Pesquisar neste blogue

terça-feira, maio 31, 2022

 INVISÍVEIS AO OLHAR

Andam por aí, em volta de nós, energias diversas, “coisas” invisíveis ao nosso olhar desarmado, mas que influenciam as nossas vidas nos nossos humores, no nosso modo de estar com e de sentir o outro, na nossa saúde, nos nossos relacionamentos…

E não precisamos de procurá-las em além fronteiras desta nossa dimensão humana (também as poderemos encontrar por aí, mas de outra espécie). Estas são naturais. São deste nosso espaço terreno e, muitas, fazem parte de nós e são-nos essenciais; outras, porém, causam grandes transtornos na nossa saúde e na nossa existência quotidiana.

Refiro-me às bactérias, aos vírus e aos fungos, que circulam por aí, em nós e em volta de nós, mas os nossos olhos desarmados não conseguem descortiná-los, e são causadores de grande parte das doenças que afetam a humanidade. E temos o exemplo bem recente do COVID19, que continua connosco e a impor regras ao nosso quotidiano. Essa “coisa” minúscula, que nem vida tem, mas que tem a força demoníaca de se apropriar do ser humano, impor-lhe as suas regras e usá-lo como meio de transporte para percorrer o mundo, arrasar as economias, impedir-nos o convívio aprisionando-nos como pássaros na gaiola, mudar a forma de nos relacionarmos e de trabalharmos e disseminar fome, solidão e morte por todo o mundo. E, quando julgávamos ter o controlo sobre ele, escapa-se por entre a malha larga das suas mutações, informando-nos que está connosco e connosco quer ficar. Graças à sua força demoníaca de renovação vai adquirindo características novas a cada mutação e fura todas as barreiras que julgávamos ter colocando entre nós e ele. Surge novo, com caraterísticas novas, a cada momento, esplendoroso e cheio força, continuando a arrastar consigo para a morte seres humanos que, pela idade ou por outras razões de saúde, são mais débeis. E são já alguns milhões os que pereceram sob a sua vontade demoníaca.

Jeracina Gonçalves

Barcelos/Portugal, 26/05/2022

domingo, maio 29, 2022


Sombras...
Sombras ensombram o meu olhar.
Tanta destruição, tanta dor
Tanto ódio, tanta guerra
Armas que vomitam morte
Tanto sangue corre pelo chão,
Morto, antes de ter vivido.

Sombras...
Sombras ensombram o meu olhar.
Tantos destroços, tanta dor
Tantos corpos massacrados
Tanto solo esventrado
Tanto sangue derramado!...
Senhor, deixa-me acreditar
Que o mal será destroçado.

Sombras...
Sombras ensombram o meu olhar.

                                            Jeracina Gonçalves
                                            Barcelos/Portugal, 29/05/2022



segunda-feira, maio 23, 2022

MEU DEUS, MUITO OBRIGADA!

Todos os dias, de manhã, ao acordar
salto da cama, corro a persiana do meu quarto
abro a janela de par em par
e grito a Deus, à vida, ao mundo:
-Bom Dia! Meu Deus, muito obrigada!

Cada dia é mais um dia que tenho para viver
com firmeza e com vontade, e exprimir a gratidão,
do fundo do meu coração, por cada novo dia a nascer.

Cada dia é mais um dia que tenho para agradecer
a alegria de ser vida e com alegria viver
a paz, a serenidade, que cerca o meu viver
no inquieto viver deste mundo em convulsão
com tanta gente a sofrer a fome, a sede,
as guerras do caos, da morte, da destruição,
as intempéries do tempo… a solidão…

Cada dia é mais um dia que tenho para agradecer
o meu lugar na vida deste mundo global
onde todos somo insertos e temos um papel
na felicidade geral
de forma coletiva e também individual.


