indispensáveis à germinação do grão. Não há pensamento, ideia que flua, crie corpo e base para crescer e se desenvolver produzindo frutos carnudos, doces e suculentos, capazes de alimentar e deliciar o espírito de quem esteja na disponibilidade de os trincar e saborear. Apenas um buraco negro, onde não chega a luz que alimenta a vida ocupa hoje a minha mente. Nem oásis, nem miragens. Nada. Nem sequer uma daquelas miragens que fazem viver momentos de esperança, ilusória, é certo, mas que servem, muitas vezes, de incentivo e de trampolim na ultrapassagem de obstáculos, inoculando em nós a força necessária para continuarmos à procura da concretização do sonho sem nos deixarmos desesperar nem abater. Porque alimentam a esperança, dão ânimo para continuarmos na busca e na determinação dos objectivos a alcançar. Mas hoje, nem oásis, nem, sequer, miragem…
Jeracina Gonçalves

segunda-feira, janeiro 14, 2008

PATRIMÓNIO HISTÓRICO/CULTURAL

Neste nosso pequenino rectângulo temos um património cultural de grande beleza, riqueza e valor histórico, nas nossas igrejas, nos nossos palácios, nos nossos conventos, nos nossos museus, muitas vezes a dois passos da nossa residência, ou a algumas horas de automóvel, de autocarro, ou de comboio, que não conhecemos, e vamos, tantas vezes, lá para fora, visitar igrejas, palácios, conventos e museus...
Parece ser uma característica dos portugueses desprezarem o que é seu. Sempre teimámos em desvalorizar o que é nosso. Valorizamos pouco o nosso património histórico e cultural, para valorizarmos o dos outros. O que há lá fora é que é bom, é que é bonito, é que vale a pena conhecer. E temos coisas muito bonitas no nosso país, que aos Domingos e Feriados, entre as 11 e as 14 horas, até podem ser visitadas gratuitamente.
Este fim-de-semana fui a Lisboa com um grupo de amigos.
Visitei a Basílica dos Mártires – Igreja Paroquial da Paróquia dos Mártires –, no Chiado, do séc. XVIII (já que a anterior, de estilo barroco, foi destruída pelo terramoto de 1755), e o Palácio da Ajuda.
A Basílica é ampla, ladeada de altares de um e dd outro lado, com um tecto pintado, lindíssimo, e um belíssimo altar-mor. É muito bonita!
Mas, o palácio… É magnífico! Salas sumptuosas com tectos admiráveis, mobiliário rico, candelabros, candeeiros, porcelanas, esculturas, pinturas, gobelins lindíssimos e ricos...
É mais um dos nossos palácios, a juntar a tantos outros, que vale a pena visitar. São várias, são ricas e algumas são vastas, as suas salas. E é nosso! Faz parte do nosso Património Histórico e Cultural!
Foi mandado construir pele Príncipe D. João, futuro rei D. João VI, sobre os destroços da Tenda Real, em madeira e tecido, mandada erguer pelo rei D José I após o Terramoto de 1755, que foi destruída por um incêndio.
A primeira pedra deste palacio foi lançada no 9 de Novembro de 1795, sob um projecto em estilo barroco. Mas, em 1802, sob a influência de dois arquitectos chegados de Itália, o rei mudou de ideias e, sem desaproveitar o que estava feito, a construção continuou em estilo neoclássico. Poderá dizer-se que o actual Palácio da Ajuda é em estilo neoclássico e que a sua construção se iniciou em 1802.
Só no reinado de D. Luís I (1861) passou a Residência Real oficial. Até aí foi habitado esporadicamente (a primeira vez em 1826, pela Infanta Isabel Maria e suas irmãs) e usado para algumas cerimónias reais.
É actualmente gerido pelo IPAR e pela Presidência da República e nele funciona o Ministério da Cultura, a Biblioteca da Ajuda e o Museu.
Vale a pena visitá-lo!
Jeracina Gonçalves

