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sexta-feira, agosto 18, 2017

DEAMBULANDO…

Hoje escolhi vadiar. E esta é a palavra certa. Vadiar pelas ruas do Porto. Pela Baixa. Sem compromissos. Sem pressas. Sem a instância do tempo a pressionar-me. Deambulei por ali, calmamente, a ver, a observar, a sentir o palpitar de uma cidade hoje, para mim, quase desconhecia; embora, no passado, fosse rara a semana em que não fosse até lá uma ou mais vezes. Mas as circunstâncias da vida mudam. E há mais de seis anos que não ia à Baixa do Porto.
Tive uma agradável surpresa: senti uma cidade que não conhecia, tamanha a transformação sofrida nesse espaço de tempo. A todos os níveis. E percorri sítios que nunca antes tinha percorrido, caminhados por um amalgamado de pessoas, de raças e de línguas, que me agradou ver e ouvir. E que não estava habituada a encontrar nas ruas das nossas cidades. Bastante recolhida pela cidade em que vivo e pela aldeia onde nasci, e bastante amiga da minha casa, não me tinha ainda apercebido da real transformação do nosso país a nível turístico. E gostei.
Uma obrigação real me levou até lá, à cidade do Porto, com a minha neta mais velha. Resolvida esta, decidimos circular pela Baixa, começando por tomar um café e comer uma nata na rua das Flores. Depois descemos à Ribeira, que percorremos calmamente, atravessámos a ponte para a outra banda a pé - o que nunca tinha acontecido - e lamentei não ter carga na bateria do meu telemóvel para fotografar alguns recantos que me fascinaram. Usei-o como “JPS” para levar-nos ao sítio onde tivemos de ir, e a carga levou tal rombo, que não me atrevi a usá-lo, sequer, para telefonar a alguns amigos. Gostaria de encontrá-los, mas temendo que a a carga acabasse, e me deixasse sem poder comunicar, especialmente com a minha neta, que tinha combinado encontrar-se com umas colegas para irem à Universidade, e deixou-me, entretanto, do lado de Gaia, para ir apanhar o Metro; mas encontrar-nos-íamos de novo ao fim da tarde.
Fiquei por ali, a deliciar-me com a vista maravilhosa de Ribeira do Porto, olhada do lado de Gaia, que nunca me cansa. Subi depois pelo elevador, desci a S. Bento para recordar a bela azulejaria dos seus murais, subi aos Clérigos, e fiquei agradavelmente impressionada, direi mesmo, deliciada com a transformação daquele antigo parque de estacionamento: o “Jardim das Oliveiras” (não sei se será esse o nome), que cobre as lojinhas sobre o parque, maravilhou-me; passei depois à Praça dos Leões, Praça Carlos Alberto, rua de Cedofeita, que percorri calmamente entrando numa ou noutra loja. Voltei sobre o mesmo caminho e fui almoçar ao Café Piolho; desci ao Jardim da Cordoaria, contornei a Universidade e fui visitar a Livraria Lello, que conhecia muito bem através das imagens de alguns mails enviados por amigos, mas nunca lá tinha entrado. E, confesso: consegue apreciar-se bastante melhor a sua beleza, quando nos chega enviada por mail, que entre o apinhado de gente que hoje a percorria. Claro que, presencialmente, sente-se o ambiente. Aprecia-se de outra maneira. E não sei se terá sempre o movimento que hoje tinha. Mas hoje tinha muita gente a circular pelo seu interior, e uma razoável fila para entrar.
E, já agora, uma curiosidade: fiquei a saber que foi fundada por dois irmãos nascidos no meu concelho – Santa Marta de Penaguião, o que me fez sentir uma certa vaidade.
Desci depois à Praça Filipa de Lencastre, Avenida dos Aliados, e fui sentar-me num café perto do Tivoli (tinha o carro estacionado no Parque S. João), cansada, mas leve e muito feliz, à espera da minha neta.

Gostei deste dia. Gostei de deambular, assim, preguiçosamente, pela cidade do Porto, sem pressões de qualquer ordem.
Jeracina Gonçalves
16/08/2017

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