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domingo, setembro 27, 2015

A VIDA


“A vida é um fluir contínuo como a água de um rio” com rochedos, levadas, planuras, cachoeiras e os mais variados escolhos ao longo do percurso, que permitem uma fluência mais célere e permanente ou mais morosa, por vezes parcialmente descontinuada, conforme a robustez das forças que se lhe opõem. Conforme a resistência que a torrente tenha de vencer ao longo do trajeto, para que possa continuar a fluir e a fazer florescer as várzeas das margens. Às vezes, como num rio, o seu leito torna-se perigoso e apertado, pejado de pedras de lâminas cortantes entre arribas rochosas, que retalham a pele dos pés, e deixam úlceras profundas à mercê de infeções oportunistas, sempre à espreita e à espera da primeira ocasião para se instalarem e dominarem a situação. E a corrente não flui. Oculta-se e some-se por entre o cascalho do leito. Regurgita, mas não dimana. Deixa-nos atados de pés e mãos, sem nada que possamos fazer para reverter o estado de coisas que domina e impõe. Mas é uma dádiva maravilhosa. Uma dádiva única. Cabe-nos amá-la, protegê-la, lutar por ela até ao último sopro e empregar todo o nosso esforço em vencer os escolhos que aparecem no seu leito, e vivê-la de forma positiva e produtiva enquanto o seu fluxo nos permita fazê-lo. Aproveitá-la em nosso favor e em favor dos que nos cercam e dos que a nós estão ligados por qualquer elo: profissional, familiar, de amizade ou outro, dando o nosso contributo para o desenvolvimento da sociedade em que estamos inseridos.
Jeracina Gonçalves
3/03/2015

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