                                                                                Jeracina Gonçalves
                                                                                Barcelos/Portugal, 11/05/2022

domingo, maio 22, 2022

 OS NOSSOS TEMPOS

Após a infeção pelo Covid19, que aprisionou o mundo durante dois anos empurrando a economia, a educação, a saúde mental e todos os suportes naturais de uma vida saudável e feliz para baixo. Quando chegaram as vacinas chegou-nos a esperança de nos libertarmos finalmente desse pesadelo. Todavia, verificou-se, que devido às várias mutações do vírus, as vacinas apenas atenuavam a doença, evitando muitas mortes, mas não davam imunidade por muito tempo. Todavia, após a administração de três doses, não estava perfeito, mas já era muito bom: as mortes reduziram bastante e a doença grave também. Os casos começaram a diminuir, e o mundo começa a abrir-se, a economia a movimentar-se, a vida a animar-se. Dá-se, então, a invasão de um país europeu soberano, pelo seu colossal vizinho, governado por um louco saudosista, que, lá no íntimo, sonha repor o passado imperial, e deixa esta velha Europa e o mundo em sobressalto, pelo perigo que uma guerra a este nível, representa nos tempos atuais. E a maioria dos países do mundo são solidários com o país invadido. A velha Europa, unida, solidária, impõe sanções ao país invasor e procura ajudar, por todos os meios que não impliquem a entrada física de homens na guerra, o esforço da guerra. Para cúmulo, a pandemia, que se julgava controlada após a aplicação de três doses da vacina, retoma a sua força contaminadora e, rapidamente, se replicam os contágios. Ora, todos estes ingredientes (a infeção pelo Covid, a guerra, a nova onda do Covid) e agora também a meningite dos macacos, a nova hepatite das crianças, formam uma mistura explosiva para a economia e bem-estar mundiais. E a estes ingredientes perversos juntam-se as alterações climáticas, que à morte acrescentam mais morte, à fome mais fome, à destruição mais destruição. 

O nosso país, felizmente, tem paz, não tem sido muito maltratado por fenómenos climáticos extremos e, todos sabemos, que é nosso dever sermos solidários com os que sofrem a guerra, a fome, a miséria, o terror de não saberem se, enquanto dormem, não surgirá um míssil que destrua tudo o que construíram durante uma vida, a própria vida, as dos filhos e as dos netos e amigos. As sanções impostas ao país invasor recaem também sobre nós e todos sentimos a carestia dos produtos básicos; mas não é com greves que poderemos fazer face a esse fenómeno. As greves paralisam a economia e causam prejuízos aos que têm menos capacidade para os suportarem. Só o trabalho, a disciplina, a união entre todos poderá evitar o descalabro de cavar cada vez fossos mais profundos entre ricos e esfomeados. 

Já eram suficientes para aprofundar os desequilíbrios mundiais todas as perversões de uma natureza zangada pelo tratamento que lhe é dado ao longo dos anos,  e deviam unir todo o ser humano na firme determinação do seu combate vencedor, dedicando toda a sua inteligência e criatividade no sentido de corrigir os erros praticados anos e anos, contra a sua casa global; mas apareceu um louco ou um bando de loucos, imbuídos de um sentimento megalómano e imperialista que, seguros da fragilidade da economia mundial deixada por dois anos de pandemia, decidiram aproveitar o momento para invadir o seu vizinho com direito à sua soberania e à escolha dos seus amigos e do seu regime político, destruindo as suas escolas, os seus infantários, as suas creches, os seus bairros habitacionais, os seus hospitais, as suas igrejas, as suas gentes e as suas infraestruturas, com os seus mísseis e armas de destruição. E o mundo não pode ficar indiferente; e a Europa não pode ficar indiferente à guerra no seu espaço geográfico, quer pelo país invadido que integra o seu espaço, quer por todos os países que a constituem. Unamo-nos nesse esforço comum de construção e amor contra a destruição e o terror da guerra, da fome, da poluição e morte do nosso planeta e da espécie humana. Digamos sim à solidariedade, à união, à disciplina individual e coletiva e ao trabalho para o bem e crescimento de todos.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 22/05/2022

sábado, maio 21, 2022

Que te digo?

