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terça-feira, dezembro 29, 2020

ADEUS, ANO VELHO!

Ano de 2020,
Este teu número redondo era simpático e parecia
Feito de fibra macia.
Chegaste.
Foste festejado com brilhos champanhe foguetes alegria 
Entre risos e abraços acarinhado.
Por um ar epidémico invadido
Em breve serias um ano de pandemia.
Levaste dor sofrimento e morte a todos os pontos da Terra,
E deles erradicaste alegria 
À fome mais fome darias, a pobreza alargarias
E toda a humanidade refém dessa calamidade,
Em breve confinarias.

Parte ano velho, ano de 2020, ano de confinamento
E de muito sofrimento imposto à humanidade.
Parte! Parte silencioso, sem despedidas nem alardes,
No silêncio da noite escura como partem os cobardes.
Deixa na humanidade a esperança
Na criança, a chegar, envolvida em panos turvos.
Deixa na humanidade a esperança
Que essa jovem criança
Possa em breve transmutar esta pesada herança
Numa primavera renovadora da vida que te possa redimir.
Não reste de ti na humanidade sofrida
Mais que uma breve lembrança; um ar mau que passou.
E possa retomar sua vida com saúde alegria e esperança!

 FELIZ ANO DE 2021!

Muita Saúde, Alegria e Esperança.


Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 29/12/2020

segunda-feira, dezembro 28, 2020

FELIZ ANO 2021


Ano Velho, que agora partes 
E tanto mal derramaste sobre a humanidade sofrida
Leva contigo esta dor sobre a humanidade vertida.
Possa esta viver sua vida em plena liberdade.
Na vida floresçam as rosas. Seus perfumes, suas cores
Sejam refrigério prá dor dos corações sofredores. 

Parte, Ano Velho!
Leva contigo esta dor sobre a humanidade vertida. 
Que o Novo, na sua sacola, traga a esperança em realidade convertida
De podermos viver a vida, em plena liberdade.
Possa, em breve, ser esquecido o peso por ti lançado 
E sejas apenas lembrado
Como um mau e pérfido ar que varreu a humanidade. 
Por ela foi derrotado, num cordão de mão em mão,
De solidariedade, trabalho e união.
E fique indelével o chavão: “A união faz a força!”

A vacina está aí. Que possa chegar gratuita e atempadamente a todos os povos da Terra, que não disponham de meios para comprá-la. Que seja disponível para toda a Humanidade, sem exceção.


Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 28/12/2020

quinta-feira, dezembro 24, 2020

FELIZ NATAL!


Que a paz, a saúde, a alegria, o amor, a concórdia, a solidariedade fluam pelos caminhos da Terra  e nos corações dos homens como um rio de caudal  permanente, fazendo paz onde se faz guerra, saúde onde a doença acontece, alegria onde vive a tristeza, amor onde o ódio faz cama, concórdia onde  vive a discórdia, solidariedade onde o egoísmo domina. 
Que o Espírito do Natal tome os caminhos da Terra.

FELIZ  NATAL! 

 

segunda-feira, dezembro 21, 2020

 “O que vires com os olhos da alma será eterno em teu coração”


Li esta frase algures, não sei quando nem onde, mas é uma frase feliz. Registei-a porque sinto-a como verdadeira e de grande afinidade comigo. Traduz uma realidade que sinto em mim e define bem o meu sentir, a minha forma de olhar e ver, particularmente no que se relaciona com a natureza, especialmente no referente à paisagem. E tenho algumas experiências ilustradoras dessa realidade.

Neste momento ocorre-me particularmente uma, por volta dos meus quinze anos, que se mantém viva como se tivesse acontecido hoje:

Numa tarde de outono, regressava de uns terrenos dos meus pais num lugar chamado “Aveleira”, que fica a uns vinte ou trinta minutos para lá da aldeia. A dada altura, num local sobranceiro da encosta, voltei-me para trás e, nesse momento, fui atingida por uma seta direta ao meu coração. A imagem com que deparei gravou-se indelevelmente na minha alma: uma enorme aguarela policromada, com uma harmonia e combinação de cores inesquecível, olhava para mim. Fiquei irremediável e indefinidamente rendida ao seu encanto. Continha o avermelhado da ramagem das cerejeiras, sabiamente misturado com o amarelo-matizado dos castanheiros, o verde-escuro dos pinheiros, o verde-cinza das oliveiras, a policromada ramagem das videiras, o verde tenro dos campos... E toda esta mistura de cores distribuída por entre as pregas e contra pregas da orografia que caracteriza a minha região criava uma imagem que, para mim, ficou inesquecível.

Hoje a minha terra já não é assim. Um incêndio, bastantes anos mais tarde, devorou esse meu bosque colorido e encantado, que me subjugou nesse tempo longínquo da minha adolescência. As giestas vieram substituir parte dele. Mas, também, há muitos, muitos anos, que não percorro os seus caminhos para lá da aldeia. Não sei as transformações que sofreram esses lugares. Porém esta imagem da adolescência foi gravada a tinta indelével no meu coração. Por mais transformações que possam ter acontecido, ninguém ma pode tirar.

Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 21/12/2020

terça-feira, dezembro 15, 2020

MÃE, O NATAL ESTÁ A CHEGAR


Mãe, o Natal está a chegar. 
Já brilham as luzes nas ruas da cidade 
Nas árvores dos jardins... 
E à porta das lojas há filas enormes de gente na rua
Espera de vez para poder entrar 
Embrulhos coloridos enchem as sacolas da gente que sai. 

Mãe, o Natal está a chegar. 
Faz anos Jesus. 
Nos corações é tempo de luz. 
Mãe, dá-me a tua mão
Dá-me uma prenda para dar a Jesus. 
Mãe, os meus brinquedos, os que estão guardados
Quero dá-los ao Alfredo e ao Carlos.
Nos seus sapatinhos 
Nunca houve brinquedos do Deus-Menino. 

Tu sabes, mamã! 
Não é o Pai-Natal que traz os brinquedos
Nem o Deus-Menino. 
És tu e o Papá quem põe os brinquedos no meu sapatinho. 
O Alfredo e o Carlos são pobrezinhos. 
Não têm brinquedos no seu sapatinho. 
Jeracina Gonçalves 
Barcelos, Portugal, 11/12/2020

quinta-feira, dezembro 10, 2020


Sê. Sê tu 
Sempre 
Sê sempre tu
Em qualquer lugar
Em qualquer momento
Sê tu
Riso franco olhar aberto
Olhos no coração
Coração no olhar.

Sê. Sê tu
Sempre
Sê sempre tu
Em qualquer lugar
Em qualquer momento
Sê tu
Não deixes que alguém destrua a tua essência
A simplicidade do teu olhar
Do teu caminhar pela vida
Do teu estar
A essência do teu coração.

