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quinta-feira, julho 29, 2021

LIVRES! É APENAS ILUSÃO

Livres? Não!
Em sociedade não há liberdade;
há responsabilidade.
Há responsabilidade para com o outro
seu vizinho, seu amigo, seu irmão
deste mundo global
é dever de cada cidadão.

A liberdade é um conceito teórico
do âmbito da imaginação.
Toda a liberdade tem travão.
A não ser para o ermitão.
E até esse tem regras que não pode ultrapassar
sob pena de pagar
pesada condenação.

Livres! É apenas ilusão.
Todo estamos em ligação
por um fio universal.
Todo o bem e todo o mal
Terá repercussão a nível global.

Livres! É apenas ilusão.


                                                                                                                    Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 29/07/2021

segunda-feira, julho 26, 2021

O AMOR É UMA MAGIA

                                 
O amor é uma magia
tecida não sei por quem
em algum sítio do Além.   
                                   
Chega não sei porquê
entra sem pedir licença
senta-se toma o lugar
fogueira a crepitar
sob o timbre d’ uma voz
um toque ou um olhar
às vezes só o pensar
incendeia corpo e alma.

O amor é uma magia
tecida não sei por quem
chega sem avisar
senta-se e toma o lugar.

                                                        Jeracina Gonçalves
                                                        Barcelos/Portugal, 09/06/2021

domingo, julho 25, 2021

“QUE FAREI NO PRIMEIRO DIA DO RESTO DA MINHA VIDA?”

O meu olhar perde-se num ponto neutro da parede branca, em frente, olha através dele e fixa-se na frase 
“Que farei no primeiro dia do resto da minha vida.” 
Registei-a, quando, ontem, online, folheei a Revista do Montepio. Está lá. Foi proposta à consideração de quatro pessoas diferentes; quatro pessoas que através dela teceram algumas considerações sobre este tempo perverso, que a todos alterou e altera o ritmo das suas vidas, nestes dezoito meses decorridos. 
Quatro anseios expostos para esse primeiro dia em que possamos livremente circular, beijar, abraçar, sem que tenhamos a trela do Covid-19 a frenar o desejo de manifestarmos os nossos sentimentos às pessoas que nos são queridas, nem a delimitar-nos o desejo de viajar, de ir ao teatro, ao cinema, ao restaurante com amigos… Viver! E dei-me conta de quanto na minha vida morreu nestes dezoito meses decorridos, passados entre as quatro paredes da minha casa. Muito da minha vida morreu. Morreu para sempre. Jamais terei tempo para recuperá-lo. Este tempo sempre igual, que não distingue domingos de dias de semana, tiraram de mim o que a vida tinha e tem de mais importante, de mais belo, de mais rejuvenescedor. Tiraram-me o riso, a gargalhada espontânea, o convívio com a minha família, com os meus amigos, com os lugares que amo e todas as coisas que mais e melhor a preenchiam e lhe davam sabor.
“Que farei no primeiro dia do resto da minha vida?”
Farei o que a vida me permitir fazer. Mas o que mais gostaria de fazer seria abraçar os meus filhos, as minhas netas e o meu neto, até que o meu coração transbordasse esse sentir de seus corpos ao meu corpo abraçados, de que se sente tão sedento; depois reunir-nos-íamos num almoço de risos e alegria. 
Mas como realizar esse anseio, se eles estão por aí, pelo mundo? 
Mesmo assim, não tenho o direito de lastimar-me. Terei por perto a minha filha e a minha neta para saciar este anseio profundo do meu coração: poder abraçar livremente os seres que amo. Juntarei todos os pedaços da vida que me restam num cocktail de esperança e beberei a esperança com a alegria de estar viva e todos os dias assistir ao colorido da luz a iluminar o horizonte e ao gorjear dos pássaros saudando o amanhecer. Abraçarei a minha filha e a minha neta num abraço infinito que devolva ao meu coração cansado e sedento de afeto, o calor que o anime e o faça bater mais forte.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 25/07/2021

sábado, julho 24, 2021

 Acho este  texto divinal. Sinto esta inquietação permanentemente em mim e não descortino de onde me chega. Este texto chegou-me na ...  

Newsletter n.º 61 | 23 de Julho 2021

ESSA COISA É QUE É LINDA  

A arte procura dar forma, conceder um tempo e criar um lugar para o que, de outro modo, não poderá ser nomeado ou representado. Mas essa é uma forma que o artista sabe ser sempre instável, pois tem a consciência de que a arte transporta a própria condição da instabilidade humana, do que escapa, do que é fugaz, do que não será nunca dado por acabado.
 
