Pesquisar neste blogue

quarta-feira, maio 14, 2014

O BARQUINHO SOLITÁRIO


O barquinho solitário
entre as ondas alterosas
deste mar encapelado
debate-se, desesperadamente,
entre o caos em sua volta;

O barquinho, já cansado,
entre o caos em sua volta
perde o rumo, perde o norte
perde-se na neblina
que desce sobre o horizonte;

O barquinho, já cansado
Entregue à sua sorte
perde o rumo... perde o norte...
busca rumo… busca norte…
busca no Céu sua estrela
seu caminho, orientação.

Jeracina Gonçalves
27/04/2014

sexta-feira, maio 09, 2014

O CANTO DO MAR


A minha alma está triste. Está magoada...
Fechada à permanência do rio da esperança
Chora entre a névoa, que em volta cresce,
E envolve a chama qu'a minha alma aquece

Pesadelos ameaçam vencer a minha alma
Deixam a minha alma triste, apertada...
A minha alma está cansada. E, assustada,
Espalha sombras negras na fita da estrada.


Minha alma dorida, minha alma cansada,
Busca força no mar - na sua cor e em seu canto.
O nó qu'a minha alma atava desfaz-se em pranto
Nas ondas do mar, em sua cor e em seu canto.

Minha alma, lavada, veste o verde dos campos
Que cresce e se renova na luz que os veste.
Agora lavada, vestida de esperança,
A minha alma confia no azul do amanhã.
Jeracina Gonçalves
09/05/2014

domingo, maio 04, 2014

MÃE


Seu corpo se abriu e ninho se fez
A semente do amor  em si fecundou
Em si se formou, e em si cresceu
Um Ser pequenino, que em si logo amou
Logo cuidou... e abençoou.
Num grito medonho de corpo sofrido
Em ritos de dor seu corpo se abriu.
Seu Filho pariu. Sua alma sorriu.

Num abraço de amor profundo
O seu Filho embalou 
Com leite e amor o amamentou
Caminhou a seu lado
Lambeu suas feridas…

Seu Filho cresceu:
Sofreu suas dores
Lambeu suas feridas...
Por dentro sangrou
Mas não desistiu
Seu corpo mirrou
Mas não desistiu!
Num abraço de amor profundo
O seu Filho embalou
Com leite e amor o amamentou.

Eterno baú de amor sem limites
O Amor permanece, incondicional,
Jovem e forte, na alma de Mãe.
A alma de Mãe é Amor permanece
Jovem e forte. Não envelhece.

Mãe fica triste.
Mãe, não desiste!
 Jeracina Gonçalves
04/05/2014
Flor de Carqueja - Serra do Marão/2012   

sábado, maio 03, 2014

“Um Mundo, um Coração”

Esta expressão foi-me dada, há uns anos, como tema a desenvolver para a Revista Barcellano, do Lions Clube de Barcelos, e desenvolvi-a em determinado sentido. Hoje, em peregrinação pelas pastas do meu computador, encontrei-a. Reli-a e apeteceu-me dar-lhe uma refrescadela, que, a estes anos de distância, parece-me dar-lhe um sentido mais consentâneo.