Sê. Sê tu
Sempre
Sê sempre tu
Em qualquer lugar
Em qualquer momento
Sê tu
Segue o teu coração
Ao conhecido ao desconhecido
Sempre que possas estende a tua mão
Ao esfomeado dá do teu pão
Segue o teu coração.

Sê. Sê tu
Sempre
Sê sempre tu
Não deixes que nada
Ninguém
Destrua a essência do teu coração 

Não deixes que nada
Ninguém
Destrua a força do teu olhar.
Que seja sempre atento
Sensível terno doce e forte
para os desprotegidos da sorte.

                                                Jeracina Gonçalves
                                                Barcelos/Portugal, 10/12/2020

terça-feira, dezembro 08, 2020

“Não tenho a obrigação de vencer, mas tenho a obrigação de ser verdadeiro.”Abraham Lincoln

Assim eu penso. Assim eu sinto. Vencer os obstáculos, desbravar caminhos, atingir os objetivos que nos propomos, tornarmo-nos conhecidos pela nossa capacidade empreendedora, pela nossa inteligência, pela nossa capacidade emocional, é bom e é importante, na medida em que enaltece o ego e dá ânimo para continuar em frente na senda de novos objetivos, no desbravamento de novos caminhos, na obtenção de novas vitórias, desde que não sigamos por caminhos travessos de traições e deslealdades, pisando nos que seguem ao nosso lado e perseguem os mesmos objetivos, para atingirmos essas vitórias. A competição honesta, leal, franca, desenvolve capacidades nos parceiros. Ajuda-os a crescer mutuamente. 
Muito mais importante que vencer, é Ser. É sermos verdadeiros nas nossas ações, nos nossos objetivos, nas nossas palavras; é sermos honestos nos nossos princípios, nas nossas relações com os outros; é caminharmos o nosso caminho sem pisarmos o caminho do vizinho; é caminharmos o nosso caminho sem vendermos a alma, sem atraiçoarmos os princípios que julgamos justos e honestos, defendendo-os e aplicando-os no nosso jornadear pela vida. 
É isso que nos faz seres inteiros, seres verdadeiros. 
É importante sermos “Eu”, sem pisarmos nos outros, no nosso caminhar pela vida.
Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 08/12/2020

CRÓNICAS DO MEU CAMINHO

PELA NORUEGA/1996 - A CATEDRAL 


Lagos de água serena povoados de ilhotas prenhes de exuberante vegetação, bordejados por casinhas de madeira coloridas (com preponderância para a cor ocre) entre relvados luminosos, de um verde tenro, servem de espelho a alcantiladas e vicejantes encostas; rios turbulentos galgam penedias em turbilhões de branca espuma; cascatas prateadas saltam dos céus sobre gargantas e desfiladeiros; estradas sinuosas descem pelas ravinas sobre o abismo, penetram a montanha por entre escuros túneis e desembocam em estradas paralelas a lagos paradisíacos de margens cortadas a pique, ou prosseguem, lado a lado, com impetuosos riachos de montanha. 
À saída de mais um túnel todas as vozes se calam repentinamente e ouve-se um sussurro de espanto generalizado: Aaaaah!!!!... 
De entre o silêncio que então se fez, soltou-se uma voz: "Isto é uma verdadeira catedral!" 
É mesmo! É uma autêntica catedral da Natureza. Sentimo-nos pequeninos, insignificantes, perante tal imponência, perante tão majestosa beleza. As palavras não têm força suficiente para descreverem a emoção que nos invade e nos toma a alma ao olharmos a beleza desta Natureza preservada. Intacta. 
Mas os noruegueses sabem apreciar, gozar e respeitar as delícias desta Natureza exuberante. E aos fins-de-semana, tanto de Verão como de Inverno, saem das cidades e vão para as cabanas da montanha: casinhas feitas de madeira, pequeninas, muito simples, bem calafetadas, com os telhados cobertos de terra (a maior parte), onde crescem flores e relva durante a Primavera. Proliferando como floridos e verdejantes jardins suspensos entre as majestosas árvores da mata. As famílias que as não possuem, têm as do Estado, que utilizam de graça, mas tendo a preocupação de deixá-las cuidadas e limpas, para que outros as possam utilizar com o mesmo prazer (E é este sentido cívico, este respeito pelos espaços que são de todos e que todos se preocupam em conservar, que faz da Noruega um país lindíssimo. Respeito e civismo que é urgente fomentar entre nós, incutir nas nossas gentes. O bem de uns é o bem de todos. É necessário que aprendamos a preservar e a conservar os espaços comuns postos ao nosso dispor, para que todos os possamos usufruir, obtendo deles idêntico prazer. O nosso país merece-o. De norte a sul, de este a oeste, tem espaços tão maravilhosamente belos!... Mas, tantas vezes, o lixo, as porcarias que os contaminam fazem deles lixeiras que causam repulsa e nos enchem de vergonha), e passam aí, nessas casas de montanha, as férias e os fins-de-semana, em completa comunhão com a Natureza. Respeitando-a e vivendo a vida simples e saudável que ela proporciona: de Inverno esquiam e de Verão fazem montanhismo. 
Todos sabem esquiar. "É que os bebés já trazem esquis quando nascem, o que torna os partos muito dolorosos; por isso, os casais noruegueses não têm mais de dois filhos. As mulheres norueguesas fazem uma segunda tentativa, mas nunca uma terceira. Nenhuma se sente capaz!" - Informa-nos, em jeito de piada, a guia, para nos dizer que, geralmente, não há mais que dois filhos por casal. 
O esqui é, no Inverno, o principal meio de transporte para o emprego, para a escola, etc. Para qualquer lado que precisem de ir, deslocam-se de esqui. A arquitetura, tanto a norueguesa como a sueca (fora das grandes cidades), especialmente na zona rural, é bastante simples: as casas são sempre revestidas, exteriormente, a madeira pintada, predominando a cor ocre com contornos nas janelas e nas portas em branco e emprestam à paisagem um encanto peculiar (a dinamarquesa é bastante mais sofisticada e muito bonita). 
A cidade de Oslo, capital da Noruega, é encantadora! 
Constituída por 40 ilhas e 360 lagos, é uma das cidades maiores do mundo em área, onde vivem menos de meio milhão de pessoas. É muito limpa e arrumada, tem bonitos edifícios, é cheia de flores e profusamente verdejante; tem parques encantadores de árvores frondosas e relvados muito limpos e cuidados, onde as pessoas se deitam a apanhar sol, em tronco nu e em biquíni ou fato de banho (os relvados na Escandinávia são para usufruir, não apenas para ver); a água jorra de bonitos repuxos por entre esculturas em granito, representando, especialmente, a pessoa humana nos vários aspetos da vida em família, sobre lindas taças utilizadas pelas crianças como piscinas durante o Verão. A parte da cidade dedicada só a peões, uma zona muito alegre que vai até ao porto, onde se encontram atracados vários barcos entre os quais bonitos barcos/restaurante, é ampla e fervilha de gente cruzando-se nos diferentes sentidos; turistas, na maioria, pois a em finais de Julho já quase todos os noruegueses gozaram as férias e estão de volta aos seus locais de trabalho. 

