Pesquisar neste blogue

segunda-feira, dezembro 22, 2014

O NATAL DA MINHA INFÂNCIA



É Natal no calendário
Nas ruas iluminadas
Nas gentes correndo apressadas
Carregadas de sacolas.
Mas este Natal tão volúvel
Tão fora do sentimento
Tanto aquém do que é Divino
Não é o Natal do Menino…

O Natal da minha infância
Sempre foi Natal Divino
O meu sonho de criança
Era beijar o Menino
Todos em volta do lar
A fogueira a crepitar
Toda a família cantava
Louvores ao Deus-Menino
Na Noite de Consoada
Não se punha o sapatinho

Nessa noite tão Sagrada
Par, pernão, também entrava
Rapa, tira, deixa, põe
Até que o sono chegava
E era então que eu sonhava
DEUS-MENINO na Manjedoura
Entre a vaca e o burrinho
Na igreja de Louredo
Esperando o meu beijinho.

Jeracina Gonçalves

quarta-feira, dezembro 17, 2014

À DERIVA

Sou como um barco à deriva
Neste mar encapelado.
Vogo ao sabor da corrente
Imposta pelo meu coração.
Para onde vou, não sei.
Ravinas e agrestes vertentes
A esmo, em meu redor,
Conduzem-me a lugar incerto...
Não tem caminho ou carreiro
Sentido... orientação...
Para onde vou, não sei.
Neste mar encapelado
Procuro porto, guarida
Mar quieto, calmaria,
Cais, onde meu costado atracar.
Jeracina Gonçalves


domingo, novembro 30, 2014



As árvores do meu quintal, agora quase despidas,
Fazem na relva macia, com a brisa do fim do dia, 
Bailados de encantar, sob o celeste azul raiado
Sulcado por bandos alados, rumo a outros lugares.


Jeracina Gonçalves

terça-feira, novembro 18, 2014

UM DIA DE OUTONO


Bailam as folhas nos braços vigorosos do vento.
Rodopiam, rodopiam… Rodopiam, no espaço
E, tomadas de cansaço, caem mortas pelo chão.

Nuvens cinzentas, densas, carregadas
– Prenúncio de aluvião –
Apressam os passos, incertos,
Do transeunte pisando a calçada
Deserta de passos
E as folhas, sem vida, maceradas no chão.
Jeracina Gonçalves

domingo, novembro 16, 2014



Este tempo escuro e duro,
sem previsão de abertas
permanece no tempo,
neste tempo, sem tempo...
que nuvens teimam em toldar.
05/11/2014
Jeracina Gonçalves


quarta-feira, novembro 12, 2014

FELICIDADE


 A palavra surgiu-me na mente, espontânea, saída do nada. 
Persistente, incisiva, apossou-se do meu pensamento e dele não arreda pé. Baila, ciranda, rodopia de um lado para o outro, sem suporte, bastão ou muro em que se apoie. Mas não desiste. Tento afastá-la sob os mais variados expedientes para que dê lugar ao sono, que anseio, mas, possessiva, dominadora, insistente, usurpa-lhe o espaço e não deixa que ele tome o lugar, que em mim lhe é devido, como suporte da minha saúde mental e física, me aprisione em seus braços reconfortantes, e me leve para o país dos sonhos. Desisto de lhe opor resistência. Sei que não me dará sossego enquanto não lhe der a devida atenção. 
Salto da cama e, de esferográfica em punho, vou tentar descodificá-la. Vou tentar determinar e entender o seu significado. Se é que é possível; pois, a meu ver, o conceito de felicidade é muito oscilante e variável de pessoa para pessoa. Vou, porém, tentar esmiuçá-lo, esboroá-lo em pequenas partículas. E, talvez, então, me liberte e deixe que Hipnos me envolva com o seu abraço retemperador e me transporte para os braços de Morfeu. 
Fecho os olhos. Tento penetrar o seu âmago, atingir o seu cerne. Uma pequena luz parece querer iluminar-me o caminho, sugerindo-me que felicidade não é mais que a harmonia entre os diferentes personagens que suportam o “Eu” global de cada um de nós. Ou seja: a Felicidade será a consonância entre o Consciente, o Subconsciente e o Inconsciente de cada um. Se esses três “personagens” do "EU" estiverem em sintonia, esse sentimento de plenitude, de paz, que entendo por Felicidade, esse sentimento que nos preenche quando estamos, agimos e somos o que a nossa consciência nos inspira e são afastados os fantasmas que os põem em dissonância,  essa paz interior, essa harmonia entre os três "personagens" do "EU", invadir-nos-á. E, se olharmos o conceito de Felicidade por este prisma, parece-me lícito pensar que a felicidade habita em nós, e em nós teremos de a procurar.
 Claro que somos - e muito - influenciados pelos outros na nossa ação e no nosso sentir do dia-a-dia. E se essa influência do outro em nós, atinge a nossa integridade moral e o nosso “Eu” global entra em dissonância, certamente nos sentiremos infelizes e derrotados. Mas parece-me que só em nós estará a solução do problema e não valerá a pena procurá-la fora de nós próprios, nem acusar o outro pela nossa infelicidade.  Em cada decisão que tomemos em relação a nós e ao outro, ou outros, teremos de agir sem trairmos a nossa consciência moral. Assim como teremos de aprender a gerir as nossas vitórias e derrotas com coerência, humildade e sentido de estar.
Todos conhecemos pessoas que, parecendo ter tudo para serem felizes, são infelicíssimas; e outras, que a nossos olhos não têm qualquer razão para o serem, são-no plenamente. Se para uns é preciso um bom carro, uma boa casa, boa roupa, boa comida e muito dinheiro para se sentirem felizes, outros são-no vivendo na rua, livres, sem compromissos e sem saberem se terão comida para a próxima refeição.
Quer o conceito de felicidade, quer o caminho para alcançá-la divergem muito de pessoa para pessoa. Cada um terá de buscá-la em si próprio, aprendendo a viver com os seus fracassos, pequenos ou grandes, a gerir sem arrogância as suas vitórias, as sua perdas, sem trair a sua consciência moral.
Julgo ser este o principal caminho para uma vida feliz
Jeracina Gonçalves, Barcelos/Portugal

