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terça-feira, abril 09, 2013

DESALENTO



Hoje sou como o barro:
Informe
Inconsistente;
Um tosco pedaço de barro
Sem querer e sem vontade
Moldável ao sabor da corrente
Que passa e deixa marcas
Na massa incongruente
Do meu ser cansado,
Do meu ser triste e doente;

Sou palmeira vergastada pelo vento
Incapaz de resistir à tempestade.
Sem força, sem ânimo, sem talento
De moldar a minha força à do vento.
Vergar, mas não partir. Dar-lhe passagem.
Regressar, depois, altiva e forte,
À forma original. Recuperar o norte.

Quisera ser pluma
Que o vento agarra e leva pelo ar
Sem ponto certo, lugar para aterrar;
Quisera ser lua, ser terra, ser mar,
Quisera ser chão, planta a desabrochar
Quisera ser luz, ser sol e ser luar…

Sou barro disforme, inconsistente.
Sem querer e sem vontade
       Vogando ao sabor desta corrente.
Jeracina Gonçalves
"in" POEMAS DE AMOR E DOR (livro para publicação)

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