Há dias, uma frase que li algures, já não sei bem onde, fez-me debruçar sobre o conceito e o significado da palavra PAZ que, tal como MÃE, PAI, DEUS são palavra curtas, de poucas letras, mas enormes na sua essência, no conteúdo que encerram.
Paz tem para mim uma conotação de alegria, de bem-estar. Sugere-me uma imagem de luz, de sol, de movimento, de cor; uma imagem de vida em crescimento. E, invariavelmente, fixando-me na palavra por alguns momentos, cresce e toma corpo na minha mente a imagem de um lago de águas serenas, margens verdejantes e floridas onde correm e brincam crianças buliçosas e barulhentas, repleto de barquinhos de velas brancas enfunadas por uma brisa suave, sob um céu azul transparente. Uma imagem romântica, bem sei; mas só possível em locais onde haja Paz.
Mas a Paz não anda por aí disponível em cada esquina, nem pode ser encontrada na prateleira de um qualquer hipermercado. A Paz constrói-se, dia-a-dia, e é uma tarefa árdua, coletiva, permanente e difícil. E nunca acabada. Basta um pequeno deslize, um pequeno choque de sensibilidades, uma pequena brecha no monumento construído com tanto cuidado, com tanto investimento feito, para o fazer desmoronar. É uma tarefa que exige uma atenção permanente na mudança de atitudes e de comportamentos em relação ao outro, no debate construtivo de questões e de ideias, na defesa de princípios com verdade, lealdade e respeito pelo adversário na sua essência humana, sem preconceitos de raça, cor, sexo, pensamento, religião ou extrato social. Constrói-se sobre alicerces de justiça, de verdade e de respeito pela dignidade própria e do outro. E só construída dessa forma poderá ser firme e duradoura; pois virá de dentro de cada um de nós, e dará tranquilidade ao espírito e serenidade à alma coletiva. Será uma Paz assente em sapatas de cimento armado, e não uma paz amorfa, podre, assente sobre caboucos de areias movediças, que resvalam a cada momento e espalham o lodo das mágoas repisadas em diferentes direções.
Esta cultura de Paz é urgente. É esta cultura de Paz, firmada no respeito pelo outro em todas as suas vertentes, que é necessário incutir e fazer crescer nas nossas crianças, nos nossos jovens, em nós próprios e na sociedade em geral e entre as nações. É esta cultura de Paz que é urgente fomentar, cada um seguindo o seu caminho, que poderá ser muito diverso do caminho do outro, ou dos outros, mas todos em direção ao mesmo objetivo final: A construção do mundo melhor.
Jeracina Gonçalves, Barcelos/Portugal
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