Jeracina Gonçalves/ Barcelos Portugal 

Este texto publicado na Revista BARCELLANO do Lions Clube de Barcelos, na época. Posteriormente foi englobado na narrativa do meu livro “A VIAGEM”)

segunda-feira, dezembro 07, 2020

FELIZ NATAL



Natal! Este Natal!
Este Natal celebrado em dezembro de 2020
Este Natal com o desemprego a flagelar tanta gente
Este Natal com o espectro da fome a quedar-se sobre tantos lares
Este Natal de dor e de luto a lacerar tantos outros…

Natal! Este Natal!
Este Natal, acorrentado a esta “coisa” perversa,
que impõe distanciamento dos seres que amamos
quando do coração transborda o desejo de beijar
o desejo de abraçar, de conviver com familiares e amigos…
O desejo de celebrar a Vida e o Amor!

Natal! Este Natal!
Não é um Natal como os outros.

Com todos os impedimentos que este tempo traz
que seja um Natal de Amor, de compreensão
e de fluxos de Paz a circular pelos caminhos da Terra.
Que o Amor se manifeste em cada coração
e envolva toda a humanidade num unido e forte cordão;
Que os ricos com humildade se aproximem dos pobres
e estendam para eles a mão;
E os que são remediados os sigam na mesma ação
Que a fome morra afogada num belo lago de Amor
e os conflitos na Terra tenham igual solução.
Por que todos somos irmãos. Sob a Paternidade Divina
dessa Luz Universal, todos somos irmãos!
Esta mensagem nos trouxe o Menino de Belém.

Natal! Este Natal!
Que seja um Natal de Paz
Que seja um Natal de Amor
Que os corações se encontrem
Que os corações se abracem
E corporizem neste tempo, de sofrimento, luto, dor
a mensagem de Belém num grande abraço de AMOR!

FELIZ NATAL! 
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 07/12/2020


sábado, dezembro 05, 2020

DORA CHEGOU


Dora chegou. O vento sopra forte.
Ataca furioso e derruba o que se oponha ao seu correr veloz
sem consideração nem complacência.
O mar encrespa-se, cresce.
Zangado atira-se sobre praias e arribas.
A luz esfuma-se num emaranhado de nuvens densas 
que escondem o azul.
Lágrimas pesadas caem do céu.
Empurradas pelo vento furioso fustigam vidraças,
árvores, alpendres estradas e caminhos…
Ou então…o céu não tem lágrimas para chorar.
E sobre a terra faz cair flores.
Flores brancas a descerem das nuvens.
Pintam telhados, árvores, arbustos, fráguas, montes,
prados, estradas e caminhos.
Tudo fica lindo. Branquinho.
A paisagem fica bela como uma noiva vestida de branco
a caminho do altar.
Volutas de prata evolem-se das chaminés no cinza do ar.
São as lareiras a respirar. Aquecem os lares.
A paisagem é linda, mas é de tiritar.
É uma paisagem de encantar para quem tenha um lar.
Mas há quem não tenha uma telha para se abrigar…

Dora, mulher zangada, que por cá está a passar,
num golpe d’asa, num rápido piscar d’olho,
transmutou um doce e ameno tempo de primavera,
neste tempo - deste tempo - que nos põe a tiritar.
Mas é tempo deste tempo. É o inverno a chegar.

                                                                            Jeracina Gonçalves
                                                                            Barcelos/Portugal, 04/11/2020

terça-feira, dezembro 01, 2020

ESPERANÇA - A FORÇA DA ALMA


Cinza era a cor
no olhar pardo com que a vida o envolvia.
Cor neutra.
Cor que não aquecia
o caminho inóspito que percorria.

Olhou em volta.
A vida sofria.
A cor qu’a envolvia
era parda também.

O verde soçobrava no tempo que fazia.
No coração das gentes
o verde morria.

O verde é Esperança!
Não pode perecer.
É o sonho que do caos
fará a vida renascer.     
                 
                                            Jeracina Gonçalves 
                                            Barcelos/Portugal, 21/11/2019

quinta-feira, novembro 26, 2020


O Museu da Farmácia tem, a partir de 1 de Dezembro – Dia Mundial de Luta Contra a Sida – uma nova ala dedicada à Professora Odette Ferreira. Trata-se de uma homenagem a uma das mais notáveis cientistas portuguesas, responsável pela descoberta do vírus VIH-sida de tipo 2 e pelo estudo das bactérias hospitalares. Foi também coordenadora da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida, entre 1992 e 2000.
Esta nova ala, que integrará a exposição permanente do Museu da Farmácia Lisboa, está dividida em três núcleos: “Uma Mulher Imparável”, onde se apresenta o núcleo biográfico; “A descoberta”, com destaque para o vírus da SIDA tipo 2; e “Muito para além da Ciência”, que retrata o tempo na Comissão Nacional de Luta Contra a Sida e no Programa Troca de Seringas.
«O novo espaço traduz a intenção do Museu da Farmácia de partilhar e perpetuar o singular percurso de uma mulher e cientista de excepção, que se destacou pela sua coragem, persistência e espírito de missão, que contribuiu para a construção de um futuro melhor», afirma João Neto, director do Museu da Farmácia.                                                  pporto.pt.
Publicado por Jeracina Gonçalves

quarta-feira, novembro 25, 2020

MISTÉRIOS DEANGRA DO HEROISMO - ILHA TERCEIRA - AÇORES

 


Estas pequenas capelas, muito bem cuidadas, que encontrei na cidade de Angra  do Heroísmo, na   ilha Terceira, Açores, quando a visitei, despertaram-me, na altura, a curiosidade. Nunca tinha ouvido falar delas. Procurei informar-me e fiquei a saber que são dedicadas ao Espirito Santo. E é à sua volta que se desenvolvem todas as atividades religiosas e profanas das festividades.
O culto ao Espirito Santo, na Terceira, está documentado desde 1492.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 25/11/2020

terça-feira, novembro 24, 2020

Programa de Apoio ao Empreendedorismo Criativo


23/11/2020

No âmbito do projeto Magallanes_ICC, co-financiado pelo Interreg – POCTEP, o _ARTERIA_LAB da Universidade de Évora irá apoiar até dez projetos na área das indústrias culturais e criativas. A primeira fase do concurso de ideias está aberta até ao dia 8 de Janeiro de 2021.