domingo, novembro 09, 2014

PARA AMAR É PRECISO…


Amar, em meu entender, é, sobretudo, compartilhar alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, saúde e doença; é respeitar; é proteger; é defender; é ter prazer nas vitórias do outro, ficar do seu lado nos momentos de derrota; é ajuda-lo a crescer, por ele, pelo prazer de vê-lo crescer, sem medo que nos possa deixar para trás... É estar com..., por inteiro, da cabeça ao coração. A franqueza, a sinceridade, a amizade, a cumplicidade, a frontalidade, não podem estar desassociadas do amor. Fazem parte intrínseca do que considero ser o verdadeiro amor. 
Mas, para se amar assim, é necessário que gostemos de nós. Que gostemos do que somos sem condições nem conflitos. E assumi-lo sem reticências. Só assim poderemos assumir o amor pelo outro, sem projectarmos nele o resultado dos nossos erros, das nossas incapacidades e fracassos. Esses, assumimo-los como nossos. São nossos. E lidaremos bem com eles, porque assumindo-nos como seres imperfeitos, os erros que cometermos serão alavancas no caminho do melhoramento de nós mesmos. E, assim, poderemos assumir verdadeiramente o amor pelo outro, pelo que nos está mais intimamente ligado, porque, amando-nos tal como somos, deixaremos de ver as nossas falhas, os nossos erros maiores ou menores, como sendo do outro e nele querermos combatê-los. 
Porém, se não gostarmos de nós, repudiaremos sempre o que não gostamos em nós, e em vez de assumirmos os nossos fracassos, os nosso erros, os nossos pequenos ou grandes defeitos, será sempre o outro, o que nos está mais directamente ligado no dia-a-dia, o cano de escape das nossas frustrações e de todas as forças negativas que incorporarmos. Sobre ele descarregaremos todas as nossas iras, complexos, fracassos, agressividades. 
Tudo aquilo que detestamos em nós próprios, teremos tendência a ver no outro, e tentaremos combatê-lo nele, fazendo com que a vida a dois se torne muito complicada e difícil. 
E o amor escapar-se-á por essa rede de buracos cada vez mais largos, e desaparecerá, em vez de se desenvolver e fortalecer.
Jeracina Gonçalves

quarta-feira, novembro 05, 2014


O dia acordou com rosas
a enfeitarem o meu olhar
sem o  saber que os  espinhos
se encontravam  a caminho
para o fazerem chorar.
28/10/2014
Jeracina Gonçalves

sábado, novembro 01, 2014

A TRAIÇÃO INSTALA A DÚVIDA



Como um cancro, que agarra a vida e vai-a minando e destruindo por todos os lados e em todos os sentidos, cercando-a e apertando o círculo até ao seu estrangulamento total e irreversível, assim a dúvida, depois de instalada, se agarra com garras potentes e poderosas e destrói a paz do coração, afogando-o no drama da incerteza daquilo que deveria ser certo e poderoso. E um mar turbulento de lamas e escombros submerge o rio límpido, fluído e puro do amor e da amizade.
O que está por detrás da traição?
O que leva as pessoas a traírem-se umas às outras, a mentirem descaradamente, iludindo, aldrabando, enganando?
O que leva as pessoas a traírem aqueles que dizem amar?
Será insegurança de si?
Desrespeito pelo outro?
Falta de amor-próprio?
Falta de carácter?
Não sei. Não consigo entender. Mas julgo que a traição terá, por trás si todas as razões expostas.
Alguém que se respeite não será capaz de trair quem quer que seja, em aspecto algum da vida, e muito menos aqueles que diz amar.
Parece-me que a traição é, acima de tudo, uma falta de respeito e de amor próprios.
Quem não se respeita não se ama. Se não se ama, não pode ter a força de carácter necessária e indispensável ao respeito pelo outro.
Não se respeitando como saberá respeitar o outro?
O pior é que a traição instala a dúvida, a desconfiança. E estas, uma vez instaladas, destroem a torrente límpida e fluída do amor, da amizade e, tantas vezes, a crença no ser humano.
Destrói os sentimentos puros, que são os elos fortes da vida, da alegria, da paz e do crescimento nos relacionamentos humanos. E essa torrente límpida e fluída do amor e da amizade passará a intermitente, cortada por paredões e açudes cada vez mais altos e espessos, com brechas sempre mais apertadas por onde se torna difícil o fluir da torrente dos sentimentos puros e límpidos, tão necessários a um mundo de Paz.

