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sábado, março 28, 2015

UMA ORQUESTRA SEM RIVAL



A Natureza 
com seu canto de sonâncias tão diversas
a vibrar em cada instante sob a batuta Divina
resulta em timbre perfeito, melodia sem igual!

Sejam da serra ou do mar 
seus acordes têm a força que faz meu coração vibrar 
e põem luz no meu olhar.

A Natureza,  com seu canto e seu encanto,
é meu canto, meu encanto, meu estímulo neuronal!

Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal
28/03/2015

sábado, março 21, 2015

UM SOPRO DE PRIMAVERA

Chega a Primavera com seu ar e sua graça,
Sobre a encosta da terra entorpecida
Da terra vencida
Derrama  seu sopro terno e manso
E a terra se abre num sorriso de esperança
E em si reforça a chama da vida.

A chama da vida
Renovada e forte
Feita fluidez e mudança a cada instante
Manifesta-se em imagens risonhas e coloridas
Imagens que aconchegam o olhar
Saúdam a VIDA.
E a chama da vida permanece em si
Renovada e forte
No brilho  intenso
Espontâneo
Intimo nos olhares...
Inerente do fogo que aquece o coração.

A chama da vida
Renovada e forte,
Feita fluidez e mudança a cada instante
(Re)desenha-se na Natureza em imagens sublimes
Põe encantamento nos olhares
Põe leveza nos corações que se deixem libertar.

A chama da vida
Renovada e forte
Feita fluidez e mudança a cada instante
Manifesta-se na pequena semente
No colo da terra em broto
A espreitar
Em busca do beijo do sol 
Para com ele se acalentar
Ganhar ânimo
Crescer
Ser planta
Florescer
Ser fruto.
Ser de novo semente na terra 
Ser nova planta a crescer;

A chama da vida
Renovada e forte
Feita fluidez e mudança a cada instante
Manifesta-se no sorriso franco da generosa flor
À abelha diligente que nela procura o alimento;
Nas patitas o sedimento
Vai outra flor visitar 
Outra flor fecundar
Dar o fruto
Aamadurar
De novo semente na terra
E nova planta a crescer;

A chama da vida
Renovada e forte
Feita fluidez e mudança a cada instante
Manifesta-se nos alegres passarinhos
Em busca de ervas secas e pauzinhos
Para construírem seus ninhos

Casinha para seus filhinhos...
….
Chega a Primavera com seu ar e sua graça
Derrama sobre a encosta da terra entorpecida
Da terra vencida
Seu sopro terno e manso.
A terra abre-se
Em si reforça a chama da vida.

A chama da vida
Renovada e forte
Feita fluidez e mudança a cada instante
Manifesta-se em imagens risonhas e coloridas
Imagens que saúdam a VIDA
Nas cascatas em flor que descem pelas encostas
Nos tapetes coloridos que enfeitam bermas e prados   
Nos olhos sorridentes da criança bem-amada
No brilho intenso 
Espontâneo
Intimo no olhar
Inerente do fogo que aquece o coração…
E a terra (re) desenha-se em imagens belas em cada desabrochar
Põe encantamento no olhar e leveza no coração que se deixe libertar.

Barcelos, 21/03/2015
Jeracina Gonçalves

sábado, março 14, 2015

 “Ninguém diga que está bem!”

