Hoje
sou como o barro:
Informe
Inconsistente;
Um
tosco pedaço de barro
Sem
querer e sem vontade
Moldável
ao sabor da corrente
Que
passa e deixa marcas
Na
massa incongruente
Do
meu ser cansado,
Do
meu ser triste e doente;
Sou
palmeira vergastada pelo vento
Incapaz
de resistir à tempestade.
Sem
força, sem ânimo, sem talento
De
moldar a minha força à do vento.
Vergar,
mas não partir. Dar-lhe passagem.
Regressar,
depois, altiva e forte,
À
forma original. Recuperar o norte.
Quisera
ser pluma
Que
o vento agarra e leva pelo ar
Sem
ponto certo, lugar para aterrar;
Quisera
ser lua, ser terra, ser mar,
Quisera
ser chão, planta a desabrochar
Quisera
ser luz, ser sol e ser luar…
Sou
barro disforme, inconsistente.
Sem
querer e sem vontade
Vogando ao sabor desta
corrente.
Jeracina Gonçalves
"in" POEMAS DE AMOR E DOR (livro para publicação)
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