Jeracina Gonçalves

segunda-feira, outubro 27, 2014

COFRES DA LUZ DO TEU OLHAR


São da cor da Primavera a terra, o céu e o mar
Quando brilha nos teus olhos a luz que me faz vibrar.
E o meu coração, a pulsar, qual pluma solta ao vento,
Voeja pelo espaço, sem terra, sem céu e sem mar.

Nos meus olhos brilha a luz, que brilha no teu olhar.

Os meus olhos são os cofres da luz do teu olhar.
Guardam pérolas, guardam ágatas, turmalinas e rubis
Guardam o brilho do sol-poente a incidir sobre o mar
Guardam o alvor das auroras, dos poentes… o matiz.

Nos meus olhos brilha a luz, que brilha no teu olhar.

Os meus olhos são os cofres da luz do teu olhar
Sempre que teu olhar em meu olhar descansar.
E o meu coração a pulsar, qual pluma solta ao vento,
Voeja pelo espaço, sem terra, sem céu e sem mar.

Nos meus olhos, brilha a luz, que brilha no teu olhar.

Jeracina Gonçalves

sábado, outubro 11, 2014

ENTRE A SERRA E O MAR


Nos braços da falésia rochosa e dura
o oiro da serra abraça o azul do mar
determinado a contornar
pregas e contra pregas da falésia irregular;

Pela janela aberta, do automóvel, a circular
entra oiro da serra abraçado ao azul do mar
e traz à minha alma esta ânsia firme e pura
de tu seres a serra, a rocha dura, e eu ser o mar.

                                               Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal

segunda-feira, outubro 06, 2014

ESCREVER…


É deixar a minha alma escorrer livremente,
Em gotículas cristalinas de cores, cheiros e sabores,
Sorrisos, lágrimas e dores, fechados no meu coração,
Sobre o corpo desnudado do ecrã do monitor;
É deixar o coração solto, deixar o coração voar...
Soltá-lo nas asas do vento até onde possa chegar;
É soltar a imaginação e em suas asas voar.
Nas asas da imaginação todo o mundo conquistar
Sem limites na distância, nos caminhos a percorrer;
É buscar outros mundos no mundo, sem temor ou contrição;
É no mesmo abraço abraçar e fazer a união
De todas as suas cores, cheiros, luzes e sabores,
Sorrisos, lágrimas e dores, e tudo o mais que encontrar;
É lançar o meu sentir, é lançar o meu pensar
Sobre a fria página virgem aberta sob o meu olhar;
É olhar quatro paredes com os olhos da Primavera;
É voar através delas sem grilhetas da razão;
É dar o passo à imaginação; é dar voz ao coração…
E é soltar as amarras que me prendem junto ao chão.

Jeracina Gonçalves
Setembro/2014

domingo, setembro 07, 2014

POETA DA PRIMAVERA


Sim, sou poeta: Poeta da Primavera
Da linguagem singela, que nasce no coração.

Meu verso, simples e sincero,
Chega nas asas da brisa, que logo pela manhã,
Com doce e terna carícia, acorda a Natureza;
Chega na sinfonia dos pássaros - seus alegres gorjeios
Acordam-me ao amanhecer;
Chega no germinar da semente, na plantinha a crescer
No aroma da flor, na rosa e em seu rubor
Na frágil nuvem, que chora, por entre os dedos do sol
E com as lágrimas põe pérolas, nas pétalas das flores…

Sim, Sou poeta: Poeta da Primavera
Da linguagem singela, que nasce no coração.

Meu verso, simples e sincero,
Canta a natureza silvestre a jorrar vida e cor
Canta o colorido dos montes
Canta a voz límpida das fontes
Canta os malmequeres das campinas
Canta as inocentes boninas tingindo o verde tenro dos prados
Canta o cheiro da terra que recebe em seu ventre a benfazeja semente…

