Pesquisar neste blogue

terça-feira, dezembro 29, 2020

ADEUS, ANO VELHO!

Ano de 2020,
Este teu número redondo era simpático e parecia
Feito de fibra macia.
Chegaste.
Foste festejado com brilhos champanhe foguetes alegria 
Entre risos e abraços acarinhado.
Por um ar epidémico invadido
Em breve serias um ano de pandemia.
Levaste dor sofrimento e morte a todos os pontos da Terra,
E deles erradicaste alegria 
À fome mais fome darias, a pobreza alargarias
E toda a humanidade refém dessa calamidade,
Em breve confinarias.

Parte ano velho, ano de 2020, ano de confinamento
E de muito sofrimento imposto à humanidade.
Parte! Parte silencioso, sem despedidas nem alardes,
No silêncio da noite escura como partem os cobardes.
Deixa na humanidade a esperança
Na criança, a chegar, envolvida em panos turvos.
Deixa na humanidade a esperança
Que essa jovem criança
Possa em breve transmutar esta pesada herança
Numa primavera renovadora da vida que te possa redimir.
Não reste de ti na humanidade sofrida
Mais que uma breve lembrança; um ar mau que passou.
E possa retomar sua vida com saúde alegria e esperança!

 FELIZ ANO DE 2021!

Muita Saúde, Alegria e Esperança.


Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 29/12/2020

segunda-feira, dezembro 28, 2020

FELIZ ANO 2021


Ano Velho, que agora partes 
E tanto mal derramaste sobre a humanidade sofrida
Leva contigo esta dor sobre a humanidade vertida.
Possa esta viver sua vida em plena liberdade.
Na vida floresçam as rosas. Seus perfumes, suas cores
Sejam refrigério prá dor dos corações sofredores. 

Parte, Ano Velho!
Leva contigo esta dor sobre a humanidade vertida. 
Que o Novo, na sua sacola, traga a esperança em realidade convertida
De podermos viver a vida, em plena liberdade.
Possa, em breve, ser esquecido o peso por ti lançado 
E sejas apenas lembrado
Como um mau e pérfido ar que varreu a humanidade. 
Por ela foi derrotado, num cordão de mão em mão,
De solidariedade, trabalho e união.
E fique indelével o chavão: “A união faz a força!”

A vacina está aí. Que possa chegar gratuita e atempadamente a todos os povos da Terra, que não disponham de meios para comprá-la. Que seja disponível para toda a Humanidade, sem exceção.


Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 28/12/2020

quinta-feira, dezembro 24, 2020

FELIZ NATAL!


Que a paz, a saúde, a alegria, o amor, a concórdia, a solidariedade fluam pelos caminhos da Terra  e nos corações dos homens como um rio de caudal  permanente, fazendo paz onde se faz guerra, saúde onde a doença acontece, alegria onde vive a tristeza, amor onde o ódio faz cama, concórdia onde  vive a discórdia, solidariedade onde o egoísmo domina. 
Que o Espírito do Natal tome os caminhos da Terra.

FELIZ  NATAL! 

 

segunda-feira, dezembro 21, 2020

 “O que vires com os olhos da alma será eterno em teu coração”


Li esta frase algures, não sei quando nem onde, mas é uma frase feliz. Registei-a porque sinto-a como verdadeira e de grande afinidade comigo. Traduz uma realidade que sinto em mim e define bem o meu sentir, a minha forma de olhar e ver, particularmente no que se relaciona com a natureza, especialmente no referente à paisagem. E tenho algumas experiências ilustradoras dessa realidade.

Neste momento ocorre-me particularmente uma, por volta dos meus quinze anos, que se mantém viva como se tivesse acontecido hoje:

Numa tarde de outono, regressava de uns terrenos dos meus pais num lugar chamado “Aveleira”, que fica a uns vinte ou trinta minutos para lá da aldeia. A dada altura, num local sobranceiro da encosta, voltei-me para trás e, nesse momento, fui atingida por uma seta direta ao meu coração. A imagem com que deparei gravou-se indelevelmente na minha alma: uma enorme aguarela policromada, com uma harmonia e combinação de cores inesquecível, olhava para mim. Fiquei irremediável e indefinidamente rendida ao seu encanto. Continha o avermelhado da ramagem das cerejeiras, sabiamente misturado com o amarelo-matizado dos castanheiros, o verde-escuro dos pinheiros, o verde-cinza das oliveiras, a policromada ramagem das videiras, o verde tenro dos campos... E toda esta mistura de cores distribuída por entre as pregas e contra pregas da orografia que caracteriza a minha região criava uma imagem que, para mim, ficou inesquecível.

