Como um cancro, que agarra a vida
e vai-a minando e destruindo por todos os lados e em todos os sentidos, cercando-a
e apertando o círculo até ao seu estrangulamento total e irreversível, assim a
dúvida, depois de instalada, se agarra com garras potentes e poderosas e
destrói a paz do coração, afogando-o no drama da incerteza daquilo que deveria
ser certo e poderoso. E um mar turbulento de lamas e
escombros submerge o rio límpido, fluído e puro do amor e da amizade.
O que está por detrás da traição?
O que leva as pessoas a traírem-se
umas às outras, a mentirem descaradamente, iludindo, aldrabando, enganando?
O que leva as pessoas a traírem
aqueles que dizem amar?
Será insegurança de si?
Desrespeito pelo outro?
Falta de amor-próprio?
Falta de carácter?
Não sei. Não consigo entender. Mas
julgo que a traição terá, por trás si todas as razões expostas.
Alguém que se respeite não será
capaz de trair quem quer que seja, em aspecto algum da vida, e muito menos
aqueles que diz amar.
Parece-me que a traição é, acima de
tudo, uma falta de respeito e de amor próprios.
Quem não se respeita não se ama. Se não se ama, não pode ter a força de carácter necessária e indispensável ao respeito pelo
outro.
Não se respeitando como saberá
respeitar o outro?
O pior é que a traição instala a
dúvida, a desconfiança. E estas, uma vez instaladas, destroem a torrente límpida e fluída do amor, da amizade e, tantas vezes, a crença no ser humano.
Destrói os sentimentos puros, que
são os elos fortes da vida, da alegria, da paz e do crescimento nos
relacionamentos humanos. E essa torrente límpida e fluída
do amor e da amizade passará a intermitente, cortada por paredões e açudes cada
vez mais altos e espessos, com brechas sempre mais apertadas por onde se torna
difícil o fluir da torrente dos sentimentos puros e límpidos, tão necessários a
um mundo de Paz.
Jeracina Gonçalves
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