Sim, sou poeta. Poeta da Primavera,
Da linguagem singela, que nasce no coração.
Canto as coisas singelas, expostas ao meu olhar…
Canto o bailado dos pássaros…
Canto o sol a morrer no mar.
Jeracina Gonçalves



sexta-feira, agosto 15, 2014

COMO NASCE O POEMA


Do nada surge um verso. Entra sem bater a porta
Sem dizer de onde vem ou para onde quer seguir
Ciranda daqui para ali, volteia por todo o espaço
Nesse espaço, busca espaço para se poder instalar
Instala-se sem pedir licença, lavra a terra, cria ninho
O verso traz outro verso… e outro… e outro… e outro
E em versos se multiplica
E desse verso vadio, sem poiso nem direção, nasce e cresce o Poema
Às vezes poema de amor e tem por mote a saudade
Às vezes é a Natureza que desperta a emoção
E cresce o poema bucólico que tocou o coração
Às vezes é a revolta, o asco, a indignação
Contra as injustiças que reinam e crescem mundo afora
Neste mundo, em sobressalto, neste mundo em putrefacção
Onde há monstros que comem gente: roem-na até ao tutano
Gente simples, gente obreira,  gente que produz o seu pão
E cresce em meu Ser a revolta, a náusea, a contestação
Contra o ódio e a maldade que destrói a Humanidade
Contra o sangue inocente pelas ruas, derramado
Contra o sangue criminoso sempre, sempre, preservado
Contra o mundo de corrupção, contra a sua podridão
Nestes tempos em que a Vida, vale menos que o tostão.
E o Poema revela, então, a náusea, a raiva, a contestação
Que enche o meu coração contra os vermes da podridão.

E aquele verso vadio, que chegou sem se anunciar,
Pôs o meu Ser a pensar neste tempo (des)arrumado
Nestes tempos em confusão
Nestes tempos em que a Vida vale menos que o tostão.

Jeracina Gonçalves
MJRCG
12/08/2014

domingo, agosto 10, 2014

ROSMANINHO

Rosmaninho, flor silvestre,
encanto do monte agreste
tens a graça tens a beleza
do que é puro na Natureza;

Tens a beleza singela
que atrai o meu olhar
se bordejas os caminhos
por onde vou a passar;

Aos montes onde cresces
dás real esplendor
às suas cores misturas
o púrpura da tua cor.

O perfume que emanas
e difundes pelo ar
é suave, doce carícia
de alguém que sabe amar!

És uma planta do campo
no jardim da Natureza
toda a beleza e encanto
estão na tua singeleza.
Jeracina Gonçalves

sábado, agosto 09, 2014

A VIDA


A vida corre em três tempos: Passado, Presente e Futuro
O Passado são os caboucos do edifício  VIDA
Edifício em construção até ao minuto final.    
Nele estão as raízes, a herança recebida e a história vivida.
O Passado é a escora que fundamente o Presente
É também os fundamentos e a alavanca pró Futuro.
O Passado são os alicerces que dão a alma a minha vida.
A tua vida. A sua vida.
O Presente é o agora, este momento, o já…
No momento seguinte, o que agora foi Presente,
Passou a Passado recente.
Curto na linha da vida, na vida momento importante:
É momento a momento que se constrói o Passado;
É momento a momento que se fundamenta o Futuro.
Cada momento presente deve ser bem agarrado
Acolhido e acarinhado com muita dedicação.
Cada momento vivido, com cabeça e coração, 
Na história de cada vida, será motivo de orgulho.
Será também a alavanca para mais ridente Futuro.
O Futuro é o mistério, o secreto, a emoção do desconhecido
Segredo por desvendar.
Não é certo, nem seguro
Que o Passado e o Presente possam vislumbrar o Futuro
09/08/2014
Jeracina Gonçalves





sábado, agosto 02, 2014

PERGUNTEI à VIDA


Um dia perguntei à vida o que tinha para me dar
A vida me respondeu sem qualquer hesitação:
“Tenho  tudo o que sejas capaz de conquistar.
Tudo está no teu caminho, tudo está à tua mão
Depende da tua atitude, da força do teu coração.
Tenho beleza e alegria, tenho tristeza e podridão
Tenho vitórias e derrotas, consórcio e solidão
Tenho amigos, inimigos, tenho prémios e castigos
Tenho venturas, desditas, tenho prazeres, tenho dores
Tenho palácios vistosos, tenho casebres sem cores
Tudo está ao teu alcance, tudo está à tua mão
Faz a escolha acertada, toma a tua decisão
Venturas e desventuras, beleza e podridão
Pelos caminhos da vida, tudo está à tua mão.”

28/06/2014



domingo, julho 27, 2014


Eu sou a imaginação e corro atrás da quimera
Em busca de alicerces para construir e criar
Não escolho o endereço, não escolho a direção
Navego em qualquer nuvem, que me ceda lugar.