Estou aborrecidíssima: uma trinca numa ameixa linda, vermelha, luzidia, a rebentar de madura, fez saltar o chumbo de um dente já “recauchutado” e deixou-me com este aspeto degradante e desconfortável em que me encontro.
Custa a crer que uma ameixa bem madura conseguisse causar tal estrago, mas não há dúvida. Aconteceu. Ainda se fosse um dente molar, escondido lá para trás, mas um canino!... 
Vê-se ao menor descuido. Nem me posso rir. 
E logo comigo que gosto tanto de rir abertamente, espontaneamente e sem qualquer constrangimento. 
Dá-me força, faz-me sentir leve, saudável... Sei lá... Acende-me qualquer luz interior que me traz entusiasmo e alegria. Dá-me ânimo, é bom, faz bem e adoro fazê-lo. Liberta-me. É espantoso como rir me liberta! Sinto que uma boa gargalhada me afasta dos médicos e das farmácias. Tenho verdadeira convicção de que assim é. Mas ,assim desdentada, como poderei fazê-lo? É um espectáculo deplorável. E logo hoje, que tenho um jantar social a que não poderei faltar!
Como farei? Juro que não sei como fazer. O que sei, sem qualquer dúvida, é que detesto ver pessoas desdentadas. Dá-lhes um ar de descuido, de abandono, de desleixo… É degradante, e pronto! E é assim que me sinto agora: degradada e com um aspecto degradante. Preciso de resolver esta situação rapidamente. Mas assim... de repente... não sei.
Não sei mesmo como a resolvê-la. O que me deixa ainda mais deprimida. E há o tal jantar…
Tenho de decidir como vou fazer, dê por onde der.
O primeiro passo será, sem dúvida, telefonar para o meu dentista. É o mais inteligente. Só ele me poderá ajudar -me a sair deste impasse e a solucionar-me este problema. E eu que não gosto nada, mas mesmo nada, de sentar-me na cadeira do dentista. Detesto-a. Dei-lhe até um nome muito especial que, quanto a mim, assenta-lhe que nem uma luva: “A Cadeira da Santa Inquisição”.
Não acham que foi um momento de sublime inspiração?
É horrível estar ali de boca aberta, com a broca a escarafunchar nos meus dentes e aquele barulho a roer… a roer… nos meus ouvidos. É terrível! Insuportável! O barulho da broca mexe-me com os nervos e deixa-me ansiosa. Temo que chegue a um sítio qualquer, que não esteja anestesiado e me cause dor profunda, dilacerante, insuportável; e essa dor atormenta-me o pensamento logo que a broca começa a roer, a roer… E quando tal pensamento me domina, parece que sinto a dor, implacável, a perfurar o meu maxilar.
É medonho!
E também detesto o aspirador na minha boca: deixa-ma seca, áspera…
E a ansiedade da espera, enquanto o dentista prepara a broca e a assistente, entretanto, já mandou abrir a boca e colocou o aspirador?
Não, definitivamente detesto ter de ir ao dentista. Abomino-o profundamente. É terrivelmente desconfortante. Mas, que fazer? A necessidade obriga. E lá vem o “tem de ser”.
E o “tem de ser” tem muita força. Assim como “O que não tem remédio...” E agora não tenho remédio. Preciso de procurar um dentista urgentemente e, de preferência, que me possa atender já; pois, como disse, tenho um jantar a que não posso faltar. 
Quando é preciso, não há broca, não há aspirador, não há ferro que o impeça. É preciso, e pronto. Está tudo dito. E agora tem mesmo de ser. Não o posso evitar, nem protelar por mais tempo. Quanto mais depressa resolver esta situação, melhor. Recuso-me a dar o espetáculo degradante de aparecer perante, seja quem for (além do dentista, claro), assim desdentada.
Vou ligar-lhe imediatamente. Oxalá tenha disponibilidade para me atender.
Mas… e se ele não está, ou se não pode atender-me? Como farei? Como resolverei o problema?
Olha que é bem verdade: “Ninguém diga que está bem!”.
Esta expressão ouço-a frequentemente em situações menos agradáveis, tal como esta em que me encontro, e é perfeita para ilustrá-la.
Como é que há dois míseros minutos poderia imaginar que estaria agora nesta situação deplorável?
Estava tão animada, tão deliciada a antegozar o prazer de saborear aquela ameixa carnuda, corada, luzidia, apetecível, e à primeira dentadinha de nada, fico nesta situação desconfortável, aviltante, sem saber se tenho possibilidade de resolvê-la nas próximas horas!
Bom, tenho de deixar de pensar e agir rapidamente, só assim poderei sair deste impasse. Esta é daquelas situações que só se podem solucionar, agindo. E agindo depressa. Vou ligar ao meu dentista.
Deixa ver, tenho por aqui o número no meu telemóvel:
Doutor… doutor…doutor… Ah! Que arrelia! Não tenho aqui o número dele. E eu que tinha quase a certeza de que o tinha gravado no telemóvel. Mas não. Deve estar ali, na agenda. Vou ver. Aos anos que lá vou já tinha obrigação de saber marcá-lo de cor, mas não sei mesmo. Não tenho memória nenhuma para guardar números. Vou ver na agenda.
Deve estar… Deixa-me ver…, deixa-me ver… Passei-a toda de novo há pouco tempo. Deve estar por aqui.
Doutor… doutor… doutor…
Não, não está. Aqui também não está. Como é que me escapou! Não o copiei da agenda antiga, está visto! Escapou-me. E agora, que faço?
Ah! Pois! Há sempre o recurso à Lista Telefónica. Aí não deve falhar.
Cá está! É este mesmo: Dr. Rui…Já não era sem tempo! Vou ligar-lhe imediatamente. Espero que esteja e possa atender-me já.
…Oh! Não! Ninguém atende! Será que está de férias?
Não! Não deve estar de férias. Não é tempo de férias. Ou será que está?...
Não, não pode estar! Tentarei de novo mais tarde. A empregada saiu para fazer qualquer recado e por isso não atende o telefone. É isso. Voltarei a ligar mais tarde. Entretanto pedirei aos céus para que não esteja de férias.
“Ninguém diga que está bem!”
Jeracina Gonçalves