Compreendi estas ideias quando li, felizmente muito jovem ainda, O Livro do Desassossego do semi-heterónimo de Fernando Pessoa, Bernardo Soares, esse projeto em que o poeta trabalhou toda a vida, e que nunca deu por terminado: uma autobiografia sem factos, em que fragmentos de vozes diferentes e estilos diversos se justapõem, iluminando a indecidibilidade da vida. Lembro-me de me ter sobressaltado ao ler “Senti-me inquieto já. / De repente, o silêncio deixara de respirar”. E foi idêntico o sobressalto que senti hoje de manhã ao ler o e-mail que me enviara o nosso Colega da Faculdade de Letras Luís Adriano Carlos.
 
Luís Adriano Carlos é um artista de ofícios múltiplos, inscrevendo-se no mundo da poesia (veja-se o seu magnífico último livro de poemas, Torpor), da pintura (uma das suas dimensões mais discretas) e da música (como letrista, vocalista, instrumentista e compositor). Este último domínio tem vindo a ser explorado pelo seu alter-ego Aristoxen, através do qual compõe peças “in the box”. O e-mail da manhã trazia-me uma prenda: uma remasterização da canção “Inquietação”, de José Mário Branco, a partir de uma versão deteriorada do YouTube, capturada em streaming. No seu e-mail, dizia-me Luís Adriano Carlos que, “se fosse dum americano, [“Inquietação”] era uma obra-prima do jazz ou do jazz fusion”. O resultado da intervenção de Luís Adriano Carlos pode ser escutado aqui.
 
Ao ouvir a música, “senti-me inquieta já”. Desassossegou-me tudo o que está ainda por acontecer, as coisas por perceber, e dei por mim a repetir, com José Mário Branco (e Luís Adriano Carlos), “Cá dentro, inquietação, inquietação / É só inquietação, inquietação / Porquê, não sei / Mas sei / É que não sei ainda. // Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer / Qualquer coisa que eu devia resolver / Porquê, não sei / Mas sei / Que essa coisa é que é linda".
 
E tenho vindo toda a manhã a afundar a angústia do que tenho ainda por fazer no deslumbramento perante as perguntas por formular, enchendo-me de contentamento nesta descoberta de que “essa coisa é que é linda”. Por isso preciso da arte: para aprender a dizer o que não saberia sequer pensar.
 
Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora"
Publicado por:
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 24/07/2021


sexta-feira, julho 23, 2021

NOSTALGIA

Dói-me este silêncio na noite em volta de mim
Num murmurar gritante aos meus ouvidos.
Traz consigo a nostalgia doutros tempos.
Fecho os olhos: há risos de primaveras longínquas
Que me chegam por entre as paredes do tempo
E estendem o azul celeste sobre campos floridos
Onde voam borboletas e chilreiam passarinhos.
A bruma turva o meu olhar perdido nos meandros do caminho.
O meu coração chora baixinho.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 20/07/2021

quarta-feira, julho 21, 2021


Neste dia dos amigos, aqui deixo este lindo botão de rosa para os visitantes do meu blogue.
Que ele inebrie o coração de cada um com os perfume da Bondade, da Amizade, da Solidariedade e do Amor
Faça de cada um um forte pilar de encaminhamento e sustentação para um mundo melhor.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 21/07/2021

sábado, julho 17, 2021

Museu da Língua Portuguesa reabre ao público no dia 1 de Agosto

                                

"O Museu da Língua Portuguesa, no histórico edifício da Estação da Luz, no coração de São Paulo, será reinaugurado no dia 31 de julho, quase seis anos depois do incêndio que destruiu dois andares do prédio e causou a morte a um bombeiro. O presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, já confirmou a presença na cerimónia de reabertura. A missão do equipamento mantém-se inalterada: enaltecer e divulgar a beleza e a riqueza da Língua Portuguesa.

No dia seguinte, o museu que recebeu quase quatro milhões de visitantes entre 2006 e 2015 (desde que foi fundado até que foi encerrado) volta a abrir as portas ao público com “Língua Solta”, uma mostra com 180 peças que, de acordo com a apresentação no portal do museu, é “composta por um conjunto de artefactos que ancoram os seus significados no uso das palavras, como objetos da arte popular e da arte contemporânea, apresentados de maneira embaralhada, levando o público a pensar nessa divisão e em outros entendimentos possíveis para o Mundo”. A par com esta mostra temporária, o museu exibirá o acervo permanente, agora num formato renovado, tirando partido da tecnologia para interagir com os visitantes."