                                                                                                                              Jeracina Gonçalves


sábado, julho 26, 2014

Não resisto a publicar este poema de Guerra Junqueiro que me chegou agora por mail e que retrata tão bem a atualidade do nosso Pais. JG

“E no entanto o país, meu Senhor,
é uma beleza! Uma beleza! Encantador!
Trinta portos ideais, um céu azul marinho,
A melhor fruta, a melhor caça, o melhor vinho,
Balsâmicos vergéis, serranias frondosas,
Clima primaveril de mandriões e rosas,
Uma beleza! Que lhe falta? Unicamente
Oiro,vida, alegria, outro povo, outra gente.
Raça estúpida e má, que por fortuna agora
Torna habitável este encanto…indo-se embora!
Deixe morrer, deixe emigrar, deixe estoirar:
Dois boqueirões de esgoto,- o cemitério e o mar.
Que precisamos nós? Libras! Libras, dinheiro!
Libras d’oiro a luzir! Onde as há? No estrangeiro?
Muito bem; o remédio é claríssimo, é visto;
Obrigar o estrangeiro a tomar conta disto.
Impérios d’além-mar, alquilam-se, ou então
Sorteados,- em rifa, ou à praça,- em leilão.
E o continente é dá-lo a um banqueiro judeu,
Para um casino monstro e um bordel europeu,
Fazer desta cloaca, onde a miséria habita,
Um paraíso por acções,-cosmopolita...”
                                      “Pátria” -1896-

De Guerra Junqueiro  (1850-1923)

quinta-feira, julho 24, 2014

ESCUTANDO O SILÊNCIO


Levantei-me da mesa de trabalho, fui à cozinha, peguei um copo de água, abri janela e fui tomando pequenos goles enquanto respirava o ar fresco e limpo da madrugada e admirava as copas das árvores, em frente, pintalgadas pelas cores quentes, que as enfeita na linda estação do Outono, e o céu raiado em tons de azul, rosa e laranja, a pressagiar, neste agradável amanhecer de finais de Outubro, um dia claro e bem ensolarado.
Dormi mal. Sem motivo aparente, sem qualquer razão consciente que a pudesse motivar, a insónia instalou-se teimosamente e, depois de voltas sobre voltas na cama, às cinco da manhã levantei-me e fui sentar-me em frente às teclas do meu computador – o meu fiel companheiro em noites como esta - ligando-o distraidamente, sem um objetivo definido de trabalho, mas, e apenas, para sentir em meu redor algum ruído que iludisse a solidão que sentia em mim e parecia querer invadir-me toda a alma.
Comecei por abrir o correio eletrónico e, distraidamente, principiei a abrir alguns e-mails mais recentes. Porém rapidamente desisti. Não estava motivada para esse tipo de atividade. Não me dominava a mente, não lhe ponha freio. Sentia-a inconstante e aérea como um pássaro sem poiso. Precisava de algo que a envolvesse no seu todo. Algo que captasse por inteiro o meu interesse e atenção. Resolvi então abrir uma “página” do Word, e a página em branco, despojada e submissa sob o meu olhar, convidou-me a verter sobre o seu corpo nu, em palavras simples, tudo o que o meu pensamento ia construindo no silêncio em redor. Rapidamente os meus dedos começaram a bater as teclas à velocidade do meu pensamento, que corria célere e, com os fios de seda da minha imaginação, em caracteres escuros e encadeados uns nos outros, fui tecendo o vestido que depressa cobriu a nudez do corpo branco da página, que tão tranquila e confiadamente havia exposto a sua nudez sob o meu olhar volúvel e inconstante.
Agora, em frente à janela, deixo o pensamento discorrer filosoficamente sobre o quanto o silêncio de uma sala fechada tem para nos dizer se soubermos e quisermos escutá-lo. Atentamente. Há um conteúdo riquíssimo de sons, cheiros, imagens e vivências, quer vindas do interior de nós mesmos, de onde crescem e transbordam, perdendo-se irremediavelmente se não tivermos a capacidade de rapidamente as agarrar, quer vindas dos objetos que nos rodeiam e nos dizem inúmeras e inestimáveis coisas da nossa existência, da nossa individualidade como Ser, dos nossos sentimentos, das nossas vaidades, das nossas dores…, e são inaudíveis no meio da barafunda do dia-a-dia. E, muitas vezes, são purgas na nossa vida, aliviando-a e preparando-a para novas vivências, mais ou menos positivas que o dia-a-dia nos traz e teremos de acatar. 
Sejam elas boas ou não.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, Outubro/2011

PS: Em romagem pelas pastas do meu computador, encontrei este texto que resolvi publicar agora. JG

