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quinta-feira, julho 09, 2020

TAUROMAQUIA


Ouvi, de manhã, na TSF, uma discussão sobre a tauromaquia, que me inspirou escrever o que há longo tempo me sugere esse tema, e que vai em desencontro à opinião expressa pela maioria dos intervenientes no programa “A Quadratura do Circo”(acho que é esse o nome). Apenas Pacheco Pereira exprimiu um pensamento muito parecido com o meu.
Penso que a tauromaquia é um espectáculo sádico e desperta os sentimentos mais baixos do ser humano. 
Tirar prazer do padecimento de um animal (racional ou irracional) é sadismo. É dar expressão aos sentimentos mais primitivos, mais bárbaros que cada um carrega. E explorar esses sentimentos para obter rendimento é duplo sadismo. Do meu ponto de vista. 
É cultura. É tradição. Defendem os apoiantes desse bárbaro espectáculo.
Ora as tradições, que apelam à violência propositada, gratuita, para infligir dor a qualquer Ser, com o objectivo de divertir-se e divertir com o sofrimento do outro, é tempo de acabarem.
Foi cultura, foi tradição. Não deve continuar a sê-lo.
Ainda quando é o homem apeado, sozinho, enfrentando o touro…É um corpo contra outro corpo: um tem as bandarilhas para se defender; o outro tem os chifres.
De qualquer maneira o touro não pediu para ir para ali. Foi levado. E é o homem que o incita, que enfurece o animal…
Mas o cavaleiro, do alto do seu pedestal, a enfurecer o touro para lhe espetar a farpa, e só desiste quando o touro espuma e sangra por todos os lados...
Não, touradas não! 
Espectáculos sádicos, que acordam os piores sentimentos, em muitos ainda meio adormecidos, da pessoa humana, não fazem falta ao mundo.
O que está a fazer falta ao mundo actual (em que a violência circula em todos os meios sociais e em todas as direcções), são espectáculos que despertem sentimentos nobres de bondade e solidariedade. Esses estão a fazer falta ao mundo.
E os cavalos a dançarem na arena ao som de música, proporcionam espectáculos deliciosos. Vi um há anos, há muitos anos, na região de Santarém (perdi o nome da terra, mas não a emoção que o espectáculo me proporcionou); revejo-o agora, neste momento em que escrevo este texto, e ainda me faculta uma emoção deliciosa.
Jeracina Gonçalves
Barcelos, 09/07/2020

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