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domingo, dezembro 04, 2011

EU ACREDITO

Esta afirmação postou-se perante o meu coração e a minha mente e levou-me a olhar intensa e atentamente para dentro de mim, numa introspeção refletida, e a colocá-la à ponderação deles (do meu coração e da minha razão). E senti que a resposta me foi dada, inequivocamente, quando, sentada em frente ao teclado do meu computador, foi crescendo em mim, em letras grandes e brilhantes, a afirmação: «EU ACREDITO!». 
Eu acredito, antes de tudo, em Deus. 
Acredito em Deus como Força Universal e Omnipotente - o Deus que a minha religião venera, com as Suas Três Pessoas Distintas - Pai, Filho e Espírito Santo - unificadas numa só “DEUS”. Que, em meu entender, é também Jeová, Alá… sei lá! DEUS! 
Apenas DEUS. Venerado pelos diferentes Povos que habitam a Terra com nomes diversos, conforme as religiões que professam, mas, em meu entender, a mesma Força Divina, a mesma Força de Amor, de Luz Criadora, que superintende esta obra sublime que é o Universo. 
Por isso me doem e considero tão hediondos, perversos e malignos os crimes que se praticam e se praticaram em nome de Deus, e as guerras que hoje se travam e foram travadas ao longo dos séculos em Seu nome. 
Acredito na Força da Natureza (uma manifestação desse mesmo Deus em que creio), que me emociona e me deslumbra com a multiplicidade de seres, sons, cores, sabores e odores que a habitam, com a sua beleza, a sua subtileza, a sua humildade, a sua harmonia, o seu mistério: 
A sementinha que, atirada à terra, germina, procura a luz, cresce, floresce, frutifica e, de novo semente, recomeça o ciclo de ser planta, flor, fruto, semente…; a ave e a diversidade e harmonia do seu canto, do seu colorido, do seu jeito e forma; a beleza fugaz da borboleta colorida pousando de flor em flor; a abelhinha e a harmonia da sua organização social, vivendo em comunidade no interior da colmeia, cada qual a desempenhar a sua função para que a colmeia funcione e produza a cera e o saboroso e medicinal mel que nos oferece; o riacho e o seu ziguezaguear pela montanha, contornando os obstáculos que se lhe oferecem e, sem se deixar intimidar, continua permanentemente a sua caminhada; o rio que se espraia na planície; a cascata a saltar do alto do rochedo; o esplendor do oceano – arca da Humanidade - sob os raios refulgente dessa luz criadora e vital, que nos aquece e ilumina e nos encanta com a sua beleza ao elevar-se no horizonte todas as manhãs e, aquando da sua despedida,  espraiando lentamente os seus cabelos dourados sobre a superfície do mar, ou jogando ao esconde-esconde por detrás da montanha ao fim do dia; mas essa sua força que me encanta, também me atemoriza, quando grita a sua raiva destruidora e aniquila quanto se encontra na área abrangida pela fúria que a domina, manifestando assim a sua «revolta» pelo tratamento que, nós, seus seres “inteligentes”, lhe dispensamos.
Acredito na Verdade, no Amor, na Justiça, na Lealdade, no Respeito pelo outro, seja qual for a religião, a raça, a cor, a organização política, ou o lugar que ocupa na Sociedade ou no Mundo, como valores essenciais a uma vivência de Paz, seja na família, no emprego, na sociedade, assim como entre os países e nações.
Acredito no respeito mútuo, como motor de valorização, crescimento, paz coletiva e enriquecimento social.
Acredito na força do trabalho, como caminho para o crescimento e bem-estar individuais, coletivos, económicos e sociais.
Acredito na força do Ser Humano e na sua capacidade de criar, de transformar, de edificar, de alterar, de ultrapassar e de vencer; acredito na sua capacidade de regeneração, de receber e dar Amor, apesar dos inúmeros exemplos de violência que todos os dias nos entram pelas portas e janelas, através da televisão, da rádio, da imprensa escrita, do «boca a boca»; acredito na sua capacidade para ir além dos seus limites e ultrapassar as situações mais adversas, transformando a adversidade em coragem e força interior; acredito na sua capacidade para gerir a adversidade, transformando-a em força vencedora e geradora de progresso. Acredito que não há situações inultrapassáveis, e que por mais desesperada que seja uma situação, sempre conseguiremos sair dela, se não deixarmos esmorecer a luz da esperança e, sem desespero, mas com vontade e determinação, procurarmos o caminho da vitória.
Eu acredito no meu País. Eu acredito (Eu quero acreditar!) na capacidade dos Governantes do meu País, para entenderem que numa sociedade civilizada, numa sociedade que se quer de paz, o pão para a boca é um elemento básico.
Acredito que tenham a CAPACIDADE, a HOMBRIDADE, a FORÇA INTERIOR - princípios indispensáveis a quaisquer Governantes - e pensem no Povo que governam (não só no povo que os elegeu, nem nos seus «governos» pessoais, como nos sobram exemplos), e usem de JUSTIÇA e EQUIDADE na distribuição dos sacrifícios que dizem ser necessários à solução dos problemas que nos afligem, e que entendam que, com fome, a dignidade é difícil de manter e será difícil estabelecer limites à turbulência e ao crime. 


