É
uma expressão que se ouve, às vezes, por aí, e que me levou a refletir um pouco
e a questionar-me sobre o que é “ser livre e poder fazer o que me apetecer”,
expressão que me parece imbuída de um egocentrismo desmedido.
Julgo
não ser possível esse tipo de liberdade de “fazer o que me apetecer”, a não ser
em pensamento ou, talvez, em forma de expressão artística. Ai poderemos fazer o
que nos apetecer, sem filtros a regular a nossa criatividade. E os outros terão
sempre a liberdade de ir ver, apreciar e julgar a nossa arte, ou não. Porém trazida para o quotidiano, traduzida
em ações do dia-a-dia, essa expressão não me parece viável. Posso pensar o que quiser
– não há filtros para o pensamento -, mas não posso agir como quiser. Tal
amplitude de liberdade é impraticável em sociedade. Esbarra com a liberdade do
outro, a quem tenho o dever de respeitar.
Ninguém
é totalmente livre. Todos temos responsabilidades para com a sociedade em geral
e, em particular, para com os que dependem de nós e para com os que nos apoiam,
nos ajudam e nos protegem.
“A
minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro”. É
chavão, mas é assim. Só quem não tenha ninguém: família ou amigos, e viva isolado
da sociedade, como um eremita, longe de tudo e de todos, poderá ter,
eventualmente, desses devaneios. E nem mesmo esses poderão fazer o que quiserem
sem que sofram consequências pelos seus atos. A sociedade se encarregará de
regular as suas ações e de punir as suas transgressões.
Estamos
todos interligados e dependentes uns dos outros. E sempre haverá um ponto, mais
próximo ou mais distante, em que minha liberdade e a expressão das minhas ações
poderão colidir com as do meu vizinho.
Jeracina Gonçalves
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