Fonte: JN      

De: pporto.pt
publicado por: 
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 17/julho/2021

sexta-feira, julho 16, 2021

A FORÇA IMPLACÁVEL DA NATUREZA


A força implacável da natureza, a cada momento, coloca-nos na nossa verdadeira dimensão neste planeta que habitamos e no universo em que estamos inseridos, mostrando-nos a nossa fragilidade e o quanto somos efémeros neste cosmos do qual somos uma pequeníssima partícula, mas do qual nos julgamos reis e senhores. E os mesmos elementos que nos sustentam a vida (ar, sol e água) são também os que no-la destroem, levando também tudo o que construímos para nossa comodidade e suporte.
Num curtíssimo espaço de tempo, manifestaram-se os três, destruindo vidas e haveres: o calor desmedido no Canadá e Estados Unidos (Flórida), o tufão na República Checa, e, agora, as chuvas intensas, especialmente na Alemanha (a mais ferida); mas também na Bélgica há destroços e morte. E também outros países limítrofes estão a sofrer o flagelo das chuvas intensas. E isto talvez deva fazer-nos pensar e repensar muitas das nossas atitudes.
A Terra, a nossa Terra, está a gritar por socorro. É preciso ouvi-la. Ouvi-la com urgência e manifestar-lhe o nosso respeito e o nosso amor. É preciso procurar viver em comunhão com ela e com as suas leis, as leis da natureza, ferindo-a e envenenando-a e aos seres que coabitam connosco nesta casa de todos, e a nós próprios, o menos possível.
Os governos têm uma responsabilidade grande; mas todos nós, cidadãos, temos uma quota parte de responsabilidade nesse processo. E se todos fizermos conscientemente a nossa parte, poderemos, talvez, pelo menos, atrasar esta tendência destrutiva da nossa casa global.

* Foto da Internet
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 16/07/2021

quinta-feira, julho 15, 2021

AS PALAVRAS

As palavras são armas.
São armas poderosas de vida ou de morte
de aproximação ou de repúdio
de aconchego ou de solidão.
As mesmas palavras podem ter efeitos totalmente opostos.
Consoante o tom a forma e o contexto em que são ditas
podem ser luz ou sombra, vida ou de morte;
Podem ser a ponte que liga e aproxima
ou o fosso que separa as duas margens;
Podem ser facas de gumes afiados 
a despedaçarem a carne em pedaços 
em papéis grosseiros embrulhados 
cinzentos de dor
ou pétalas macias 
que acariciam o amor
e inundam o olhar com um brilho profundo de emoção.
Às vezes 
o seu efeito depende apenas do âmbito em que são usadas
do tom e da forma como são pronunciadas.

As palavras são armas.
São armas poderosas.
São armas que conquistam, seduzem, atraiçoam, corrompem, matam
Matam sentimentos, matam emoções, matam relações…
Matam a comunicação geradora da ação para o mundo melhor.

Que as nossas palavras sejam comedidas 
Sejam veículos de Paz de compreensão e entendimento.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 23/04/2021

terça-feira, julho 13, 2021

A PRIMEIRA LEI DA LIBERDADE DE IMPRENSA FEZ ONTEM 200 ANOS.

 Lançados dois selos 

para assinalar os 200 anos da liberdade de Imprensa


"O Museu Nacional da Imprensa, em parceria com os CTT, lançou dois selos e um bloco filatélico para assinalar os 200 anos da primeira lei da liberdade de Imprensa, promulgada por D. João VI a 12 de julho de 1821. Foi ainda criado um carimbo especial para o dia, sendo que os selos e o bloco podem ser adquiridos nas lojas CTT espalhadas por todo o país."

                                                                                                   Colhido de:  PPporto.pt

Publicado por Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal

quinta-feira, julho 08, 2021

A QUARTA VAGA

Hoje procuro palavras para construir o poema.
Procuro palavras-flor. 
Palavras que exalem perfume de paz 
Sejam a expressão do amor. 
Sobre a terra em sofrimento
Sejam entusiasmo alegria alento.

Hoje procuro palavras para construir o poema. 
Procuro palavras-amor.
Palavras que sejam motor de mudança, elos de união
Arrasem a indiferença, o egoísmo, o individualismo; 
Palavras que celebrem a ligação de todos. Sem distinção 
De idade, sexo, cor, estrato social ou religião
Contra esta guerra global
Que derruba  a humanidade. 