Podem candidatar-se ao programa empreendedores maiores de 18 anos, individualmente ou em equipas, bem como empresas e associações com até cinco anos de formação e sediadas nas regiões do Alentejo, Algarve e Andaluzia.

Para mais informações (+)
Publicado por: 
Jeracina Gonçalves

domingo, novembro 22, 2020


Deixo aqui mais um dos meus poemas em modo de fotografia. 
E pergunto: que alojamento "personalizado" é esse que aloja o meu blogue?
Está criado, por mim, há muitos anos. 
Tem muitos pedaços de mim; mas alguém domina as suas definições. Alguém o domina desde 2017 ou talvez antes. Alguém alterou as definições 
Quem são esses "Administradores e Autores" do blogue que eu não conheço? 
Que fantasmas são esses que o visitam e estão nos Estados Unidos, na Ucrânia, na Alemanha, na França e por aí, pelo mundo, e entram não sei por onde? 
Que canal é esse "outros". 
Se gostam digam-no sem entraves, comentam-no. Sigam-no.
Se não gostam que vêm fazer?  Por que não se vão?

 

quinta-feira, novembro 19, 2020

 


O horizonte devorado por ardências incandescentes de mil cores incendeia-me as entranhas de encantamento a extravasar pelo meu olhar sempre faminto de emoções oriundas da beleza natural das coisas em meu redor. Elas apaixonam-me e fazem-me vibrar de emoção. E também a mata me oferece um espetáculo único de beleza incandescente multiplicada no múltiplo colorido outonal a reproduzir-se nas águas serenas do lago. 
O Outono, tempo de sossego, de calma, de nostalgia no decrescer do ardor da força da vida a caminho da transformação e da mudança, oferece-nos quadros de espetacular beleza, que, aos poucos, se vão modificando, mas sempre são dotados de uma beleza muito própria, muito sua, com as folhas (como os filhos) a deixarem a casa paterna (neste caso, materna) para continuarem o seu ciclo, transformando-se em húmus, suporte de germinação para as sementes que irão originar novos seres vivos. E a vida vai-se perpetuando, encadeada uma na outra, numa sustentabilidade que é necessário cuidar e manter, não a submergindo, nunca, sob o peso de interesses económicos, sob pena de transformarmos toda a beleza deste planeta maravilhoso (apesar de todos os achaques e reversos), que habitamos, num objeto morto a rodar neste todo universal. 
Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 19/11/2020

 

terça-feira, novembro 17, 2020

O DIA DO MAR




Ó mar, meu querido mar,
És aconchego e és mistério
Tão profícuo e tão belo
Com tanto pra desvendar
Em ti afogo o meu cansaço
E a minha alma recobra
Deste tempo vão e lasso
Envolve-me no teu abraço
Com tua voz sussurrante
Voz carinhosa de amante
Aconchega a minha alma
Neste tempo de cansaço
Sobre a Terra a deslizar

Gosto de ti, querido mar!
Gosto do teu manso ondular
Quando estendes meigamente
O teu corpo sobre a areia
Que vens na praia beijar
Gosto desse jeito sedutor
Que despertas o meu sonhar
Na paz da noite escura
Escutar teu marulhar
Tuas águas navegar
É paixão que m’arrebata
Ao meio dia salva de prata
A deslumbrar o meu olhar

Gosto de ti, ó mar!
De manhã ao meio dia
Quando o sol se vai deitar
Gosto da tua mansidão
Mas de ti tenho aversão
Quando vestes tua cólera
E matas sem compaixão.


                                        Jeracina Gonçalves
                                        Barcelos/Portugal, 16/11/2020

sexta-feira, novembro 13, 2020

PELA VIDA

 

Com amor me dediquei à vida e ao amor
E sempre de mim doei o que tinha de melhor
Sem esperar retorno ou sequer dar a saber
O que dava, muitas vezes, me fazia perder!

Com amor me dediquei.
Com amor e alegria e muitas lágrimas também.
Pela vida caminhei; muitas vezes eu errei;
Mas sempre procurei ser um arauto do Bem.

Com amor me dediquei
Das batalhas que travei nessa luta pelo Bem
Umas vezes as ganhei; outras vezes as perdi.
Mas perdendo, eu ganhei; 
Pois com todas aprendi e em amor cresci.

Jeracina Gonçalves 
                   Barcelos/Portugal – 01/11/2020

 

domingo, novembro 08, 2020

A UNIÃO FAZ A FORÇA

Tenho ouvido comentários referentes às novas regras estabelecidas pelo governo no combate à pandemia, de alguns representantes de partidos políticos, que não posso deixar de comentar. Ferem profundamente a minha sensibilidade. E registo algumas palavras que ouvi: “exageradas” “desajustadas” “incongruentes” “perda de liberdades individuais”… e muitas outras que agora não recordo. E falam só do que não foi feito e devia ter sido feito; falam só dos erros passados, como que estejam, agora, a querer infligir um castigo ao governo. 
Ora, do meu ponto de vista, não é altura para recriminações nem ao governo, nem à DGS, nem a ninguém. Isso poderá ser uma coisa para depois. Agora é tempo de união. O que é preciso é resolver o problema que temos em mãos. O que não foi feito já não vem a tempo; não resolve nada. É preciso resolver a situação presente. É grave. É preciso darmos as mãos. Todos juntos. Ao ritmo a que o contágio se dá, dentro em pouco, nem o SNS, juntamente com os particulares e com as Misericórdias, conseguirão fazer frente a esse vírus oportunista e resistente. E morrerão muitos doentes Covid e não Covid por falta de assistência. 
As medidas agora tomadas não são “exageradas”. São brandas para a situação. Só justificadas pelo facto de se tentar que o desemprego e a fome não tomem proporções incontroláveis. Exigem de nós, cidadãos responsáveis, o estrito cumprimento. E esta expressão “perda de liberdades individuais”. O que é isto? Esta expressão não tem sentido neste momento. A minha liberdade só vai até onde não colida com a do meu vizinho. A partir daí é intromissão na liberdade do meu vizinho. Eu não posso proceder de forma a alimentar qualquer corrente de transmissão do vírus; eu não posso proceder de forma a poder infetar o meu pai, a minha mãe, o meu amigo, o meu professor, o meu colega de trabalho, o meu filho… seja quem for. Tenho de ter todas as cautelas e usar de todos os procedimentos para não me infetar nem infetar qualquer outro, que de qualquer forma interaja comigo. O meu dever cívico é, por todos os meios ao meu alcance, ajudar a quebrar as correntes de transmissão. 
Por todas as razões: evitar sofrimento (o meu e o dos meus semelhantes); evitar mortes (se não a minha, a dos meus semelhantes mais fragilizados); evitar gastos, que atolem o meu país numa divida incontrolável, que todos teremos de pagar. 
E se todos tivermos este pensamento e procedermos de acordo com ele venceremos a pandemia. E, a seguir, a economia. 
Caso contrário perderemos em todas as vertentes. Restar-nos-á uma sociedade destroçada pelo sofrimento e pelo luto, psiquicamente desequilibrada. 
Temos de unir-nos na mesma força e no mesmo pensamento de combate e vitória. Sem recriminações ao que não foi feito, mas com vontade, firme, de ajudar no que é preciso fazer.

