Do nada surge um verso. Entra sem bater a porta
Sem dizer de onde vem ou para onde quer seguir
Ciranda daqui para ali, volteia por todo o espaço
Nesse espaço, busca espaço para se poder instalar
Instala-se sem pedir licença, lavra a terra, cria ninho
O verso traz outro verso… e outro… e outro… e outro
E em versos se multiplica
E desse verso vadio, sem poiso nem direção, nasce e cresce o
Poema
Às vezes poema de amor e tem por mote a saudade
Às vezes é
a Natureza que desperta a emoção
E cresce o poema bucólico que tocou o coração
Às vezes é
a revolta, o asco, a indignação
Contra as injustiças que reinam e crescem mundo afora
Neste mundo, em sobressalto, neste mundo em putrefacção
Onde há monstros que comem gente: roem-na até ao tutano
Gente simples, gente obreira, gente que produz o seu pão
E cresce em meu Ser a revolta, a náusea, a contestação
Contra o ódio e a maldade que destrói a Humanidade
Contra o sangue inocente pelas ruas, derramado
Contra o sangue criminoso sempre, sempre, preservado
Contra o mundo de corrupção, contra a sua podridão
Nestes tempos em que a Vida, vale menos que o tostão.
E o Poema revela, então, a náusea, a raiva, a contestação
Que enche o meu coração contra os vermes da podridão.
E aquele verso vadio, que chegou sem se anunciar,
Pôs o meu Ser a pensar neste tempo (des)arrumado
Nestes tempos em confusão
Nestes tempos em que a Vida vale menos que o tostão.
Jeracina Gonçalves
MJRCG
MJRCG
12/08/2014
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