Hoje procuro palavras para construir o poema. 
Procuro palavras em vão!
As palavras já estão gastas, velhas, cansadas, vazias de conteúdo.
Já não têm expressão.
Há que dar corpo às palavras.
Dar-lhes a densidade que as transmutem em ação.
Encorpá-las, recriá-las, dar-lhes vida, expressão.
Sejam água, sejam pão, paz, saúde, solidariedade;
Neste mundo em sofrimento sejam lenitivo para a dor.
Apaguem deste mundo o egoísmo, o individualismo…
Nos corações das gentes, das gentes de todas as idades, 
Sem distinção de cor, sexo, religião, estrato social,
Derramem amor, solidariedade, sentido de unidade.
Que todos se sintam ligados pelo mesmo elo de responsabilidade. 
Somos a expressão do mesmo todo, uno, que é o universo. 
Só como um todo poderemos vencer esta guerra.
Só de mãos dadas poderemos esta guerra vencer.

Hoje procuro palavras para construir o poema. 
Palavras que sejam ação no caminho da mudança 
Onde o objetivo de todos seja um mundo melhor.
Hoje procuro palavras para construir o poema.
Palavras que exalem perfume de paz e sejam a expressão do amor. 

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 08/07/2021


domingo, julho 04, 2021

 Achei muito interessante e pertinente este texto que me chegou pela Newsletter Casa Comum - Cultura U.Porto, da autoria da sua Editora e Vice-Reitora da Universidade, pelo que não resisti a publicá-lo no meu blogue.


CLEÓPATRA E A GERAÇÃO IGUALDADE

Afinal, parece que Cleópatra não era bonita, ou melhor – e dizendo-o com as letras todas –, era feia, mesmo: não era apenas o nariz que era grande e curvado para baixo; tinha a cara angulosa, os lábios demasiado finos – suspeita-se que com algum defeito – e o queixo proeminente. É assim que está representada em moedas da época; e textos coevos denunciam um buço bastante espesso. Como é então possível que Shakespeare a tenha retratado como uma Vénus, por quem Júlio César e Marco António se apaixonaram perdidamente, e que Joseph L. Mankiewicz tenha convidado Elizabeth Taylor, no auge da sua beleza, a desempenhar o papel da rainha do Egito no icónico filme de 1963?
É que o poder de Cleópatra advinha não da sua beleza, mas da sua poderosa inteligência. A sociedade egípcia de então concedia às mulheres oportunidades de educação muito superiores às que tinham as mulheres romanas, que eram vistas como inferiores aos homens. Cleópatra falava dez línguas e estudara ciência, geografia, geometria, aritmética e as artes da oratória, entre outras disciplinas. Não admira, pois, que César e António se tenham sentido surpreendidos, intrigados e deslumbrados com a sua cultura e inteligência. Para a historiografia romana, contudo, a situação era inaceitável – e a história que ficou para a posteridade foi a de uma rainha-meretriz, castradora e calculista, que enfeitiçou, com a sua beleza e suspeitas artes de sedução, os dois grandes nomes de Roma.
Hoje, volvidos dois milénios, esta matriz de leitura do poder das mulheres infelizmente não se alterou em muitas sociedades, e por isso são mais relevantes do que nunca eventos globais como o Fórum Geração Igualdade, o maior encontro feminista do milénio, realizado esta semana em França, depois de a primeira parte ter ocorrido em março no México. O Fórum partiu de uma pergunta pertinente: que progresso foi registado, no que respeita à igualdade de género, nos últimos vinte e cinco anos, desde a Quarta Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres e a adoção da Declaração e da Plataforma de Ação de Pequim? O discurso do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, evidenciou que há muito a fazer num mundo que é ainda dominado pelos homens e que tem uma cultura claramente patriarcal; Emmanuel Macron lembrou o autêntico retrocesso que alguns países estão a viver na caminhada pela igualdade de oportunidades; e ambos sublinharam o agravamento da situação das mulheres com a pandemia de COVID-19.
Phumzile Mlambo-Ngcuka, Diretora-Executiva da ONU Mulheres, fez uma declaração que é evidente: as mulheres ocupam ainda um quarto dos lugares na administração, no parlamento, na participação em negociações sobre o clima e a paz – e um quarto não é suficiente; UM QUARTO NÃO É IGUALDADE. De vez em quando é importante pormos em evidência verdades de La Palice como esta.
Esperemos que o Plano Mundial de Aceleração para a Igualdade surta resultados rápidos. É que precisamos mesmo de acelerar.

Fátima Vieira
Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora
Publicado por: Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 04/07/2021