Espraio meus
olhos pelo espaço físico deste planeta que habito
e meus
olhos retêm uma imagem que encanta o meu coração.
Geograficamente
falando, o mundo é maravilhoso
com suas montanhas,
planícies, vales, rios, lagos e mares
com os seres
que lhe põem vida e fervilham em seu regaço
e em
cadeias interligadas de sobrevivência mantêm a vida
nesta consonância
de vida e morte indispensável à vida.
O mundo é maravilhoso!
Geograficamente
falando o mundo é maravilhoso
com as flores
que pintam várzeas, serras, montes e jardins
com as
pássaros, as borboletas, os peixes dos rios e dos mares
com as
estrelas que piscam ao longe e nos convidam a sonhar
com a liberdade
dos prados, selvas e savanas prenhes de animais
com a luz que
aquece e ilumina as cores de cada estação
e nunca
de acordar se esquece
O mundo é maravilhoso!
Geograficamente
falando, o mundo é maravilhoso!
O mundo é
maravilhoso seja outono, seja inverno,
seja primavera ou verão.
O mundo é
maravilhoso, seja qual for a estação.
Olho o mundo
com outro olhar.
Olho-o com os frios olhos da razão.
E o meu coração se retrai:
Este
quadro colorido, tão belo, tão bem pintado,
gera grande podridão.
Tanta
luta desigual, tanta maldade e traição
do Homem
contra o Homem, seu igual e seu irmão.
Muita
fome, muita dor
Muito sangue derramado a escorrer pelo chão.
Do Homem, pelo Homem, seu igual, seu irmão!
O inverno
está a chegar e traz o Natal pela mão:
A festa do Deus-Menino
Nascido na manjedoura
entre o burro e a vaquinha:
A Essência
Divina, que por Amor se fez Homem para ensinar o Amor
Os
preceitos de igualdade ao humano pecador.
Em Si trouxe
o Amor, o Perdão, a Esperança e a Verdade.
Sendo
Deus, sendo Senhor, entre os homens caminhou.
Entre os
homens caminhou, brincou, riu, sofreu e chorou.
Deu exemplo da igualdade da Alma que nos gerou.
E aos
homens ensinou, que todos somos irmãos.
Sem cor, sem
raça, sem estatuto nem religião.
Essa
Essência Divina, corporizada em Belém por amor à Humanidade,
perdeu-se
na escuridão dos brilhos, dos laços, das luzes e papeis metalizados,
no Natal
do nosso tempo, espalhados pelo chão.
E o Natal… não é o Natal…
Não é o Natal do Menino!
O Natal é
Humildade, é apelo à Igualdade, à Verdade, ao Amor e ao Perdão.
É tempo
de dar as mãos.
De todo o mundo envolver num forte e poderoso cordão.
É tempo
de unir vontades para que no mundo não haja gente que não tenha pão.
Nem esta
luta frenética, esta luta desigual, de irmão contra irmão.
Nem rios
de sangue pobre, inocente, a sumir-se entre a poeira do chão.
O Natal é
Humildade, é apelo à Igualdade, à Verdade, ao Amor, e ao Perdão!
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, Dezembro de 2018