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quarta-feira, março 14, 2018

O SOM DO SILÊNCIO

São quatro paredes brancas
Que envolvem este silêncio:
No centro, à mesa sentada,
Sinto meu coração denso.

A porta rasga a da frente;
A da esquerda, a janela;
Na de trás há dois postigos
A da direita é singela.

Este silêncio me enfada
Pesa-me no coração.
Olho as paredes, cansada!...
Sufoca-me a solidão.

Paro. Escuto o silêncio.
Escuto-o com muita atenção:
Voando nas asas do vento
Chega até mim a canção.

Puros sons da Natureza
Entrecruzam-se no ar.
Sinto-lhes singular beleza!
É melodia sem par! 

                      Muge a vaca, ladra o cão
Canta o galo e o garnisé;
Malha o ferro, o artesão,
E o choro da criança
Acontece aqui ao pé.

Diz a mãe em tom zangado:
- Vê se te calas! Já basta!
O rodar do automóvel
Conforme chega se afasta.

E também a passarada
Faz um concerto divino:
Toca flauta, guitarra,
Violão e violino.

A minha alma está leve.
Envolve-se na melodia.
A Natureza e seus cantares,
Devolveram-lhe a fantasia.

 Jeracina Gonçalves
"in" JANNELA ABERTA

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