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sábado, janeiro 31, 2015

MÃOS VAZIAS


Já caíram as flores da amendoeira sobre a relva do prado
O rio corre mais lento entre os contrafortes  da loucura
Espraia-se, solitário, na planura árida por onde corre a névoa
Que  desce por entre os meus olhos e se me afoga na garganta.
Lá longe fica o mar: o mar enorme, o mar azul, o mar profundo.
O mar iluminado por um sol esplendoroso, a resplandecer
De entre as muralhas de um tempo, que se foi como areia seca
A esgueirar-se por entre os dedos. Restam as mãos vazias.

Jeracina Gonçalves

quinta-feira, janeiro 08, 2015

AQUELA RUA



Aquela rua contava-me coisas de passarinhos
A cantar aos ouvidos da Lua. Coisas de encantar.
Coisas, que fazem o meu coração estremecer
De volúpia e de prazer, em cada recordar
E libertam em mim a capacidade de sonhar!

Jeracina Gonçalves

domingo, janeiro 04, 2015

CORES DO AMANHECER

EXORTAÇÃO…


Não olhes o passado com dor
busca nele a força para olhares o futuro
sem temor, com determinação e muito amor.

Rega a tua alma com a água cristalina
da cascata a despenhar-se do alto da  montanha;
banha o teu corpo na água límpida,
saltitante de pedra em pedra,
do riacho que corre pela encosta do sonho;
inebria os teus sentidos caminhando entre as flores coloridas
dos campos da beira do rio;
delicia os teus ouvidos no gorjear dos pássaros
tecendo sonatas de amor;
no tagarelar da criança que vive em ti
correndo do baloiço pró escorrega
daí, pró cavalinho, lá no parque do jardim…

Luta pela verdade que enche teu coração.
Ainda que seja quimera
nela está a força, que será a tua força
para prosseguires, sem desânimo, o teu caminho.

Não poderás mudar o mundo.
Se fizeres a tua parte, sem desmaio, sem cansaço,
sempre haverá alguém a seguir tuas passadas.
Jeracina Gonçalves
Do livro para publicação"À DERIVA"

quinta-feira, janeiro 01, 2015

ANO VELHO/ANO NOVO

O Velho fechou a porta.
Roto
esfarrapado
parte triste
envergonhado do que viu em seu tempo acontecer:
tanta fome
tantas guerras
malquerenças
tanta incúria e maldades praticadas.

Tanta incúria e maldades praticadas
sobre gentes desditosas
sofredoras...
Tantas alegrias e esperanças traídas
vítimas da ganância dos poderosos do mundo;
tantas mães de olhar atormentado
desesperado
sem migalha para aos filhos acudir;
tantos pais de olhar arrebatado
em seus braços corpos ensanguentados 
de seus filhos de olhos para sempre fechados…
Perversidades...
Ignomínias de gentes mal formadas
egocêntricas
egoístas
desprezíveis!
Torpezas dos donos das nações
pútridos
infetos!
Atiram seus congéneres aos leões
alheios a quaisquer razões
que não sejam os infetos tostões.

Parte o Velho todo roto,
esfarrapado.
Parte triste, desgostoso…
Envergonhado da maldade,
da peçonha que devasta o Universo.
Secas
na pele do rosto
e para sempre marcadas
remanescentes das lágrimas em seu tempo choradas.
Marcas das desditas
da fome
das guerras
das atrocidades em seu seio praticadas.
Na sacola
em seu ombro pendurada
carrega as alegrias e as esperanças derrubadas.

Chega o Novo
todo de verde vestido
no coração traz os sonhos
os anseios
as esperanças renovadas.

FELIZ ANO NOVO!

Jeracina Gonçalves