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ESTOU AQUI COM O CONTO:"A Prenda do Menino Jesus" |
"EU E OS OUTROS, DAQUI E DALI", será um espaço de reflexão e de registo de imagens e pensamentos colhidos e construídos nas vivências do dia-a-dia, que poderão ser em prosa, em verso, ou imagem.
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terça-feira, novembro 27, 2018
sábado, novembro 24, 2018
EU
Sou
feita de fins e de recomeços
De
ganhos e de perdas
De
sucessos e de insucessos
Sou
a noite e sou o dia
Sou
a tristeza e sou a alegria
Sou
um ser inacabado
Em
crescimento dia-a-dia.
E
nesta incerteza de mim
Neste
traçado universal
De
mim tenho a ideia
De
uma pétala perdida
Da
rosa mãe, encarnada,
Boiando
à superfície do lago
Em
estádio de agonia.
Jeracina Gonçalves
18/12/2018
quinta-feira, novembro 15, 2018
O SILÊNCIO DAS PALAVRAS
Neste lusco-fusco, sem esperança,
O silêncio das palavras mina no meu coração
Galerias profundas de perversa desilusão.
Vozes escorregadias, insidiosas
Escapam-se por entre o silêncio das palavras
Incontroláveis
Penetram profundamente
Sob os alicerces minados do amor.
As sombras da noite cantam melopeias
De tristeza e desamor.
Insidioso, perverso, incontrolável
O silêncio das palavras
Escapa-se em vozes gritantes
Escorregadias
E penetra profundamente
Sob os alicerces desgastados do amor…
O silêncio das palavras são vozes gritando
Nas sombras da noite
Melodias de tristeza e de solidão.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal
domingo, novembro 11, 2018
LINDA
Linda era uma menina de grandes olhos amendoados,
cor de azeitona, num bonito rosto de pele aveludada e macia, da cor do
chocolate.
Era uma caboclazinha, pequena e franzina, que não aparentava mais de seis ou sete anitos.
Era uma caboclazinha, pequena e franzina, que não aparentava mais de seis ou sete anitos.
Ao ombro transportava o seu papagaio; o seu
“ganha-pão.”
Encontrei-a na Amazónia, quando fazia a
descida do rio Negro, desde Manaus ao encontro com o rio Solimões – “O
Encontro das Águas” - como é denominado na proposta de passeio feita aos
turistas.
Ela, a Linda, bem como outros miúdos mais ou
menos da sua idade, apresentavam-se por ali, aos turistas, com os seus animais
de estimação - a jibóia, o papagaio, a preguiça, o macaquinho, etc., para posarem
para a fotografia abraçados a eles. De seguida estendiam o chapéu ou o boné para
receberem «o cachet».
Foi numa das paragens para visitar um
aquário de jacarés, que ela me interpelou, pedindo-me uma caneta.
Rebusquei o fundo do meu saco e encontrei
uma esferográfica, ferramenta que trago sempre comigo, e dei-lha.
-Obrigada – disse-me.
-Como te chamas? – Perguntei-lhe
-Linda.
-Já sabes escrever?
-Já.
-Quantos anos têm, Linda?
-Tenho nove.
Enquanto os outros caboclozinhos estendiam o
chapéu ou a boina à espera de receberem o pagamento pelo serviço prestado, em
dinheiro, Linda não pedia dinheiro. Pedia canetas, cadernos e livros. A sua
sede era de saber; a sua fome era de material para aprender. E pôs-nos, quase a
todos no grupo, a rebuscar sacos e carteiras.
Mas quem vai com livros e cadernos para a
Amazónia numa viagem de férias?
Esferográficas, quase todos levávamos, mas livros e cadernos...
Esferográficas, quase todos levávamos, mas livros e cadernos...
Quando saio para viagens de férias faço-me
acompanhar, quase sempre, de um pequeno bloco, onde vou registando as minhas
impressões sobre o que observo e, de entre o que os guias vão transmitindo
durante a viagem, o que me vai deixando maior marca e não quero esquecer. Tirei
do saco o bloco que trazia comigo desta vez, e ofereci-lho. Os seus lindos
olhos negros brilharam como se tivesse recebido um enorme tesouro.
Tão pouco! Tão pouco, mas o suficiente para
que os seus olhos reflectissem o enorme prazer que enchia a sua pequenina alma
esfomeada e sedenta de saber.
Não sei o que foi feito da pequena Linda,
que conheci, lá longe, no meio da Amazónia, nos longínquos anos de 1993, mas a
sua imagem surge-me, muitas vezes, especialmente quando vejo as nossas crianças
desperdiçarem e estragarem o material de aprendizagem que, felizmente, têm ao
seu dispor.
Jeracina Gonçalves
sábado, novembro 10, 2018
NOS BRAÇOS DO OUTONO
Por entre lampejos de verão
Chega o outono sem pressa.
Traz guinchos de furacão
E faz úlceras na natureza.
Da proeza arrependido
Enlaça-a com carinho e atenção
A natureza assim mimada
Nesse abraço embalada
Revela todo o seu esplendor
Em quadros de cores quentes
Pintados por mãos hábeis
De talentoso pintor.
E os parques e as vinhas
Regalam as almas sensíveis
Com tanta beleza e cor.
Jeracina Gonçalves
01/11/2018
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