Hoje fui colocada perante a pergunta, a favor ou
contra legalização prostituição como profissão. E a minha reacção espontânea e imediata
foi o não à legalização.
Mas o assunto ficou a bailar na minha cabeça. O que quer
dizer que não ficou resolvido. E incomodava-me. Resolvi dedicar-lhe alguns
minutos de atenção. Parece-me ter vários contornos a pedir reflexão.
Por princípio custa-me a entender como é que alguém
(mulher ou homem) entrega o seu corpo a outrem, que não conhece de lado algum,
e permite que o manuseie a seu bel-prazer, como mercadoria que pagou e,
portanto, lhe pertence. Especialmente num tempo em que a liberdade e a promiscuidade
sexual são bem presentes nas sociedades atuais, e cada um vive a sua
sexualidade como entende e quer, sem que isso seja motivo de descriminação ou
falatório.
Mas a prostituição existe desde sempre. E existe
nos nossos dias, apesar de toda essa liberdade. E, se calhar, cada vez mais
dominará a sociedade nos tempos próximos, dada a crise económica que se
aproxima.
Para uns existe por vício, provavelmente; para
outros porque é rentável e podem ganhar numa hora o que outros não ganham num
mês. E, para outros, se calhar, por necessidades económicas.
Que sei eu das necessidades, aspirações e vícios de
cada um?
Lembro-me de há uns anos, na sala de estar de um
consultório médico, uma mulher casada dizer, perante quem lá estava, que a sua
grande aspiração era ser prostituta.
Por isso repito: que sei eu das aspirações e dos
vícios humanos?
Todavia, legalizá-la como qualquer outra profissão,
parece-me exagerado. Não consigo vê-la como uma profissão; muito menos como uma
profissão igual a qualquer outra.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal/17/07/2020
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