Tenho ouvido comentários referentes às novas regras estabelecidas pelo governo no combate à pandemia, de alguns representantes de partidos políticos, que não posso deixar de comentar. Ferem profundamente a minha sensibilidade. E registo algumas palavras que ouvi: “exageradas” “desajustadas” “incongruentes” “perda de liberdades individuais”… e muitas outras que agora não recordo. E falam só do que não foi feito e devia ter sido feito; falam só dos erros passados, como que estejam, agora, a querer infligir um castigo ao governo.
Ora, do meu ponto de vista, não é altura para recriminações nem ao governo, nem à DGS, nem a ninguém. Isso poderá ser uma coisa para depois. Agora é tempo de união. O que é preciso é resolver o problema que temos em mãos. O que não foi feito já não vem a tempo; não resolve nada. É preciso resolver a situação presente. É grave. É preciso darmos as mãos. Todos juntos. Ao ritmo a que o contágio se dá, dentro em pouco, nem o SNS, juntamente com os particulares e com as Misericórdias, conseguirão fazer frente a esse vírus oportunista e resistente. E morrerão muitos doentes Covid e não Covid por falta de assistência.
As medidas agora tomadas não são “exageradas”. São brandas para a situação. Só justificadas pelo facto de se tentar que o desemprego e a fome não tomem proporções incontroláveis. Exigem de nós, cidadãos responsáveis, o estrito cumprimento. E esta expressão “perda de liberdades individuais”. O que é isto? Esta expressão não tem sentido neste momento. A minha liberdade só vai até onde não colida com a do meu vizinho. A partir daí é intromissão na liberdade do meu vizinho. Eu não posso proceder de forma a alimentar qualquer corrente de transmissão do vírus; eu não posso proceder de forma a poder infetar o meu pai, a minha mãe, o meu amigo, o meu professor, o meu colega de trabalho, o meu filho… seja quem for. Tenho de ter todas as cautelas e usar de todos os procedimentos para não me infetar nem infetar qualquer outro, que de qualquer forma interaja comigo. O meu dever cívico é, por todos os meios ao meu alcance, ajudar a quebrar as correntes de transmissão.
Por todas as razões: evitar sofrimento (o meu e o dos meus semelhantes); evitar mortes (se não a minha, a dos meus semelhantes mais fragilizados); evitar gastos, que atolem o meu país numa divida incontrolável, que todos teremos de pagar.
E se todos tivermos este pensamento e procedermos de acordo com ele venceremos a pandemia. E, a seguir, a economia.
Caso contrário perderemos em todas as vertentes. Restar-nos-á uma sociedade destroçada pelo sofrimento e pelo luto, psiquicamente desequilibrada.
Temos de unir-nos na mesma força e no mesmo pensamento de combate e vitória. Sem recriminações ao que não foi feito, mas com vontade, firme, de ajudar no que é preciso fazer.
TODOS POR UM E UM POR TODOS.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 09/11/2020
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