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segunda-feira, junho 14, 2021

BOM DIA!


O som delicioso, límpido, de uma flauta mágica da natureza, a destacar-se de outros, toca os meus ouvidos. Acorda-os. Abro os olhos. O quarto está escuro. Acendo a luz do candeeiro: cinco horas e quarenta e cinco. Levanto-me, vou à janela, subo a persiana, abro o cortinado: a luz começa a colorir o horizonte. Muito tímida, ainda, bem depressa se afoita e sobe ligeira por entre o rendilhado da cortina verde, mostrando alegremente a sua beleza cheia de encanto. Não lhe resisto. Vou buscar o telemóvel e fotografo a sua energia mágica a trepar pela abóbada celeste. Ora por entre a filigrana verde ora em campo aberto (ao som da minha orquestra favorita, que continua a atuar para mim) vou fazendo fotografias de vários ângulos. 

O som da flauta é inconfundível. Destaca-se de entre os outros com uma nitidez fantástica. O músico, vi-o ontem, à tardinha, a passear-se no terraço, altivo e vaidoso do seu traje cor de azeviche, lustroso, belo! Mas, hoje, mantém-se encoberto, entre a cortina verde do palco, concentrado na sua primorosa atuação. 

Vou depois à cozinha, bebo um copo de água, lavo uma maçã e vou comê-la à janela, enquanto observo atentamente o plátano gigante e procuro lobrigar por entre os seus ramos os artistas que todos os dias me premeiam com tão belo espetáculo musical. Nada. Nenhum aparece. Estão concentrados no espetáculo. Hoje não estão disponíveis para me presentearem, também, com o seu bailado. 

Retiro-me, preparo uma chávena de leite com café solúvel, três bolachas de milho com mel e canela, e sento-me a tomar o pequeno-almoço acompanhado pela bucólica melodia.

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 14/06/2021

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