Acabo de regressar dos meus oito, nove, dez, onze
anos,… quando feita maria-rapaz, andava pelos campos dos meus pais, com os meus
irmãos (rapazes) a trepar às árvores. Guardo algumas memórias desse tempo, agora
divertidas, mas bastante assustadoras na época. E lembro-me que uma vez - devia
ter os meus oito anos - no tempo das cerejas, trepei a uma enorme cerejeira que
ficava na borda de um socalco e, toda ela se inclinava para outro, de onde
havia pouco se tinham arrancado as batatas. E foi a minha sorte. Um dos ramos
partiu (trepava até aos píncaros…, onde havia as cerejas mais madurinhas…) e
fiquei a bambolear presa pelo cós da saia, até que este rebentou e me estatelei
na terra mexida, felizmente, do socalco inferior, sem qualquer dano; outra vez,
no socalco abaixo desse – seria então um pouco mais velha – enquanto o meu pai
regava o milho que era semeado à beira-rio, eu e o meu irmão, mais novo do que
eu dezassete meses, desafiávamo-nos a trepar a uma pereira, de tronco completamente
liso. Ainda hoje não sei como trepei. Mas trepei. Ao chegar ao cimo do tronco desequilibrei-me
e estatelei-me de costas no chão. Foi difícil: não conseguia respirar, nem
falar; mas, quando o meu irmão se preparava para chamar o meu pai, a minha
maior preocupação era fazê-lo entender, por gestos, que não o chamasse. Até que
tudo se normalizou e ficou o segredo entre nós. Só muito mais tarde os meus
pais souberam dessa aventura.
E hoje revivi esse tempo do meu tempo de criança. Não trepei a árvore; mas com a ajuda de um escadote andei a apanhar ameixas douradinhas, carnudas, sumarentas e biológicas. Sim, estas são biológicas; ou, pelo menos, são tão livres de contaminantes e de químicos quanto a água da chuva e o ar que se respira em Barcelos o é. Foram criadas por obra da divina natureza, sem outro ingrediente além da água da chuva, do sol e do ar.
E hoje revivi esse tempo do meu tempo de criança. Não trepei a árvore; mas com a ajuda de um escadote andei a apanhar ameixas douradinhas, carnudas, sumarentas e biológicas. Sim, estas são biológicas; ou, pelo menos, são tão livres de contaminantes e de químicos quanto a água da chuva e o ar que se respira em Barcelos o é. Foram criadas por obra da divina natureza, sem outro ingrediente além da água da chuva, do sol e do ar.
Jeracina Gonçalves
22/06/2019
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