TODOS POR UM E UM POR TODOS.
                                                                                                 Jeracina Gonçalves
                                                                                Barcelos/Portugal, 09/11/2020




 

sexta-feira, novembro 06, 2020

 

Guadalajara nomeada Capital Mundial do Livro 2022 pela UNESCO

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livros

A cidade mexicana de Guadalajara foi nomeada Capital Mundial do Livro para 2022, pela UNESCO, devido ao seu abrangente plano de políticas em torno do livro, para desencadear mudanças sociais, combater a violência e construir uma cultura de paz.
O programa proposto para Guadalajara, que desde 1987 acolhe a Feira Internacional do Livro, centra-se em três eixos estratégicos: recuperação de espaços públicos através de atividades de leitura em parques e outros locais acessíveis; ligação social e coesão, especialmente através de oficinas de leitura e escrita para crianças; e reforço da identidade do bairro utilizando ligações intergeracionais, narração de histórias e poesia de rua.
A cidade fará uso de bens culturais tais como bibliotecas, salas de leitura, livrarias, editoras independentes, bem como a sua mundialmente famosa feira internacional do livro, para melhorar as políticas de prevenção da violência.
Estes recursos serão aproveitados para promover os direitos humanos, a igualdade de género e a cultura de paz entre o público e aproveitar o grande potencial dos livros e da literatura como instrumentos de intervenção e transformação social.
As atividades vão incluir eventos literários em colaboração com escritores latino-americanos, um projeto artístico sobre a Torre de Babel, iniciativas que ligam o teatro e a música à literatura, e a utilização da rádio local para declamação de poesia.
O ano das celebrações terá início a 23 de Abril de 2022, no Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.
Guadalajara é a vigésima segunda cidade a obter este título desde 2001, seguindo-se a Tbilisi (2021) e Kuala Lumpur (2020).
de: porto.pt 
Publicado por Jeracina Gonçaçalves

quarta-feira, novembro 04, 2020

A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (segunda versão)


A felicidade é coisa intrínseca 

Não vem das coisas supérfluas
Que o dinheiro pode comprar.
É do foro da alma, da essência
Do sentimento.
Está na alma da gente.
É a paz que vem e dentro
Nesta luta pela vida.

A felicidade não se compra.
Há gente de pé descalço
Que a mostra a toda a gente
Estampada no olhar;
Há outra em pedestal d’ouro
Numa procura infinita
Para a felicidade encontrar
Sem sequer a vislumbrar.

A felicidade é coisa intrínseca.
Não se vende, não se compra.
Sente-se num voo de pássaro
Num raio de sol nascente
A desaguar janela dentro;
Sente-se em cada descoberta
Quando abres o coração
Para a vida e para o bem.

A felicidade é coisa intrínseca.
Não vem das coisas supérfluas.
Vive na alma da gente
No ânimo que a gente sente
Na forma como é sentida
Cada vitória ou derrota.
A felicidade não se compra
 Ela está dentro de nós.

A felicidade é coisa intrínseca.
Não se vende, não se compra.
Ela está dentro de ti
Procura-a no teu coração.
Jeracina Gonçalves, Barcelos/Portugal


                                 

segunda-feira, novembro 02, 2020

NESTE TEMPO


Neste tempo 
que rouba tempo 
e leva de nós o convívio
os abraços e os beijos
e os pequenos prazeres
que à vida 
e ao tempo
dão o seu real o valor;

Neste tempo
que rouba tempo
é tempo de em casa ficar
há que arranjar estratégias
para ao tempo, tempo roubar
e ao tempo negar tempo
fazendo o tempo voar
sem que nos deixe tempo
para no tempo pensar;

Neste tempo
que rouba tempo
é tempo para criar
envolveres teu pensamento
sem que ao tempo dês tempo
para no tempo pensares.
Este tempo vai passar!

Jeracina Gonçalves

Barcelos/Portugal – 02/11/2020

quinta-feira, outubro 29, 2020

CRÓNICAS DO MEU CAMINHO

 TODOS POR UM E UM POR TODOS

Neste tempo que nos cerceia os movimentos, o convívio, as pequenas ou grandes distrações que faziam a vida mais leve, e nos obriga a esconder o sorriso por detrás de uma máscara, assemelhando-nos a assaltantes prontos a entrarem em casa alheia, e,  para complicar ainda mais, tolhem a visibilidade a quem usa óculos provocando o seu embaciamento (Ninguém pense, porém, que sou contra o uso da máscara; sou completamente a favor, e para toda a gente. Estou apenas a constatar um facto que, apesar de tudo, não pode ser motivo para deixar de usá-la), não tendo uma atividade profissional que  obrigue a sair, a melhor opção é mesmo ficar entre as quatro paredes da sua casa, saindo, apenas, quando for estritamente necessário, e usando de todos os cuidados. 
Porém ficar em casa sem arranjar uma atividade que nos atraia e envolva,  será abrir o caminho rápido para a depressão. Temos de ter uma atividade que nos absorva e nos envolva a mente, os sentidos e o coração. 
E não podemos esquecer a parte física. Também precisa de ser exercitada e de se manter ativa. Todavia caminhar mais rápido pela casa, uns exercícios respiratórios à janela, alguns exercícios de distensão muscular de vez em quando, ajudarão a fazer a oxigenação de todo o organismo e a manter a flexibilidade dos músculos. 
Se assim fizermos o tempo correrá ligeiro, sem que nos faça sentir o afogamento da sua presença demasiada, a paz crescerá no coração, e a alegria encher-nos-á a alma. Porque estamos a fazer algo que está certo e que a nossa consciência cívica nos diz ser o nosso dever. Mesmo para quem vive só, a solidão não entra. Às vezes bate levemente à porta; mas não entra. 
Todavia é preciso que a atividade que criamos ou escolhemos para suporte seja a que o nosso coração acarinha. Pintar, escrever, ler, costurar, fazer crochet, fazer tricot, bordar, inventar receitas… tudo serve, desde que se sinta prazer nela. 
A mim prende-me a escrita. Transforma-me o tempo numa ave ligeira a voar no espaço azul. E embora sinta saudades do tempo libertado desta pressão, do tempo gozado em liberdade sem restrições às obrigações e distrações que o tornavam útil, rico e variado, não o sinto como um garrote a apertar-me a garganta. Flui rápido. Mal amanhece já é noite. E, quando me apercebo, já não são horas de ligar a quem queria e devia ligar, por exemplo. 
O que mais me dói, neste tempo aprisionado, é ouvir nas notícias a avalanche de contagiados e mortos que corre o mundo, e o crescimento rápido e avassalador que está a ter no nosso país. Receio que cheguemos ao ponto em que deixe de haver capacidade para tratar quem adoece. 
Está também nas nossas mãos não deixarmos que Portugal atinja esse limite. Façamos o nosso dever: cumpramos as regras reconhecidas como necessárias para cortar as correntes de transmissão. 

