"EU E OS OUTROS, DAQUI E DALI", será um espaço de reflexão e de registo de imagens e pensamentos colhidos e construídos nas vivências do dia-a-dia, que poderão ser em prosa, em verso, ou imagem.
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terça-feira, outubro 26, 2021
domingo, outubro 24, 2021
Considero este texto deveras pertinente e muito bem escrito. E porque me identifico com tudo o que é dito, aqui o deixo:SOMOS AS PERGUNTAS QUE FAZEMOS |
A Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto assinalou, no passado sábado – como faz, aliás, anualmente –, o Dia Mundial da Alimentação. O dia serviu de pretexto para a receção aos novos estudantes, com a implementação de um exemplar programa de hospitalidade constituído por iniciativas de integração dos jovens na comunidade e de explicação do sentido dos percursos de formação e investigação que lhes são sugeridos. Nesse dia, nos diferentes órgãos de comunicação social, fomos confrontados com o chavão “somos o que comemos”. E fiquei a pensar: os chavões têm esta particularidade, são ideias batidas de tantas vezes que são repetidas, mas não é pelo facto de serem comummente aceites e vocalizadas que deixam de ser verdade. A alimentação identifica-nos, na realidade, a vários níveis. Em primeiro lugar, a alimentação determina a nossa saúde: a escassez de alimentos faz-nos fracos; a abundância de açúcares e gorduras torna-nos obesos; uma dieta completa, variada e equilibrada assegura-nos o bem-estar físico e emocional. Em segundo lugar, o que comemos está intimamente relacionado com escolhas de vida, muitas vezes religiosas (como o impedimento de ingestão de carne de porco por muçulmanos e judeus ou de carne de vaca por hindus), outras vezes morais (como é o caso do vegetarianismo e do veganismo). Por último, a alimentação traduz, frequentemente, a nossa condição social: comemos aquilo que podemos comprar. Mas não somos apenas aquilo que comemos: somos também as perguntas que fazemos. Encheu-me de esperança confirmar o que já há muito sabia: que, na Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação, os estudantes são estimulados a fazer perguntas. É destes jovens conscientes da sua capacidade transformadora que necessitamos: cidadãos especializados que sabem responder à questão “o que devemos comer”, mas que formulam também, eles próprios, questões subordinadas à perplexidade “como é possível que, no século XXI, tantas pessoas não tenham segurança alimentar?”. É verdade que somos o que comemos; mas somos também as perguntas que fazemos. De: Cultura <cultura@mkt.up.pt>publicado por Jeracina Gonçalves, Barcelos/Portugal |
sexta-feira, outubro 22, 2021
DO ALTO DA DUNA
Perde-se entre o azul e o azul
Em piruetas pelo ar.
Meu olhar voa com ela
E pica a água do mar!
Mais ao longe passa um barco
(Paquete diria eu)
Entre o azul e o azul
Muito lesto a navegar
Segue nele o amor meu
Meu coração, que é seu,
Segue no barco no mar!
Sentada no alto da duma
Deito os meus olhos no mar
E logo vem um peixinho
Para comigo falar
Dos males que encontra no mar
Das teias do seu caminho
Que lhe embargam o ar…
Vem depois uma gaivota
Para comigo falar
Sua voz intermitente
Num constante soluçar
Mostra-me as asas coladas
Ao seu tronco agarradas
Com piche deixado no mar…
Sentada no alto da duma
Deito os meus olhos no mar
E vejo uma onda negra
Para a praia a navegar
Desço à praia e vejo então
O lixo que mata o mar
Na orla serena do mar.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal/2020
segunda-feira, outubro 18, 2021
A olaria negra de Bisalhães
É TEMPO DE DESCANSAR
domingo, outubro 17, 2021
MURMÚRIOS À BEIRA MAR
À areia em silêncio a chorar
“È só um até já
Não demoro a voltar”
A areia se queda
Em silêncio
Espera a volta do mar.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, Julho/2020
domingo, outubro 10, 2021
O BAILADO DO VENTO
As folhas do plátano solfejam a canção do vento
Que amorosamente as vem beijar
E vem com elas dançar
Sob o manto azul diáfano que circunda todo o ar.
O coração do vento deixa-se emocionar:
Abraça mais forte as folhas em seus braços a rodar
Em ritmo crescente. Rodopiam nos braços do vento
Rodopiam…rodopiam… rodopiam…
Nos braços do vento cantam e dançam sem parar.
O meu coração estremece, ao baile se vai juntar.