Hoje a minha terra já não é assim. Um incêndio, bastantes anos mais tarde, devorou esse meu bosque colorido e encantado, que me subjugou nesse tempo longínquo da minha adolescência. As giestas vieram substituir parte dele. Mas, também, há muitos, muitos anos, que não percorro os seus caminhos para lá da aldeia. Não sei as transformações que sofreram esses lugares. Porém esta imagem da adolescência foi gravada a tinta indelével no meu coração. Por mais transformações que possam ter acontecido, ninguém ma pode tirar.

Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 21/12/2020

terça-feira, dezembro 15, 2020

MÃE, O NATAL ESTÁ A CHEGAR


Mãe, o Natal está a chegar. 
Já brilham as luzes nas ruas da cidade 
Nas árvores dos jardins... 
E à porta das lojas há filas enormes de gente na rua
Espera de vez para poder entrar 
Embrulhos coloridos enchem as sacolas da gente que sai. 

Mãe, o Natal está a chegar. 
Faz anos Jesus. 
Nos corações é tempo de luz. 
Mãe, dá-me a tua mão
Dá-me uma prenda para dar a Jesus. 
Mãe, os meus brinquedos, os que estão guardados
Quero dá-los ao Alfredo e ao Carlos.
Nos seus sapatinhos 
Nunca houve brinquedos do Deus-Menino. 

Tu sabes, mamã! 
Não é o Pai-Natal que traz os brinquedos
Nem o Deus-Menino. 
És tu e o Papá quem põe os brinquedos no meu sapatinho. 
O Alfredo e o Carlos são pobrezinhos. 
Não têm brinquedos no seu sapatinho. 
Jeracina Gonçalves 
Barcelos, Portugal, 11/12/2020

quinta-feira, dezembro 10, 2020


Sê. Sê tu 
Sempre 
Sê sempre tu
Em qualquer lugar
Em qualquer momento
Sê tu
Riso franco olhar aberto
Olhos no coração
Coração no olhar.

Sê. Sê tu
Sempre
Sê sempre tu
Em qualquer lugar
Em qualquer momento
Sê tu
Não deixes que alguém destrua a tua essência
A simplicidade do teu olhar
Do teu caminhar pela vida
Do teu estar
A essência do teu coração.

Sê. Sê tu
Sempre
Sê sempre tu
Em qualquer lugar
Em qualquer momento
Sê tu
Segue o teu coração
Ao conhecido ao desconhecido
Sempre que possas estende a tua mão
Ao esfomeado dá do teu pão
Segue o teu coração.

Sê. Sê tu
Sempre
Sê sempre tu
Não deixes que nada
Ninguém
Destrua a essência do teu coração 

Não deixes que nada
Ninguém
Destrua a força do teu olhar.
Que seja sempre atento
Sensível terno doce e forte
para os desprotegidos da sorte.

                                                Jeracina Gonçalves
                                                Barcelos/Portugal, 10/12/2020

terça-feira, dezembro 08, 2020

“Não tenho a obrigação de vencer, mas tenho a obrigação de ser verdadeiro.”Abraham Lincoln

Assim eu penso. Assim eu sinto. Vencer os obstáculos, desbravar caminhos, atingir os objetivos que nos propomos, tornarmo-nos conhecidos pela nossa capacidade empreendedora, pela nossa inteligência, pela nossa capacidade emocional, é bom e é importante, na medida em que enaltece o ego e dá ânimo para continuar em frente na senda de novos objetivos, no desbravamento de novos caminhos, na obtenção de novas vitórias, desde que não sigamos por caminhos travessos de traições e deslealdades, pisando nos que seguem ao nosso lado e perseguem os mesmos objetivos, para atingirmos essas vitórias. A competição honesta, leal, franca, desenvolve capacidades nos parceiros. Ajuda-os a crescer mutuamente. 
Muito mais importante que vencer, é Ser. É sermos verdadeiros nas nossas ações, nos nossos objetivos, nas nossas palavras; é sermos honestos nos nossos princípios, nas nossas relações com os outros; é caminharmos o nosso caminho sem pisarmos o caminho do vizinho; é caminharmos o nosso caminho sem vendermos a alma, sem atraiçoarmos os princípios que julgamos justos e honestos, defendendo-os e aplicando-os no nosso jornadear pela vida. 
É isso que nos faz seres inteiros, seres verdadeiros. 
É importante sermos “Eu”, sem pisarmos nos outros, no nosso caminhar pela vida.
Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 08/12/2020