TODOS POR UM E UM POR TODOS
Jeracina Gonçalves
Barcelos, Portugal - 29/10/2020

terça-feira, outubro 27, 2020

Turismo de Natureza: procuram-se ideias!

 O Fórum Turismo e o Super Bock Group lançaram, com o apoio do Turismo de Portugal, o Tomorrow Tourism Leaders – Super Edition.

Esta é uma edição especial do concurso que passa agora a estar aberto a todas as pessoas, nomeadamente empreendedores, com “vontade em fazer a diferença e dar um contributo para tornar Portugal um destino turístico mais sustentável, desta vez através do produto Turismo de Natureza”.

Tomorrow Tourism Leaders – Super Edition decorre em formato de competição nacional com o objetivo de encontrar novas soluções e criar oportunidades para uma das sete regiões turísticas nacionais (Açores; Alentejo e Ribatejo; Algarve; Centro; Lisboa; Madeira; e Porto e Norte).

Quem quiser participar, poderá fazê-lo até 22 de novembro.

Para mais informações (+)

domingo, outubro 25, 2020

O COVID-19 HOJE

O Covide-19 está a tomar proporções incomportáveis para os Serviços de Saúde em vários países da Europa, com números assustadores de pessoas contagiadas a que nenhum Serviço de Saúde teria, ou terá, capacidade de fazer frente. E o único caminho é deixar morrer os que fere com mais violência. 
E ainda assim se discute se é legal impor o uso obrigatório de máscaras, ou qualquer outra medida que impeça o contágio galopante desse vírus oportunista, que de tudo faz caminho para atingir os seus objetivos predadores? 
A Democracia dá liberdade ao cidadão. 
Mas não há liberdade sem responsabilidade. 
A liberdade acarreta responsabilidade. 
Se sou livre, tenho o direito de exigir respeito para comigo e o dever de respeitar o outro. E, portanto, na minha liberdade, não posso ir além do ponto em que ela colide com a do outro. 
Se sei que o uso da máscara pode evitar, que eu, que carrego comigo o vírus sem o saber, o transmita a outro e assim estender a rede de contágio, como pessoa democrática e responsável, uso máscara voluntariamente. É o meu dever. 
Por mim, pelos outros, e pelo país em que vivo (que é o meu) e quero vivo e forte, capaz de proporcionar aos meus concidadãos e a mim, uma boa qualidade de vida. 
Se há neste país quem não compreenda este princípio democrático e solidário, terá de lhe ser imposto. Para o bem de todos. Impondo a obrigatoriedade de uso de máscara para novos e menos novos, em qualquer lugar onde circule gente. Assim como quaisquer outros meios que sejam necessários ao corte de correntes de transmissão. 

Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal - 25/10/2020

 


Peço a todos que amam a natureza que publiquem uma foto. Uma foto que tenha tirado. Apenas uma imagem, sem descrição. O objetivo é criar um pouco de paz e equilíbrio no ambiente negativo. Você está dentro? Copia este texto e publica uma foto da natureza na tua própria cronologia. Então todos nós podemos aproveitar juntos. Aqui está a minha fotografia :..

sexta-feira, outubro 23, 2020

quarta-feira, outubro 21, 2020

CRÓNICAS DO MEU CAMINHO

 A ÁRVORE NÃO MORREU Por Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal

Lentamente a árvore envelheceu. Envelheceu devagar. Pouco a pouco. Sem pressas, dando provas da fibra de que era feita: primeiro um ramo morreu, depois outro e outro e outro… e outro… 
Foi amputada, desmembrada, e corajosamente se renovou e continuou em frente cheia de alegria, de força, amando e acarinhando quantos dela se aproximavam. Mas o tempo não desistiu de levá-la consigo: levou-lhe o viço e o vigor. E a velha árvore não encontrou mais energia para enfrentá-lo, para debater-se com ele. Deixou-se vencer e foi nos braços do tempo. O seu sangue deixou de alimentar-lhe o corpo cansado; deixou de circular nos seus vasos. Paralisou. E a velha árvore, esgotada, morreu. 
Porém a sua vida não foi vã. Teve uma vida longa, plena e espalhou amor e bem-estar pelos que dela se aproximaram: alimentou e abrigou pássaros, formigas, gafanhotos e todos os demais bichinhos que nela procuraram sustento e abrigo; floresceu e frutificou, e anos e anos a fio ofereceu a graça da sua copa florida ao espectador sensível, rendido à sua beleza, e o sabor dos seus frutos mataram a fome e a sede a passantes famintos e sequiosos; a sombra amena dos seus ramos acalmou a canícula nos dias ardentes de Verão e abrigou risos e gritarias de crianças, que sob a aprazível sombra da sua frondosa copa, brincaram, riram, choraram, jogaram à bola, à patela e muitos e muitos outros jogos inventados pela suas jovens e criadoras imaginações; e quantos e quantos segredos, quantos e quantos beijos, quantos e quantos abraços e juras de amor foram trocados com a cumplicidade da sua ramagem frondosa! Foi conivente de amantes e de apaixonados. Foi casa, foi alimento, foi abrigo de tantos e tantos seres. Com sua beleza transformou e iluminou a paisagem ao longo das quatro estações, por muitos e muitos anos. Sempre diferente; mas sempre igualmente bela. 
Radiosa e coquete na Primavera, plena e intensa no Verão, adulta e completa durante o Outono, sonolenta e cansada no Inverno. E multiplicou-se: as suas raízes estenderam-se sob a terra e, curiosas, emergiram aqui e acolá, dando origem a outras como ela; os seus frutos transportados pelas águas, pelos pássaros e por outros seres que a habitaram, levaram a sua semente a distâncias longínquas. Por lá germinaram e deram origem a filhas iguais a si. 
Os seus genes dispersaram-se por largas áreas e por aí cresceram e se multiplicam os seus descendentes. Viveu, e a sua vida deu vida a muitos e muitos seres. O tempo fez parar o sangue em seus vasos, mas a árvore continua viva nas descendentes dispersas pelos espaços onde chegou a sua semente e nos seres que alimentou, aos quais deu vida. 
A árvore não morreu.
Jeracina Gonçalves 
21/10/2020 

