Acabo de ler no PÚBLICO do dia 8/01/08, uma notícia intitulada “Hospital Acusado de Negligência na Morte de um Idoso”, que descreve a forma como um septuagenário foi “cuidado” na Urgência do Hospital de Vila Real.
Este caso traz-me à lembrança a indignação sentida com um facto sucedido com um familiar meu, no dito hospital: tinha uma intervenção para extirpação de uns pólipos intestinais, marcada para o dia nove, com a informação do gastroenterologista, que lhe fez o exame em Novembro, de que deveriam ser tirados quanto antes. Chegado ao hospital no dia nove, na hora marcada, com toda a preparação feita para a dita intervenção, depois de muito esperar, mandam-no de volta para casa com nova marcação para “o dia quatro de Março!”.
São pólipos. Não é cancro. Ainda!
Que está a fazer-se com a saúde das pessoas? Brinca-se?
A Saúde é a joia mais preciosa de cada ser humano. Não se pode brincar, assim, com ela. Ninguém tem o direito de o fazer. Não é justo. Não é humano criar nas pessoas este sentimento de abandono, a que se sentem botadas, quando estão mais fragilizadas e precisam de cuidados. Pessoas que trabalham, que pagam os seus impostos, têm o direito de exigir que o Estado as trate com responsabilidade e lhes proporcione cuidados de saúde responsáveis e atempados.
A saúde é uma riqueza incomensurável para qualquer país. A meu ver, a principal fonte de rendimento. Pessoas com saúde são alegres, felizes. Tem energia e alegria. Trabalham e produzem. Não precisam de anti depressivos, nem de medicamentos de qualquer espécie. Produzem. Pagam os seus impostos e não dão despesa ao Estado. Quando adoecem (o melhor seria a prevenção) é preciso cuidá-las rapidamente, para que não piorem e não entrem em depressão por se sentirem abandonadas.
O inteligente, o economicamente rentável será recuperá-las rapidamente para poderem continuar a contribuir como seu trabalho para o enriquecimento do País.
Quanto ao que vai acontecendo com as Urgências, parece-me mais um ato irrefletido do nosso Governo. Um ato inconsequente de pessoas que deveriam ser responsáveis; que têm a obrigação de fazer do país que governam um sítio justo, onde as pessoas possam confiar nos seus governantes e se sintam felizes. E não cavar mais profundamente o fosso entre aqueles que têm dinheiro e os outros, muitos dos quais têm fome. Criar-lhes este sentimento de abandono, de desamparo, como acontece com as pessoas que vivem nessas aldeias do interior, perdidas na serra, com fracas estradas, a quilómetros e quilómetros de uma Urgência, é mais uma machadada sobre as suas cabeças. Muitas morrerão antes que uma ambulância chegue para lhes prestar socorro.
Não é justo fechar Urgências, assim, como está a acontecer, e sobrecarregar outras de forma a não conseguirem exercer o mester que o nome propõe (atender depressa a quem a elas recorre).
Quem recorre à Urgência de um Hospital é porque se sente doente. Deve ser cuidado o mais rapidamente possível, com humanidade e responsabilidade.
Não é humano pôr pessoas doentes a passar dias e noites no desconforto de uma maca, nos corredores das Urgências.
Tenho lido, tenho ouvido que Portugal é o país da Europa que mais anti depressivos consome. E não é difícil compreender esse facto. Provavelmente o seu consumo crescerá cada vez mais. Portugal está um país cada vez mais doente. Os Portugueses estão a perder a esperança.
A depressão toma conta dos Portugueses
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal
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