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quinta-feira, dezembro 27, 2018

DESPEDIDA


Caminha o velho para o fim.
Num voo de pássaro ligeiro
Voou pela minha vida
Tão ligeiro e apressado
Que quase não o percebi.
Trouxe lutas, tempestades,
Que enfrentei e venci;
Mas trouxe sobretudo a paz
Que navega o meu coração;
Aos Céus elevo o meu pensamento
Em homenagem e gratidão.

FELIZ ANO DE 2019!
Jeracina Gonçalves
27/12/2018 

sábado, dezembro 15, 2018

QUE VIDA DEPOIS DA VIDA


O mar e o ar
Dois ambientes da Terra,
Fascinam o meu olhar
Pelo mistério que encerram
E não consigo desvendar.
Fixo neles os meus olhos 
No meu coração cresce a ânsia
De mais além poder olhar
Ver tudo  o que há no mar 
E o que há além do mar
E deste céu tão azul, 
Que encanta o meu olhar;

O mar, a terra e o ar
Ambientes do mesmo todo, 
Que só no todo podem ser;
Esse todo morrerá
Se algum deles morrer.
Os três interligados 
Na Terra dão a vida
Aos seres interligados 
Entre a vida e a morte
Para na Terra a vida haver.

E este mistério me chama
Me grita em voz bem sonora:
Neste encadeado da vida, 
Que vida depois da vida?
Que vida, depois da vida
Deste invólucro que me reveste 
E na Terra é meu suporte?
Jeracina Gonçalves
15/12/2018

quinta-feira, dezembro 13, 2018

SILENCIOSAMENTE À ESPERA


Sentada à minha secretária
À minha frente uma folha de papel em branco.
Olho a sua nudez silenciosa
De esferográfica em punho
Silenciosamente à espera que algo aconteça.
De esferográfica em punho
Espero uma letra, uma palavra, uma ideia...

Espero algo, que sobre a minha mão desça,
Faça deslizar a esferográfica abraçada entre os meus dedos
Sobre folha branca.
Sobre a folha branca ansiosamente à espera.
Ansiosamente à espera que algo fira o seu corpo virgem.
Ansiosamente à espera da carícia afetuosa das palavras.
Mas nada. Nada acontece.
Nem uma letra, nem uma palavra, nem uma ideia.
Nada acontece.
Nada com que possa acariciar o seu corpo macio
Silenciosamente à espera.
Jeracina Gonçalves
13/12/2018

terça-feira, dezembro 11, 2018

UM OLHAR SOBRE O NATAL


Espraio meus olhos pelo espaço físico deste planeta que habito
e meus olhos retêm uma imagem que encanta o meu coração.
Geograficamente falando, o mundo é maravilhoso
com suas montanhas, planícies, vales, rios, lagos e mares
com os seres que lhe põem vida e fervilham em seu regaço
e em cadeias interligadas de sobrevivência mantêm a vida
nesta consonância de vida e morte indispensável à vida.
O mundo é maravilhoso!

Geograficamente falando o mundo é maravilhoso
com as flores que pintam várzeas, serras, montes e jardins
com as pássaros, as borboletas, os peixes dos rios e dos mares
com as estrelas que piscam ao longe e nos convidam a sonhar
com a liberdade dos prados, selvas e savanas prenhes de animais
com a luz que aquece e ilumina as cores de cada estação
e nunca de acordar se esquece
O mundo é maravilhoso!

Geograficamente falando, o mundo é maravilhoso!
O mundo é maravilhoso seja outono, seja inverno, 
seja primavera ou verão.
O mundo é maravilhoso, seja qual for a estação.

Olho o mundo com outro olhar.
Olho-o com os frios olhos da razão.
E o meu coração se retrai:
Este quadro colorido, tão belo, tão bem pintado, 
gera grande podridão.
Tanta luta desigual, tanta maldade e traição
do Homem contra o Homem, seu igual e seu irmão.
Muita fome, muita dor 
Muito sangue derramado a escorrer pelo chão.
Do Homem, pelo Homem, seu igual, seu irmão!

O inverno está a chegar e traz o Natal pela mão:
A festa do Deus-Menino 
Nascido na manjedoura entre o burro e a vaquinha:
A Essência Divina, que por Amor se fez Homem para ensinar o Amor
Os preceitos de igualdade ao humano pecador.
Em Si trouxe o Amor, o Perdão, a Esperança e a Verdade.
Sendo Deus, sendo Senhor, entre os homens caminhou.

Entre os homens caminhou, brincou, riu, sofreu e chorou.
Deu exemplo da igualdade da Alma que nos gerou.
E aos homens ensinou, que todos somos irmãos.
Sem cor, sem raça, sem estatuto nem religião.

Essa Essência Divina, corporizada em Belém por amor à Humanidade,
perdeu-se na escuridão dos brilhos, dos laços, das luzes e papeis metalizados,
no Natal do nosso tempo, espalhados pelo chão.
E o Natal… não é o Natal… 
Não é o Natal do Menino!
O Natal é Humildade, é apelo à Igualdade, à Verdade, ao Amor e ao Perdão.
É tempo de dar as mãos.
De todo o mundo envolver num forte e poderoso cordão.
É tempo de unir vontades para que no mundo não haja   gente que não tenha pão.
Nem esta luta frenética, esta luta desigual, de irmão contra irmão.
Nem rios de sangue pobre, inocente, a sumir-se entre a poeira do chão.
O Natal é Humildade, é apelo à Igualdade, à Verdade, ao Amor, e ao Perdão!

Jeracina Gonçalves
                                                                                                          Barcelos/Portugal, Dezembro de 2018