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quinta-feira, agosto 26, 2021

O BRILHO DO SOL DEIXOU DE DOURAR O HORIZONTE


O brilho do sol deixou de dourar o horizonte.
Já não acalenta a esperança dos prados onde germinavam flores.
Uma nuvem pesada escura volve do cais de memórias soturnas
E dissemina pelo horizonte a ameaça da noite sem estrelas
A infiltrar-se pelos interstícios das montanhas do medo.

No horizonte desenha-se o reanimar da era das sombras,
A caminharem, descalças, sem rosto e sem voz,
Por carreiros de brita angulosa, entre beiradas de silvas e de tojos.
Sacrílegas mordaças, ancorados num tiranismo retrógrado,
Pairam suspensas, como cutelos de morte,
Sobre o germinar límpido das flores dos prados,
E ameaçam o gorjear das aves e o seu esvoaçar sereno.

O brilho do sol deixou de dourar o horizonte.
O medo infiltra-se pelos interstícios de memórias soturnas
E a luz, que iluminava e acalentava os sonhos sonhados
E lhes conferia a alegria e a liberdade de Ser e de estar,
Dissolve-se na intolerância de regras apresadas no tempo.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 23/08/2021

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