Não sei que te dizer.

não sei se é noite se é dia

se vou ganhar se perder

sei que é tempo de Ser.

É tempo de dar as mãos

e num enorme cordão

de Paz Amor e Perdão

fazer renascer as flores

onde há destruição.                           

                                                            JG
                                                             Barcelos/ Portugal/21/05/2022



domingo, maio 15, 2022

POR QUÊ A GUERRA

- Mãe! Mãe! Por quê a guerra?
Por quê a guerra, Mãe?!
- Meu querido, não sei que dizer-te;
É pergunta que me faço,
À qual não sei responder-me.

A guerra não faz sentido
Não tem razão de ser.
É fome, é doença, é miséria
É sangue a regar a terra
É sofrimento
É vida em destroços… 
É horror!
É a noite que se fecha sobre a vida
Sobre a vida espalha sofrimento e terror.

- Mãe! Mãe! Por quê a guerra?
Por quê a guerra, Mãe?!
- Meu querido, não sei que dizer-te
É pergunta que me faço
À qual não sei responder-me.

A guerra não faz sentido.
Não tem razão de ser.
É a ambição pervertida
Em busca dum falso poder.
É fome, doença, miséria,
Muita dor, destruição…
A guerra é perversão.
É a depravada ambição
De homens sem coração.

- Meu querido,
A guerra… não faz sentido!

A vida  é uma dádiva de Amor.
Há que  conservá-la, respeitá-la
Amá-la e fazê-la crescer.
E todos darmos as mãos
Para todos poderem viver
Com Respeito, Amor, Saúde e Pão.
Guerra, Não!

                                                        Jeracina Gonçalves
                                                        Barcelos/Portugal, 15/05/2022

domingo, maio 01, 2022

ANJOS

Andam por aí sem barulho, silenciosos, sem se fazerem notados. Atentos, caminham connosco, amparam-nos nas quedas e ajudam-nos a seguir a nossa caminhada pela vida. Encontrei-os ao longo da minha vida em várias ocasiões. E deram-me a sua força, a sua proteção, a sua coragem, o exemplo da sua bondade, da sua dedicação aos outros, do seu amor à humanidade. 
Era ainda uma menina quando travei conhecimento com eles. Uma menina de dez anos. Deixava pela primeira vez a minha bonita aldeia serrana na serra do Marão e partia para a bela cidade minhota - a Princesa do Lima - para casa de um tio para estudar. Tímida, saudosa dos meus pais, dos meus irmãos e do meu pequeno mundo (o torrão onde nasci), chorava todos os dias e clamava pela pequena aldeia onde tinham ficado os meus afetos: o grande tesouro que guardava ciosamente no meu coração. E foi então que travei conhecimento com o primeiro anjo bom da minha vida (fora do meu reduto habitual), na forma de uma velhinha - a mãe da minha tia -, que me acarinhou com bondade e Amor, e me mimou durante o pouco tempo que lá passei: agora era uma laranja que descascava e ia levar-me, depois era uma bolacha, um copo de leite, um rebuçado…
Tinha sempre um miminho para me acarinhar, para me fazer sentir querida. Mas a menina que eu era, não superou as saudades dos seus afetos. O meu pai teve de ir buscar-me e levou-me para estudar em Vila Real. Porém, aquela velhinha, aquele primeiro anjo bom que entrou na minha vida, nunca mais se apagou do meu coração. E, neste preciso momento em que escrevo, sinto ainda seu perfume benfazejo em meu redor. Ao longo da caminhada fui encontrando outros. Guardo-os a todos no meu coração.
Mas também encontrei anjos negros e perversos, que fizeram sangrar o meu coração e correr pelas minhas faces rios de fel. A esses limpei-os da minha memória, arranquei-os do meu coração e da minha vida. Não guardo nenhum. Nunca permiti que nele marcassem lugar e o corroessem com a sua malignidade.
Andam por aí, anjos da luz e anjos das trevas. Uns e outros vão cruzando, ao longo da caminhada, as linhas das nossas vidas.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal