Pesquisar neste blogue

terça-feira, outubro 31, 2017

NOS CONTRAFORTES DA SERRA.

As lágrimas, que a Lua chorou sobre a pele macia e aveludada da rosa provocantemente exposta aos dourados raios do Sol nascente, deliciando-se com a sua carícia doce, amiga, criadora, são diamantes incrustados no veludo rubro das suas pétalas: fulguram sob as chispas ardentes do sol enamorado, crescendo em ardente paixão perante tão perfeita e encantadora formosura, e atraem a abelhinha matinal que, apaixonada também, ternamente a vem beijar e com ela estabelece um diálogo secreto, prenhe de cumplicidade e de amor. No açude à minha esquerda, a água cai, ritmada e branca, sobre o lago cavado na rocha do leito, mercê da pressão contínua do seu ímpeto. Multiplica-se em ondulações sonoras e, com o zunir da abelhinha enamorada e o fervilhar dos ramos dos castanheiros e dos amieiros frondosos a bordarem as margens do rio, tocados pela brisa, compõe um concerto de paz e põe pinceladas de verde e azul na minha alma faminta. Escapule-se, depois, pela direita do areal a fluir mansa e pura sobre a cama de pequenos e arredondados seixos, brilhando sob os raios incidentes do sol. Um pouco mais abaixo espraia-se, serena e quieta, num palco espelhado a refletir coreografias de enorme beleza, nesta manhã azul, deste mês tão popular, de marchas, alho-porro e martelinhos, com a bela sardinha assada a nadar em vinho tinto pelas ruas, e manjericos a aquecerem os corações enamorados. 
Toda a natureza fervilha, igualmente viva, apaixonada, saudável e tranquila; e a minha alma, ávida, insaciável, mastiga sofregamente este delicioso manjar de luz, cor e amor, neste recanto de paz, nos contrafortes da serra.
Porém, em oposição a este delicioso poema de beleza e de amor com que a Natureza me presenteia nesta manhã de Junho, chega, inadvertidamente, aos meus ouvidos um diálogo entre humanos bastante menos poético e pacífico, que me põe a pensar nas atrocidades que o dinheiro, a ganância, a paixão incontrolável do ter, da posse, pode desencadear; os desencontros que pode provocar nas famílias e criar situações de grande desgaste e de sofrimento atroz, destruindo-lhes a harmonia, o entendimento e até a vida.  
“…diz-se que o sogro é que queria matá-lo; mas a verdade é que quem foi buscar a arma e deu dois tiros no sogro foi ele. Diz-se que foi por causa de dinheiro. Havia ali uma grande fortuna e há quem diga que foi conseguida… assim… Sabe Deus como! Diz-se muita coisa. O povo disposto a falar… 
Alegaram loucura instantânea e foi absolvido. Não cumpriu pena. Mas não era boa rês. E, por de traz daquela absolvição devem ter circulado grandes somas; deve ter corrido por ali muito dinheiro. Porém, desta vez, o dinheiro nada pôde. De nada lhe valeu. E lá foi. Um enfarte fulminante e… seguiu o caminho de todos, sem levar nada consigo. Tudo cá ficou. Tudo cá fica. Sempre. Para quê tantas rixas, tantas zaragatas, tantos ódios?  Para quê? Diz-me!  
Quando chega a hora, todos partimos da mesma maneira. Ninguém leva nada consigo. 
Ah! Sim! Deixou a família toda bem…”
As vozes afastam-se, dialogando, sem se terem apercebido da minha presença. 
Fiquei a matutar no que acabara de ouvir, sem saber a quem se referiam. Estou de passagem e não conheço as histórias das gentes, mas a história impressionou-me.
O dinheiro! Sempre o dinheiro!
E fico a pensar no dinheiro e nas enormes atrocidades cometidas por esse mundo além por sua causa. Provocam-se guerras, promove-se o tráfico de drogas, adulteram-se alimentos, escravizam-se mulheres, crianças… Enganam-se e traem-se multidões. "Meio mundo engana outro meio.", como diz o ditado. Em seu nome, em nome do lucro desmedido, tantas e tantas situações degradantes, tantas e tantas mortes e desgraças crescem e se espalham pelo mundo! Mas, sem ele, tanto sofrimento existe também. 
E fico-me a refletir na sua ambiguidade, na sua dualidade. 
O dinheiro em demasia mata a alma, a sensibilidade, o coração. Mata o Ser. 
Quando a ganância domina e se impõe sem regras, destrói famílias, destrói amizades, compra consciências, espalha o caos e a morte. 
O dinheiro com ganância conspurca, suja, destrói. 
Cada ser humano devia ter o suficiente para ter uma vida digna, com trabalho lazer e cultura. E, quanto a mim, todos os trabalhos são igualmente dignos e importantes, desde que exercidos com profissionalismo e honestidade e contribuam para o bem-estar do ser humano em sociedade. 
Cada ser humano devia ter dinheiro suficiente para poder distribuir a sua vida, igualmente, por estas três vertentes: trabalho, cultura, lazer, sem extravagâncias, mas com responsabilidade e sentido de dever individual e coletivo.
- Utopia! Dirão. 
  • Eu sei. Mas como seria bom se assim pudesse ser! 
  • Como o Mundo seria tão mais feliz se assim fosse!                                                                                 
                                                                                                                   Jeracina Gonçalves
            Barcelos/Portugal

PS: Este texto é antigo e já foi publicado por aí em vários sítios.
Continua atualíssimo. Quanto a mim, cada vez mais. Acho que não faz mal publicá-lo de novo. 

segunda-feira, outubro 30, 2017

CAMINHANDO PELO PORTO

Saio a porta da estação de S. Bento
Olho à esquerda
Uma imagem capta o meu olhar.
Tiro a câmara para nela registar
Esse encontro entre mim e o passado
Que meus olhos seduziu.
Caminho depois devagar...
Meus olhos, pássaros voando,
Poisam em cada beiral.
De beiral em beiral
Vão subindo rua a cima
E bebem, traço a traço,
O passado construído
Que o meu passo apressado
Com destino a qualquer lado
Nunca tinha registado.
Hoje, porém, olho e vejo
E  os meus olhos,
Pássaros por essa rua voando,
Poisam  de beiral em beiral,
E na câmara vão registando
Essas linhas do passado
Desse património imortal.
Jeracina Gonçalves
30/10/2017

domingo, outubro 29, 2017

Um muro denso interpõe-se ao meu pensamento.
O meu pensamento não flui
Faz ricochete
Redemoinha
Não passa além desse muro que lhe corta a fluidez.
E permanece nesse limbo sem impulso nem paixão
Que arrebate o seu despertar.
Redemoinha, nesse espaço junto ao chão,
Quando o meu coração
Pede asas para chegar às estrelas e delas poder voltar
Beber o sonho da lua e sonhar sob a luz do luar.
Jeracina Gonçalves
29/10/2017

sábado, outubro 28, 2017

A Minha alma caminha por entre as veredas floridas e perfumadas das rosas vermelhas e amarelas, que ornamentam hoje o meu coração.
A solidariedade em cordão gera resultados fabulosos.
Assim aconteceu ontem: mais de 500 pessoas aderiram ao convite para o Jantar Onda Rosa a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro, e o resultado foi uma vitória estrondosa.
Resultou numa verba fantástica para a prevenção e para a investigação na luta contra o cancro.
Quando todos nos damos  as mãos, coisas muito bonitas acontecem.
Jeracina Gonçalves
28/10/2017

quinta-feira, outubro 26, 2017

AMOR

São tantas as formas de amar!
Amor amante
Amor amigo
Amor irmão
Amor maternal
Amor fraternal
Amor filial
Amor à Natureza
Amor À Humanidade...
AMOR!
Simplesmente AMOR!
Palavra tão pequena...
Em sua essência está o mundo que é preciso construir
Todas as formas de Amor preenchem o coração
Todas as formas de Amor fazem o Mundo Melhor!
Jeracina Gonçalves
26/10/2017


terça-feira, outubro 24, 2017

A ESPERANÇA RENASCIDA

Senti-me perdida
Magoada
Ferida
Minha alma devassada
Minha vida
Mas na vida tudo passa.
Quando na vida se ultrapassam
Os escolhos no caminho
A vida toma seu rumo
Deixando a alma mais forte
Em cada retalho da vida
Em cada esperança perdida
Nova esperança renascida
E de andança em andança
Vence-se a vida, na vida.
Jeracina Gonçalves

24/10/2017

domingo, outubro 22, 2017

Pensar-me, sentir-me, no silêncio da minha alma, é um exercício que faço, agora, sentada à mesa do meu computador.
Temia encontrar dentro de mim mágoa, tristeza, dor...
Mas não.
Sinto em mim a serenidade de um lago azul e tranquilo, onde velejam velas brancas tocadas por brisa suave.
Sinto paz. Sinto serenidade.
Está intacto o meu Ser.
Sinto que o meu coração se mantém firme e doce, capaz de olhar a vida  com a mesma firmeza, a mesma determinação, e o mesmo sentimento de sempre em relação mundo e ao ser humano.
Dentro de mim há AMOR, há paz, há tranquilidade.
Jeracina Gonçalves
22/10/2017


sábado, outubro 21, 2017

Por que me tratam assim?

Santa... eu não sou.
Sou pecadora confessa
como todo o ser humano;
porém, eu vos confesso
procuro, em cada momento,
ser um pouco melhor
e dar um pouco de mim.
Em cada luta que travo
e saio vitoriosa
sinto que enriqueci.

Santa... eu não sou.
Mas longe de mim ser demónio.
Sou apenas uma mulher
que ama, que chora, que ri
com derrotas, com vtórias
com muitas mágoas, muito pranto
nos anos que já vivi.
E sempre prá vida sorri.
Porque a vida é coisa bela.
É um manjar recheado
de várias cores e sabores
que fazem dela o encanto
de ser vida
e à vida dar o seu canto.
Há, porém, quem não o entenda
e tecem-me em volta uma teia
tão negra, tão suja, tão feia...
que ainda não entendi.

Jeracina Gonçalves
21/10/2017

A VIDA É UM PRESENTE

O sol que iluminou o dia de hoje estendeu os seus raios luminosos sobre o meu coração. Encheu-mo de alegria.
O meu dia foi embelezado, logo pela manhã, por um miúdo que encontrei e demonstrou  uma grande alegria em ter falado comigo.
Deixou-me depois com um piropo que me enterneceu e deu um grande ânimo ao meu ego:
"A senhora está muito bonita."
"Obrigada, Joca".
"Mesmo!"
E repetiu: "A senhora está muito bonita, mesmo."
Quanto a isto, que pode fazer-se?
A minha cabeleireira ficava-me no caminho. Entrei: se estava bonita, fui por-me mais bonita ainda!
De tarde fui a uma palestra, de que gostei, no"meu" IAESM, e vendi cinco livros. E perguntaram-me quando publicava outro de poesia...
O meu coração regressou  a cantar.
Foi um daqueles dias em que sentimos, profundamente, que a vida é o maior presente obtido. Não pode ser desperdiçado com querelas e mágoas. Vale a pena vivê-la com AMOR no coração.
Jeracina Gonçalves
23/10/2017

sexta-feira, outubro 20, 2017

O PRANTO DO DIA

Um pranto silencioso e triste
Desce hoje pelo rosto do dia.
Olho por detrás da vidraça
O pranto que desfaz o dia
E a minha mente recua
Até esse mar rubro e revolto
Que avançou sobre a vida
Espalhou tristeza e luto
Há apenas alguns dias…
Que bem este pranto faria!
Jeracina Gonçalves
20/10/2017

A FORÇA DO TEU CRER

Baloiço nas ondas revoltas deste mar
Sinto náusea e sinto dor
Pela miséria reinante 
Neste tempo sem valores.
Nesta fúria de alcançar o domínio, 
O poder
Perdeu-se a noção do que é lícito;

Mas tu sabes quanto vales.
Não te deixes abater.
A tua alma é rocha pura.
Está nela o teu poder.
Tua força está em Deus 
E na força do teu crer.

Jeracina Gonçalves
20/10/2017

quinta-feira, outubro 19, 2017

Obrigada, Senhor!
Obrigada pela força, pelo ânimo, pela energia, 
pela intuição e sensibilidade que me dás, 
enquanto me dás a doçura e a candura de não descrer no ser humano.
Em Ti me apoio Senhor.
Em Ti busco a minha força com as lágrimas a deslizarem pelo meu rosto.
Nelas e em Ti, Senhor, está a minha capacidade de luta.
Nelas e em Ti, Senhor, está a minha força e a minha vitória.
Jeracina Gonçalves
19/10/2017

quarta-feira, outubro 18, 2017

MINHA ALMA CANTA


Eu sei que não sou poeta
mas sei que minh’alma canta.

Às vezes em voz dolente
canta a paisagem despida
por onde corre o meu coração;
às vezes, em voz serena,
canta a paisagem bonita
por onde corre o rio da vida
quando, neste turbilhão,
há uma mão que se estende
para agarrar minha mão;
às vezes canta o AMOR
a fluir do espaço etéreo
sem correntes de prisão…
Hoje canta a luz da vida
que enche o meu coração
neste dia, doce e terno,
que se fez o meu caminho…

Eu sei que não sou poeta
mas sei que minh’alma canta!

Canta o sol e canta a lua

canta o brilho das estrelas
canta os pássaros a voar
canta as gaivotas em bando
sobre a orla do mar
canta o Amor, a Alegria
de dois corações no olhar
um ao outro se abraçarem...

Eu sei que não sou poeta

mas sei que minh'alma canta
este sonho sempre vivo
de sempre o AMOR amar!

Jeracina Gonçalves
(MJRCG)

terça-feira, outubro 17, 2017

PRECE

Como eu queria, Senhor,
um ombro...
Um ombro onde encostar
minha cabeça cansada...

Como eu queria, Senhor,
uma mão que se estendesse
para a minha mão agarrar,
sem nada me pedir,
sem nada eu ter que dar
além da minha mão
na sua mão descansar.

Como eu queria, Senhor,
um Amigo...
Um Amigo de verdade
com quem pudesse,
sem entraves, conversar
e toda a minha alma,
abertamente lhe passar
sem pensamentos perversos 
livre,
 ternamente a me abraçar.
Jeracina Gonçalves
MJRCG
A Amizade, a Alegria, o Convívio, preencheram hoje o meu dia.
A vida está a devolver-me muito do que lhe tenho dado. Está a ajudar-me a concretizar o meu sonho de ajudar: vendi, esta tarde, mais três dos meus livros.
Quando damos AMOR,  o AMOR vem ter connosco. É uma verdade em que cada vez creio com mais força.
Apesar do sentimento doloroso, que enche o coração de todos nós, neste tempo de luto e dor. que tomou o nosso País, foi bom. Muito bom.
Obrigada, Meu Jesus, pela força, pelo ânimo que me dás, dando-me a certeza que caminhas a meu lado e me proteges com o Teu AMOR.
Jeracina Gonçalves
17/10/2017

segunda-feira, outubro 16, 2017

O AMOR

O AMOR
Compreende,
Perdoa,
Liberta,
Encoraja,
Anima,
Incita,
Espera,
Acredita
Que na Terra
O AMOR em corrente
Vencerá a força o mal
E só o AMOR viverá
Com sua força vital!
Jeracina Gonçalves
MJRCG
16/10/2017
A gratidão é o sentimento que hoje me invade e preenche o meu coração.
Gratidão a Deus, que sempre me acompanha e me devolve, em cada momento, o ânimo que às vezes me falha, mas retoma intacto quando, realmente, preciso dele.
Pela janela aberta, do meu lado esquerdo, chega-me a algazarra juvenil expandindo a sua energia antes de entrar na sala de aula.
É vida, é alegria, é juventude, é sonho à minha volta! É uma graça Divina. Aconchega-me a alma.
Como poderei deixar de envolver-me, de sentir que a vida é bela e de acreditar que Deus está comigo?

Quisera ser luz, ser água, ser ar
ser vento, brisa suave
e em meus braços te abraçar
envolver-te no meu sonho
deste Mundo fazer melhor.
Jeracina Gonçalves
16/10/2017

domingo, outubro 15, 2017

SOU HUMANA

Às vezes a vida magoa e faz-nos descer pelas faces correntes líquidas, que rasgam sulcos profundos na superfície da alma. 
Não gosto de me sentir encurralada numa prisão sem grades, onde permanentemente são vigiadas todas a minhas acções, todos os meus pensamentos e tudo o que solto do meu coração, quando preciso de libertar a dor e a solidão que, às vezes, me invadem - sou humana, e como como qualquer ser humano, tenho momentos de fragilidade - por pessoas que fazem da ética tábua rasa. 
Por norma, dói-me mais a dor dos outros, que a minha própria dor. 
A minha, depois do primeiro impacto, sinto que me fortalece. A dos outros dói-me. Faz com que as lágrimas se revelem no meu olhar.
Julgo que  é uma característica humana que não quero perder. Não vou deixar que a destruam em mim, nem tão pouco que me destruam a convicção de que todas as pessoas têm um lado bom, que um dia há-de sobressair, submergindo o menos bom.
Por mais ataques que me sejam feitos, não vou deixar que me roubem essa caraterística: faz-me generosa e atenta. E gosto disso.
Rio e choro com espontaneidade, sem máscaras, e não sinto  que isso me faça menos forte.
Sou espontânea, natural, sem máscaras. E sinto que tenho essa força, que me chega de dentro, quando verdadeiramente preciso dela.
E, na minha vida, tenho inúmeros exemplos dessa minha força interior. Mas, às vezes, apercebo-me da minha fragilidade humana (e hoje é um desses dias), do meu cansaço e tristeza, ao dar-me conta, de que, na vida, sempre procurei fazer o bem. E, alguém, a quem apenas fiz o bem, ma transformou no caos em que se tornou desde há quase três meses. 
Jeracina Gonçalves
MJRCG
15/10/2017

sábado, outubro 14, 2017

Hoje preciso de ter os meus olhos fechados.
Neles oiço a paz e a luz que minha alma iluminam
e, neste momento, solitária e frágil, precisa e anseia.
Hoje preciso de ter os meus olhos fechados.
Fazem crescer em volta de mim planícies de rosas e de cravos
que me abraçam e se alastram em correntes de alegria e Amor.

Jeracina Gonçalves
14/10/2017

sexta-feira, outubro 13, 2017

A VIDA

Quando um dia me disseste
que a vida é feita de espinhos
duvidei. A vida é bela
se vivida com carinho.
Mesmo que caiam estrelas
que o vento sopre mais forte
ou se no caminho da vida
paira a sombra da morte
um coração com AMOR
a tudo vai dando suporte.
A vida tem seus espinhos
mas tem as rosas também.
Viver com uns e com outras
é a constante da vida.
Fazem na VIDA o caminho.
                                           Jeracina Gonçalves
                                                    (MJRCG)
                                                             Barcelos/Portugal, 13/10/2017

quarta-feira, outubro 11, 2017

SEMPRE SOUBE QUE ERAS TU

Sempre soube que eras tu a lutar desde esse lado
Mesmo, não sabendo, quem és tu, afinal.
Eu sabia que eras tu, em cada gesto, mensagem…
Eu sabia que estavas lá, me puxavas para ti
“Penso em si desde que o sol se levanta até que o sol se põe”
A lutar por entre máscaras, como eu lutava também.
Nesta luta desigual, de gigante contra anão
Dei-me conta, afinal, ser uma pessoa importante.
Tanto interesse à minha volta e tempo gasto comigo,
Apenas uma mulher com um sonho feito de amor,
Sem nada que merecesse uma tão grande atenção!...
Só queria dar “algo de mim”… fazer gente feliz…
E acabei engaiolada entre as grades de uma prisão,
Num ninho de serpentes com interesses ancorados.
Seus interesses celebrados vacilaram desde a raiz:
“Este rio é perigosos, não pode fluir livremente!
Vamos engavetá-lo, regular sua corrente!”

Sempre soube que eras tu a lutar desde esse lado
Mesmo, não sabendo, quem és tu, afinal.
Eu sabia que eras tu, em cada gesto, mensagem…
Eu sabia que estavas lá, me puxavas para ti.
Sempre soube que eras tu, mesmo sem te conhecer.
Mas será que não conheço? Sequer a tua voz?

Sempre soube que eras tu a lutar desde esse lado
Mesmo, não sabendo, quem és tu, afinal,
Algo sempre me disse que eras tu quem estava lá.
Qual a cor dos teus cabelos? Que luz ilumina o teu olhar?
Não sei quem és… mas algo conheço de ti.
Não sei dizer-te o que seja…
Mas sei que foste tu quem sempre esteve lá.
Talvez sejam os teus olhos que do teu coração me chamam
Talvez seja a tua voz…
Não sei quem és, nem que nome te chamar.
Mas ao longo deste tempo, lágrimas me fizeste chorar.
                                                                             Jeracina Gonçalves
                                                                                  (MJRCG) -11/10/2017


                                                                                                    

domingo, outubro 08, 2017

GOSTO DE TUDO O QUE É BELO

Gosto de tudo o que é belo
Do sol, da lua, das estrelas
Da água que desce a cantar
Em cachoeiras de espuma
Gosto do sol quando nasce
Por entre as cristas dos montes
De manhã, ao acordar
Gosto de vê-lo estirado
Com seus cabelos dourados
Sobre a superfície do mar…
Gosto das cores, quente e belas,
Dos vinhedos no outono
Dos tapetes coloridos
Em tempos de primavera...
Gosta do rosto da lua na superfície do mar
Dum casal de mão dada
Numa noite bem estrelada
Em passeio à beira mar…
Gosto de um forte abraçar
De gente que abraça com o olhar…

Gosto de tudo o que é belo
Do sol, da lua, das estrelas
Das crianças a brincar
Do seu riso espontâneo
E seu alegre tagarelar
De pássaros voando em bando
De patinhos a nadar…

Gosto de tudo o que é belo
Neste planeta tão belo
Enquanto nele habitar.
Jeracina Gonçalves
9/10/2017

sábado, outubro 07, 2017

CÂNTICO À NATUREZA


Sol e sombra no espelho remansoso do rio bordejado de árvores frondosas a prosseguir, numa constância preguiçosa, pela planície soalheira, criam coreografias deslumbrantes de bailados, que despertam os meus sentidos, soltam-me a imaginação, e transportam-me a plateias de teatros mundialmente famosos, com palcos deslumbrantes, onde bailarinos e bailarinas exímios e afamados exprimem a sua arte na cor e movimento de bailados de extraordinária beleza, executados com profissionalismo e emoção, e são aplaudidos, entusiasticamente, por milhares de amantes dessa excecional arte do bailado. Deslocaram-se até ali para se deixarem deslumbrar pela arte do bailado, que lhes alimenta o espírito como o pão lhes alimenta o corpo.
E a minha alma, aqui, neste palco de luz e sombras, vive também essa profunda emoção.
A alegria ressoa em flashs coloridos, que se desprendem das margens floridas por onde a minha alma caminha submersa numa avalanche de cores e de odores. E transportada por este jogo de luz e sombra no espelho remansoso do rio bordejado de árvores frondosas, enleva-me, e transporta-me, no espaço e no tempo, a esses palcos visitados outrora, sem contudo fazer-me esquecer o local simples e puro da Natureza, onde os meus pés assentam. Mas a minha alma voa. 
Outubro/2017
Jeracina Gonçalves
Todos os direitos reservados


"O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons. "
Sathya Sai Baba


"Em meu entender os bons também gritam. São gritos surdos, mas intensos, os seus. E se estivermos atentos, se os quisermos ouvir, ouvi-los-emos por entre o clamor do caos moral que cresce e sufoca as sociedades contemporâneas. 
O que acontece é que tantas vezes nos deixamos ludibriar e desorientar pelo clamor dos outros, dos violentos e dos oportunistas, que não atentamos nos gritos dos bons.  Não deixamos que a sua força atinja os nossos tímpanos. Porque não queremos; porque não os entendemos e até os apelidamos de loucos e de seres despersonalizados. Mas eles gritam e manifestam a sua indignação e a sua revolta ao descalabro que reina na sociedade de hoje, através da força das suas ações: quando ao ódio opõem o amor; à traição a lealdade; à mentira a verdade; à vingança o perdão. O seu grito é mudo, mas enérgico, veemente. Não faz barulho vibrante, mas está lá, na força da sua caminhada honesta e generosa por entre o caos moral que cresce e domina. 
Os que não gritam são outros. Às vezes até se manifestam contra a desordem moral, que corre; mas, na verdade das suas ações, acomodam-se: "Maria vai com as outras." É a maneira mais fácil e mais cómoda de levar a vida. Tem pouco desgaste e é a mais proveitosa; a que dá mais reconhecimento e status. 
Mas esses, a meu ver, não são os bons. São os "bonzinhos". que se vão deixando levar e vão sendo arrastados pela maré. Por comodidade e comodismo, vão-se moldando por ela, porque é o mais fácil e é o que dá menos trabalho. 
Aproveitam-se, na prática, da imoralidade vigente, e são, a meu ver, a fatia maior. 


Jeracina Gonçalves
(MJRCG)
Barcelos/Portugal

quinta-feira, outubro 05, 2017

SONHEI-TE VIDA

Um dia sonhei-te Vida!
Vida a crescer espontânea,
bela,
por entre as ervas daninhas,
como água cristalina
a alastrar-se pela várzea;

Um dia sonhei-te Vida!
Vida renascida das cinzas de outra vida,
fenecida,
deixada para lá do fosso
que separa a VIDA.