PS: Este texto foi escrito há uns anos. Julgo que está publicado numa das revistas do Lions Clube de Barcelos. Hoje encontrei-o numa pen que já não abria há algum tempo. Resolvi publicá-lo.

sábado, outubro 17, 2020

CRÓNICAS DO MEU CAMINHO

COGITAÇÕES DA ALMA – 14/12/2005 -Por Jeracina Gonçalves, Barcelos/Portugal

Sem qualquer sinal que o anuncie, quando menos se espera, a luz dá lugar à treva, o verde-esperança cede lugar à escuridão, como se forças cósmicas estejam acoitadas à espera de provocarem a derrocada; e a derrocada acontece. Destrói sonhos e levanta barreiras entre seres que antes se estimavam e se respeitavam. Cava fossos profundos de incompreensão, de animosidade e mata sentimentos que se julgavam firmes e ancorados em alicerces robustos, sólidos e resistentes. 
Como meras bolas de ping-pong, dispostas à vontade dessas forças invisíveis, somos jogados a seu bel-prazer neste espaço cósmico em que nos movimentamos. Manobram nossas atitudes, sentimentos e vontades. E, como folhas secas volteando pelo ar levadas pelo vento, somos arrastados para sítios esconsos, perversos, onde morrem espezinhados os nossos ideais, sentimentos e ilusões mais profundos e generosos. 

A vida, fera traiçoeira, 
Ataca e derruba 
Sem aviso prévio. 
Quando menos o esperas 
E na vida estás serena 
Domina o teu canto 
Tua doce ilusão 
o teu doce encanto 
E a casa, que crias segura, 
Bem depressa se converte 
Em triste montão 
De sonhos desfeitos 
Em cacos espalhados pelo chão. 

Como uma fera traiçoeira e sangrenta, a vida ataca e destrói os sonhos, os projetos, e o próprio edifício já construído. Transforma tudo num montão de sucata velha, sem préstimo. Lixo. E deixa na boca o sabor amargo da desilusão e da traição. É cobarde. A vida é cobarde! E, como todos os cobardes, ataca quando estamos desprotegidos, serenos, confiantes. Quando tudo à nossa volta parece bem iluminado e colorido. Seguro. 
A única forma de vencer os cobardes é voltarmos o nosso olhar firme e digno na sua direção. Olhá-los de frente, sem mostrar medo. A força, a verdade, a transparência do nosso olhar assusta-os. 
Do mesmo modo acontece com a vida. Também ela nos teme e obedece se a olharmos de frente, com coragem e determinação. Temos de olhá-la de igual para igual, sem mostrar temor. Olhá-la com o olhar firme de um coração livre, leal, que não se deixará vencer por mais golpes baixos que lhe sejam cravados. Sempre se levantará nobre, honesto, altivo e generoso. 
Sinto a minha alma abalada. Triste. Mas nela está a força para orientar meus passos e caminhar em frente. Sempre encontrei nela o ânimo para vencer as tempestades e vendavais da vida. Não me vai deixar mal desta vez. É apenas mais um. Mais um vendaval, que a minha alma terá de ultrapassar com coragem e dignidade, caminhando em frente, sem vender os seus princípios e integridade moral. 

Não sei se vou ou se volto 
Desta dor que em mim sinto 
Por este caminho agreste, solitário, que piso. 
Caminho pejado de pedras e silvados 
Que ferem e arranham os meus pés. 
Sujeitam os meus pés à dor, ao sofrimento, à gangrena… 
Talvez à morte. 

A minha alma é forte. 
Mas, como qualquer árvore ferida na raiz 
À qual é negado o alimento, 
A minha alma definha, à míngua, 
Açoitada pela sede e pela fome que a invadem. 

Não posso deixar que a morte fira a minha alma. 
Preciso de alimentá-la. 
Preciso de mantê-la viva, forte, sensível, 
Doce e terna, 
Impondo-se generosa perante a dor, 
Mesmo quando a dor a faz sangrar.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal,17/10/2020

quinta-feira, outubro 15, 2020

CRÓNICAS DO MEU CAMINHO

…NÃO, OBRIGADA!

 

A hora de ponta há muito ficara para trás e automóvel rodava pela A1, com pouco trânsito àquela hora, aproveitada pela maioria dos condutores de longo trânsito para jantar. Circulava-se à vontade, sem nada que atrapalhasse a condução. O tempo seco e o ar manso de um crepúsculo doce e tranquilo como um sorriso de mãe espiando as inocentes traquinices do filho, tornavam a viagem calma, pacífica, sem pressas nem atrapalhações. Não era ultrapassado o limite de velocidade imposto pela lei. Só a vontade de me aninhar placidamente nos braços carinhosos de Morfeu (talvez induzida pela maciez do crepúsculo) me atrapalhava um pouco. Mas, com maior ou menor facilidade, logo afastava a ideia, pois não queria deixar-me adormecer, não fosse contagiar o condutor, o meu marido. Tudo se poderia complicar, então, para além do aceitável. Na Área de Serviço de Aveias de Cima ligamos o GPS (estávamos na era do “Tom-Tom”), confiantes que assim chegaríamos mais facilmente ao hotel. E continuámos sem contratempos até à entrada da cidade. Aí começaram os problemas: a falta de obediência rápida às ordens emanadas da voz da “espanholita” fez-nos rodar várias vezes sobre as rodagens anteriores, dar voltas sobre voltas, até que, deveras transtornada, não sabia já para onde nos encaminhar. E foi sem a sua ajuda, desobedecendo-lhe resolutamente, que chegámos ao hotel. De contrário continuaríamos a rodar sobre os mesmos rodados, em redor do mesmo, sem sairmos do sítio. 
Sabíamos que o hotel ficava na Marginal. Chegaríamos lá, facilmente, sem o tal instrumento, se resolutamente tivéssemos ido directos à marginal, seguindo-a no sentido de Belém. Mas… Quando chegámos já há muito dobrara a barreira da meia-noite. 
Também no regresso o tal instrumento nos complicou a vida. E, em obediência às suas ordens, circulámos por “trancos e barrancos”, desobedecendo às placas indicativas que encontrávamos no caminho (era ao tal instrumento que devíamos obediência), para chegarmos ao Convento de Mafra. Sem que aí nos levasse. 
Levou-nos a um estreito vale, no meio dos campos de cultivo, sem qualquer casa ou barraco por perto, por uma estrada rural, em terra batida, estreita e em péssimo estado e, chegados aí, “Destino” – disse a voz guapa da referida espanhola, e terminou a sua missão. Nem mais “piou”. Levou-nos ao «destino» e nada mais havia a acrescentar. Emudeceu. 
Estávamos no meio de uma zona rural, entre terrenos de cultivo, longe de qualquer povoação e não havia nada que nos orientasse: nem uma placa, nem uma casa, nem pessoa alguma a quem pedir informações. E a única possibilidade era seguir em frente. Até porque não havia como fazer inversão de marcha. Seguir em frente e fé em Deus era a única possibilidade que havia. A algum lado haveríamos de chegar. 
Quilómetros à frente, não sei quantos, mas uns tantos, surgiu um cruzamento sem placas. Levantou-se a questão: para a direita ou para a esquerda? 
Em boa hora optamos pela esquerda. Após alguns quilómetros rodados apareceu finalmente uma placa indicadora do Convento de Mafra. Ainda estávamos longe, porém, no sentido certo. 
GPS… (aquele GPS) NÃO, OBRIGADA! É de tecnologia espanhola, foi caríssimo e não tem actualizações. Os seus criadores devem ter chegado à conclusão de que realmente não aprova e não estão para investir mais numa coisa que não presta. 
Se calhar até os entendo; mas é incorrecto. Os clientes deveriam merecer-lhes alguma consideração. 

