O “Dia Internacional da Mulher”,
que hoje se comemora e com o qual há quem não concorde por entender ser o dia
da mulher, assim como o do homem, todos os dias do ano. E eu concordo com esse conceito. Acho
que assim deveria ser: o Dia da Mulher deviam ser todos os dias do ano, assim
como o da Criança, o do Pai, o da Mãe, etc. Mas também me parece que tem toda a
legitimidade de existir. E deve existir e ser comemorado. Quanto mais não seja,
para honrar e lembrar aquele grupo de 130 mulheres, que foram queimadas vivas, trancadas
na fábrica onde exerciam o seu mister de tecelãs, no dia 8 de Março de 1875,
nos Estados Unidos. Uma história tétrica, que retrata a prepotência exercida
sobre as mulheres quando, com dignidade e coragem, exigiam ser tratadas com respeito
e igualdade de direitos e de salários, em relação aos homens, se executoras de
trabalho idêntico. Considero-o um marco para que fique bem assinalado na
história da libertação da mulher no mundo ocidental. Um marco a sinalizar esse
facto horrendo, que marca o despertar da consciência sobre as mulheres e das mulheres,
a evolução aturada e as conquistas alcançadas desde essa época na sua equiparação
ao homem em direitos e deveres; pois direitos sempre acarretam deveres, como
todos sabemos: quantos mais direitos, mais deveres. É lógico e natural.
Essas mulheres-coragem, que
tinham um horário diário de dezasseis horas e pediam a redução de horário para
dez, chegavam a ganhar um terço do salário masculino.
Muito se caminhou desde então. Mas
muito há ainda a caminhar. Não propriamente nas leis. Julgo que essas já
estarão equilibradas; mas na sua aplicação e nas mentalidades. Tanto na dos
homens como na das mulheres. E a mulher continua a ser sobrecarregada com o
acréscimo do trabalho doméstico ao seu trabalho profissional. Especialmente nas
classes de menor poder económico e nos grupos etários mais avançados. Os homens
insistem que o trabalho da casa é da responsabilidade da mulher, exigindo a
comida na mesa, a roupa lavada e passada, os filhos cuidados… E grande parte
das mulheres aceita, ainda, esse trabalho como responsabilidade apenas sua. E
se o homem contribui com a sua ação nesse trabalho, ainda o sente como uma
ajuda a si própria e não como uma obrigação da parte dele.
Mas também no salário a mulher
continua ainda descriminada em relação ao homem. Em muitos sítios. Apesar de elas
mostrarem que são tão capazes quanto os homens no exercício do trabalho para
que são preparadas. E, se calhar, terão de passar ainda algumas gerações para
que este estado de coisas se altere e haja verdadeira equiparação de Direitos e
Deveres.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 08/03/2016
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