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quarta-feira, outubro 04, 2017

A DESPEDIDA


A praia esvazia-se lentamente sob a caricia prolongada e maravilhosamente terna do sol, que se vai sumindo, devagar, em luzeiros instáveis de coloridos matizes do púrpura ao laranja, a multiplicarem-se na superfície serena das águas remansosas do mar a espreguiçar-se, longamente, sobre a areia macia e húmida, em toda a extensão da praia plana, quase deserta: 
Vem… vai… vem… vai…, num escorrer lento, por entre os dedos do tempo e dos braços da areia.
Gostaria de não deixá-lo escapar (ao tempo); mas foge-me descontroladamente sem que nada possa fazer para o reter e continuar a usufruir deste espetáculo maravilhoso com que a Natureza premeia a minha alma, deliciando-a com toda esta beleza serena, que me acalma e me faz sentir privilegiada. Julgo ser um privilégio poder e ter a capacidade para sentir e usufruir de tal encantamento.
E o tempo segue o seu rumo, implacável: transmuta o multicolorido firmamento num maravilhoso manto azul-escuro cravejado de estrelinhas douradas a adornarem o rosto redondo da Lua, acordada pouco antes para dar um leve aceno de despedida ao seu bem-amado, o Sol, num viver  desencontrado por toda a vida.
MJRCG
Jeracina Gonçalves

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