(Isto aconteceu há mais de uma dezena de anos. Hoje o Google não deixaria que acontecesse.) 

Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal

sábado, outubro 10, 2020

HISTÓRIAS INFANTIS

 

O GATINHO APAIXONADO

O gatinho pintalgado
está muito apaixonado
pela gatinha branca
de olhos esverdeados

já não come, já não bebe,
e passa os dias à janela
à espera de vê-la chegar

Mas a gatinha branca 
de olhos esverdeados
já tem o seu namorado
não se deixou encantar.

                                  Jeracina Gonçalves, 
                                 Barcelos/Portugal


sábado, outubro 03, 2020

QUE NATAL?

Entrou Outubro manso, sereno, calmo…
Algumas lágrimas brandas desceram-lhe pelas faces.
Mas no coração das gentes, de muitas gentes,
O Inverno já entrou e chora convulsivamente.
Neste tempo enublado de desemprego corrente
A pobreza é crescente e a fome entra nos lares, 
Nos lares de muita gente.
O Inverno, inclemente, fustiga esses lares carentes.

Que fazer? Como aliviar este desvario crescente?

O Natal está aí - tempo de renascença
para uma vida melhor.
Tempo de renascimento com a tónica no AMOR.
Tempo de renascimento para um tempo mais justo
Mais solidário, mais equitativo.
Porém a Natureza parece remar ao contrário.
E este tempo nublado (sem fim à vista)
Que 2020 à Humanidade trouxe
Cava sulcos profundos difíceis de aplanar. 
O desemprego corrente e crescente
Acrescenta lares com fome à fome já existente.

O Natal está aí - tempo de renascença
para uma vida melhor.
Tempo de renascimento com a tónica no AMOR.
Tempo de brilho nos olhares.

Que Natal pode haver, quando há fome nos lares?

Faça-se uma corrente de solidariedade nacional.
Um banco universal, a nível nacional,
Onde os que têm muito e os que algo têm
Depositem mensalmente o seu benemérito presente,
Para os que nada têm possam sorrir no Natal.
Algo estruturado, íntegro, bem pensado
Onde o pouco que seja, por muitos, faça o muito,
Que bem orientado,
Ponha sorrisos nas faces dos lares esfomeados.

E, assim, livremente, manter pelo tempo, essa corrente.
Equilibrar levemente a vida das gentes corroída pela fome
Neste tempo desajustado, neste tempo demente
Que, na Humanidade, tanto se faz presente.
E o Natal será vivido, em pleno, no seu verdadeiro sentido.

Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal – 01/10/2020

domingo, setembro 27, 2020

SETEMBRO (versão 2)

 

Setembro, mês generoso 
de gratos e deleitáveis sabores 
cativas os paladares 
e propagas pelos teus ares 
odores voluptuosos 
de frutos, mostos e lagares 
em dias e noites amenas 
de azáfama e belos cantares; 

Contigo chega a estação 
que chega volvido o Verão 
e pinta a Natureza 
com tão belas cores coloridas 
que só um pintor divinal 
com muita afetividade e amor 
poderia tal tela compor! 

Gosto de ti, ó Setembro 
pelo que és e me dás 
és o meu mês de nascença 
e como eu muitos há 
que ao mundo trouxeste 
em teu colo acarinhaste 
com tua essência benzeste. 

                                                          Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal - 24/09/2020 

quarta-feira, setembro 23, 2020

FOLHAS


Folhas... 
Há folha e folhas 

Folhas fábrica, folhas vida 
Fazem da morte a vida 
Da luz fazem o alimento 
Que sua vida alimenta 
E na Terra alimenta a vida 

Folhas... 
Há folha e folhas 

Folhas novas, folhas velhas 
Folhas vivas, folhas mortas 
Folhas maculadas, bicolores, variegadas 
Amarelas, castanhas, avermelhadas 
Folhas sem força, já velhas, já cansadas 
Deixam-se ir num bafo de vento mais forte 
Rodopiam, rodopiam, rodopiam pelo ar 
E caem sem vida no chão 
São folhas desta estação. 

Folhas... 
Há folha e folhas 

Folhas pequenas, folhas grandes 
Folhas lanceoladas, alongadas, arredondadas 
Folhas ovais, cordiformes, elípticas 
Folhas pecioladas, folhas peltadas 
Folhas lisas, pilosas, rugosas 
Folhas simples, folhas compostas 
Folhas aéreas, aquáticas, subterrâneas 

Folhas...
Há folha e folhas 

Folhas de couve, folhas de alface 
Folhas de malva, de nabo, de laranjeira 
Estou indisposta 
Vou tomar um chá de folhas de cidreira 
A tensão arterial subiu? 
Toma um chá de folhas de oliveira! 
Mas se são gases a causa do teu mau estar 
Um chá de folhas de hortelã poderá ajudar. 

Folhas... 
Há folha e folhas

Folhas de árvore, árvore sem folhas 
Folhas caducas, folha perenes 
As folhas dos livros, das árvores vêm 
Folhas escritas, pintadas, desenhadas 
Folhas lisas, folhas pautadas 
Folhas que leio, folhas que escrevo… 

Folhas... 
Há folha e folhas

Já escrevi folhas e folhas 
De páginas da minha vida 
Umas de lágrimas e dores 
Outras de risos e alegrias 

Duas páginas uma folha 
Assim se vai compondo 
O livro da minha vida 
Cada dia acrescentado 
De nova página escrita 
Em lágrimas e alegrias 

No meu peito a gratidão 
Por cada página escrita e lida 
Pelo bater do meu coração 
A caminhar o dia, cada dia 
Com sentir e compreensão. 

Folhas... Há folha e folhas… 

Jeracina Gonçalves 
Barcelos/Portugal, 22/09/2020