EU ACREDITO EM PORTUGAL!
EU ACREDITO NOS PORTUGUESES!                           
«in» Barcellano /Dezembro 2012
Jeracina Gonçalves

segunda-feira, novembro 14, 2011

A INFIDELIDADE

Um jovem advogado senta-se à minha frente do outro lado da mesa, com a sua companheira, e a conversa começa a desenvolver-se sobre banalidades, até que surge o tema “infidelidade”
“A infidelidade feminina é muito mais grave que a masculina” – diz.
Fito-o, incrédula! E assusto-me com o que oiço. Um homem civilizado, jovem, a falar-me nestes termos sobre infidelidade?!
Em que século estamos?
Em que país vivemos?
Nos tempos de hoje, princípios do século XXI, em Portugal, país da Europa, como é possível um jovem advogado ter o mesmo pensamento machista de seu pai ou de seu avô?
Não posso acreditar.
“O homem tem relações com uma mulher, sai dali e, pouco depois, já nem se lembra do nome dela.
A mulher não. Antes de ter relações já o homem lhe anda na cabeça há muito tempo” – continua.
Não, não é possível! Os homens têm de evoluir. Essa forma de agir e de estar pertence a um passado que agora não tem lugar.
Não deve, nem pode ter lugar na relação homem/mulher. É uma questão de respeito.
O respeito que deve existir entre duas pessoas que se amam e se confiam.
E tal forma de pensar, na cabeça de um advogado, é ainda muito mais negativa e assustadora.
Pois, a meu ver, tem responsabilidades acrescidas, na medida em que vai ter influência nas sentenças - defesa ou acusação - e na forma como se criminalizem as ações relativas ao relacionamento homem/mulher.
Se um homem insulta, bate ou mata por ciúme é menos criminoso que uma mulher que faça o mesmo, pelo mesmo motivo?!
Os homens têm de entender (e as mulheres também) que a infidelidade é uma falta grave para com o outro, a não ser que nem um, nem o outro se importem com as atitudes e comportamentos relacionais do parceiro nesse campo. E tenham a tal,  agora, chamada relação aberta, não querendo saber quem dorme com quem. De contrário é um crime. Seja a masculina, seja a feminina.
É um crime praticado contra o outro, pela dor, pelo sofrimento que lhe inflige.
Em alguns casos é quase um homicídio: assassina um pedaço da alma do que é traído.
É uma falta de dignidade própria e uma falta de respeito por si e pelo outro, que em si confia.
O homem e a mulher não são animais irracionais. Não podem dar satisfação a todos os seus impulsos do instinto. São dotados de vontade e de inteligência para poderem resistir aos impulsos impostos pelo instinto.
Como não pode matar, também não pode trair a pessoa à qual jurou fidelidade.
Se o sentimento acabou, se há outra pessoa que cala mais fundo e começa a ocupar o lugar que antes pertencia ao parceiro, com dignidade, com lealdade, com verdade, fala-se, expõe-se a situação e toma-se a decisão digna entre pessoas que se respeitam.
A infidelidade é igualmente ignóbil, quer seja a masculina, quer seja a feminina.
Jeracina Gonçalves

quarta-feira, agosto 17, 2011

NOITE SEM ESTRELAS

Há dias, que a noite invade.
Sem portas e sem janelas
Que ousem travar seu passo
Aprisiona a luz do dia
Leva o sonho, a melodia
Que aquecia o coração
Enquanto que no  jardim
A essência do jasmim
Some-se na escuridão.



Metida num canto da sala
Fecho portas e janelas
E pesquiso no meu coração
O caminho prá redenção
Que  anime o meu coração
Com o sol do amanhecer!

Jeracina Gonçalves

sexta-feira, junho 17, 2011

DAS PEDRAS NASCEM FLORES

A encosta está ali
íngreme, escabrosa
bem na minha frente
num desafio persistente 
que preciso d’enfrentar.
Por ela resvalam calhaus
não os posso ignorar
fazem-me tropeçar.

De olhos postos no azul
o meu coração no olhar
sem me desviar do caminho
sem desviar o olhar
começo, com firmeza,
pela encosta a trepar.

Em cada pedra suporte
para melhor avançar.

Nos bolsos levo flores
que começo a dispersar:

aqui deixo uma semente
deixo além uma flor…

De olhos postos no azul
o meu coração no olhar
continuo, com firmeza
pela encosta a trepar:

Em cada pedra suporte
para melhor avançar

De olhos postos no azul
o meu coração no olhar
aqui deixo uma semente,
deixo além uma flor…

Flores de todas as cores
a brotar pela encosta 
fazem da encosta jardim
de belas e perfumadas flores. 

Jeracina Gonçalves

domingo, junho 05, 2011

LÍDER, PRECISA-SE!

