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sexta-feira, julho 17, 2020


Na abóbada celeste, que me protege e abraça com seu brilho transparente, flutuam pétalas brancas, símbolos de pureza, de verdade, de amor singelo e puro, e enchem-me o coração de esperança em que um dia tudo  será diferente.
Estes vampiros que me perseguem, não me deixam a liberdade de conversar com as teclas do meu computador, confiante de que o que lhes confesso é apenas meu e só os meus olhos e o meu coração o acariciam ou rejeitam. E, só quando eles (o meu coração e a minha mente) os aceitam plenamente, poderão ser expostos a outros olhares. Mas deverão ser eles (o meu coração e a minha mente) a decidir quando e como. São coisas suas. Coisas que a minha alma sente. E ninguém tem o direito de espionar, nem conspurcar com os seus olhares cobiçosos e perversos. Acredito que, um dia, hão de saciar-se e soltar a presa, e deixarem que possa voar sem grades nem ferrolhos. Hão de entender e sentir que ser dá muito mais felicidade que ter. E, cada um, tem direito à sua privacidade de ser, que deve ser respeitada. Mas cada um, e todos, numa corrente de solidariedade e amor, têm o dever de repartir voluntariamente um pouco do seu ter, para que todos tenhamos um pouco mais, que permita ser e viver com dignidade.
Se todos tivéssemos esse pouco, que não seria difícil se esses gananciosos do ter, que vasculham e roubam a criatividade e o trabalho de outros para a rentabilizarem em proveito próprio, manipulam e compram consciências, traficam seres e coisas, fomentam as guerras, vendem-se e vendem a humanidade, tivessem um pouco de luz e humanidade no coração, seria bem diferente este mundo tão maravilhosamente belo, mas onde tanta gente nada tem e tantos esqueletos se arrastam por autoestradas poeirentas de fome, de tristeza, de sofrimento até caírem mortos, com a boca a morder o pó ressequido da estrada, enquanto outros têm em demasia. E cada vez querem mais, e mais, e mais, não olhando a meios para o atingirem.
Essa demasia mata o ser humano.
Jeracina Gonçalves
Barcelos, Portugal, 17/07/2020

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