O sol e o vento varrem as ruas
do Porto. Vento que trespassa os ossos.
Sob um céu azul lavado, sem mácula, desço a avenida da Boavista e enfrento a agressividade do vento, que me fustiga sem piedade. Põe-me o cabelo em alvoroço, a pele toda eriçada, e transmite-me um desconsolo, um desconforto tamanho que me enregela os ossos e me convida a entrar numa loja de agasalhos que encontro no meu trajeto, do lado esquerdo, para procurar um cachecol que ajude minorar o desconforto deste dia agreste a mimar a cidade tripeira. E não é difícil encontrá-lo. Também não é caro. É de lã: vermelho e azul. E dá um toque de cor e alegria à toilette à base de preto que escolhi vestir hoje. É bem-vindo. Protege-me o pescoço e torna-me bem mais agradável o caminhar de encontro ao vento zangado, provocador e agressivo a castigar a cidade neste dia claro e limpo.
Sob um céu azul lavado, sem mácula, desço a avenida da Boavista e enfrento a agressividade do vento, que me fustiga sem piedade. Põe-me o cabelo em alvoroço, a pele toda eriçada, e transmite-me um desconsolo, um desconforto tamanho que me enregela os ossos e me convida a entrar numa loja de agasalhos que encontro no meu trajeto, do lado esquerdo, para procurar um cachecol que ajude minorar o desconforto deste dia agreste a mimar a cidade tripeira. E não é difícil encontrá-lo. Também não é caro. É de lã: vermelho e azul. E dá um toque de cor e alegria à toilette à base de preto que escolhi vestir hoje. É bem-vindo. Protege-me o pescoço e torna-me bem mais agradável o caminhar de encontro ao vento zangado, provocador e agressivo a castigar a cidade neste dia claro e limpo.
Sinto-me agora bem mais confortável; mas “nem tudo são rosas”. Nem tudo está ainda perfeito: os sapatos de salto
alto que escolhi calçar esta manhã principiam a demonstrar-me não ter feito a
escolha mais acertada. O peso do percurso começa a pesar-me nas pernas e nos
pés, e há que fazer qualquer coisa para remediar a situação antes que soçobrem e me deixem ficar mal. É tempo de começar a
deitar o olhar sobre as montras de algumas lojas de calçado ao longo do percurso. São elas que agora me cativam e detêm toda a minha atenção: «Ali!
Aqueles sapatos de rampa são os ideais!» - digo para os meus botões, ao passar por uma montra de uma sapataria onde estão expostos vários pares de sapatos. Ali está a solução para o meu
actual problema, e está a olhar descaradamente para mim. Ali está , a convidar-me a entrar, a varinha mágica capaz de operar o milagre de minorar o queixume dos meus pés e tornar agradável a
caminhada ao longo da avenida até ao meu destino. Está ali. E eu não resisto ao seu olhar tentador. Entro
e dirijo-me imediatamente para a montra onde os sedutores se encontram. São mesmo aqueles. Não quero
outros. São aqueles. Aqueles que despudoradamente me convocaram o olhar e se me
insinuaram num convite irresistível. E continuam a insinuar-se, tirando-me todo
o interesse por quaisquer outros.
A empregada traz-me vários pares para experimentar. Mas… não. "Não são precisos outros. São aqueles"- digo apontando os atrevidos sedutores, que me cativaram o olhar ainda na montra. São realmente os ideais. São de rampa, nem muito altos nem demasiado baixos. É deles que necessito para que o céu se torne ainda mais maravilhosamente azul, e o vento passe de fúria vergastadora a carícia amorosa a oferecer delícias e vigor à minha caminhada. Os meus pés esperam desesperadamente por eles e vão agradecer-me o cuidado. Não devo nem posso fazê-los esperar mais. É tempo de acarinhá-los, de dar-lhes algum conforto antes que feneçam irremediavelmente.
Calço-os. É «amor à primeira vista»: uma capa deliciosamente macia, envolvente e confortável cinge os meus pés num abraço amoroso e delicado.
A empregada traz-me vários pares para experimentar. Mas… não. "Não são precisos outros. São aqueles"- digo apontando os atrevidos sedutores, que me cativaram o olhar ainda na montra. São realmente os ideais. São de rampa, nem muito altos nem demasiado baixos. É deles que necessito para que o céu se torne ainda mais maravilhosamente azul, e o vento passe de fúria vergastadora a carícia amorosa a oferecer delícias e vigor à minha caminhada. Os meus pés esperam desesperadamente por eles e vão agradecer-me o cuidado. Não devo nem posso fazê-los esperar mais. É tempo de acarinhá-los, de dar-lhes algum conforto antes que feneçam irremediavelmente.
Calço-os. É «amor à primeira vista»: uma capa deliciosamente macia, envolvente e confortável cinge os meus pés num abraço amoroso e delicado.
«Quanto custam?», pergunto.
«Bem, o preço é…», responde-me a empregada.
«Bem, o preço é…», responde-me a empregada.
Nem quero acreditar no que oiço!
São muito baratos. Se calhar não prestam, mas resolvem-me agora o problema e,
de momento, é o que me interessa. Entrego os que trazia calçados
para embrulhar e saio da loja com sapatos novos nos pés.
Que maravilha! Sim, são estes.
São pele sobre pele, veludo macio e acariciante a envolver os meus pés feridos
pelo sofrimento da caminhada. E eles, os meus pés, gratos,
ganham asas e voam sobre o empedrado do passeio, continuando o percurso pela
avenida da Boavista, até ao Hotel Cidade do Porto.
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