São tantos os mundos dentro deste nosso Mundo, quantos os corações dos seres humanos que o habitam. 
Cada ser humano é um mundo de desejos, fantasias, sentimentos, emoções, verdades..., que choca, a cada momento, com os desejos, fantasias, emoções, sentimentos e verdades do outro, ali ao lado; e, quantas vezes, com as suas próprias verdades, fantasias e emoções, conforme o interesse e o estado de espírito do momento.  
Se todos esses mundos, se todos esses corações batessem em sintonia e se aglutinassem num só, “Um Mundo, um Coração” ou no “Mundo/Coração”, imbuído de um sentimento de união e bem-estar geral, que a todos incluísse no mesmo abraço fraterno, seria maravilhoso. Mas, infelizmente, é apenas e só, uma expressão bonita; uma expressão poética que está a muitos e muitos “Anos Luz” da realidade do mundo que habitamos. E cada vez me parece menos aplicável neste nosso planeta, onde domina o egocentrismo, “o salve-se quem puder", a força do poder e do dinheiro sem olhar aos destroços que deixa atrás de si.
Apesar da globalização, que tudo aproxima, ou talvez por ela (não sei), que nos torna insensíveis pelo hábito  de vermos as desgraças, existem ao lado da nossa realidade, do nosso pequeno mundo e para lá dele, muitas outras realidades, muitos outros pequenos mundos, que desconhecemos e nem imaginamos possível existirem, nem queremos conhecer. E o jogo de interesses entre estes nossos mundos individuais e coletivos, entre estas diferentes realidades é desmesurado e desencadeia uma guerra sempre e sempre mais sangrenta: destrói-se, aniquila-se tudo e todo aquele que nos faça frente, que se oponha ao nosso interesse, à nossa verdade, ao nosso poder. 
Seja qual for a direção em que olhemos, quer olhemos com os olhos da razão, quer olhemos com os olhos do coração, vemos um planeta ameaçado por toda a espécie de calamidades, prestes a desintegrar-se irremediavelmente: é a poluição, é a violência de toda a espécie, é a doença, é  a corrupção,  é a fome... e são as iniquidades de todo o tipo que se praticam sobre os mais frágeis deste nosso mundo, especialmente sobre as mulheres, os pobres, os velhos, as crianças, que deviam ser preservadas, cuidadas, amadas - ainda que não houvesse outra razão, só pelo facto de serem o “mundo de amanhã”-,  pois tudo o que hoje receberem (de bom e de mau) irá ajudar a formar o seu carácter; irá ajudar a “construir” os homens e as mulheres do futuro, ou seja, o mundo que virá. 
São enormes os fossos sociais, éticos e económicos, que separam as pessoas, os países e os continentes neste nosso mundo: morrem uns de fome, de sede, de frio, soterrados nos escombros das próprias casas, enquanto outros esbanjam milhões em festas, carros, iates…, e toda a espécie de luxos escandalosos; fabricam-se bombas para matar, em vez de se cultivar pão para distribuir; constroem-se armas para dominar, gastando-se milhões e milhões de euros, quando muitos milhões de seres humanos vivem miseravelmente, sem os mais básicos direitos, sem as mais básicas condições inerentes à condição de Humano.
É um mundo muito injusto, este, em que vivemos! É um mundo cada vez mais dividido, no qual, os mais fortes humilham permanentemente os mais fracos, gerando ódios e revoltas: violência atrás de violência. 
Os corações que habitam este nosso mundo batem cada vez mais dessincronizados, cada vez mais fechados em si. 
Fazer com que todos batam em uníssono, aniquilar a loucura do poder e harmonizar todos estes interesses submetendo-os ao interesse da Humanidade é tarefa gigantesca; tarefa para deuses poderosos. E parece-me que Deus tem todas as razões para estar completamente desiludido com o Ser Humano. 
 Jeracina Gonçalves

quinta-feira, maio 01, 2014

GERIR O PESO DA SOLIDÃO


“Brincar com o gato, passear o cão, dar de comer aos peixinhos, são formas de lutar contra o cansaço provocado pela solidão” Afirmação que li ou ouvi em qualquer lado, que de momento não sei precisar, mas com o qual estou, evidentemente, de acordo, e tomo a liberdade de complementá-lo com: ouvir música, ler, escrever, pintar, costurar, bordar, fazer crochet, fazer jardinagem, ou qualquer outra atividade de que gostemos e nos envolva física e mentalmente. Cada pessoa deve gerir o seu tempo e aderir a qualquer delas, ou a várias - se tiver tempo para isso - conforme o seu gosto e personalidade, para que se mantenha ativa e ocupada e, por conseguinte, viva melhor, sinta menos o peso da solidão e da idade, e seja mais saudável e mais feliz.
Qualquer atividade de que gostemos, e que nos abranja física, mental e emocionalmente, envolve-nos de tal forma que as horas parecem minutos, os dias parecem horas, e os anos têm asas e voam com  rapidez. E, quando nos apercebemos, já passamos ao ano seguinte, sem sentirmos que nos sobrou tempo para nos sentirmos sozinhos; mas, pelo contrário, até nos faltou algum para fazermos tudo o que gostaríamos.
Qualquer atividade que ocupe a mente é importante para ajudar a viver com mais qualidade. 
Todavia a ideal será aquela ou aquelas que envolvam a mente e o físico. Ou, então, umas mais direcionadas à mente e outras mais direcionadas ao físico. O que importa é que tanto um, quanto o outro sejam exercitados e possamos manter o nosso ser global o  mais integro possível, durante  o maior espaço de tempo.
Cabe a cada um a decisão de refletir sobre as suas prioridades de vida e os seus gostos e de se organizar no tempo e na vida - enquanto tiver capacidade para tal -, pondo de lado o que não é importante para si, e assumindo o que melhor o faça sentir, de forma a ter uma vida mais rica e envolvente, com mais saúde e por mais tempo.
A capacidade de se organizar no tempo e de saber gerir prioridades gera saúde e bem-estar físico e mental.
Fazer a gestão do tempo é importantíssimo e é sinónimo de sucesso.
Uma mente saudável contribui de forma inequívoca para um corpo são e é fundamental na recuperação após doença, e na manutenção de uma boa qualidade de vida na velhice.
Jeracina Gonçalves
28/04/2014
O sol envolve a Natureza num carinhoso abraço.
O nascer do sol da janela do meu quarto.
O Sol envolve a Natureza num carinhoso e  muito doce  abraço.