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sexta-feira, junho 14, 2019

DROGAS, JOVENS E SOCIEDADE

O programa da SIC, "Se Fosse Contigo", que foi para o ar há três dias, mostrou uma sociedade que me assusta pela indiferença perante os "ataques" a seres indefesos que presencia a seu lado, à distância de pouco centímetros. Senti-me mal com o que vi. Não é admissível que pessoas, numa paragem de autocarro, assistam à pressão de dois matulões a tentarem obrigar  uma jovem a tomar drogas, sem se indignarem, sem manifestarem uma palavra de solidariedade para com a jovem, sem fazerem um gesto  de aproximação para com a miúda e nem pronunciarem uma palavra de repugnância, de admoestação, de pedagogia contra a atitude dos jovens agressores que a pressionavam, usando de argumentos, insistindo, voltando a insistir. 
Olhavam a cena com um ar impassível (não direi bem impassível, talvez sem coragem para intervir, seja melhor dito), como se aquilo que ali se passava, a poucos centímetros de si, não lhes dissesse respeito. Não era com eles. Era entre eles. Era com ela. Ela que se defendesse. Ela que se desenvencilhasse.
Esta indiferença para com o outro assusta-me. Este medo de as pessoas se manifestarem em defesa  dos indefesos da sociedade, assusta-me.
"E se fosse contigo" tudo seria diferente. Ficarias muito sentido com toda a indiferença à tua volta a caminhar sem para ti volver o olhar. Mas se é com o outro para quê incomodares-te? 
Que se amanhe. Nada tens a ver com isso. 
E passas e olhas e vês sem te manifestares, sem manifestares a tua indignação, a tua repugnância, vestindo uma cobardia que permite que o mal - seja o da droga, seja outro - se estenda como erva daninha e domine. 
Enquanto o dói não nos toca, nem aos nossos, é com eles. Nada temos a ver com isso.
Mas não tem de ser assim. Não deve ser assim. Temos o dever de tomar uma posição, de manifestar a nossa solidariedade, a nossa simpatia para com os seres indefesos, desprotegidos, que vemos a serem atacados. Precisam da nossa simpatia, da nossa coragem, da nossa força a dar força à sua força; precisam do nosso apoio a dar força à sua resistência. 
Assim como é nosso dever manifestar a nossa indignação perante o mal, tentando fazer alguma barreira, por mais débil que seja, ao seu avanço. A nossa cobardia permite que ele avance impunemente e domine. E esta indiferença da sociedade perante a droga, que se espalhe como erva daninha por este país, merece e precisa de uma reflexão séria de todos nós. 
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 13/06/2019

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