CRÓNICAS DO MEU CAMINHO

PELA NORUEGA/1996 - A CATEDRAL 


Lagos de água serena povoados de ilhotas prenhes de exuberante vegetação, bordejados por casinhas de madeira coloridas (com preponderância para a cor ocre) entre relvados luminosos, de um verde tenro, servem de espelho a alcantiladas e vicejantes encostas; rios turbulentos galgam penedias em turbilhões de branca espuma; cascatas prateadas saltam dos céus sobre gargantas e desfiladeiros; estradas sinuosas descem pelas ravinas sobre o abismo, penetram a montanha por entre escuros túneis e desembocam em estradas paralelas a lagos paradisíacos de margens cortadas a pique, ou prosseguem, lado a lado, com impetuosos riachos de montanha. 
À saída de mais um túnel todas as vozes se calam repentinamente e ouve-se um sussurro de espanto generalizado: Aaaaah!!!!... 
De entre o silêncio que então se fez, soltou-se uma voz: "Isto é uma verdadeira catedral!" 
É mesmo! É uma autêntica catedral da Natureza. Sentimo-nos pequeninos, insignificantes, perante tal imponência, perante tão majestosa beleza. As palavras não têm força suficiente para descreverem a emoção que nos invade e nos toma a alma ao olharmos a beleza desta Natureza preservada. Intacta. 
Mas os noruegueses sabem apreciar, gozar e respeitar as delícias desta Natureza exuberante. E aos fins-de-semana, tanto de Verão como de Inverno, saem das cidades e vão para as cabanas da montanha: casinhas feitas de madeira, pequeninas, muito simples, bem calafetadas, com os telhados cobertos de terra (a maior parte), onde crescem flores e relva durante a Primavera. Proliferando como floridos e verdejantes jardins suspensos entre as majestosas árvores da mata. As famílias que as não possuem, têm as do Estado, que utilizam de graça, mas tendo a preocupação de deixá-las cuidadas e limpas, para que outros as possam utilizar com o mesmo prazer (E é este sentido cívico, este respeito pelos espaços que são de todos e que todos se preocupam em conservar, que faz da Noruega um país lindíssimo. Respeito e civismo que é urgente fomentar entre nós, incutir nas nossas gentes. O bem de uns é o bem de todos. É necessário que aprendamos a preservar e a conservar os espaços comuns postos ao nosso dispor, para que todos os possamos usufruir, obtendo deles idêntico prazer. O nosso país merece-o. De norte a sul, de este a oeste, tem espaços tão maravilhosamente belos!... Mas, tantas vezes, o lixo, as porcarias que os contaminam fazem deles lixeiras que causam repulsa e nos enchem de vergonha), e passam aí, nessas casas de montanha, as férias e os fins-de-semana, em completa comunhão com a Natureza. Respeitando-a e vivendo a vida simples e saudável que ela proporciona: de Inverno esquiam e de Verão fazem montanhismo. 
Todos sabem esquiar. "É que os bebés já trazem esquis quando nascem, o que torna os partos muito dolorosos; por isso, os casais noruegueses não têm mais de dois filhos. As mulheres norueguesas fazem uma segunda tentativa, mas nunca uma terceira. Nenhuma se sente capaz!" - Informa-nos, em jeito de piada, a guia, para nos dizer que, geralmente, não há mais que dois filhos por casal. 
O esqui é, no Inverno, o principal meio de transporte para o emprego, para a escola, etc. Para qualquer lado que precisem de ir, deslocam-se de esqui. A arquitetura, tanto a norueguesa como a sueca (fora das grandes cidades), especialmente na zona rural, é bastante simples: as casas são sempre revestidas, exteriormente, a madeira pintada, predominando a cor ocre com contornos nas janelas e nas portas em branco e emprestam à paisagem um encanto peculiar (a dinamarquesa é bastante mais sofisticada e muito bonita). 
A cidade de Oslo, capital da Noruega, é encantadora! 
Constituída por 40 ilhas e 360 lagos, é uma das cidades maiores do mundo em área, onde vivem menos de meio milhão de pessoas. É muito limpa e arrumada, tem bonitos edifícios, é cheia de flores e profusamente verdejante; tem parques encantadores de árvores frondosas e relvados muito limpos e cuidados, onde as pessoas se deitam a apanhar sol, em tronco nu e em biquíni ou fato de banho (os relvados na Escandinávia são para usufruir, não apenas para ver); a água jorra de bonitos repuxos por entre esculturas em granito, representando, especialmente, a pessoa humana nos vários aspetos da vida em família, sobre lindas taças utilizadas pelas crianças como piscinas durante o Verão. A parte da cidade dedicada só a peões, uma zona muito alegre que vai até ao porto, onde se encontram atracados vários barcos entre os quais bonitos barcos/restaurante, é ampla e fervilha de gente cruzando-se nos diferentes sentidos; turistas, na maioria, pois a em finais de Julho já quase todos os noruegueses gozaram as férias e estão de volta aos seus locais de trabalho. 

