“Procuro o oásis no deserto das ideias dentro de mim”, mas apenas encontro um areal sem fim, esgotado de vida, néscio, seco, improdutivo, que se estende até ao horizonte longínquo da alma, sem vislumbrar mancha verde a macular-lhe a secura estéril. Nada mexe, nada luz, nada cresce neste areal ressequido, sem o húmus e a humidade indispensáveis à germinação do grão. Não há pensamento, ideia que flua, crie corpo e base para crescer e se desenvolver produzindo frutos carnudos, doces e suculentos, capazes de alimentar e deliciar o espírito de quem esteja na disponibilidade de os trincar e saborear. Apenas um buraco negro, onde não chega a luz que alimenta a vida ocupa hoje a minha mente. Nem oásis, nem miragens. Nada. Nem sequer uma daquelas miragens que fazem viver momentos de esperança, ilusória, é certo, mas que servem, muitas vezes, de incentivo e de trampolim na ultrapassagem de obstáculos, inoculando em nós a força necessária para continuarmos à procura da concretização do sonho sem nos deixarmos desesperar nem abater. Porque alimentam a esperança, dão ânimo para continuarmos na busca e na determinação dos objectivos a alcançar. Mas hoje, nem oásis, nem, sequer, miragem…
Jeracina Gonçalves
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