segunda-feira, julho 14, 2014

DÚVIDAS…


Sem nada o fazer prever, sem qualquer feito que o anuncie, alteram-se as relações entre as pessoas, alteram-se os comportamentos, altera-se o sentido das palavras trocadas, o tom e a forma como são pronunciadas, como se uma qualquer força, uma qualquer energia desconhecida, vinda não se sabe de onde, atue em nós e no ambiente em que nos movemos, independentemente da nossa vontade. Do mesmo jeito que hoje temos o coração terno, doce, carregado de amor, amanhã mostra-se sombrio, agressivo, amargo e amargurado, carregado de ansiedade, sem que para isso tenham contribuído qualquer ato ou quaisquer forças reais percetíveis aos nossos sentidos. 
Qual o porquê dessas forças demolidoras que, por vezes, sentimos à nossa volta e em nós, e dominam a nossa vida e as nossas ações contra a nossa vontade, sem termos a menor perceção da sua chegada? Que tipo de energia cósmica nos domina e controla? Serão, realmente, influências planetárias, como nos é transmitido pela astrologia, por muitos denominados de “fantochada”, “charlatanismo”, “crendice”? Estarão essas forças muito mais presentes no controle das nossas vidas do que queremos crer? Terão os astros uma influência real sobre as nossas vidas e os nossos destinos? Será que os planetas, os cometas, as estrelas… e todas as energias que nos cercam e constituem o cosmos em que nos inserimos e movemos, influenciarão muito mais a nossa existência do que o que queremos acreditar? 
Nós somos energia. Disso não tenho a menor dúvida. Somos energia pura enformada neste invólucro físico, que é o nosso corpo. Mas que, por vezes, se solta e se evolua no espaço alado. 
E, como nos foi dado estudar na Física, as energias atraem-se ou repelem-se. 
Ou seja: têm influência umas nas outras…                                                                               

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal

quarta-feira, julho 09, 2014

COISAS SIMPLES


Aquela roseira tão bela, que comigo plantaste
Vive triste e sem verdor, entre tojeiras e silvados, 
No canteiro abandonado tomado por ervas ruins
Que no tempo aconteceram e tomaram o jardim.

O  meu coração, pesado, anseia por coisas belas
Pra meus olhos deslumbrar. Coisas simples, singelas
Como um campo de flores, o sol a morrer no mar
A lua com seu luar sobre superfície do mar…
Anseio por coisas belas pró meu coração encantar.


Jeracina Gonçalves
2/07/2014

terça-feira, julho 08, 2014

A VIDA




Se sentes a vida brotar no fundo do teu coração
dá-lhe espaço
dá-lhe o norte por onde se possa alargar
expandir sua energia
dar-se expressão.
Criar!
JG

sábado, julho 05, 2014

A INSÓNIA


Fui botada ao abandono  por Hipnos, reparador e amigo, que tanta falta me faz.
O melhor é levantar-me e ir até ao computador. Quem sabe se aí me surgirá qualquer ideia que consiga desenvolver com algum sentido, me envolva e me torne menos pesada e dolorosa esta pena imposta por Hipnos & Companhia. Ou talvez fique comovido com este meu desassossego e me levante esta pena tão dura, e me abra caminho para o seu regaço acolhedor e reconfortante.
Vou para o escritório. Vou centralizar todos os meus sentidos num único objectivo: ouvir o silêncio inerente a um compartimento, sem ninguém, além mim. Gosto de ouvir o silêncio.
Se soubermos escutá-lo, verificaremos que são inúmeros os sons que o enchem. 
Sons que geralmente nos passam despercebidos, mas estão presentes em qualquer ambiente, por mais silencioso que pareça, se nos concentrarmos e nos predispusermos a ouvi-los e a entendê-los. E podem até comunicar-nos e dar-nos a conhecer saberes importantes. 
E, muitas vezes, permitem-nos a evasão, o sonho, e levam-nos a viver situações fantásticas, criadas pela nossa imaginação.
Neste momento preciso dessa evasão; preciso dessa fuga providencial que dê algum calor e conforto ao meu coração, fazendo-o viver momentos especiais, que o façam vibrar e o ajudem desprender-se desta corrente sufocante que o aprisiona e me atemoriza.
Centro a minha atenção neste espaço do escritório e um zunir impressionante, como se um grupo de abelhas - não digo enxame, porque o zunido seria muito mais intenso - andasse por aqui na colheita do pólen, voando de flor em flor, fere o meu ouvido atento. E quanto mais me concentro neste espaço, mais intenso se torna o zunido em meu redor. Julgo que vem do próprio computador obedientemente ao meu serviço; mas a consciência exacta de onde me chega, não a tenho. Está por aqui....à minha volta, e derruba os muros que me enclausuravam e leva-me até às margens verdejantes e floridas de um lago muito azul, onde esvoaçam passarinhos coloridos e abelhinhas atarefadas pousam de flor em flor na recolha do pólen, que carregam nas patitas até à colmeia. E essas imagens começam a colorir a minha alma e a dar energia ao meu corpo cansado pela insónia.
Mas o espaço do meu escritório já não é suficiente ao meu exercício de concentração. Preciso de alargar o espaço de concentração para lá da janela fechada, com vidros e vidraças duplas.
Fecho os olhos. Concentro-me no espaço que fica para lá de janela, e chega-me então a mistura de muitos outros sons. Mas o chilreio dos pássaros é sem duvida o mais dominante: um… outro… e outro…
Acabaram de acordar e ocupam-se em cuidar de si, da sua higiene matinal e do seu desjejum. 
Não são porém os únicos sons que me chegam do lado de lá da janela fechada; outros se destacam também. E o som da brisa matutina a ressoar nos ramos, que dançam ao ritmo do seu desejo, chega também aos meus ouvidos e à minha mente atenta; um galo canta…
São os sons do amanhecer. Os sons do despertar para mais uma jornada que chegam até mim: uns mais agudos, mais graves outros; uns mais audíveis, outros mais surdos, todos fazendo parte da maravilhosa sinfonia de um dia ao acordar.
O som forte do motor de um automóvel predomina agora. É o carro do vizinho com o motor a trabalhar. Começa a rodar e desaparece pouco a pouco na distância, como um fumo intenso, que sai da chaminé e logo se espalha e desaparece levado pelo vento, deixando de novo o ar limpo e o céu azul.
Um toque estridente da campainha da minha porta fere agora os meus ouvidos.
É, certamente, a empregada que chega. Vou abrir.
Jeracina Gonçalves


