Emperram nos flancos dos rochedos,
Fazem redemoinho, cobrem-se de sujidades,
Fazem-se lentas, arrastadas...
Deixam em meu coração este vazio
Este poço sem substrato, negro, oco, frio,
Este limbo arenoso, estéril, que hoje me habita.
Não há sol nem lua a iluminar a minha mente.
As palavras não fluem, ficam encravadas,
Cobrem-se de sujidades, fazem redemoinho…
As que se soltam são ocas, vazias, despidas.
Sem corpo nem som que lhes confiram densidade
Sem corpo nem som que deem forma e corpo ao poema.
O poema não cresce. Morre desnutrido, mirrado…
Morre contra os flancos dos rochedos crescentes no leito de mim.
Fica este vazio estéril, este deserto ressequido, frio
Que sinto hoje em meu coração.