Ouvi, de manhã, na
TSF, uma discussão sobre a tauromaquia, que me inspirou escrever o que há longo
tempo me sugere esse tema, e que vai em desencontro à opinião expressa pela
maioria dos intervenientes no programa “A Quadratura do Circo”(acho que é esse
o nome). Apenas Pacheco Pereira exprimiu um pensamento muito parecido com o
meu.
Penso que a
tauromaquia é um espectáculo sádico e desperta os sentimentos mais baixos do
ser humano.
Tirar prazer do padecimento de um animal (racional ou irracional) é
sadismo. É dar expressão aos sentimentos mais primitivos, mais bárbaros que
cada um carrega. E explorar esses sentimentos para obter rendimento é duplo
sadismo. Do meu ponto de vista.
É cultura. É tradição. Defendem os apoiantes
desse bárbaro espectáculo.
Ora as tradições,
que apelam à violência propositada, gratuita, para infligir dor a qualquer Ser,
com o objectivo de divertir-se e divertir com o sofrimento do outro, é tempo
de acabarem.
Foi cultura, foi
tradição. Não deve continuar a
sê-lo.
Ainda quando é o homem
apeado, sozinho, enfrentando o touro…É um corpo contra outro corpo: um tem as
bandarilhas para se defender; o outro tem os chifres.
De qualquer maneira
o touro não pediu para ir para ali. Foi levado. E é o homem que o incita, que
enfurece o animal…
Mas o cavaleiro, do
alto do seu pedestal, a enfurecer o touro para lhe espetar a farpa, e só desiste
quando o touro espuma e sangra por todos os lados...
Não, touradas não!
Espectáculos sádicos, que acordam os piores sentimentos, em muitos ainda meio
adormecidos, da pessoa humana, não fazem falta ao mundo.
O que está a fazer
falta ao mundo actual (em que a violência circula em todos os meios sociais e
em todas as direcções), são espectáculos que despertem sentimentos nobres de
bondade e solidariedade. Esses estão a fazer falta ao mundo.
E os cavalos a
dançarem na arena ao som de música, proporcionam espectáculos deliciosos. Vi um
há anos, há muitos anos, na região de Santarém (perdi o nome da terra, mas não a
emoção que o espectáculo me proporcionou); revejo-o agora, neste momento em que
escrevo este texto, e ainda me faculta uma emoção
deliciosa.
Jeracina
Gonçalves
Barcelos,
09/07/2020