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terça-feira, julho 04, 2006

A MENTIRA

“Horácio, um rapaz de 14 anos, pastor, gostava de brincar com a solidariedade e os bons sentimentos dos aldeões e, quando lhe dava na realíssima gana, gritava por socorro, dizendo que andava lobo a atacar-lhe o rebanho, e fazia com que os camponeses deixassem os seus trabalhos e corressem para lhe acudir. Depois ria-se deles. Gozava-os sem o menor pudor, nem respeito pelos seus bons sentimentos, nem pela solidariedade que lhe demonstravam.
Até que um dia o lobo chegou.
Pediu auxílio, mas já ninguém acorreu ao seu apelo.
Ninguém acreditou na veracidade do seu pedido de ajuda e teve de se defender, e ao rebanho, do lobo, sozinho, não conseguindo evitar que este lhe levasse o melhor cordeiro.”
É uma história antiga. Vinha no meu livro da 4ª classe.
A meu ver, ilustra bem as consequências da mentira para quem a pratica, e o sentido da mesma em relação ao outro, àquele que a sofre.
A mentira é falsidade, é traição, é desrespeito... É desconsideração pelo outro.
A mentira denuncia o mau carácter e os baixos sentimentos de quem dela se utiliza.
O mentiroso engana, trafulha, ofende.
O mentiroso é um cobarde. É um traidor. Atraiçoa a confiança que o outro nele deposita. Induz o outro em erro.
Confesso que lido pessimamente com a mentira (seja de que tipo for), e com o mentiroso.
Mas, infelizmente, cada vez mais faz parte do quotidiano das sociedades contemporâneas.
Entrou na corrente do dia-a-dia da vida. Usa-se e abusa-se dela: é a mentira inocente, a mentira piedosa, a mentira social…
Tudo expressões para desculpabilizar a mentira.
E mente-se nos negócios, mente-se no amor, mente-se nas relações sociais…
Aldraba-se, ludibria-se, ilude-se… e, tudo isto, muitas vezes, sob a bandeira da boa educação.
A mentira é mentira. E seja qual for o tipo de relação em que entre, mina, destrói e mata, mais cedo ou mais tarde,  qualquer relação: seja de amor, seja de amizade, seja de negócios...
Nenhuma relação resistirá, durante muito tempo, em meu entender, num ambiente de mentira.
A hipocrisia, a dissimulação, o disfarce assentaram arraiais, onde devia haver lealdade, franqueza, honestidade, verdade, que são, a meu ver, os pilares básicos de uma sociedade coesa, forte e dinâmica.
JGonçalves
Barcelos/Portugal

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