quarta-feira, julho 02, 2014

PÉS FERIDOS


Caminho descalça sobre brita angulosa derrubada no meu caminho
Meus pés ulcerados, sangram abundantemente
e,  doridos, temem a gangrena que os possa derrubar.
A dor atinge-me as entranhas e quer tomar o meu coração.
Meus pés ulcerados, sangram abundantemente,
clamam por repouso. Na caminhada, uma trégua.
Preciso de  limpar e aplainar o caminho da jornada:
Preciso de varrer a brita que faz o piso rugoso,
endurece a caminhada e ulcera os meus pés. 
Meus pés, ulcerados, anseiam por unguentos balsâmicos.
Meus pés ulcerados anseiam por unguentos que acalmem sua dor.
Jeracina Gonçalves
2/07/2014

domingo, junho 22, 2014

O dia adormeceu tristonho, com lágrimas doces e silenciosas a banharem-llhe o rosto nostálgico.

Jeracina Gonçalves
22/06/2014



A VIDA ACTUAL


A vida actual é uma correria tão louca na ânsia de angariar bens materiais, que nos esquecemos de dedicar alguns minutos do nosso tempo aos que estão por perto e precisam da nossa atenção. E, se calhar, nem seria necessário muito tempo para dar um beijo, um abraço, ou dizer uma palavra amável àqueles que sofrem a nossa falta de atenção; mas, de tão obcecados que andamos com as coisas materiais, neste lufa-lufa constante, tantas vezes condicionado pelo consumismo, pela “necessidade” de angariarmos mais e mais e mais para não ficarmos atrás dos outros, nem nos apercebemos da solidão a que botamos os que nos são próximos.
Para os de fora temos de manter a imagem. Há sempre tempo, esquecendo que a afectividade, a amizade, a solidariedade entre as pessoas nas relações familiares e, também de amizade, são o que há de mais importante na vida do Ser Humano. São o que lhe dá o Ser.
E esquecem-se os filhos, que cobrimos  muitas vezes de coisas supérfluas e alienatórias da formação de uma personalidade forte, livre, justa, coerente, na tentativa de os compensarmos pela falta de tempo que lhes disponibilizamos. Quando, o que mais desejariam e do que mais precisavam para a sua formação como pessoas, seria de alguns minutos do nosso precioso tempo para brincarmos e conversarmos com eles, ouvi-los, orientá-los e guiá-los pelas encruzilhadas da vida com o nosso exemplo, o nosso conselho amigo, o nosso afeto; esquecem-se os pais, de quem nos lembramos, apenas, se deles precisamos para alguma coisa. Nem nos passa pela cabeça que possam sentir-se sozinhos e que, a nossa voz, mesmo que distante, apenas pelo telefone, poderá ser a chama que lhes acenda no olhar a luz da alegria e no coração o ânimo e a vontade de viver; esquecem-se os irmãos, os amigos…
Claro que com a actual falta de empregos são muitos os que vivem, hoje, nessa correria louca para angariarem o sustento básico para si e para os seus. Tendo de batalhar em várias frentes e fazer biscates aqui, ali e além, para conseguirem o mínimo necessário à sua sobrevivência e à da sua família: gente batalhadora, de alma forte, a quem as dificuldades não vencem. E sobra-lhes pouco tempo para conviver ou para dedicar ao lazer com os filhos, pais, familiares e amigos. E isso dói-lhes na alma e fá-los sofrer. Mas, infelizmente, não podem alterar o ritmo das suas vidas sem que o colapso económico aconteça. Terão de continuar assim para poderem continuar a alimentar-se, a vestir-se, e a alimentar e vestir os filhos, e dar-lhes um teto sob o qual possam crescer.
E há, infelizmente,  nos tempos atuais, os  que têm até tempo demais, mas é um tempo já doente, de tão massacrado pelo tempo de espera por um emprego, que lhes dê sustento e dignidade.
É um tempo que não traz nem gera benefícios para ninguém: fruto do desemprego prolongado, alimentado com deceção sobre deceção, foi tomado pela depressão e, em muitas situações, pelo vício e até pelo crime.
Uns têm demais e muitos outros não têm nada.
Em linhas gerais e simplificadas, julgo ser este um retrato muito aproximado da vida atual.  
Jeracina Gonçalves
22/06/2014