Em teus braços, entre o azul a rodar, rodopia, rodopia…
Sobe ao palco celeste e por lá se deixa ficar.
sábado, outubro 02, 2021
Coreografias do riso em exposição na Casa-Museu
Exposição de desenhos da artista Bárbara Fonte vai estar patente ao público de 2 de outubro a 27 de novembro. Entrada gratuita.
A exposição apresenta desenhos a preto e branco, grande escala, a tinta da china, e ainda um trabalho em vídeo, onde se explora o papel do riso, em contexto público e privado. O convite foi dirigido a Bárbara Fonte há dois anos, altura em que começou a aprofundar a investigação sobre o desenho de Abel Salazar. De início, a artista julgou que iria estabelecer uma relação com os microrganismos que o médico e artista plástico desenhava com base nas observações que fazia ao microscópio. Aos poucos, contudo, foi sendo surpreendida por outras descobertas, novas perspetivas e, como consequência, desenvolveu outras aproximações. A diversidade de campos de interesse de Abel Salazar levou assim Bárbara Fonte por caminhos que não tinha sequer previsto, nomeadamente com a descoberta de um livro de caricaturas que o então estudante, de 15 ou 16 anos, havia feito dos professores. E esta é a altura em que os microrganismos ganham outra vertente, a da sátira. Numa conversa com Sílvia Simões, curadora do ciclo de exposições e professora da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), Bárbara Fonte identifica a “sátira, a ironia e a comédia” dos trabalhos expostos numa relação com o teatro e drama. Fazer uma caricatura, diz-nos Bárbara Fonte, implica “uma empatia e uma troça”. Há, efetivamente uma “aproximação” àquele que é representado e depois um “afastamento” que permite a criação da caricatura. Explorar desse lado ridículo “é uma coisa intimista”, ao qual não é alheio “um certo nível de maldade”. Algo que até se esconde porque “não é para mostrar”. Simultaneamente, aos “rostos de riso largo, ou riso exagerado” também se associa “uma postura de superioridade e segurança. Há um certo lado de autoridade de quem ri”, nota a artista. Bárbara Fonte explorou um conjunto de caricaturas feitas por Abel Salazar durante a sua juventude. (Foto: DR) O riso enquanto espaço de troça e de medoCom desenhos em grande escala, Coreografias do riso apresenta formas viscerais para descobrir. O riso surge, nas palavras de Bárbara Fonte, “enquanto espaço de troça e de medo, de idiotice e de agressão, de animalidade e honestidade, de verdade e de satisfação, de prazer”. Mote para esta exposição e inquietação que a artista vai continuar a explorar, o riso também marca presença nos seus sonhos. Será o “medo de ser alvo de riso”, atira Bárbara Fonte. “Mas ao mesmo tempo estou sempre a procurar esse riso”. (…) “Eu gosto de fazer com que o riso apareça. Gosto dos extremos”. A propósito desta exposição diz ainda que “o gracejo e a sátira são instrumentos de entendimento humano, onde a carne dá passagem aos estados psíquicos e o desenho acede à máscara.” Bárbara Fonte é licenciada em Pintura e Pós-graduada em Teoria e Prática do Desenho pela FBAUP. Tem desenvolvido trabalho criativo na área do desenho, da fotografia, do vídeo, da performance e da instalação. Participou com textos e ilustrações em revistas de livros e expõe regularmente, em parceria com outros autores ou individualmente, em diversas galerias e espaços culturais desde 2001. O desenho contemporâneo de Abel SalazarEsta é a quinta exposição do ciclo O desenho contemporâneo em diálogo com a obra de Abel Salazar. Sílvia Simões, curadora do ciclo, pretende com esta iniciativa colocar a obra artística do antigo investigador e professor da Universidade do Porto, Abel Salazar, numa relação dialógica com desenhos de artistas contemporâneos, salientando a relevância dos desenhos na atualidade. A conversa entre a curadora e Bárbara Fonte pode ser ouvida na íntegra aqui. Com entrada gratuita, Coreografias do riso ficará patente na Casa-Museu Abel Salazar até 27 de novembro. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00. Aos sábados, abre portas das 14h30 às 17h30. Encerra aos domingos e feriados. Newsletter da Casa Comum - Universidade do Porto Newsletter n.º 66 | 1 de outubro 2021 Fonte: Notícias U.Porto Publicado por: Jeracina Gonçalves Barcelos/Portugal, 02/outubro/2021 |