Um dia sonhei-te Vida!
entre ervas sem préstimo
que empestam a vida.
Um dia... sonhei - te Vida!

                       Jeracina Gonçalves
                               (MJRCG)

PARA LÁ DO MARÃO


Nascida nos montes,
para lá do Marão,
traçada na rudeza da fraga
na limpidez da água
na leveza do ar...
temperada na dureza da criação
é nobre, é viril
sensível, gentil...
a alma formada
em tal condição!

Não sabe usar máscaras
nem vãos artifícios;
não compra
não vende
nem se deixa comprar.
Franca e frontal
abomina a mentira
a ignóbil traição...
É digna. É leal.

Firme e constante no jeito de amar
o rico ou o pobre
para si é igual.
Não faz distinção.

É apenas irmão.
Jeracina Gonçalves
MJRCG



quarta-feira, outubro 04, 2017

A DESPEDIDA


A praia esvazia-se lentamente sob a caricia prolongada e maravilhosamente terna do sol, que se vai sumindo, devagar, em luzeiros instáveis de coloridos matizes do púrpura ao laranja, a multiplicarem-se na superfície serena das águas remansosas do mar a espreguiçar-se, longamente, sobre a areia macia e húmida, em toda a extensão da praia plana, quase deserta: 
Vem… vai… vem… vai…, num escorrer lento, por entre os dedos do tempo e dos braços da areia.
Gostaria de não deixá-lo escapar (ao tempo); mas foge-me descontroladamente sem que nada possa fazer para o reter e continuar a usufruir deste espetáculo maravilhoso com que a Natureza premeia a minha alma, deliciando-a com toda esta beleza serena, que me acalma e me faz sentir privilegiada. Julgo ser um privilégio poder e ter a capacidade para sentir e usufruir de tal encantamento.
E o tempo segue o seu rumo, implacável: transmuta o multicolorido firmamento num maravilhoso manto azul-escuro cravejado de estrelinhas douradas a adornarem o rosto redondo da Lua, acordada pouco antes para dar um leve aceno de despedida ao seu bem-amado, o Sol, num viver  desencontrado por toda a vida.
MJRCG
Jeracina Gonçalves

terça-feira, outubro 03, 2017

PARA LÁ DA LUA

Noite pesada. Noite escura. Noite fria.
Noite que desces sobre a minha alma em agonia
toma-me em teus braços
leva-me para outros espaços
onde cresçam flores de paz e de bonança
cantem e dancem, se ouçam vozes de crianças
e brilhe em cada olhar uma nova flor de esperança.

Noite pesada. Noite escura. Noite fria.
Noite, que cerras minh’alma em teu abraço,
leva-me para outros espaços
onde encontre uma alma nua
que da minh’alma faça alma sua
vinculada com os meus passos.
Liberta o meu olhar deste cansaço
que impede a minha alma de voar
qual borboleta a adejar
sobre prados coloridos de belas e perfumadas flores.
Jeracina Gonçalves
(MJRCG)

segunda-feira, outubro 02, 2017

BEIJINHOS

Hoje de madrugada, antes do sol acordar,
passei por tua casa e deixei no teu armário
os beijinhos que as estrelas deixaram ontem no mar,
que roubei para te dar.
Quando abrires o teu armário não assustes os beijinhos.
Agarra-os bem de mansinho e pede-lhes com jeitinho
que te tragam as estrelas para iluminar teu caminho.
Jeracina Gonçalves
(MJRCG)
17/04/2015

domingo, outubro 01, 2017

SEMPRE TEU

Sinto no meu peito a nostalgia do instante
Em que o teu olhar tocou o meu
E no meu peito acendeu
Fogo ardente de labaredas loucas a crepitar
Rios tumultuosos de lava incandescente 
Nas artérias a circular…
Incendiou todo o meu corpo
Pôs em chamas no meu olhar.

Sinto no meu peito a nostalgia do instante
Em que o teu olhar tocou o meu
Do meu peito emergiu água corrente
Límpida, transparente
A difundir-se por entre as várzeas floridas
Da planície ondulante do meu mar.

Sinto no meu peito a nostalgia do instante
Em que teu olhar tocou o meu
E, no meu olhar,
Acendeu a chama deste amor
Que para sempre será teu.
Jeracina Gonçalves - Barcelos/Portugal
             (MJRCG)
Agosto/2015