PS: Dando uma volta pelas pastas do meu computador, encontrei este texto, escrito há  uns anos, que acabei por achar engraçado  e resolvi publicá-lo.

sexta-feira, março 13, 2015

O QUADRO ENCANTADO


Ao escancarar a janela, nesta fresca madrugada,
meu olhar, deliciado, bebe com profundo deleite,
o belo quadro pintado pela mão da natureza
na tela cinza claro, que veste o céu d’alvorada.

O sol não pinta a aurora. O ar é quedo e manso.
Só o alado movimento de passarinhos sem descanso
quebra a paz deste quadro, tão simples e tão belo,
tecido na filigrana fina das belas árvores despidas.

A sua beleza serena, bem simples e bem singela,
mana sobre o meu olhar em ondulações de Paz
ao escancarar a janela nesta fresca madrugada
prá tela cinza claro, que veste o céu d’alvorada.

E para maior primor deste quadro encantado
os passarinhos cansados do alado movimento 
vão pousar serenamente nos fios do rendilhado
que veste a madrugada, na tela cinza traçado. 

Barcelos, 10/03/2015
Jeracina Gonçalves

domingo, março 08, 2015

PORQUE SOU MULHER


Sou a terra negra e fértil que acolhe a semente da vida.
Do Amor, eu sou o Templo!
Sou o ninho onde a semente germina.
Em meu ventre um ser se forma. Cresce. 
Meu ventre guarda-o, suporta-o, transporta-o
Em meu ventre aguarda o tempo de surgir
À vida se mostrar, abrir os olhos, sorrir.
Sou a Mãe, porque, na vida, sou Mulher!

Sou Mulher e sou amante
Sou irmã e sou amiga
Sou companheira, inimiga
Sou santa e sou galdéria
Sou a luz e a escuridão
Sou a noite e sou o dia
Sou tristeza e alegria
Sou aço, ouro, lama
Sou o gelo e sou a chama
Sou vulcão em actividade de lava fervente.
Sou também água fresca de fluir permanente. 
Minha alma é doce e forte:
Gatinha a ronronar entre os braços  do amor
Resistente diamante, leoa a amamentar...

Nesta duplicidade latente
Da vida, sou o humano suporte
Porque, na vida, eu sou Mulher!
Barcelos, 08/03/2015
Jeracina Gonçalves


terça-feira, março 03, 2015

SILÊNCIOS QUE ME FALAM DE VIDA


Há silêncios cheios de palavras cheias, intensas, significativas.
Silêncios que falam de esperança, de sonho, de vida apetecida
Nos olhares enamorados, que se cruzam em flechas ardentes;
Nas mãos que se tocam, se agarram e se apertam frementes...

Há silêncios que cantam a vida na melodia límpida do olhar
A escorrer líquido da chama que arde no coração
Do tamborilar das lágrimas sobre as palmas das folhas abertas
Da melodia da brisa carinhosa a abraçar  o corpo da Árvore-Mãe
Do verde matizado dos campos sob o celeste azul diáfano
Do ondulado tranquilo das águas ao ritmo da brisa mansa…

Há silêncios cheios de palavras cheias, intensas, significativas;
Silêncios, que falam nos olhares, nos gestos, nos encontros, nas despedidas…
Silêncios que  falam de esperança, de sonho, de saudades.
De ânsias de vida apetecida
Silêncios que me falam da vida!
Jeracina Gonçalves
3/03/2015

domingo, março 01, 2015

O passarinho repousa placidamente no plátano austero e, como eu, admira, fascinado,  o brilho e a cor que  iluminam o horizonte.
Jeracina Gonçalves
27/02/2015