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sábado, junho 22, 2019

LEMBRANÇAS…

Acabo de regressar dos meus oito, nove, dez, onze anos,… quando feita maria-rapaz, andava pelos campos dos meus pais, com os meus irmãos (rapazes) a trepar às árvores. Guardo algumas memórias desse tempo, agora divertidas, mas bastante assustadoras na época. E lembro-me que uma vez - devia ter os meus oito anos - no tempo das cerejas, trepei a uma enorme cerejeira que ficava na borda de um socalco e, toda ela se inclinava para outro, de onde havia pouco se tinham arrancado as batatas. E foi a minha sorte. Um dos ramos partiu (trepava até aos píncaros…, onde havia as cerejas mais madurinhas…) e fiquei a bambolear presa pelo cós da saia, até que este rebentou e me estatelei na terra mexida, felizmente, do socalco inferior, sem qualquer dano; outra vez, no socalco abaixo desse – seria então um pouco mais velha – enquanto o meu pai regava o milho que era semeado à beira-rio, eu e o meu irmão, mais novo do que eu dezassete meses, desafiávamo-nos a trepar a uma pereira, de tronco completamente liso. Ainda hoje não sei como trepei. Mas trepei. Ao chegar ao cimo do tronco desequilibrei-me e estatelei-me de costas no chão. Foi difícil: não conseguia respirar, nem falar; mas, quando o meu irmão se preparava para chamar o meu pai, a minha maior preocupação era fazê-lo entender, por gestos, que não o chamasse. Até que tudo se normalizou e ficou o segredo entre nós. Só muito mais tarde os meus pais souberam dessa aventura. 
E hoje revivi esse tempo do meu tempo de criança. Não trepei a árvore; mas com a ajuda de um escadote andei a apanhar ameixas douradinhas, carnudas, sumarentas e biológicas. Sim, estas são biológicas; ou, pelo menos, são tão livres de contaminantes e de químicos quanto a água da chuva e o ar que se respira em Barcelos o é. Foram criadas por obra da divina natureza, sem outro ingrediente além da água da chuva, do sol e do ar.


Jeracina Gonçalves

22/06/2019


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