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Acabo de ler no PÚBLICO do dia 8/01/08, uma notícia intitulada “Hospital Acusado de Negligência na Morte de um Idoso”, que descreve a forma como um septuagenário foi “cuidado” na Urgência do Hospital de Vila Real. Este caso traz-me à lembrança a indignação sentida com um facto sucedido com um familiar meu, no dito hospital: tinha uma intervenção para extirpação de uns pólipos intestinais, marcada para o dia nove, com a informação do gastroenterologista, que lhe fez o exame em Novembro, de que deveriam ser tirados quanto antes. Chegado ao hospital no dia nove, na hora marcada, com toda a preparação feita para a dita intervenção, depois de muito esperar, mandam-no de volta para casa com nova marcação para “o dia quatro de Março!”.
São pólipos. Não é cancro. Ainda! 
Que está a fazer-se com a saúde das pessoas? Brinca-se? 
A Saúde é a joia mais preciosa de cada ser humano. Não se pode brincar, assim, com ela. Ninguém tem o direito de o fazer. Não é justo. Não é humano criar nas pessoas este sentimento de abandono, a que se sentem botadas, quando estão mais fragilizadas e precisam de cuidados. Pessoas que trabalham, que pagam os seus impostos, têm o direito de exigir que o Estado as trate com responsabilidade e lhes proporcione cuidados de saúde responsáveis e atempados.
A saúde é uma riqueza incomensurável para qualquer país. A meu ver, a principal fonte de rendimento. Pessoas com saúde são alegres, felizes. Tem energia e alegria. Trabalham e produzem. Não precisam de anti depressivos, nem de medicamentos de qualquer espécie. Produzem. Pagam os seus impostos e não dão despesa ao Estado. Quando adoecem (o melhor seria a prevenção) é preciso cuidá-las rapidamente, para que não piorem e não entrem em depressão por se sentirem abandonadas. 
O inteligente, o economicamente rentável será recuperá-las rapidamente para poderem continuar a contribuir como seu trabalho para o enriquecimento do País.
Quanto ao que vai acontecendo com as Urgências, parece-me mais um ato irrefletido do nosso Governo. Um ato inconsequente de pessoas que deveriam ser responsáveis; que têm a obrigação de fazer do país que governam um sítio justo, onde as pessoas possam confiar nos seus governantes e se sintam felizes. E não cavar mais profundamente o fosso entre aqueles que têm dinheiro e os outros, muitos dos quais têm fome. Criar-lhes este sentimento de abandono, de desamparo, como acontece com as pessoas que vivem nessas aldeias do interior, perdidas na serra, com fracas estradas, a quilómetros e quilómetros de uma Urgência, é mais uma machadada sobre as suas cabeças. Muitas morrerão antes que uma ambulância chegue para lhes prestar socorro. Não é justo fechar Urgências, assim, como está a acontecer, e sobrecarregar outras de forma a não conseguirem exercer o mester que o nome propõe (atender depressa a quem a elas recorre). 
Quem recorre à Urgência de um Hospital é porque se sente doente. Deve ser cuidado o mais rapidamente possível, com humanidade e responsabilidade. Não é humano pôr pessoas doentes a passar dias e noites no desconforto de uma maca, nos corredores das Urgências. Tenho lido, tenho ouvido que Portugal é o país da Europa que mais anti depressivos consome. E não é difícil compreender esse facto. Provavelmente o seu consumo crescerá cada vez mais. Portugal está um país cada vez mais doente. Os Portugueses estão a perder a esperança. A depressão toma conta dos Portugueses

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal

domingo, janeiro 06, 2008

Ontem, 4 de Janeiro, tive o grato prazer de poder assistir ao Concerto dos Reis pela Orquestra do Algarve dirigida pelo Maestro Cesário Costa, sendo convidada de honra a soprano Elisabete Matos, no Teatro Circo, em Braga. A soprano, por falência da voz devido a mudanças bruscas de temperatura, só actuou na primeira parte. Por isso o concerto não se efectivou por inteiro. Restaram cinco temas por executar. Mas o tempo que durou (muito perto de uma hora e um quarto) foi de profundo e intenso deleite. Foi um verdadeiro e precioso alimento para a alma: alegre, cheio de melodia, sensibilidade, ritmo. Belo!
A expressão corporal do maestro, a vibração que ele imprime em cada um dos seus gestos, comunica-nos a emoção produzida por cada nota. Faz-nos vibrar ao seu ritmo.
Foi simplesmente maravilhoso!
Jeracina Gonçalves

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Uma biquinha à beira da estrada

Uma biquinha chorosa
Que fica à beira da estrada
Verte lágrimas copiosas
Sobre o regueiro da berma.

Canta a água alegremente
Por entre calhaus e rochedos
Dança com as ervinhas do leito
Conta-lhes os seus segredos.

Segredos que trás da viagem
Que faz entre a terra e o ar
Nesse vaivém sem descanso
Nesse seu ir e voltar.
Jeracina Gonçalves