INTROSPECÇÃO
Hoje desci a montanha desde o cume até à base.
Errei p’las veredas, ziguezagueando entre penedos
pela vertente descendo. Percorri belos carreiros,
belas paisagens, serenas, rústicas, amenas,
de odores embriagantes. Toldaram o meu olhar
com a névoa
emergente do íntimo do meu coração.
Errei por outros carreiros…
Alguns, esburacados pelo tempo, pela ação da erosão.
Alguns, angustiantes
Pejados de pedregulhos a resvalar para o abismo.
Pejados de pedregulhos a resvalar para o abismo.
Parei em patamares que me pareciam seguros.
Desfrutei de paisagens belas com profunda emoção.
Acalentaram meus sonhos, aqueceram o meu coração.
Desci por desfiladeiros estreitos,
Apertados entre as rochas da montanha:
Apertados entre as rochas da montanha:
Arranharam o meu corpo e mais me feriram a alma!
Feridas grandes, profundas… difíceis de cicatrizar.
Vi-me exposta sobre abismos. Temi não ultrapassá-los.
Visionei vales fecundos, que tive como certos
e julguei nunca perdê-los.
e julguei nunca perdê-los.
Fui errando, em ziguezague descendo...
Quer subindo, quer descendo,
Conforme a posição dos rochedos que tive pra circundar.
E cheguei ao vale estreito, acanhado, no fundo do desfiladeiro.
Vale estreito, apertado, na base da montanha.
Corre lá, porém, um rio, de águas calmas, serenas
sob a luz do etéreo azul, no qual creio, e muito amo.
E o vale, dentro de mim, é verde, cor da esperança,
irrigado por águas límpidas, serenas, tranquilas…
Crescem lá flores silvestres, muito simples, muito belas,
que eu quero preservar dos ventos frios e agrestes
E até de alguns tufões que poderão dimanar.
01/01/2016
Jeracina Gonçalves, Barcelos/Portugal
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