O horizonte devorado por ardências incandescentes de mil cores incendeia-me as entranhas de encantamento a extravasar pelo meu olhar sempre faminto de emoções oriundas da beleza natural das coisas em meu redor. Elas apaixonam-me e fazem-me vibrar de emoção. E também a mata me oferece um espetáculo único de beleza incandescente multiplicada no múltiplo colorido outonal a reproduzir-se nas águas serenas do lago.
O Outono, tempo de sossego, de calma, de nostalgia no decrescer do ardor da força da vida a caminho da transformação e da mudança, oferece-nos quadros de espetacular beleza, que, aos poucos, se vão modificando, mas sempre são dotados de uma beleza muito própria, muito sua, com as folhas (como os filhos) a deixarem a casa paterna (neste caso, materna) para continuarem o seu ciclo, transformando-se em húmus, suporte de germinação para as sementes que irão originar novos seres vivos. E a vida vai-se perpetuando, encadeada uma na outra, numa sustentabilidade que é necessário cuidar e manter, não a submergindo, nunca, sob o peso de interesses económicos, sob pena de transformarmos toda a beleza deste planeta maravilhoso (apesar de todos os achaques e reversos), que habitamos, num objeto morto a rodar neste todo universal.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 19/11/2020
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