 É domingo. Um vento morno quebra a canícula do tempo, amenizando-o, mas levanta todo o pó do terreiro para lá da sebe do apartotel e veste a varanda do apartamento onde me encontro sentada, com um denso manto de cor ocre, que me obriga a levantar e a regressar à sala onde dorme tranquilamente a minha neta bebé, na sua caminha, e o meu marido, refastelado no sofá, lê o jornal.
Tenho estado a ler o “Adeus às Armas” de Ernest Hemingway e cheguei àquela parte em que desertou e se encontra com Catherine junto ao lago Stresa, a pensar no modo de o atravessarem, para se refugiarem na Suiça. E dou comigo parada, olhar na distância…a pensar em como são difíceis os tempos de guerra. Tempos de muita dor, de muita destruição, de muitas injustiças.
Os tempos de guerra são tempos de muito sofrimento físico e psíquico e de muita degradação moral. E muitas das guerras que acontecem um pouco por todo o lado – quase todas –, acontecem por ganância e ânsia de poder dos governantes.
Nós, aqueles que nunca vivemos uma guerra, somos uns privilegiados. Não imaginamos o bem que nos calhou em sorte; as humilhações e dores a que fomos poupados. 
Por muitas queixas que muitos possam ter de Salazar, temos o dever de lhe estar gratos por essa proeza de ter conseguido manter o nosso país longe do conflito. Como aliados de Inglaterra, a nossa entrada na guerra estaria implícita, mas ele conseguiu manter-nos fora e evitar sofrimentos maiores. Essa lhe devemos, nós, os nascidos nessa época e antes dela. E os que nasceram depois dela também. Se tivéssemos entrado na guerra, muitos nem teriam nascido.
Não sei de que meios se valeu, mas conseguiu-o. E Portugal ficou afastado desse inferno. 
Há quem diga que foi prejudicial, que foi mais um dos seus actos maus, pois terá sido uma das razões da nossa falta de progresso; mas não posso concordar. A nossa falta de progresso terá mais a ver com a nossa maneira de ser, indisciplinada e individualista; terá mais a ver com a nossa incapacidade de arregaçarmos as mangas, unirmos os nossos esforços e trabalharmos para o bem comum com alegria e vontade de vencer.
Precisamos de um líder que seja capaz de aglutinar todas as vontades, todas as ideologias e todas as energias, no sentido da resolução dos problemas que afectam o nosso país. 
Enquanto tal não acontecer, não será previsível que este País chegue a bom porto. Enquanto cada qual puxar para seu lado, a pensar apenas nos seus privilégios, na sua coutada, é impossível solucionar os problemas seja de um lar, seja de uma empresa, seja de um país.
Agosto de 2004
P.S. Este  texto foi escrito em 2004, mas parece-me bastante  actual.
Jeracina Gonçalves

sábado, maio 21, 2011

DE PÉS DESCALÇOS NO CHÃO

 De pés descalços, no chão,
Sob o aconchego das árvores
Em conversas com o vento,
Divaga o meu pensamento
Ao som da melodia 
Que se desenha no ar.

Nos meus olhos brilha a chama
Que meus olhos alumia e vive no meu coração
Na minha alma a saudade
No meu coração a alegria
Das memórias que me chegam
Nas asas da melodia.


De pés descalços, no chão,
Caminho sobre a ravina:
Busco aqui uma flor,
Além, uma joaninha
Leva cartas ao meu amor…
Resquícios de memórias minhas!

Jeracina Gonçalves

quarta-feira, maio 11, 2011

IMAGENS DE LUZ


Desenham-se imagens na doçura da luz
Esvaem-se por entre os dedos do tempo
Constroem imagens de outros tempos
Marcado na calçada da rua da esperança
Em passos passados sob a luz da infância.

Imagens na luz do dourado da vinha
Em cachos dourados, copioso licor;

Imagens na luz do verde dos campos
Reflexos dourados de pampilhos em flor;

Imagens na luz do borbotar das águas
Em abraços de beijos, cachos de amor.

Desenham-se imagens na doçura da luz
Constroem imagens de outros tempos
Marcado na calçada da rua da esperança
Em passos passados sob a luz da infância!

Jeracina Gonçalves

sábado, janeiro 15, 2011

ESTRADA DE TERRA BATIDA



A estrada, que me proponho pisar,
Íngreme, pela encosta,
É feita de terra batida;
Em cada curva um abismo
Perigo de derrocada…

A estrada, que me proponho pisar,
Não sei onde me vai levar.

Sou feita de luz e de sonho
Na minha alma cresce a esperança
Arde a chama em meu olhar…
Espero no fim da estrada
Encontrar o meu lugar.

A estrada, que me proponho pisar,
Íngreme, pela encosta,
É feita de terra batida
Em cada curva um abismo
Perigo de derrocada…

Espero no fim da estrada
Entre espaços floridos
Encontrar o meu lugar.
Jeracina Gonçalves
(MJRCG)