PS - Dei agora com este texto iniciado numa das pastas do meu computador. Não sei desde quando está começado. Resolvi acabá-lo e publicá-lo; não me parece fora do tempo, infelizmente. JG

sexta-feira, junho 20, 2014

E A MÃE,  VIGILANTE, CUIDA DA SEGURANÇA DOS FILHOTES, ENQUANTO ESTES SE ALIMENTAM NOS CHARCOS DEIXADOS NA FOZ DO RIO PELA MARE BAIXA.

terça-feira, junho 17, 2014

ALTO DOURO




Subindo contra a corrente
Trepam meus olhos rochedos
Vestem-se de risos  de medos
Galgam colinas outeiros
                            Escondem-se nos desfiladeiros
Alcançam o azul celeste
Domam a escarpa agreste
Descem por outro lugar
                            Pousam de altar em altar
Mergulham nas águas do rio
Que correm da serra para o mar.

Alto Douro Vinhateiro
Teus encantos e belezas
                            Apresam meu coração 
                            Fascinam o meu olhar!

Jeracina Gonçalves

domingo, junho 15, 2014

DOURO, POEMA DE AMOR


Douro, Jardim Encantado, 
és um poema de amor
da alvorar ao sol-pôr
inscrito n’arriba escabrosa;
obra de artistas sem nome 
mourejando sol a sol.

Douro, Jardim Encantado
és uma prece ao Senhor
gravada a sangue e a suor 
de homens em busca de pão 
numa peleja, sem tréguas 
contra o exército de fragas.

E de batalha em batalha 
os homens vencem a guerra
contra o exército de fragas 
contra o exército das pragas
fazem um jardim encantado
a trepar para o etéreo  

Tuas escarpas/jardim, 
visionadas à distância,
são cataratas d'esperança 
a tombarem sobre o rio
matizes resplandecentes 
de safiras e esmeraldas;

Das tuas escarpas/jardim 
brota vida, brota cor
brotam néctares de deuses 
de deleitosos sabores.
Douro, Poema de Amor, 
do alvorecer ao sol-pôr!

Prece, Poema, Canção 
cantada pelas águas do rio
que levam da serra pró mar 
teu sangue… teu coração…
Douro, Tesouro da Humanidade, 
és Troféu de Guerreiros
regado de sangue e suor 
do amanhecer ao sol-pôr!
 Jeracina Gonçalves
25/05/2017

quarta-feira, junho 11, 2014

DESABAFO


Ontem encontrei no hipermercado uma colega, um pouco mais velha que eu, com quem trabalhei há muitos anos, quando do inicio da minha actividade docente nesta cidade, com quem já fiz algumas viagens turísticas, que me perguntou como ia de saúde, como estava o meu marido, com estavam os filhos…, enfim, aquelas perguntas habituais, que se fazem quando encontramos pessoas que não vemos algum tempo.
De forma natural e espontânea, sem tabus nem preconceitos ou dramatismos de qualquer espécie, mas com verdade, fui informando do que vem acontecendo, desde algum tempo, com a minha família, pensando eu, que quando se questiona alguém sobre essas coisas - comigo é assim - está-se realmente interessado em saber do estado do outro.
Ingenuidade a minha! Nada disso. As coisas não são assim.
Pergunta-se, mas não se quer saber. É apenas um pró-forma social, nada mais.
Pelo menos ela não queria saber. Perguntou… por perguntar.
Queria lá saber do que se passa comigo e com a minha família!
Soube-o quando, na despedida, me disse que não gostava de falar com pessoas como eu.
E eu, ingénua, tinha acreditado que o seu questionamento fosse genuíno, fosse interesse, fosse solidariedade entre Seres Humanos! Claro que não teria falado com a espontaneidade que usei, e me carateriza, se imaginasse que não o era.
Mas… julguei-a por mim. Enganei-me profundamente.
Não respondi à sua “agressão”, especialmente porque estava com muita pressa, mas juro que doeu. Doeu muito. Abomino todo o tipo de hipocrisia, incluindo a estabelecida pelas regras da “boa educação social”.  E, quando questiono alguém sobre a sua saúde e a dos seus, ou sobre qualquer outro assunto, faço-o por interesse genuíno e oiço as respostas que têm para me dar com toda a atenção, não por coscuvilhice, mas por solidariedade.
Jeracina Gonçalves
11/06/2014

terça-feira, junho 10, 2014

A ROSA AMARELA

Há uma rosa amarela
Muito fresca e muito bela
No canteiro, mesmo em frente
À janela do meu quarto.
Sempre que abro a janela
De manhã, ao acordar,
Os meus olhos caem nela
E a sua beleza singela
Abre a minha janela
Põe brilho em meu olhar!
 ...
Jeracina Gonçalves
10/06/2014

domingo, junho 08, 2014

MEDITAÇÃO

O “Ser”, que de mim se solta,
nestes tempos conturbados
refugia-se nas flores dos prados
busca alma em seu odor
para levar de vencida
sem revoltas nem cansaços(!)
a íngreme e agreste subida
desta montanha despida
que cresce em seu redor.
Jeracina Gonçalves

11/05/2014