Jeracina Gonçalves/ Barcelos Portugal 

Este texto publicado na Revista BARCELLANO do Lions Clube de Barcelos, na época. Posteriormente foi englobado na narrativa do meu livro “A VIAGEM”)

segunda-feira, dezembro 07, 2020

FELIZ NATAL



Natal! Este Natal!
Este Natal celebrado em dezembro de 2020
Este Natal com o desemprego a flagelar tanta gente
Este Natal com o espectro da fome a quedar-se sobre tantos lares
Este Natal de dor e de luto a lacerar tantos outros…

Natal! Este Natal!
Este Natal, acorrentado a esta “coisa” perversa,
que impõe distanciamento dos seres que amamos
quando do coração transborda o desejo de beijar
o desejo de abraçar, de conviver com familiares e amigos…
O desejo de celebrar a Vida e o Amor!

Natal! Este Natal!
Não é um Natal como os outros.

Com todos os impedimentos que este tempo traz
que seja um Natal de Amor, de compreensão
e de fluxos de Paz a circular pelos caminhos da Terra.
Que o Amor se manifeste em cada coração
e envolva toda a humanidade num unido e forte cordão;
Que os ricos com humildade se aproximem dos pobres
e estendam para eles a mão;
E os que são remediados os sigam na mesma ação
Que a fome morra afogada num belo lago de Amor
e os conflitos na Terra tenham igual solução.
Por que todos somos irmãos. Sob a Paternidade Divina
dessa Luz Universal, todos somos irmãos!
Esta mensagem nos trouxe o Menino de Belém.

Natal! Este Natal!
Que seja um Natal de Paz
Que seja um Natal de Amor
Que os corações se encontrem
Que os corações se abracem
E corporizem neste tempo, de sofrimento, luto, dor
a mensagem de Belém num grande abraço de AMOR!

FELIZ NATAL! 
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 07/12/2020


sábado, dezembro 05, 2020

DORA CHEGOU


Dora chegou. O vento sopra forte.
Ataca furioso e derruba o que se oponha ao seu correr veloz
sem consideração nem complacência.
O mar encrespa-se, cresce.
Zangado atira-se sobre praias e arribas.
A luz esfuma-se num emaranhado de nuvens densas 
que escondem o azul.
Lágrimas pesadas caem do céu.
Empurradas pelo vento furioso fustigam vidraças,
árvores, alpendres estradas e caminhos…
Ou então…o céu não tem lágrimas para chorar.
E sobre a terra faz cair flores.
Flores brancas a descerem das nuvens.
Pintam telhados, árvores, arbustos, fráguas, montes,
prados, estradas e caminhos.
Tudo fica lindo. Branquinho.
A paisagem fica bela como uma noiva vestida de branco
a caminho do altar.
Volutas de prata evolem-se das chaminés no cinza do ar.
São as lareiras a respirar. Aquecem os lares.
A paisagem é linda, mas é de tiritar.
É uma paisagem de encantar para quem tenha um lar.
Mas há quem não tenha uma telha para se abrigar…

Dora, mulher zangada, que por cá está a passar,
num golpe d’asa, num rápido piscar d’olho,
transmutou um doce e ameno tempo de primavera,
neste tempo - deste tempo - que nos põe a tiritar.
Mas é tempo deste tempo. É o inverno a chegar.

                                                                            Jeracina Gonçalves
                                                                            Barcelos/Portugal, 04/11/2020

terça-feira, dezembro 01, 2020

ESPERANÇA - A FORÇA DA ALMA


Cinza era a cor
no olhar pardo com que a vida o envolvia.
Cor neutra.
Cor que não aquecia
o caminho inóspito que percorria.

Olhou em volta.
A vida sofria.
A cor qu’a envolvia
era parda também.

O verde soçobrava no tempo que fazia.
No coração das gentes
o verde morria.

O verde é Esperança!
Não pode perecer.
É o sonho que do caos
fará a vida renascer.     
                 
                                            Jeracina Gonçalves 
                                            Barcelos/Portugal, 21/11/2019